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Livro Texto Unidade III

Este documento discute a norma culta da língua portuguesa e fornece exemplos de seu uso correto. Em particular, analisa o uso adequado de pronomes como: 1) pronomes de tratamento que devem concordar com a terceira pessoa; 2) pronomes demonstrativos como "este", "esse" e "aquele" que dependem do contexto espacial e temporal; 3) pronomes possessivos como "meu", "teu" e "seu" que indicam posse.

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Livro Texto Unidade III

Este documento discute a norma culta da língua portuguesa e fornece exemplos de seu uso correto. Em particular, analisa o uso adequado de pronomes como: 1) pronomes de tratamento que devem concordar com a terceira pessoa; 2) pronomes demonstrativos como "este", "esse" e "aquele" que dependem do contexto espacial e temporal; 3) pronomes possessivos como "meu", "teu" e "seu" que indicam posse.

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Unidade III

Unidade III
7 NORMA CULTA

A norma culta é uma entre várias outras normas de uso da língua. No entanto, ela foi a escolhida
como padrão de uso da língua, e por isso devemos aprendê-la para que sejamos inseridos na sociedade.
Iremos, então, nesta unidade, tratar de questões relacionadas à gramática do padrão ou ao que se
denomina norma culta.

Como vimos antes, precisamos pensar em gramática em sentido plural, pois existe variedade no que
diz respeito ao uso efetivo da língua. Todavia, há uma norma considerada padrão, de prestígio social.
Esse padrão segue determinadas regras. Daí chamarmos essa gramática de normativa. São essas regras
que veremos a seguir.

7.1 Estudo gramatical: uso da norma culta na expressão escrita

A luta que enfrentamos com relação à produção de textos escritos é muito especial. Em geral, não
apresentamos dificuldades em nos expressarmos por meio da fala coloquial. Os problemas começam a
surgir quando temos necessidade de nos expressar formalmente e se agravam no momento de produzir
um texto escrito.

Quando a interação verbal se realiza face a face, o falante tem domínio sobre a situação comunicativa,
o que facilita a produção oral. No processo de interação, o interlocutor pode intervir, solicitando
esclarecimentos, por exemplo, ou até tomando o turno e mudando o curso da conversação.

Além dos recursos linguísticos, nesse tipo de comunicação o falante tem a possibilidade de utilizar
elementos paralinguísticos, como gestos e expressões faciais. Já na comunicação escrita tais recursos
terão de ser supridos por outros, próprios desse tipo de uso da língua, como a pontuação.

Entretanto, não basta traduzir o que foi expresso em língua oral por sinais gráficos; é preciso dominar
a modalidade escrita para que o texto seja eficiente e cumpra a finalidade comunicativa.

Assim, não basta saber que escrever é diferente de falar. Além de se preocupar com a constituição
de um discurso, entendido como ato de linguagem que representa uma interação entre o produtor do
texto e seu interlocutor, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual
o texto foi produzido.

Para formalizar esse discurso em língua escrita, ainda é necessário considerar que a escrita tem
normas próprias, como regras de ortografia – que evidentemente não é marcada na fala –, de pontuação,
de concordância e de uso de tempos verbais.
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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Entre os inúmeros casos de desvio da norma culta que mais comumente aparecem em textos
escritos, selecionamos alguns que consideramos influenciar negativamente os elementos tidos
como qualidades de um “bom” texto, a saber, a correção, a clareza e a concisão.

7.1.1 Pronomes

Um dos problemas presentes no texto escrito é o uso inadequado dos pronomes. Trataremos,
portanto, desse assunto neste item.

Pronomes de tratamento

Quando se trata de concordância, os pronomes de tratamento têm suas peculiaridades. Por exemplo,
pronomes que correspondem à segunda pessoa do plural, como “vós”, fazem a concordância na
terceira pessoa:

• Vossa Senhoria receberá (e não “recebereis”) os documentos ainda hoje.

Usamos “vossa” quando estamos falando diretamente com a pessoa, e “sua” quando falamos da
pessoa. Exemplos:

• Lembrem-se dos pedidos que Sua Excelência fez antes de partir.

• Vossa Excelência, conte-nos as novidades.

Quadro 8 – Pronomes de tratamento

Pronome Abreviatura Uso


Você V. Tratamento familiar
Pessoas das quais se mantém certo
Senhor(a) Sr. ou Sra. distanciamento respeitoso
Relações mais cerimoniosas,
Vossa Senhoria V.Sa. principalmente em
correspondências comerciais
Altas autoridades: presidentes da
Vossa Excelência V.Exa. República, senadores, deputados
Vossa Eminência V.Ema. Cardeais
Vossa Alteza V.A. Príncipes e duques
Vossa Santidade V.S O papa
Vossa Majestade V.M. Reis e rainhas

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Unidade III

Lembrete

A escolha por um ou outro pronome de tratamento depende do


contexto social em que os falantes se encontram. No entanto, há pronomes
que talvez nunca usaremos na vida. Por exemplo, “Vossa Majestade”.

Pronomes demonstrativos

Para entender os critérios de uso dos pronomes demonstrativos, atente para o que se segue.

Quadro 9 – Pronomes demonstrativos

Pronome Espaço (lugar) Tempo No texto


Este, esta, isto Aqui Presente Apresentam um elemento
Esse, essa, isso Aí Passado recente ou futuro Retomam um elemento
Aquele, aquela, aquilo Ali, lá, acolá Passado remoto

O pronome demonstrativo tem duas funções ou dois empregos distintos.

Na função pragmática (ou de uso de acordo com o contexto situacional), seu emprego envolve a
relação dêitica, assim como ocorre com os advérbios pronominais – “aqui” para a 1ª pessoa, “aí” para
a 2ª pessoa e “ali” para a 3ª pessoa do discurso. Então:

• O emprego de “este” equivale, situacionalmente, ao de “aqui”.

• O emprego de “esse”, ao de “aí”.

• O emprego de “aquele”, ao de “ali”.

Observe o exemplo:

• A empregada pergunta à patroa: “Onde ponho as roupas passadas?”. E a mulher responde: “Ponha
lá na cadeira”.

Em relação a essa primeira função, os demonstrativos também indicam proximidade ou


distanciamento temporal. Assim, usamos “este”, “esta”, “isto” para representar o tempo presente; “esse”,
“essa”, “isso”, para o passado recente ou para o futuro; “aquele”, “aquela”, “aquilo”, para o passado
remoto. O grande problema é distinguir o passado recente do remoto, pois duas pessoas podem ter
interpretações diferentes para a mesma frase.

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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Observação

Quando o verbo estiver conjugado no pretérito imperfeito do indicativo


(dançava, comia, dormia), usa-se “aquele”, “aquela”, “aquilo”; com o
pretérito perfeito do indicativo (dancei, comi, dormi), é uma questão de
estilo: aquele que julgar que está se referindo ao passado recente, usará
“esse”, “essa”, “isso”, e aquele que julgar que está se referindo ao passado
distante, usará “aquele”, “aquela”, “aquilo”.

Exemplos:

• Essa noite dormi mal.

• Essa noite vou sair.

• Naquele tempo, os filhos das classes abastadas iam estudar em Portugal.

A segunda função do demonstrativo é textual ou sintática. O pronome demonstrativo, na função


sintática, refere-se ao que já foi dito (anafórico) ou ao que ainda vai ser dito num texto (catafórico).

“Este” se refere ao que ainda vai ser dito no texto:

• O lema da Revolução Francesa é este: “Liberdade, igualdade e fraternidade”.

“Esse” se refere ao que já foi dito no texto:

• “Liberdade, igualdade e fraternidade” – a Revolução Francesa foi marcada por esse lema.

“Aquele” é empregado em oposição a “este”, em referência ao que já foi dito no texto:

• Pedro estuda, enquanto Maria se diverte. Aquele passará no vestibular, mas esta será reprovada.

Considere o esquema apresentado a seguir.

1˚ termo 2˚ termo este aquele

Figura 17

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Unidade III

Observação

Repare que nunca se deve dizer “esse” em oposição a “aquele”.

Na língua em uso há exceções, formas já cristalizadas. Por exemplo, as expressões “isto é”, “por isso”
e “posto isso” nunca são usadas como “isso é”, “por isto” e “posto isto”.

Observação

São considerados demonstrativos “o”, “a”, “os”, “as” e “tal”. As formas “o”,
“a”, “os”, “as” são demonstrativos quando precedem “que” e “de”. O termo
“tal” é considerado demonstrativo quando estiver substituindo “esse(a)”,
“isso”, “aquele(a)”, “aquilo”.

Pronomes possessivos

São aqueles que dão a ideia de posse.

Quadro 10 – Pronomes possessivos

Pessoa do discurso Pronome possessivo


1ª pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2ª pessoa do singular Teu, tua, teus, tuas
3ª pessoa do singular Seu, sua, seus, suas
1ª pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2ª pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3ª pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

Há casos em que o uso dos pronomes possessivos causa ambiguidade. Por exemplo:

• Renato encontrou Joana e seu amigo na festa.

