SIST1 - Providencia Secreta - Resumo
SIST1 - Providencia Secreta - Resumo
- Descrição da Obra:
A obra original foi produzida por João Calvino em latim. Possui duas partes: uma carta do
“caluniador” (Castellio), com catorze artigos, e a refutação de Calvino a cada um dos artigos. A
primeira parte consiste de uma carta com catorze artigos, que alegadamente contém o ponto de vista
de Calvino, e comentários do autor anônimo (o “caluniador”) sobre cada artigo. A carta, em terceira
pessoa, apresenta os artigos (como se preparados por outros, e não pelo próprio “caluniador”) e
desafia Calvino a refutá-los, como se o “caluniador” estivesse preocupado com a compreensão do
público leigo e a reputação de Calvino.
Após morte de Serveto (1553), adotou pseudônimos: Martinus Bellius e Basilius Monfort
Passou a objetar Calvino publicamente espalhando textos.
- As divergências são preditas pelas Escrituras e Cristo mesmo as sofreu. Ninguém deve abandonar a doutrina
por causa dos ataques.
- Deus o julgará ao final, mas o sabios entenderão agora.
- Calvino sabe quem é o caluniador apesar do anonimato.
- A atitude do caluniador é infantil e viciosa, desejando reconhecimento de homens mortos.
- A doutrina é simples e compreensível a todos, mas o caluniador quer entendimento pela razão natural, sem a
ação do Espírito.
- Calvino se irrita pela zombaria do fato de que já tratou do assunto outras vezes.
- Destino Estoico (necessidade vinda labirinto causal que sujeita também a Deus) versus Predestinação
Bíblica (governo livre, soberano, sábio e justo de Deus). Calvino nunca usa o termo “destino”. A maldade e
a cegueira é que não permitem ver a distinção.
- Agostinho e Calvino: não é doutrina popular. Os escritos de ambos são torcidos e viciados para enganar.
- O caluniador é desonesto ao não citar as referências às obras de Calvino para que possam ser conferidas.
- Calvino não temperará suas respostas por se preocupar mais com a refutação plena do que com
receptividade do texto.
1º Suposto Artigo de Calvino:
“Por meio de sua pura e simples vontade, Deus criou grande parte do mundo para a destruição.”
Caluniador:
- Contrário à natureza: Deus é pai de todos, via Adão, e nenhum pai cria (ato de amor) seus filhos para
destruição, por mais mal que seja.
- Contrário às Escrituras: tudo foi criado bom, e, portanto, não para destruição; Deus não tem prazer
na destruição; é maior em misericórdia que em ira; quer que todos se salvem.
Calvino:
- As palavras do título do artigo foram torcidas.
- Toda vontade de Deus é sábia e justa, mas não saberemos quais são até Aquele Dia.
- Adão caiu não somente por permissão, mas pelo conselho secreto de Deus. Os descendentes são
caídos e arrastados para destruição.
- A analogia da paternidade na criação não se aplica a Deus por diversas razões (Deus é o mesmo
ainda que não tivesse criado seus filhos).
- O amor de Deus, segundo a Palavra, é especial por seus eleitos (Jacó e Esaú). Deus adota a
descendência de Abraão: ele não ama a toda raça humana igualmente. Só os regenerados
experimentarão o amor do Pai.
- Sujeitar Deus ao que se vê é considerá-lo injusto: o pecado de Adão só nos condenaria por causa do
desígnio de Deus (e não pela maldade de Adão). A culpa de nossa desgraça seria do desígnio de Deus
(e não nossa).
- Ainda que os pais terrenos amem seus filhos, não significa que Deus tenha de ser assim: como Pai,
busca com amor e graça, mas, como Juiz, rejeita.
- Deus criou tudo bom, mas o homem se torna inimigo de Deus. Todos estão em miséria por que Deus
nos lançou na culpa comum por causa do pecado de Adão.
- Deus não é injusto e nem incapaz por criar pessoas deficientes.
- O fato de Deus criar “lentos” e habilidosos deve causar terror e admiração, mas nunca murmuração
ou julgamento dos atos de Deus.