O pronome “seu” pode se referir a Renato ou a Joana. Nesse caso, é melhor usar “dele” ou “dela” para
evitar ambiguidade.

Além de posse, no uso, os pronomes possessivos podem:

• indicar proximidade, intimidade:

— Ele deve ter seus motivos para essa decisão.

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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

• indicar afeto ou cortesia:

— Minha senhora, não foi isso que eu disse.

— Meu filho, preste atenção!

Colocação dos pronomes átonos

Uma das dúvidas constantes no texto escrito é a colocação dos pronomes átonos “me”, “te”, “se”, “o”,
“a”, “lhe”, “nos”, “vos”, “os”, “as”, “lhes”.

Quando colocamos um pronome átono depois do verbo, isso é denominado ênclise; antes do verbo,
próclise; no meio do verbo, mesóclise.

Atente para os exemplos:

• Vou-me embora daqui. (ênclise)

• Nunca se viu tanto entusiasmo. (próclise)

• Dar-te-ei uma resposta amanhã. (mesóclise)

Pela norma culta, não se inicia oração com pronome átono.

Vejamos, de acordo com a gramática normativa, as regras de colocação pronominal.

A) Próclise

Usa-se próclise:

• em orações subordinadas:

— O professor pediu que o aluno se comportasse. (substantiva objetiva direta)

— Seria difícil identificar o estado em que se encontrava. (adjetiva restritiva)

— Desci pelas escadas do sétimo andar, logo que o zelador do prédio me comunicou, pelo telefone,
o acontecimento. (adverbial temporal)

• com adjunto adverbial, sem pausa:

— Naquela época se encontrava em sua casa uma visita ilustre.

— Ele sempre nos diz as mesmas coisas.


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Unidade III

Observação

Havendo pausa, não haverá próclise.

• em oração iniciada por palavras interrogativas ou exclamativas:

— Quem te fez isso?

— Como se encantou!

• junto de palavra de sentido negativo (não, nada, nem, nunca etc.):

— Nunca o vi tão feliz!

• junto de pronomes (relativos: que, quais, qual, onde…; indefinidos: alguém, muitos, todos,
poucos…; demonstrativos: este, esta, aquele, aquilo…):

— Alguns me deram apoio.

— Este é o sujeito de quem lhe falei.

• com o verbo no infinitivo precedido de preposição:

— Até se darem conta do ocorrido, passou muito tempo. (infinitivo)

• com o verbo no gerúndio precedido da preposição “em”:

— Em se falando do assunto, diga o que sabe.

Observação

Se o gerúndio não for precedido de “em”, deve ocorrer ênclise.

• em orações que exprimem desejo:

— Os anjos te acompanhem!

• com conjunções (que, quando, embora, se, como...):

— Espero que nos entendamos.

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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

B) Mesóclise

A mesóclise é usada quando não houver nenhum caso que solicite a próclise, caso o verbo esteja no
futuro do presente ou no futuro do pretérito. Embora não vejamos tanto esse uso em textos jornalísticos,
por exemplo, ele é comum em textos científicos devido ao grau de formalidade exigido.

Coloca-se, portanto, o pronome no meio do verbo:

• quando o verbo estiver no futuro;

• quando o verbo iniciar a frase;

• quando antes do verbo não houver palavra atrativa.

Exemplos:

• Far-me-ia um favor?

• Falar-se-á do assunto amanhã.

• Encontrar-nos-íamos no clube ontem à noite.

C) Ênclise

Usa-se ênclise:

• em início da oração ou período:

— Contei-lhe toda a verdade quando conversamos.

Observação

Na linguagem informal falada ou escrita, contudo, é comum iniciar


a oração com pronome oblíquo átono. A próclise ou a ênclise em início
de oração dependerá do tipo de linguagem que a situação e o contexto
recomendam: formal ou informal, falada ou escrita.

— Me diga aí qual foi o resultado do jogo.

• com verbo no imperativo:

— Faça-me um favor.

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Unidade III

• com verbo no gerúndio sem a preposição “em”:

— Olhando-me fixamente, contou toda a verdade.

• com verbo no infinitivo não flexionado:

— Eu prometi entregar-lhe os documentos logo.

7.1.2 Tempos verbais

Pretérito imperfeito

O pretérito imperfeito é empregado:

• para expressar um fato passado, não concluído:

— A testemunha reconhecia o réu, mas não pôde denunciá-lo.

• para indicar um fato habitual:

— Ele estudava de duas a quatro horas por dia.

— Nós escrevíamos apenas o necessário.

• com valor de outros tempos – como presente do indicativo, por exemplo, para atenuar pedidos:

— Eu queria um livro de receitas.

— Eu desejava saber se esse carro está à venda.

Pretérito perfeito

O pretérito perfeito é empregado:

• para indicar um fato passado concluído:

— Ele jogou uma ótima partida.

— Acordei cedo e fui ao mercado.

— Renata comeu todo o bolo de chocolate.

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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

O pretérito mais-que-perfeito é empregado:

• para expressar um fato passado anterior a outro acontecimento passado:

— Ele finalmente comprou o carro, o mesmo que desejara durante tanto tempo.

• em orações optativas (que expressem desejo):

— Pudera eu conseguir atingir minhas metas.

7.1.3 Concordância nominal

Na produção oral é comum haver desvios de concordância que, pela gramática do padrão culto, são
considerados erros. Em textos formais, esse tipo de desvio causa má impressão no leitor mais exigente.
Selecionamos a seguir alguns casos para estudar neste tópico.

É bom, é necessário, é proibido etc.

As expressões formadas por verbo “ser” + adjetivo não variam. Entretanto, se o sujeito vier antecedido
de artigo (ou palavra equivalente), a concordância será obrigatória.

• A comida caseira é boa.

• Comida caseira é bom.

Pela norma culta, quando a intenção é generalizar, prevalece o masculino no uso de expressões
como “é bom”, “é proibido”, “é permitido” etc.

• Não é permitido entrada.

• Não é permitida a entrada.

Anexo, incluso, obrigado(a), próprio(a), mesmo(a)

São adjetivos. Devem, portanto, concordar com o nome a que se referem. Na frase “As pessoas
pensam em si mesmas”, o pronome adjetivo “mesmas” concorda com o substantivo “pessoas”. Observe
outros exemplos:

• Seguem anexos os acórdãos.

• A procuração está apensa aos autos.

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Unidade III

• Os documentos estão inclusos no processo.

• Obrigado, disse o rapaz.

• Obrigada, respondeu a menina.

• Elas próprias resolveram os exercícios.

• Eles próprios resolveram a questão.

A expressão “em anexo” é invariável.

• Em anexo segue a procuração.

• Em anexo segue o despacho.

Meio

A palavra “meio” pode ter a função de numeral ou de advérbio. Assim, temos as seguintes condições:

• “Meio” como numeral varia e concorda com o termo a que se refere.

— Tomou meio prato de sopa.

— Comi meia torta sozinha.

• “Meio” como advérbio é invariável.

— Estou meio confusa com tudo isso.

— Meu pai anda meio estressado.

“Só” como sinônimo de “sozinho”/“sozinha” é variável.

• Ela sentia-se só naquele lugar.

• As crianças ficaram sós na casa.

Quando “só” significa “apenas”/“somente”, torna-se invariável.

• Depois de tudo que aconteceu só restaram lágrimas.

• O menino queria comer só a sobremesa.


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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

A locução adverbial “a sós” é invariável.

• Ficamos a sós naquela sala.

7.1.4 Concordância verbal

Observe este trecho da letra de “Música urbana”, do grupo Capital Inicial. Nela há um verbo que nem
sempre é flexionado corretamente.

Música urbana

Tudo errado, mas tudo bem


Tudo quase sempre
Como eu sempre quis
Sai da minha frente
Que agora eu quero ver

Não me importam os seus atos


Eu não sou mais um desesperado
Se ando por ruas quase escuras
As ruas passam

Fonte: Lemos et al. (1986).

O verbo “importar” está flexionado de acordo com o sujeito “os seus atos”, conforme prescreve
a norma culta. Entretanto, na língua falada, principalmente no cotidiano, esse verbo nem sempre é
flexionado, permanecendo no singular.

Sujeito simples

De acordo com a norma culta, o verbo deve concordar com a pessoa expressa pelo sujeito.
Essa é a regra geral, principalmente quando se trata de sujeito simples, mesmo que esteja
posposto ao verbo.

Exemplos:

• O povo protestou.

• Os revoltados protestaram.

• Sumiu um documento.

• Sumiram vários documentos.

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Unidade III

Sujeito composto antes do verbo

O verbo flexiona e passa para o plural.

• Pedro e João são meus amigos.

O verbo poderá ficar no singular:

• quando os núcleos formarem uma gradação:

— A dor, a tristeza, o desespero levou-a àquela atitude.

• quando os núcleos aparecerem resumidos por “tudo”, “nada”, “ninguém”:

— Professores, alunos, coordenador, ninguém sabia o que acontecera.

— A dificuldade de trabalho, a falta de dinheiro, as dificuldades pessoais, nada o desanimava


naquele momento.

Sujeito composto depois do verbo

O verbo flexiona para o plural.

• Chegaram à festa os pais e os irmãos da aniversariante.

• Sumiram do cofre o documento e a joia de estimação.

O verbo concorda com o núcleo mais próximo.

• Chegou à reunião o chefe e os subordinados.

Sujeito composto de pessoas diferentes

A 1ª pessoa do plural prevalece sobre o singular, e o verbo flexiona para o plural.

• Bruna e eu sairemos amanhã.

• Meus amigos e eu nos divertimos muito.

Se o sujeito for formado de 2ª e 3ª pessoas do singular, o verbo pode flexionar para a 2ª ou para a
3ª pessoa do plural.

• Tu e ele recebereis o prêmio.

• Tu e tua companheira conhecerão muitos lugares diferentes.

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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Núcleos do sujeito ligados por “ou”

Quando há ideia de exclusão ou retificação, o verbo fica no singular ou concorda com o núcleo do
sujeito mais próximo.

• Pedro ou Paulo será o nosso novo professor.

• O corrupto ou os corruptos serão indiciados pela justiça federal.

Não havendo ideia de exclusão, o verbo flexiona para o plural.

• Frutas ou legumes são fontes de vitamina.

Núcleos do sujeito ligados por “com”

O verbo flexiona para o plural, mas admite-se o singular quando se quer destacar o primeiro núcleo
do sujeito.

• O engenheiro com o auxiliar concluíram a obra.

• O engenheiro com o auxiliar concluiu a obra.

Sujeito coletivo

Quando o sujeito é um coletivo, o verbo concorda com ele.

• A multidão implorava a renúncia do presidente.

• Os bandos seguiam pela trilha.

Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.

• A equipe de trabalhadores da prefeitura escavou todo o terreno.

• A equipe de trabalhadores da prefeitura escavaram todo o terreno.

Sujeito é um substantivo que só tem plural

Quando o sujeito é um substantivo usado somente no plural, há duas possibilidades:

• Se o substantivo não vier precedido de artigo, fica no singular.

— Minas Gerais é uma das regiões ricas em beleza natural.


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Unidade III

• Se o substantivo for precedido de artigo, o verbo vai para o plural.

— As Minas Gerais são fonte de beleza natural do país.

Sujeito é um pronome de tratamento

Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo vai para a 3ª pessoa.

• Vossa Senhoria receberá a proposta por escrito.

• Vossas Excelências receberão todas as informações.

Sujeito são os pronomes relativos “que” e “quem”

Se o sujeito for o pronome relativo “que”, o verbo concordará em número e pessoa com o antecedente
do pronome.

• Fui eu que dei a notícia a ele.

• Fomos nós que contamos a verdade ao diretor.

Se o sujeito for o pronome “quem”, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.

• Sou em quem fará o exame.

• Fomos nós quem recebeu a notícia.

No uso coloquial da língua, é comum o verbo concordar com o antecedente do pronome “quem”.

• Não fui eu quem fiz a lei.

Sujeito é uma oração

Quando o sujeito for representado por uma oração, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.

• Ainda falta comprar vários livros.

• Não adianta vocês ficarem parados na fila.

Sujeito com verbos no infinitivo como núcleo

O verbo flexiona para o plural se os infinitivos forem determinados por artigos. Caso os infinitivos
não sejam determinados, o verbo poderá flexionar no singular.
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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

• Comer bem e fazer exercício é uma ótima escolha.

• O viver e o sonhar são necessários ao ser humano.

Verbo com a partícula apassivadora “se”

O verbo normalmente concorda com o sujeito.

• Aluga-se um quarto.

• Vendem-se objetos usados.

Verbo com índice de indeterminação do sujeito

O verbo permanece na 3ª pessoa do singular se a partícula “se” está ligada a um verbo transitivo
indireto ou intransitivo.

• Necessita-se de esclarecimentos.

• Vive-se bem em São Paulo.

Sujeito formado por expressões

A) Um ou outro

O verbo concorda no singular com o sujeito.

• Um ou outro presente manifestou sua opinião.

• Um ou outro conseguiu responder todo o questionário.

B) Um e outro, nem um nem outro, nem… nem…

O verbo concorda preferencialmente no plural.

• Um e outro manifestante gritavam palavras de ordem.

• Nem um nem outro aceitaram o convite.

C) Um dos que, uma das que

O verbo vai, de preferência, para o plural.

• Aquele menino é um dos que tumultuam a aula.


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Unidade III

D) Mais de, menos de

O verbo concorda com o numeral a que se refere.

• Mais de uma pessoa contou-me essa história.

• Mais de mil pessoas participaram da manifestação.

E) A maior parte de, grande número de

Nessas expressões, seguidas de substantivo ou pronome no plural, o verbo flexiona para o singular
ou para o plural.

• Grande número de pessoas manifestou-se contra o candidato.

• A maioria dos eleitores foram às urnas.

F) Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós

O verbo concordará com os pronomes “nós” ou “vós” ou com a 3ª pessoa do plural.

• Alguns de nós fizeram tudo certo.

• Muitos de nós recebemos elogios do chefe.

Se o pronome indefinido ou interrogativo estiver no singular, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.

• Nenhum de nós é vítima da situação.

G) Haja vista

Podem ocorrer as seguintes concordâncias:

• A expressão fica invariável.

— Haja vista aos documentos do inquérito. (= atente-se)

— Haja vista os últimos prêmios recebidos pela equipe. (= por exemplo)

• A expressão vai para o plural.

— Hajam vista as mudanças ocorridas na empresa. (= vejam-se)

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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos “dar”, “soar” e “bater”

Esses verbos concordam regularmente com o sujeito.

• Deram três horas, e não havia notícia dele.

• Soaram duas horas no relógio da sala.

• O relógio bateu dez horas.

Verbos impessoais

Ficam na 3ª pessoa do singular, pois não possuem sujeito.

• Havia dez anos que tudo acontecera.

• Ventava bastante naquela tarde.

• Faz cinco anos que não a vejo.

Quando acompanhados de verbo auxiliar, este fica invariável na 3ª pessoa do singular.

• Devia fazer quatro meses que não nos falávamos.

Verbos que exprimem fenômenos da natureza, quando usados em sentido figurado, deixam de
ser impessoais.

• Choviam pétalas de rosa do teto da igreja.

No uso coloquial da língua, é comum usar o verbo “ter” como impessoal no lugar de “haver” ou “existir”.

• Tem três dias que não como direito.

Verbo “ser”

Ora concorda com o sujeito, ora concorda com o predicativo.

Quando o sujeito for o pronome “que” ou “quem”, o verbo “ser” concordará obrigatoriamente com
o predicativo.

• Que são tristezas? Quem foram os culpados?

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Unidade III

O verbo “ser” concordará com o numeral na indicação de tempo, dias, distância.

• É uma hora daqui até o local.

• São oito horas da manhã.

Quando o sujeito for o pronome “tudo”, “o”, “isso”, “aquilo” ou “isto”, o verbo “ser” concordará,
preferencialmente, com o predicativo, mas poderá concordar com o sujeito.

• Tudo são rumores.

• Tudo é tristeza.

Nas expressões “é muito”, “é pouco”, “é bastante”, o verbo “ser” fica no singular quando indicar
quantidade, distância, medida.

• Cem reais é pouco para pagarmos a dívida.

• Dois quilos de farinha é mais que suficiente.

Verbo “parecer”

Antes de infinitivos, admite duas concordâncias:

• O verbo “parecer” se flexiona, e o infinitivo não varia.

— As estruturas da obra pareciam ruir.

• Não varia o verbo “parecer”, e o infinitivo é flexionado.

— Os presentes à reunião parecia concordarem com a decisão do síndico.

Usando-se oração desenvolvida, o verbo “parecer” concordará no singular.

• As frutas parece que estão estragadas.

Saiba mais

Para conhecer melhor as regras de concordância ou para tirar dúvidas


em momento de produção ou de revisão de texto, tenha sempre acessível
uma boa gramática – por exemplo, a de Rocha Lima.

ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. 47. ed.


Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

98
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

7.1.5 Constituintes da frase

Você já deve ter estudado a estrutura da frase em aulas de gramática. A análise sintática é a parte da
gramática que se ocupa da estrutura da frase, procurando demonstrar como as palavras se organizam
a fim de formarem enunciados portadores de sentido. Nossa intenção aqui não é retomar o estudo
da análise sintática com a terminologia específica (sujeito, predicado, objeto direto etc.), embora
entendamos que esse estudo seja fundamental para o conhecimento da estrutura da frase.

Neste item, procuraremos mostrar como a estruturação de uma frase pode contribuir (ou não) para
a clareza e a precisão do texto.

Colocação ou ordem dos termos na oração

Organizar as ideias de modo que façam sentido, com coesão e coerência, é uma dificuldade muito
presente na realidade dos alunos, pois é preciso ter um conhecimento básico da estrutura da língua para
ser bem-sucedido na elaboração de um texto escrito, o que normalmente não acontece.

Uma queixa comum dos professores é que os alunos não constroem textos que expressem suas
ideias de forma clara, devido ao uso inadequado dos elementos linguísticos, o que torna o texto muitas
vezes confuso e incoerente, sem a transmissão de um pensamento lógico.