- Deus cuida de seus filhos muito melhor que os pais terrenos, mas nem todos são filhos de Deus.
- Se Deus apenas previu o mal, sem o haver decretado, por que não aplicou logo a cura? A fragilidade
do homem ao cair mostra a dependência de Deus. “Tudo muito bom” ⇒ ninguém pode reclamar da
obra de Deus (nada poderia ser melhor).
- O homem cai por seus próprios pecados e não porque Deus os criou para destruição.
- Ezequiel: Deus não quer a morte do pecador (revelado), mas não dá a salvação a todos (secreto). Em
1Tm 2.4 é a distinção de classes sociais que está em pauta.
- Em 2Pe 3.9, Deus quer o arrependimento de todos, mas é preciso a ação Dele nos corações para que
o homem vá até Ele.
- Deus mesmo opera a conversão e está preparado para receber os convertidos.
- Se Deus deseja a salvação de todos, por que não o faz? Por que não são todos atraídos, se Deus quer
que todos conheçam a verdade? Há um modo secreto pelo qual muitos estão excluídos da verdade.
- A misericórdia de Deus é grande e a causa de sua ira está no próprio homem.
Caluniador:
- Onde está isso na Palavra?
Calvino:
- Não disse que Deus pôs a árvore para a queda, mas disse que a queda veio, sim, por decreto secreto.
Tudo é governado pelo conselho secreto de Deus.
- A presciência não está separada do poder de Deus, pois, do contrário, não seria soberano.
- Se Deus não quisesse que Adão caísse, teria provido a Adão a força e a perseverança que dá aos
eleitos quando quer manter suas integridades.
- Deus fez os perversos para perdição e isso é mesmo incompreensível (Dt 29.29).
- Passagem solicitada: “Terei misericórdia de quem...”. Paulo ensina que apenas alguns recebem
a misericórdia porque essa é a vontade de Deus (Ex 33.19, Rm 9.15). Nada obriga Deus a ter a
mesma misericórdia por todos.
Permissão sem intenção ⇒ Deus perder para Satanás.
- Paulo, ao usar a analogia do oleiro, defende a causa eficiente (decretos de Deus) e não resposta ao
pecado. Tal como predestinou Cristo para a salvação dos eleitos, decretou sua glória por meio da
queda de Adão.
- Deus é a sua própria lei e age como quer, sendo justo e misericordioso.
Caluniador:
- Deus determinar que um minta e outro diga a verdade é contradizer-se. Portanto, deve prevalecer a
“mera” permissão (não voluntária).
- Há exemplos bíblicos que “apontam” para a “mera” permissão.
- Zacarias 1.15 apontaria para um excedente de ação, por parte das nações, além da vontade de Deus.
Logo, “mera” permissão.
- Cristo permitiu que falsos discípulos se retirassem…
- Distinção entre permissão e vontade = bom senso. Pelo bom senso se interpreta as parábolas.
Calvino:
- Deus pode levantar antagônicos sem estar em conflito consigo mesmo.
- Deus levanta falsos profetas para provar o povo e até Satanás para enganar Acabe.
- Deus trouxe punição (pré anunciada) a Davi e tribulação a Jó. Ambos reconheceram como vindo de
Deus (não “mera” permissão).
- Deus deseja e faz. Até as bênçãos seriam arbitrárias, na visão da “mera” permissão.
- Deus usa o mal para os seus planos. Da perspectiva humana, fizeram o que era contrário à vontade
de Deus. Da perspectiva divina, nada poderiam fazer sem a Omnipotência. Até mesmo quando agem
contra Deus, estão fazendo Sua vontade.
- Deus às vezes permite, via ordens reveladas, o que condena e desaprova (p. ex.: divórcio), mas
dirige tudo conforme seus propósitos. O assunto é a providência secreta.
- Deus aplica maldades intencionalmente: nações opressoras são seus instrumentos tal como espíritos
de erro (estes não ocorrem por “mera” permissão).
- Deus, como Juiz, envia a operação do erro para examinar os ímpios (2Ts 2.11-12).