Vamos, então, recordar os conceitos de frase, oração e período.

• Frase: todo enunciado de sentido completo, capaz de estabelecer comunicação. Pode ser
nominal ou verbal.

• Oração: enunciado que se estrutura em torno de um verbo ou locução verbal.

• Período: constitui-se de uma ou mais orações. Podem ser simples ou compostos.

Observe que, embora possam existir frases sem verbo (frases nominais), a frase sintaticamente
estruturada é aquela que apresenta verbo, em torno do qual se agrupam outros termos: sujeito
(que com ele estará concordando), complementos do verbo, termos que acrescentam informações
acessórias etc.

Há frases simples (formadas por uma única oração) e frases complexas (formadas por várias orações).
Nas frases simples, costumamos dispor os termos na seguinte ordem: sujeito, verbo, complemento do
verbo, adjuntos adverbiais. É a chamada ordem direta.

Embora a ordem direta seja natural, nada impede que se altere a disposição dos elementos na frase.
Quando isso ocorre, temos a ordem inversa.

99
Unidade III

Observe como a disposição dos elementos da frase pode ser alterada:

• O ser humano é o único animal inteligente na face da Terra.

• O único animal inteligente na face da Terra é o ser humano.

Mas, se a ordem natural dos elementos da frase é a ordem direta, por que razão empregaríamos a
ordem inversa? A resposta é bem simples: por uma questão de estilo.

A inversão na disposição dos elementos constituintes da frase marca a ênfase que se quer dar a
determinado elemento, o qual é deslocado para o início da oração. É algo comum na língua oral, como
quando um falante diz: “Seu filho mais velho, eu vi hoje na praia. Estava muito bem acompanhado.
De bobo, ele não tem nada”.

Lembrete

O deslocamento de um elemento é denominado topicalização e ocorre


devido à intenção, na situação comunicativa, de pôr em destaque um
constituinte da oração.

A opção por uma construção na voz passiva ou na voz ativa também está relacionada ao destaque
que se quer dar a algum elemento da frase: o agente, o paciente ou a própria ação verbal. Veja:

• Provinha já é adotada por estados.

• Estados já adotam Provinha.

No primeiro exemplo, a construção na voz passiva dá maior relevância ao objeto da adoção


(a Provinha), que na frase funciona como sujeito.

Já no segundo exemplo, a construção na voz ativa dá maior relevância aos agentes da adoção
(os estados), que na frase funcionam como sujeito.

Quando se opta pela voz passiva sintética (verbo transitivo + pronome apassivador “se”), a ênfase
recai sobre a própria ação verbal. Observe:

• Consertam-se sapatos.

• Aluga-se casa na praia.

• Vendem-se apartamentos.

100
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

7.1.6 Grafia das palavras

A grafia é uma representação dos sons. Por isso, ela é uma convenção social. Enquanto a pronúncia
das palavras pode sofrer variação (de acordo com fatores externos que influenciam essas alterações,
conforme visto na unidade anterior), a grafia padroniza a forma de escrevê-las. Para que essa padronização
ocorra, há uma convenção estabelecida por instituições que normatizam o uso da língua. É o caso, por
exemplo, da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Não podemos esquecer, entretanto, que a língua portuguesa não é nossa, dos brasileiros; há outros
países que a utilizam como língua oficial. Esses países são Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste.

Esses países participaram do que se denomina Novo Acordo Ortográfico. Assinado em 1990, entrou
em vigor em 2009. Vale ressaltar que o último país a assinar o novo acordo foi Portugal.

Com o acordo, estima-se que 98% das diferenças sejam resolvidas. Quanto às alterações na escrita,
para o Brasil representam em torno de 0,5%, ao passo que para Portugal correspondem a 1,6%.

Chamamos de novo acordo porque já houve outros acordos em relação à ortografia. Em 1907, a
ABL elaborou um projeto de reformulação ortográfica com base na ortografia nacional (1904), projeto
que foi oficializado por Portugal em 1911. Em 1915, a ABL aprovou a proposta do projeto, ajustando-o
aos padrões do Brasil. Todavia, em 1919 a Academia voltou atrás e revogou o projeto de 1907, não
havendo reforma.

O primeiro acordo ortográfico de iniciativa da ABL data de 1931. Ele também foi aprovado pela
Academia das Ciências de Lisboa, em Portugal. O governo brasileiro oficializou tal acordo em 1931.
Em 1934, a Constituição brasileira revogou o acordo de 1931 e estabeleceu a volta das regras ortográficas
de 1891, como a grafia de “pharmácia” ou mesmo de “ortographia”.

Em 1943, uma convenção luso-brasileira retoma o acordo de 1931, com pequenas modificações.
No ano de 1945, as normas de um novo acordo ortográfico passam a vigorar em Portugal,
enquanto no Brasil mantém-se a ortografia de 1943.

Em 1971, um decreto do governo brasileiro altera algumas regras da ortografia de 1943. É o caso, por
exemplo, de palavras como “saudade”, antes grafada “saüdade”, ou “sòmente”, cujo acento diferencial
marcava a pronúncia fechada ou aberta da vogal.

Em 1975, a academia brasileira e a portuguesa elaboraram um texto com a finalidade de diminuir


as divergências dos acordos de 1943 e 1945, privilegiando-se esse último. Todavia, esse texto não se
oficializa devido à situação política por que passava Portugal.

Em 1990, nova reunião é realizada, dessa vez em Portugal, da qual resultou o Novo Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa. A previsão era que entrasse em vigor em janeiro de 1994, mas isso
só aconteceu em 2009.
101
Unidade III

É esse acordo que tem previsão de ser implantado totalmente até janeiro de 2013 e, para tanto, a
sociedade deve se adequar às novas regras estabelecidas para a grafia das palavras.

A seguir, apresentamos os principais pontos desse acordo.

Quadro 11 – Alfabeto

Como era Regra nova Como passa a ser


As letras “k”, “w” e “y” serão usadas
“K”, “w” e “y” não eram consideradas O alfabeto é agora formado por 26 em siglas, símbolos, nomes próprios,
letras do nosso alfabeto letras, incluindo “k”, “w” e “y” palavras estrangeiras e seus derivados.
Exemplos: km, watt, Byron, byroniano

Quadro 12 – Trema

Como era Regra nova Como passa a ser


Aguentar, consequência,
Agüentar, conseqüência, cinqüenta, Não existe mais o trema em língua cinquenta, quinquênio, frequência,
qüinqüênio, freqüência, freqüente, portuguesa. Apenas em casos de frequente, eloquência, eloquente,
eloqüência, eloqüente, argüição, nomes próprios e seus derivados – arguição, delinquir, pinguim,
delinqüir, pingüim, tranqüilo, lingüiça por exemplo, Müller, mülleriano tranquilo, linguiça

Quadro 13 – Acentuação

Como era Regra nova Como passa a ser


Assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, Ditongos abertos (ei, oi) não são mais Assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia,
panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, acentuados em palavras paroxítonas panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia,
jibóia, apóio, heróico, paranóico (cf. notas 1 e 2) jiboia, apoio, heroico, paranoico
Enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, Enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo,
O hiato “oo” não é mais acentuado
abençôo, povôo abençoo, povoo
Crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, Creem, deem, leem, veem, descreem,
O hiato “ee” não é mais acentuado
relêem, revêem releem, reveem
Pára (verbo), péla (substantivo e verbo), Para (verbo), pela (substantivo e verbo),
Não existe mais o acento diferencial em
pêlo (substantivo), pêra (substantivo), pelo (substantivo), pera (substantivo),
palavras homógrafas (cf. nota 3)
péra (substantivo), pólo (substantivo) pera (substantivo), polo (substantivo)
Não se acentua mais a letra “u” nas
Argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, formas verbais rizotônicas quando Argui, apazigue, averigue, enxague,
enxagúemos, obliqúe precedida de “g” ou “q” e antes de “e” ou enxaguemos, oblique
“i” (gue, que, gui, qui)
Não se acentua mais “i” e “u” tônicos
Baiúca, boiúna, cheiínho, saiínha, Baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha,
em paroxítonas quando precedidos de
feiúra, feiúme feiura, feiume
ditongo

Nota 1. Nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas, o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis.

Nota 2. O acento no ditongo aberto “eu” continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.

Nota 3. O acento diferencial permanece no verbo “poder” (3ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo, “pôde”) e no verbo “pôr”
(para diferenciar da preposição “por”).

102
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro 14 – Hífen (parte 1)

Como era Regra nova Como passa a ser


Antessala, antessacristia,
Ante‑sala, ante‑sacristia, auto‑retrato, autorretrato, antissocial, antirrugas,
anti‑social, anti‑rugas, arqui‑romântico, O hífen não é mais utilizado em arquirromântico, arquirrivalidade,
arqui‑rivalidade, auto‑regulamentação, palavras formadas por prefixos autorregulamentação, autossugestão,
auto‑sugestão, contra‑senso, contra‑regra, (ou falsos prefixos) terminados contrassenso, contrarregra,
contra‑senha, extra‑regimento, extra‑sístole, em vogal + palavras iniciadas contrassenha, extrarregimento,
extra‑seco, infra‑som, semi‑real, por “r” ou “s”, devendo‑se extrassístole, extrasseco, infrassom,
semi‑sintético, supra‑renal, supra‑sensível, dobrar essas letras (cf. nota 1) semirreal, semissintético, suprarrenal,
ultra‑sonografia suprassensível, ultrassonografia
Auto‑afirmação, auto‑ajuda, Autoafirmação, autoajuda,
auto‑aprendizagem, auto‑escola, autoaprendizagem, autoescola,
auto‑estrada, auto‑instrução, autoestrada, autoinstrução,
O hífen não é mais utilizado em
contra‑exemplo, contra‑indicação, contraexemplo, contraindicação,
palavras formadas por prefixos
contra‑ordem, extra‑escolar, extra‑oficial, contraordem, extraescolar, extraoficial,
(ou falsos prefixos) terminados
infra‑estrutura, intra‑ocular, intra‑uterino, infraestrutura, intraocular, intrauterino,
em vogal + palavras iniciadas
neo‑expressionista, neo‑imperialista, neoexpressionista, neoimperialista,
por outra vogal (cf. notas 2 e 3)
semi‑aberto, semi‑árido, semi‑automático, semiaberto, semiárido, semiautomático,
semi‑embriagado, semi‑obscuridade, semiembriagado, semiobscuridade,
supra‑ocular, ultra‑elevado supraocular, ultraelevado
Agora se utiliza hífen quando Anti‑ibérico, anti‑inflamatório,
Antiibérico, antiinflamatório, a palavra é formada por um anti‑inflacionário, anti‑imperialista,
antiinflacionário, antiimperialista, prefixo (ou falso prefixo) arqui‑inimigo, arqui‑irmandade,
arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, terminado em vogal + palavra micro‑ondas, micro‑ônibus,
microônibus, microorgânico iniciada pela mesma vogal (cf. micro‑orgânico
notas 4 e 5)
Não usamos mais hífen
em compostos que, pelo
Manda‑chuva, pára‑quedas, pára‑quedista Mandachuva, paraquedas, paraquedista
uso, perdeu‑se a noção de
composição (cf. nota 6)

Nota 1. Em prefixos terminados por “r”, permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper‑realista,
hiper‑requintado, hiper‑requisitado, inter‑racial, inter‑regional, inter‑relação, super‑racional, super‑realista, super‑resistente etc.

Nota 2. Esta regra visa uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico etc.

Nota 3. Esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte se iniciar por “h”: anti‑herói, anti‑higiênico, extra‑humano,
semi‑herbáceo etc.

Nota 4. Esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente = não
tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen.

Nota 5. Uma exceção é o prefixo “co”. Mesmo se a outra palavra se inicia com a vogal “o”, não se utiliza hífen: coorganizador,
coocorrência etc.

Nota 6. O uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constituem unidade sintagmática
e semântica, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano‑luz, azul‑escuro, médico‑cirurgião,
conta‑gotas, guarda‑chuva, segunda‑feira, tenente‑coronel, beija‑flor, couve‑flor, erva‑doce, bem‑te‑vi etc.

103
Unidade III

Quadro 15 – Hífen (parte 2)

Hífen permanece Exemplos


Em palavras formadas pelos prefixos “ex”, Ex‑marido, vice‑presidente, soto‑mestre
“vice” e “soto”
Em palavras formadas pelos prefixos
“circum” e “pan” + palavras iniciadas por Pan‑americano, circum‑navegação
vogal, “m” ou “n”
Em palavras formadas pelos prefixos Pré‑natal, pró‑desarmamento,
“pré”, “pró” e “pós” + palavras que têm pós‑graduação
significado próprio
Além‑mar, além‑fronteiras, aquém‑oceano,
Em palavras formadas por “além”, “aquém”, recém‑nascidos, recém‑casados,
“recém” e “sem” sem‑número, sem‑teto

Quadro 16 – Hífen (parte 3)

Não existe mais hífen Exemplos Exceções


Em locuções de qualquer tipo (substantivas, Água‑de‑colônia, arco‑da‑velha,
Cão de guarda, fim de semana,
adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, cor‑de‑rosa, mais‑que‑perfeito,
café com leite, pão de ló etc.
prepositivas ou conjuncionais) pé‑de‑meia, à queima‑roupa

Para finalizar, não poderíamos deixar de falar sobre a metodologia de ensino da língua portuguesa
na Educação Básica, uma vez que você será habilitado, no final do curso, a exercer o magistério nesse
período de formação da criança e/ou adolescente. É do que trataremos no próximo item.

8 ESTUDO CRÍTICO DA METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA


GRAMÁTICA NORMATIVA EM SALA DE AULA

É possível ensinar gramática? É desejável ensinar gramática? Por que ensinar gramática? Que
gramática ensinar?

Mais que responder a essas questões – e, certamente, a tantas outras que insistem em “povoar” o
pensamento de alunos e professores de língua materna – esta seção destina-se a provocar reflexões
acerca do ensino-aprendizagem da gramática em nossas escolas.

Inicialmente, é preciso que apresentemos alguns aspectos centrais que darão base às reflexões propostas.

Desenvolver a competência comunicativa – oral e escrita – do aluno a fim de que ele seja capaz
de usar cada vez com mais habilidade os recursos da língua para comunicar-se, produzindo efeitos de
sentido numa determinada situação de interação comunicativa, é o grande objetivo a ser atingido nas
aulas de língua portuguesa.

Tradicionalmente, no entanto, o ensino de língua portuguesa tomava a oração e o período como


unidades fundamentais para seu estudo e pretendia ensinar o aluno a ler e escrever por meio do ensino
sistemático da gramática e das estruturas da língua escrita.

104
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Atualmente, como resposta a estudos desenvolvidos especialmente a partir da década de 1980,


sabe-se que o texto é a unidade básica do ensino da língua. Assim, no que diz respeito à gramática, é a
língua em funcionamento que deve ser objeto de análise nas aulas de língua materna, isto é, o estudo
gramatical não pode estar desligado e distante de sua aplicação prática, hábito que, durante muito
tempo, artificializou sobremaneira o ensino da gramática em todos os níveis de escolaridade.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são documentos lançados pelo Ministério da Educação
(MEC) no final dos anos 1990, elaborados por educadores de todas as áreas do conhecimento, com a
intenção de apoiar e ampliar discussões de caráter pedagógico, visando a uma transformação positiva
no sistema educativo brasileiro.

Saiba mais

Para saber mais sobre os PCN, consulte:

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: língua portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental,
1997. Disponível em: https://bit.ly/3qI2TXt. Acesso em: 22 fev. 2021.

Veja o que dizem os PCN de língua portuguesa a respeito dessa prática pedagógica.

Reflexão gramatical na prática pedagógica

Na perspectiva de uma didática voltada para a produção e interpretação de textos, a


atividade metalinguística deve ser instrumento de apoio para a discussão dos aspectos da
língua que o professor seleciona e ordena no curso do ensino-aprendizagem.

Assim, não se justifica tratar o ensino gramatical desarticulado das práticas de linguagem.
É o caso, por exemplo, da gramática que, ensinada de forma descontextualizada, tornou‑se
emblemática de um conteúdo estritamente escolar, do tipo que só serve para ir bem na
prova e passar de ano – uma prática pedagógica que vai da metalíngua para a língua por
meio de exemplificação, exercícios de reconhecimento e memorização de terminologia.
Em função disso, discute-se se há ou não necessidade de ensinar gramática. Mas essa é uma
falsa questão: a questão verdadeira é o que, para que e como ensiná-la.

Deve-se ter claro, na seleção dos conteúdos de análise linguística, que a referência não
pode ser a gramática tradicional. A preocupação não é reconstruir com os alunos o quadro
descritivo constante dos manuais de gramática escolar (por exemplo, o estudo ordenado
das classes de palavras com suas múltiplas subdivisões, a construção de paradigmas
morfológicos, como as conjugações verbais estudadas de um fôlego em todas as suas formas
temporais e modais, ou de pontos de gramática, como todas as regras de concordância, com
suas exceções reconhecidas).

105
Unidade III

O que deve ser ensinado não responde às imposições de organização clássica de


conteúdos na gramática escolar, mas aos aspectos que precisam ser tematizados em
função das necessidades apresentadas pelos alunos nas atividades de produção, leitura e
escuta de textos.

O modo de ensinar, por sua vez, não reproduz a clássica metodologia de definição,
classificação e exercitação, mas corresponde a uma prática que parte da reflexão
produzida pelos alunos mediante a utilização de uma terminologia simples e se aproxima,
progressivamente, pela mediação do professor, do conhecimento gramatical produzido.
Isso implica, muitas vezes, chegar a resultados diferentes daqueles obtidos pela gramática
tradicional, cuja descrição, em muitos aspectos, não corresponde aos usos atuais da
linguagem, o que coloca a necessidade de busca de apoio em outros materiais e fontes.

Fonte: Brasil (1998, p. 28-29).