- Até Paulo foi acusado de ser espírito caluniador de Deus (Rm 3.5)
- Os povos levantados para punir Israel não se excederam além do decretado por Deus.
- Ainda que o bom senso seja aplicável nalguns casos, não serve para pesar os mistérios de Deus.
- As parábolas não são para todos compreenderem. Apenas o Espírito nos ensina. O bom senso de
nada adianta sem o Espírito.
- Exemplo de mistério: Deus não quis que o Evangelho fosse proclamado aos gentios até a vinda de
Cristo. (Ef 3.9). A Palavra ordena que nos maravilhemos com os mistérios.
4º Suposto Artigo de Calvino:
“Todos os crimes cometidos por qualquer homem são boas e justas obras de Deus.”
Caluniador:
- Pecado como obra de Deus é contradição: Deus envia Cristo para destruir sua própria obra. Se Deus
é causador do pecado, então Deus peca.
- Se Deus peca, por que rejeita os pecadores?
Calvino:
- As justas obras de Deus nunca são pecados.
- Maldades são decretadas por Deus: Jó afirma que os assaltantes vieram de Deus sem acusá-lo de
pecado. Antes, bendisse a Deus. O mesmo se dá com José ao ser vendido pelos irmãos e muitos outros
exemplos bíblicos.
- Agostinho: Deus entrega o Filho e Cristo, o seu próprio corpo para a morte. A diferença deles para o
homem é a motivação. As ações de Judas e Pilatos são atestadas pelas escrituras como vindas do
“conselho” de Deus.
- É preciso reconhecer a “profundidade” dos feitos de Deus.
“A Escritura testifica claramente que crimes são planejados não somente por vontade de Deus, mas
pela sua autoridade.”
Caluniador:
- Se Deus determina e é autor do pecado, ele mesmo será punido. Se Deus quer pecar, então é mais
ímpio que muitos homens que não desejam pecar. Em que passagem vemos que Deus planeja atos
maus?
Calvino:
- O 5º artigo é tirado fora de contexto (era uma diatribe de Calvino?).
- O 6º artigo não é de autoria de Calvino, que condena tal coisa.
- É preciso distinguir a intenção e finalidade dos atos: maltratar animais pode ser justamente
condenável assim como sentenciar homens à morte pode ser justamente louvável (ainda que animais
sejam inferiores a homens). Do mesmo modo, é preciso distinguir os propósitos de Deus e todos os
demais aspectos.
- Ladrões e assassinos são maus em suas intenções. Deus, quando age, sempre é bom e justo em seus
intentos. Deus usa os intentos maléficos para os seus bons propósitos de maneira maravilhosa.
- Quando os usa, Deus não tem a menor afinidade com os intentos maléficos do diabo e seus
seguidores e, portanto, não pode ser culpado pelos atos destes.
Caluniador:
- Como pode Deus querer que seus próprios preceitos sejam quebrados? Dado que algumas pessoas
rejeitam seus preceitos por causa da sua vontade, Deus se contradiz.
- Deus é contraditório (quer coisas que se contradizem)? Deus é hipócrita (manda uma coisa mas
opera outra)? Se Deus tem vontade secreta, como Calvino a conhece?
- Deus não pode ser “dobre” (duas vontades).
- Se Deus é hipócrita, a hipocrisia não é pecado.
- Qual das duas vontades temos de cumprir quando Deus nos ordena?
- Deus revelou sua vontade publicamente. Se Cristo tem outra vontade diferente, é contraditório.
- Não são duas vontades, mas sim um engano, pois declara uma coisa ao querer outra.
Calvino:
- Nunca disse que a vontade se opõe ao preceito. A vontade de Deus é una e simples, ainda que haja
aparente discrepância entre seu conselho secreto e o que ele requer de nós. Calvino não ensina que há
duas vontades contrárias em Deus.
- Agostinho: há duas vontades em Deus, porém plenamente concordes.