Saber regras gramaticais não significa saber escrever bem, pois muitas vezes escritores brilhantes
não são capazes de descrever a norma, porém são capazes de produzir textos que nos comovem ou nos
divertem; eles não podem dizer “como”, mas sabem produzir textos de excelente qualidade.

É apenas na situação de trabalho com o texto, em seu processo de produção ou de leitura, que o
aluno utiliza o conhecimento gramatical adquirido para garantir um texto claro, coeso, que cumpre sua
finalidade na medida em que assegura sua adequação e correção.

Os PCN sugerem um ensino que priorize a leitura de textos diversificados, assim como a produção e
a análise linguística de textos. Esses são os objetivos centrais propostos por esse documento.

Essas três práticas devem interligar-se, isto é, não podem ser tomadas como atividades estanques.
Ao contrário, devem estar em coocorrência e, para tanto, o professor tem de se libertar dos métodos
mecanicistas de ensino da língua.

Em 2017, foi publicado novo documento da Educação Básica. Trata-se da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). Esse documento não anula os PCN ou outros anteriores. Na verdade, a BNCC

dialoga com documentos e orientações curriculares produzidos nas últimas


décadas, buscando atualizá-los em relação às pesquisas recentes da área e
às transformações das práticas de linguagem ocorridas neste século, devidas
em grande parte ao desenvolvimento das tecnologias digitais da informação
e comunicação (TDIC) (BRASIL, 2017, p. 67).

A BNCC focaliza o texto e não a gramática normativa no ensino de língua portuguesa. Afinal, somente
por meio do texto as pessoas se comunicam. Nessa perspectiva, o ensino pauta-se na diversidade dos
gêneros textuais e na complexidade do texto, cuja estrutura engloba a sintaxe, o vocabulário e os
recursos estilísticos. Além disso, um ensino pautado no texto desenvolve habilidades de leitura, como
identificação da informação e processo de compreensão e reflexão sobre o texto.
106
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Um texto expressa a cultura e suas diversas produções, ampliando o repertório dos alunos,
possibilitando a interação e ensinando a lidar com o diferente. É na leitura e produção de texto que os
conhecimentos linguísticos e gramaticais devem ser trabalhados nas escolas básicas.

De acordo com o documento da BNCC (BRASIL, 2017, p. 82-83), a proposta sintética é a seguinte:

• Fono-ortografia:

— Conhecer e analisar as relações regulares e irregulares entre fonemas e grafemas na escrita do


português do Brasil.

— Conhecer e analisar as possibilidades de estruturação da sílaba na escrita do português


do Brasil.

• Morfossintaxe:

— Conhecer as classes de palavras abertas (substantivos, verbos, adjetivos e advérbios) e


fechadas (artigos, numerais, preposições, conjunções, pronomes) e analisar suas funções
sintático‑semânticas nas orações e seu funcionamento (concordância, regência).

— Perceber o funcionamento das flexões (número, gênero, tempo, pessoa etc.) de classes
gramaticais em orações (concordância).

— Correlacionar as classes de palavras com as funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto,


modificador etc.).

• Sintaxe:

— Conhecer e analisar as funções sintáticas (sujeito, predicado, objeto, modificador etc.).

— Conhecer e analisar a organização sintática canônica das sentenças do português do Brasil e


relacioná-la à organização de períodos compostos (por coordenação e subordinação).

— Perceber a correlação entre os fenômenos de concordância, regência e retomada


(progressão temática – anáfora, catáfora) e a organização sintática das sentenças do
português do Brasil.

• Semântica:

— Conhecer e perceber os efeitos de sentido nos textos decorrentes de fenômenos


léxico‑semânticos, tais como aumentativo/diminutivo; sinonímia/antonímia; polissemia ou
homonímia; figuras de linguagem; modalizações epistêmicas, deônticas, apreciativas; modos e
aspectos verbais.

107
Unidade III

• Variação linguística:
— Conhecer algumas das variedades linguísticas do português do Brasil e suas diferenças
fonológicas, prosódicas, lexicais e sintáticas, avaliando seus efeitos semânticos.
— Discutir, no fenômeno da variação linguística, variedades prestigiadas e estigmatizadas e o
preconceito linguístico que as cerca, questionando suas bases de maneira crítica.

• Elementos notacionais da escrita:

— Conhecer as diferentes funções e perceber os efeitos de sentido provocados no texto pelo uso de
sinais de pontuação (ponto-final, ponto de interrogação, ponto de exclamação, vírgula, ponto
e vírgula, dois-pontos) e pela pontuação e sinalização dos diálogos (dois-pontos, travessão,
verbos de dizer).
— Conhecer a acentuação gráfica e perceber suas relações com a prosódia.
— Utilizar os conhecimentos sobre as regularidades e irregularidades ortográficas do português
do Brasil na escrita de textos.

O ensino de gramática consiste na relação de determinado aspecto gramatical com o uso oral e
escrito da língua. Ou seja, um texto efetivamente produzido na sociedade pode se aproximar ou se
distanciar do modelo do “bem escrever ou bem falar”, levando ao questionamento sobre em que tipo
de contexto há mais ou menos proximidade com a gramática normativa. Esse contexto leva em conta a
variação da língua, a qual se torna conteúdo do ensino.

Por exemplo, a gramática normativa, ao tratar da concordância verbal de nomes próprios no plural,
determina a seguinte regra:

Os nomes de lugar, e também os títulos de obras, que têm forma de plural


são tratados como singular, se não vierem acompanhados de artigo. Quando
esses nomes são precedidos de artigo, o verbo assume normalmente a forma
plural (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 518).

No entanto, um estudo recente (JORGE, 2019, p. 123) mostrou haver variação no uso da flexão
verbal em manchetes de jornais de grande circulação no Brasil.

• EUA anunciarão saída do Conselho de Direitos Humanos da ONU, diz fonte.

• Putin afirma que deseja se encontrar com Trump quando EUA estiverem prontos.

• EUA asseguram que “farsa eleitoral não muda nada” na Venezuela.

• EUA decidem eximir Brasil de tarifas sobre aço e alumínio.

• EUA pedirão perfis de redes sociais de candidatos a visto, diz Departamento de Estado.
108
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

• Para dar visto, EUA pedirão contas em redes sociais, e-mail e telefone.

• EUA vetam resolução na ONU sobre Jerusalém.

A variante empregada pelos jornalistas é a culta, mas é real, usada no cotidiano profissional. Essa
variante se distancia do padrão imposto pela gramática normativa. Conseguimos, assim, observar o
distanciamento da gramática normativa quanto ao uso da língua, inclusive o uso culto (real).

Em uma possível explicação para a variante usada pelos jornalistas, estes procuram uniformizar ou
dar coerência às relações entre os elementos que compõem as orações. Para os jornalistas exemplificados,
é mais coerente flexionar o verbo no plural, uma vez que o nome (EUA) é plural.

No esclarecimento contido na BNCC:

Os conhecimentos sobre a língua, as demais semioses e a norma-padrão


não devem ser tomados como uma lista de conteúdos dissociados das
práticas de linguagem, mas como propiciadores de reflexão a respeito do
funcionamento da língua no contexto dessas práticas (BRASIL, 2017, p. 139).

É preciso concordar que decorar regras e definições de conceitos gramaticais – por exemplo, saber
repetir que “verbos são palavras que indicam ação, estado ou fenômeno da natureza” – definitivamente
não assegura que o sujeito seja capaz de escrever um bom texto.

Aprender gramática, portanto, não se resume a decorar regras arbitrárias e submeter-se a elas.
Aprender gramática é agir sobre a língua para, gradativamente, construir sua teia de relações.

Veja o que diz Possenti (2005, p. 17-18) a respeito de ensinar ou não a língua-padrão na escola:

Talvez deva repetir que adoto sem qualquer dúvida o princípio (quase
evidente) de que o objetivo da escola é ensinar o português-padrão, ou,
talvez mais exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido.
Qualquer outra hipótese é um equívoco político e pedagógico. A tese de
que não se deve ensinar ou exigir o domínio do dialeto-padrão dos alunos que
conhecem e usam dialetos não padrão baseia-se em parte no preconceito
segundo o qual seria difícil aprender o padrão. Isso é falso, tanto do ponto
de vista da capacidade dos falantes quanto do grau de complexidade de um
dialeto-padrão. […]

O problema do ensino-padrão se põe de forma grave quando se trata do ensino


do padrão a quem não o fala usualmente, isto é, a questão é particularmente
grave em especial para alunos das classes populares, por mais que também
haja alguns problemas decorrentes das diferenças entre fala e escrita, qualquer
que seja o dialeto (mas insisto sobre a hipótese de que, provavelmente, tais
problemas sejam mais de tipo textual do que de tipo gramatical).

109
Unidade III

Luft (2000, p. 65) acrescenta:

Uma das principais causas de um ensino de língua materna mal orientado,


na escola tradicional, é o pressuposto ingênuo de que o aluno não sabe
a língua. Isso leva a concentrar o esforço em “ensinar” coisas, sobretudo
teoria gramatical e regras. Tem-se a impressão de que o professor de idioma
nacional está ensinando português a estrangeiros.