- Resumo do ensino de Calvino: “aquilo que se expressa na lei de Deus é a vontade de Deus, de modo
que fique claramente demonstrado que ele aprova a retidão e odeia a iniquidade”. Mesmo assim, nada
impede que Deus cause ações contrárias aos seus preceitos, pois ele as causa com finalidades boas e
justas.
- É preciso reconhecer nossa limitação para entendimento das intenções de Deus.
- “[…] quando homens são impelidos por apetites depravados, Deus, em seu modo secreto e inefável,
realiza seus juízos”.
- O mandamento e o dom concedido (para agir) são declarações diferentes da mesma vontade de
Deus. Em seus atos, Deus não se contradiz.
- O adultério de Davi e o assassinato dos filhos de Eli são contrários aos mandamentos de Deus, mas
eles estavam em sua vontade para punir pecados.
- A Palavra (i.e., o Espírito) ensina que os caminhos de Deus são insondáveis. Reconhecer que há
conselhos secretos na vontade de Deus é ato de humildade.
- A Escritura testifica da vontade secreta de Deus (parte de sua vontade una?) ao mencionar que Ele
salva a quem quer. É preciso praticar a “sábia ignorância”.
- É preciso reconhecer que os desígnios de Deus não cabem em nosso entendimento.
- À fé, não cabe o que é dobre: tudo quanto é contra a vontade de Deus, é mau. Portanto, não se deve
ser contrário à vontade secreta de Deus.
- Deus pode chamar por sua voz e oferecimento de benefícios, mas sem operar em seus corações pela
ação secreta do Espírito para que sejam capazes de aceitar e aproximar-se. Isso não é contraditório.
- Passagens bíblicas sobre eventos que aparentam decepcionar Deus não são surpresa para Ele, mas
apenas referem-se ao acontecimento considerado em si mesmo.
- Quando Deus se “humaniza” dizendo-se ter trabalhado em vão (Jesus em “como galinha e
pintinhos”), está, na verdade, aumentando os crimes dos pecadores (exaltando sua dureza). Os que Ele
chama eficazmente, sempre atendem o chamado.
- A vontade e mandamento de Deus são revelados a todos, mas somente aos eleitos é concedido o
Espírito Santo a habilidade para cumpri-los. Alguns recebem o Espírito de obediência enquanto outros
permanecem na depravação (o Espírito é retido destes).
Caluniador:
- Quem endureceu o coração de Faraó? Deus o fez ou permitiu ser naturalmente endurecido?
- O autor de Hebreus manda não endurecer o coração. Seria possível aos homens endurecer o próprio
coração? Não é obra de Deus apenas?
Calvino:
- Moisés e Paulo: coração de Faraó endurecido por Deus. Moisés: Faraó endureceu seu próprio
coração.
- Se um homem endurece o próprio coração, ele é a causa mais imediata (Deus, a mais remota). A
causa das maldades está no homem.
- Deus governa as maldades do coração de modo que Ele endurece a quem quer usando o fato de que
cada um é autor de seu próprio endurecimento. Não é assim com os eleitos: Deus os move e é a causa
de seus arrependimentos.
- Não é Calvino que diz que Deus retirou sabedoria dos príncipes, que endureceu o coração de Faraó,
que virou o coração das nações e ou que Senaqueribe era vara na mão de Deus. É o Espírito quem diz
essas coisas (também sobre o espírito mau da parte de Deus em Saul, que não foi mera permissão).
Quando os ímpios pecam, é por eles mesmos, mas é pelo poder de Deus que fazem isso ou aquilo (Ele
divide as trevas como lhe apraz).
- Agostinho: Deus inclina os maus segundo o seu querer, que é justo.
Caluniador:
- Se Satanás mente obedecendo a Deus, ele é justo e obedecer a mentira também é justo.
Calvino:
- A Escritura atesta que Satanás é enviado por Deus a enganar Acabe. Agostinho: Deus envia falsos
profetas enganadores ⇒ paciência e poder de Deus.
- Satanás, ainda que contra sua própria vontade, trabalha conforme os desígnios de Deus. Deus usa
suas maldades.
Caluniador:
- Deus seria caprichoso: estimula sentimentos perversos e ordena que os resistamos.
- Deus não poderia estimular sentimentos perversos, pois não procura sua glória por meio da mentira.
- As nações não louvariam a Deus, pois não reconheceriam como justo o homem ser punido por
sentimentos que Deus mesmo estimula. Essa doutrina não seria boa para o evangelismo.
- Deus estimular sentimentos perversos é o mesmo que odiar o seu povo antes mesmo que pequem.
Calvino:
- Calvino nunca disse tais coisas, sempre deixou claro que os pecadores pecam por suas próprias
impiedades, mas que Deus, de modo secreto e incompreensível, usa essas maldades para cumprir seus
justos juízos.
- Se ímpios se examinam, claramente encontram em si mesmos as causas de suas maldades, mas Deus
inclina suas ações segundo lhe apraz, para o bem. Sendo Deus o Pai das luzes, não deveríamos tentar
abrir caminho para a luz inacessível.
- O caluniador erra ao ignorar (em Tg 1.17) que os terríveis juízos de Deus descem também do Pai das
Luzes. Claramente, sentimentos viciosos não são boas dádivas. A Escritura e a experiência deixam
claro que Deus usa as ações de Satanás e dos réprobos como instrumentos para sua glória.
- Deus usa as maldades para nenhum outro fim, senão para sua glória. O orgulho de Faraó foi
ordenado para isso, tal como Josué glorificou a Deus por meio da exposição do pecado de Acã.
- A glória de Deus também brilha pela mentira dos homens, como diz Paulo (nossa injustiça, traz a
lume a justiça de Deus). Os caminhos para louvor de Deus são múltiplos (incluem as maldades).
- Calvino não disse que Deus criou a iniquidade, tal como a barba dos homens, mas que Ele a decretou
como finalidades justas e boas.
- Deus é justo mesmo em seus conselhos secretos, ainda que não entendamos.
- Há distinção bíblica entre a sabedoria de Deus que nos é revelada e a que é oculta. Deus julgará
segundo o Evangelho, mas também segundo a equidade de sua secreta providência.
- Deus recompensa os justos e castiga os imorais, que são servos de Deus (Nabucodonosor, cf
Jeremias). Deus usa a maldade dos corações para exercer seus juízos, como quando incitou Davi a
realizar o senso.
Caluniador:
- A impiedade, por ser obra de Deus, seria boa e, ao enfurecer-se contra elas, Deus seria contraditório.
A motivação para esse artigo seria a libertinagem.
Calvino:
- Calvino nunca disse tais palavras. A Palavra testifica que Deus usa a maldade dos ímpios, como
quando usou os Caldeus para punir Moabe. A impiedade não é boa, mas Deus a utiliza para seus
juízos, ainda que contra a intenção dos ímpios que são seus instrumentos.
“Quaisquer perversões que os homens perpetrem de própria vontade, essas também procedem da
vontade de Deus.”
Caluniador:
- Se assim é, então é impossível não pecar e, portanto, não poderíamos ser condenados, pois Deus
mesmo o ordenou.
- O homem é indesculpável mesmo antes dos mandamentos. São condenados antes mesmo de cometer
impiedade.
- Por condenar previamente, Deus os força a pecar para então parecer justo ao sentenciá-los no final.
- Cada um desses deuses gera filhos à sua semelhança: o deus falso, a homens maus, e o Deus
verdadeiro, a homens bons.
- A doutrina de Calvino gera homens maus, que se deterioram. Calvino imita o falso deus e engana os
homens.
- Os argumentos dos adversários são incontestáveis, fáceis e simples. Esta só funciona para seus
seguidores enquanto tem os livros na mão. São incapazes de convencer por si mesmos, pois Calvino é
obscuro e rude.
- Todos os argumentos devem ser provados. Calvino deve produzir provas.
Calvino:
- Não há pecado por acaso (“acidente”). Não há evento fortuito.
- Deus não é alheio ao pecado (ele o conhece), do contrário não seria Deus.