O ensino da gramática deve, assim, privilegiar a análise e a reflexão sobre a língua. Deve, do mesmo
modo, ser um espaço em que essa prática se revele como elemento que contribui, sobremaneira, para
formar alunos usuários competentes de sua língua, verdadeiros “senhores” de sua atividade linguística.

Certamente, o aluno que fala, lê e escreve com competência será muito mais que um sujeito bem
informado; será um cidadão crítico, consciente, capaz de expressar o que sabe, o que pensa e o que
sente. E a todos deve ser reservado esse direito.

Gilberto Scarton apresenta este interessante quadro-resumo, que trata da questão da gramática e do ensino.

Quadro 17

Aspectos Tradicionalistas Não tradicionalistas


Língua portuguesa = conjunto de
Língua portuguesa = língua culta variedades = língua culta formal
Concepção de língua formal (de um período pretérito) + informal + popular + regional +
gíria + etc.
– Critério histórico e absolutista: só é
aceito o uso formal culto – Critério fundamentado nos usos
atuais
– Critério irrealista: não é levada
em conta a variação linguística, os – Critério relativista: todas as
novos usos. Incorre em: a) distorções modalidades linguísticas são
temporais: não aceita a evolução legítimas desde que adequadas ao
Critério de correção linguística dos usos linguísticos; b) distorções contexto
espaciais: não aceita os usos regionais; – Critério realista: defende a
c) distorções sociais: não aceita aceitabilidade contextualizada;
as variações sociais; d) distorções todas as modalidades linguísticas
situacionais: não aceita as variações são aceitas desde que adequadas ao
determinadas ou condicionadas por contexto
contextos diferentes na interação social
– Repetir/copiar os registros
tradicionais
Ser servo da língua, e não seu
– Não observar/registrar os usos reais,
Papel do gramático, do dicionarista senhor: registrar e explicar os usos
atuais linguísticos reais
– Considerar-se “autoridade” em
questões de linguagem
Tornar o falante plurilíngue na
própria língua: respeitar/apoiar
Tornar o falante monolíngue: impor a todas as modalidades linguísticas
modalidade culta formal, erradicando
Papel da escola dos alunos e, sob a forma de
ou combatendo todas as demais acréscimo, ampliar a competência
modalidades linguísticas comunicativa com o favorecimento
da linguagem culta formal

110
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Aspectos Tradicionalistas Não tradicionalistas


Não julgar os fatos da língua
através da perspectiva elementar de
certo vs. errado, mas informar sobre
Ser o juiz ou o árbitro da língua, julgando usos linguísticos, distinguindo:
todos os fatos linguísticos mediante – uso atual vs. uso antigo
Papel do professor uma visão radical expressa na seguinte
dicotomia: isto está certo vs. isto está – uso culto vs. uso popular
errado – uso brasileiro vs. uso lusitano
– uso formal vs. uso informal
– uso adequado vs. uso inadequado

Os não tradicionalistas são menos


conservadores, mais “liberais”,
Os tradicionalistas são conservadores, mais flexíveis, e distinguem o que
Consequências puristas, inflexíveis, dogmáticos, é obrigatório, o que é facultativo,
irrealistas o que é tolerável, o que é
inadmissível, o quê, o quando e o
porquê

Adaptado de: Scarton (2005).

Enfim, antes de saber as regras na ponta da língua, o aluno, principalmente o da Educação Básica,
ou seja, do Ensino Fundamental e Médio, precisa saber compreender e elaborar um texto. Esses são
pressupostos para um ensino eficaz da língua portuguesa.

Além disso, é necessário refletir sobre a concepção de linguagem, entendendo-a como uma atividade
constitutiva. Segundo Geraldi (2006, p. 67), “a linguagem é uma atividade constitutiva: é pelo processo
de internalização do que nos era exterior que nos constituímos como os sujeitos que somos e, com as
palavras de que dispomos, trabalhamos na construção de novas palavras”.

O professor precisa ter essa visão da linguagem, como algo a ser construído e ao mesmo tempo
como um instrumento poderoso nas mãos do aluno, se este for conduzido a exercitar uma prática de
linguagem em que se sinta também sujeito da ação.

Para tanto, o professor tem de propiciar o acesso a conhecimentos, por exemplo, de gêneros textuais,
de tipos de sequência textual, da modalidade a ser usada (oral ou escrita), do registro, dos objetivos da
comunicação – enfim, de todos os elementos que garantam um bom desempenho tanto na compreensão
quanto na elaboração do texto.

Nesse contexto, os conhecimentos gramaticais auxiliarão na organização do texto, mas sabê-los,


como já dissemos, isoladamente não basta. O professor tem de se libertar das amarras que um ponto de
vista purista da língua acaba construindo para si. É preciso ir além da gramática normativa, além das
normas de bom uso da língua, e adentrar o mundo linguístico que convida ao desafio de comunicar-se
sem medo, sem artificialismo, de modo claro, coerente, para que se faça entender pelo outro. Somente
assim o professor estará de fato cumprindo sua função e oferecendo condições ao aluno de exercer a
cidadania, em seu verdadeiro sentido.

111
Unidade III

Paulo Freire (1996, p. 139) dizia o seguinte:

Sou professor a favor da boniteza de minha prática, boniteza que dela some
se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se
não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo,
descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser testemunho que deve
ser do lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste. O desrespeito à leitura
de mundo do educando revela o gosto elitista, portanto antidemocrático, do
educador, que, desta forma, não escutando o educando, com ele não fala.
Nele deposita seus comunicados.

Figura 18 – Paulo Freire

Para exemplificar como o ensino de gramática precisa ser relacionado ao uso efetivo da língua, que
se dá na construção de texto, escolhemos o gênero textual tirinha e verificamos qual é a proposta de
ensino de gramática em livro didático (LD).

A tira é um dos gêneros que mais se destacam em razão da sua popularidade entre todas as
idades. Segundo os PCN (1998, p. 70), “boa parte dos materiais didáticos disponíveis no mercado,
ainda que venham incluindo textos de diversos gêneros, ignoram a diversidade e submetem todos
os textos a um tratamento uniforme”. Em outras palavras, o fato de a tirinha estar no livro didático
não significa que ela esteja voltada para esse fim, mas usada apenas como pretexto para ensinar
gramática de forma descontextualizada.

112
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

O livro Português: linguagens, de William R. Cereja e Thereza C. Magalhães, na edição de 2008,


contém um total de 43 tirinhas, entre as quais 11 se destinam ao conceito de humor/lazer e 32 ao de
conhecimentos linguísticos, como apontado no gráfico.
Análise das tirinhas LD - 2008

26%

Conhecimentos linguísticos

74% Humor/lazer

Figura 19 – Dados sobre o número de tirinhas e sua função no LD Português:


linguagens, de William R. Cereja e Thereza C. Magalhães, edição de 2008

Já em edição posterior, de 2014, o LD apresentou um número menor de tirinhas, um total de 32.


Destas, 26 estão dispostas em conhecimentos linguísticos, 3 em humor/lazer, e mais 3 em gêneros
textuais, alterando-se os percentuais de acordo com este outro gráfico.
Análise das tirinhas LD - 2014

Conhecimentos linguísticos
Gêneros textuais
Humor/lazer

Figura 20 – Dados sobre o número de tirinhas e sua função no LD Português:


linguagens, de William R. Cereja e Thereza C. Magalhães, edição de 2014

Uma comparação entre os dois gráficos destaca mudanças significativas quanto à finalidade
das tirinhas no livro didático. Em 2008 havia tirinhas voltadas para conhecimentos linguísticos e
humor/lazer (tiras como momento de distração), enquanto na edição de 2014 mostra-se uma redução
na quantidade designada para humor/lazer e o surgimento de tiras para o trabalho com gêneros textuais.
Evidentemente, o eixo de conhecimentos linguísticos continuou com a maior proporção.

113
Unidade III

Apresentamos a seguir alguns exemplos dos três critérios para melhor elucidar o conteúdo das
tirinhas utilizadas nos LDs selecionados. Os dois primeiros exemplos são da edição de 2008.

Figura 21 – Tirinha usada para tratar de conhecimentos linguísticos

É possível observar que a tirinha está sendo empregada para o ensino de conhecimentos linguísticos,
morfossintaxe mais especificamente, a começar pelo título da seção, “A língua em foco”, e pelo
subtítulo, “As orações subordinadas substantivas”. Os exercícios elaborados vão de encontro à proposta do
título, deixando claro que a presença do gênero tirinha é apenas um suporte para o ensino de gramática e
que toda e qualquer característica típica de língua desse gênero não será trabalhada. O único exercício que se
diferencia dos demais é o de número 3, em que se pede uma explicação quanto ao humor da tira, mas
sem uma discussão prévia sobre como se constitui o humor na língua.

114
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Figura 22 – Tirinha usada como humor/lazer

Esse exemplo, considerado como humor/lazer, não traz nenhuma orientação didática para o professor.
Espera-se talvez que os alunos tenham os conhecimentos necessários para fazer uma leitura proveitosa.

A tirinha tematiza um conteúdo de gramática, a mudança discursiva de “nos” para “me”, a fim
de revelar a personalidade da personagem Susanita. No entanto, as questões linguísticas não são
trabalhadas pelo autor.

De acordo com a BNCC, o ensino de língua portuguesa precisa assumir a perspectiva enunciativo‑discursiva
da linguagem, que é “uma forma de ação interindividual orientada para uma finalidade específica”
(BRASIL, 2017, p. 67). Na tirinha, os pronomes deveriam se adequar ao sujeito enunciador (Susanita).
Essa exigência por uma mudança enunciatária mostra uma visão de mundo decorrente das práticas
sociais existentes.

Observemos agora dois exemplos da edição de 2014.

O discurso citado em linguagens não verbais


O discurso citado pode ocorrer também em linguagens não verbais ou mistas. Na tira
de Fernando Gonsales abaixo, por exemplo, a história de O patinho feio é citada direta
e nominalmente no 1º quadrinho e de forma indireta pela recriação, no 3º quadrinho.
O humor da tira está na mudança de atributo do patinho, que, de supostamente feio,
passa a burro.

Figura 23 – Tirinha usada para tratar de gênero textual

115
Unidade III

A tira foi usada para falar sobre a diferença dos tipos de discurso através da intertextualidade, o que
por certo renderia diversas possibilidades de leitura e de atividade pedagógica.

Os autores do livro didático não relacionam o contexto da história – o adulto em seu papel de
mediador de leitura oral para as crianças, e a impaciência das crianças em ouvir novamente a mesma
narrativa – com a mudança da palavra “feio” para “burro”.

Figura 24 – Tirinha usada para tratar de conhecimentos linguísticos

A tirinha é empregada apenas como pretexto para verificar a sintaxe. A pergunta de número 2, que
seria uma exceção, não prepara o aluno para uma “reflexão filosófica”.

Os sistemas de linguagem presentes nas tiras – expressão corporal, cor ou ausência de cor, recursos
multimodais da língua, como caixa-alta e negrito – são desprezados pelos autores do livro didático.
Não apontam, por exemplo, para a relação da preferência por orações diretas (sujeito + verbo + complemento)
com o gênero tirinha nem para o motivo de existir uma marca de oralidade no começo da fala da
mãe, “bem...”.

Das 75 tiras analisadas, nem todas abordam ou expressam conteúdo político, que leve o aluno a
desenvolver pensamento crítico mediante leitura crítica.
116
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Resumo

Nesta unidade, vimos que a norma culta é a que padroniza o uso da


língua e que o padrão selecionado foi o da classe de prestígio na sociedade.
Portanto, há outras gramáticas quando se pensa no uso efetivo da língua,
mas a do padrão institui regras que fazem com que todos usem essa
língua da mesma forma.

Vimos também que é na escrita que o controle se torna maior, uma vez
que a língua falada é dinâmica e sofre transformações.

Para compreendermos as regras da norma culta, foram tratados os


seguintes assuntos:

• emprego de pronomes de tratamento;

• uso dos pronomes demonstrativos e possessivos;

• colocação dos pronomes átonos (próclise, ênclise e mesóclise);

• uso dos pretéritos (perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito);

• concordância verbal e nominal;

• colocação e ordem dos termos na oração;

• grafia das palavras e Novo Acordo Ortográfico.

Por fim, abordamos alguns pontos de vista sobre o ensino da língua


portuguesa na Educação Básica, retomando autores que tratam do assunto
e o que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Base Nacional
Comum Curricular. Exemplificamos o ensino de língua portuguesa por
meio do texto, usando para isso o gênero textual tirinha. Destacamos que o
problema não é o ensino em si da variante culta da língua, mas a eficiência
do método de ensino.

117
Unidade III

Exercícios

Questão 1. Leia a tirinha a seguir.

Figura 25

Disponível em: https://bit.ly/3sj24os. Acesso em: 13 nov. 2020.

Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.

I – Na tirinha, o sobrinho usou um registro típico do universo da internet, e isso fez com que o tio
perdesse a credibilidade no seu conhecimento linguístico.

II – Na tirinha, o humor se constrói sobre as variações linguísticas diatópicas.

III – A tirinha faz referência ao acordo ortográfico, que aboliu os acentos e flexibilizou a escrita de
algumas palavras.

IV – Na escrita do sobrinho, observam-se o uso de onomatopeia e o prolongamento de vogais para


caracterizar a entonação.

É correto o que se afirma somente em:

A) I e IV.

B) II e IV.

C) II e III.

D) I, II e IV.

E) I e III.
118
GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta correta: alternativa A.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: o tio desiste de pedir ajuda ao sobrinho após ter contato com a forma como ele escreve,
com um registro próprio das redes sociais.

II – Afirmativa incorreta.

Justificativa: as variações diatópicas referem-se ao local onde o falante vive, ou seja, estão ligadas
a questões geográficas.

III – Afirmativa incorreta.

Justificativa: o acordo ortográfico não aboliu todos os acentos nem flexibilizou a escrita de palavras.

IV – Afirmativa correta.

Justificativa: observamos a entonação em “falaaaaaaaa”, por exemplo, e o uso de


“hsuahuhuhshauhushuahushuah” para reproduzir a risada.

Questão 2. Leia a tirinha e o poema.

Figura 26

Disponível em: http://bit.ly/37D6tuq. Acesso em: 13 nov. 2020.

Pronominais, Oswald de Andrade

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
119
Unidade III

Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Disponível em: http://bit.ly/37CWwgJ. Acesso em: 13 nov. 2020.

Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.

I – A tirinha e o poema têm como objetivo valorizar a gramática e apontar que o brasileiro comum
não domina as regras da norma culta.

II – Na tirinha, a questão em pauta é o uso dos pronomes pessoais e, no poema, problematiza-se a


colocação pronominal, valorizando-se a próclise.

III – Na tirinha, pela norma culta, o correto seria “arrasá-los”.

É correto o que se afirma em:

A) I, II e III.

B) I e II, apenas.

C) II e III, apenas.

D) III, apenas.

E) II, apenas.

Resposta correta: alternativa C.

Análise da questão

O poema valoriza a coloquialidade, e não a gramática. Nenhum dos textos têm a intenção de criticar
o conhecimento linguístico do brasileiro comum. Na tirinha, aponta-se o uso dos pronomes pessoais do
caso reto e do caso oblíquo. No caso de objeto direto, a gramática normativa indica o uso do pronome
oblíquo “os”, e não do pronome reto “eles”. Assim, deveria ser “arrasá-los”. No poema, privilegia-se a
utilização da próclise, mais natural no falar do Brasil.

120
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 2

BLACK-MALE-4568763_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3awUxwk. Acesso em: 22 fev. 2021.

WOMAN-918819_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/37pRNyI. Acesso em: 22 fev. 2021.

MAN-2367954_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/2N9njKB. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 4

SILVA, T. C. Fonética e fonologia do português. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2003. p. 24.

Figura 5

GRAMMATICA_DA_LINGOAGEM_PORTUGUESA.JPG. Disponível em: https://bit.ly/2Yz32jA. Acesso


em: 22 fev. 2021.

Figura 6

TENSAO.GIF. Disponível em: https://bit.ly/37I23Ct. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 7

0000003187.JPG. Disponível em: https://bit.ly/2YDJ1bC. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 10

DIALEBR.GIF. Disponível em: https://bit.ly/3oZ9Ykz. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 11

MAP-LUSOPHONE_WORLD-EN.PNG. Disponível em: https://bit.ly/3p1M9bV. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 12

WORKPLACE-1245776_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/2Z1nsSi. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 13

9660791888_2C91AE9DFA_O.JPG. Disponível em: http://bit.ly/3728Ne7. Acesso em: 22 fev. 2021.

121
Figura 14

BRIDGE-893200_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/2Z09kJj. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 15

BABY-3412739_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3a6K6PO. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 18

PAULO_FREIRE.JPG. Disponível em https://bit.ly/3aH72Fu. Acesso em: 22 fev. 2021.

Figura 21

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 1, p. 47.

Figura 22

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 1, p. 65.

Figura 23

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 1, p. 72.

Figura 24

CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Português: linguagens. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 1, p. 31.

REFERÊNCIAS

Audiovisuais

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Luiz Gonzaga. RCA Victor, 1971. LP. Faixa 6.

LEMOS, F. et al. Música urbana. Intérprete: Capital Inicial. In: CAPITAL INICIAL. Capital Inicial. Polygram,
1986. LP. Faixa 1.

VELOSO, C.; ALBUQUERQUE, P. Clara. Intérprete: Caetano Veloso e Gal Costa. In: VELOSO, C. Caetano
Veloso. Philips, 1968. LP. Faixa 9.

122
Textuais

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AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Tradução: Eni Puccinelli Orlandi.


Campinas: Unicamp, 1992.

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VERISSIMO, L. F. O gigolô das palavras. In: VERISSIMO, L. F. O nariz e outras crônicas. 10. ed. São Paulo:
Ática, 2002. p. 77-78. (Para gostar de ler, 14).

WEEDWOOD, B. História concisa da linguística. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2002.

126
127
128
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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