- A Escritura atesta que a Lei (instrução) é perfeita, mas que nos é impossível alcançar justiça por ela
(pecado por necessidade), mas o homem não pode apelar para a necessidade do pecado, pois ele
mesmo reconhece que há más convicções em seu coração.
- Pessoas só podem ser condenadas após cometer o crime, mas a Deus não pode ser negado o direito
de condenar toda a raça, ainda que não tenham cometido pecado (bebês morrem condenados).
- É um erro considerar Deus injusto por sentenciar pessoas à morte eterna antes mesmo de nascerem.
- Castellio é zombador da verdadeira piedade.
- Ainda que Deus deixe claro que sentenciou a maioria para a perdição por 2.500 anos, excluindo dela
apenas a raça de Abraão, isso não o torna rápido em ira, pois tolerou esses pecados por muito tempo,
mostrando sua grande misericórdia.
- Deus mesmo se defende das blasfêmias proferidas contra ele.
- Não se pode partir do senso comum para compreender as coisas de Deus. Ele mesmo nos recomenda
à “loucura” diante do mundo e que a compreender as coisas espirituais de modo espiritual. A razão
pura só faz corromper a glória de Deus e, enquanto crentes, firmar-se demasiado nela faz diminuir a
glória e de Deus reduzindo-o a mero guia e instrutor.
- Comparar a fé cristã com falsas religiões é ignorância e é devido às superstições das nações que
surge essa ideia de que Deus quer que todos se salvem. A Palavra de Deus deixa claro o conceito da
eleição (palavra muito citada na Bíblia) como sendo fruto de decreto eterno de Deus antes da
fundação do mundo.
- A Palavra mostra que a vida vem do amor gratuito de Deus somente para os eleitos. Apenas à nação
de Israel é que Deus propõe escolher entre a “vida e a morte” (Dt 30.15). Crer em Moisés é crer que
Deus ama gratuitamente os que elegeu.
- A justiça de Cristo superabunda sobre o pecado apenas onde há fé no evangelho. Deus ocultou o
mistério de Cristo a muitas nações (que foram condenadas) até a plenitude dos tempos.
- Apenas pela operação do Espírito é que se obtém fé. Paulo (Rm 10.16) cita Isaías (Is 53.1) para dizer
que apenas alguns creram. O Senhor Jesus diz que somente os que o Pai “trouxer” irão a Cristo. O
anúncio do Evangelho é para todos, mas somente os eleitos crerão.
- A Luz de Cristo é a única esperança para as pessoas em trevas (incapazes de crer). Cristo não nega
pedidos de misericórdia, mas estes só ocorrem por ação do Espírito Santo: Eleição → Fé → Oração.
- Ignorar tais princípios (necessidade da ação do Espírito) é comparar o evangelho com doutrinas
pagãs.
- Castellio é impostor e qualquer um deve ser capaz de reconhecer isso.
- A doutrina de Calvino tem produzido crentes fieis e abnegados.
- A tutoria de Calvino apenas limitou a manifestação a obtusidade de Castellio.
- Castellio não cita ninguém que tenha sido submisso à mera autoridade de Calvino.
- Não apenas cultos e engenhosos compreendem a doutrina de Calvino. E, ao mesmo tempo, a fé
cristã sempre teve membros cultos em seu meio.
- O mais sábio dos homens permanecerá na perdição se não abrir mão de seu próprio entendimento. É
preciso humildade. Castellio se firma no entendimento comum, vulgar, insubmisso ao estudo da
doutrina e rebelde ao mistério.
- Nem todos merecem ser ouvidos. Paulo mesmo nos exorta a evitar o homem faccioso. Diante de
homens contumazes, é preciso haver limite. Castellio teve muitas oportunidades para falar.
- Calvino respondeu confiante no auxílio do Espírito. Continuará orando por Castellio e recomenda-
lhe a humildade, sem a qual não será salvo. Citando a disputa entre Davi e Simei, Calvino entende que
os crentes devem olhar para a providência secreta de Deus diante dos insultos que recebem e pedir que
Deus os ajude e restrinja essas maldades. “Que Deus o restrinja, Satanás. Amém”.