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Epatespo 2006

Este editorial discute a necessidade de mudanças na formação dos profissionais de odontologia para melhor atender o Sistema Único de Saúde brasileiro. Defende que o currículo odontológico deve preparar estudantes para o trabalho em equipe e para a abordagem integral da saúde, em vez de ser fragmentado e focado em especializações precoces. Também argumenta que as universidades devem integrar mais o ensino com a prática nos serviços de saúde pública.

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Geovania Almeida
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Epatespo 2006

Este editorial discute a necessidade de mudanças na formação dos profissionais de odontologia para melhor atender o Sistema Único de Saúde brasileiro. Defende que o currículo odontológico deve preparar estudantes para o trabalho em equipe e para a abordagem integral da saúde, em vez de ser fragmentado e focado em especializações precoces. Também argumenta que as universidades devem integrar mais o ensino com a prática nos serviços de saúde pública.

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Odontologia e Sociedade

Comissão editorial da revista

MOACYR DA SILVA
Editor Científico

IDA TECLA P. CALVIELLI MARIA ERCILIA DE ARAUJO SIMONE RENNÓ JUNQUEIRA


Editora Associada Editora Associada Editora Associada

Conselheiros
GENIVAL VELOSO DE FRANÇA ANTONIO BENTO DE MOARES
Universidade Federal da Paraíba Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP
REGINA MARIA GIFONNI MARSIGLIA LUIZ JEAN LAUND
Faculdade de Ciências Médicas da Sat. Casa de S. Paulo Faculdade de Educação - USP
PAULO ANTONIO DE CARVALHO FORTES NEMRE ADAS SALIBA
Faculdade de Saúde Pública - USP Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP
MARCO SEGRE JOSÉ ROBERTO MAGALHÃES BASTOS
Faculdade de Medicina - USP Faculdade de Odontologia de Bauru - USP
HERMÍNIO ALBERTO MARQUES PORTO MARCOS MAZZETO
Pontifícia Universidade Católica São Paulo Faculdade de Educação - USP
MENDEL AMBROWICZ ESTHER GOLDENBERG BIRMAN
Faculdade de Odontologia - USP Faculdade de Odontologia - USP
EDUARDO DARUGE JOÃO HUMBERTO ANTONIAZZI
Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP Faculdade de Odontologia - USP
JORGE SOUZA LIMA HILDA FERREIRA CARDOZO
Instituto Médico Legal de Belo Horizonte Faculdade de Odontologia - USP
ANDRÉS JOSÉ TUMANG EDGARD CROSATO
Universidade Estadual de Maringá Faculdade de Odontologia - USP
MARCOS DE ALMEIDA RODOLFO FRANCISCO HALTENHOFF MELANI
Universidade Federal de São Paulo Faculdade de Odontologia - USP
FERMIM ROLAND SCHRAMM DALTON LUIZ DE PAULA RAMOS
Escola Nacional de Saúde Pública / Fund. Oswaldo Cruz Faculdade de Odontologia - USP
PAULO CAPEL NARVAI ROBERTO A. CASTELLANOS FERNANDEZ
Faculdade de Saúde Pública - USP Faculdade de Saúde Pública - USP
CARLOS BOTAZZO ANTONIO CARLOS FRIAS
Secretaria de Estado da Saúde - Instituto da Saúde Faculdade de Odontologia - USP
NILCE EMY TOMITA ROGÉRIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
Faculdade de Odontologia de Bauru - USP Faculdade de Odontologia – USP

JOSÉ LEOPOLPO FERREIRA ANTUNES


Faculdade de Odontoloiga – USP

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Editorial
É com satisfação que a Revista Odontologia e Sociedade abriga, mais uma vez, a publicação referente
ao VIII EPATESPO - Encontro Paulista dos Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico e
VII COPOSC - Congresso Paulista de Odontologia em Saúde Coletiva, sobretudo neste momento em que as
áreas de educação e de saúde intensificam as articulações para melhorar a formação dos Cirurgiões-Dentistas,
buscando encontrar o perfil mais adequado para os profissionais de saúde bucal.
O presente editorial deve ser considerado como uma evocação, buscando uma compreensão da formação
dos Recursos Humanos no Sistema Único de Saúde (SUS), tendo a integralidade da atenção à saúde como eixo
norteador da necessidade de mudança na formação dos profissionais de Saúde Bucal e contribuir para a mudan-
ça na graduação. Mudança esta que “na graduação é parte das transformações necessárias à construção de um
novo lugar social à universidade brasileira”.
A Constituição Federal de 1988 afirma que, em relação aos trabalhadores da saúde, cabe ao SUS orde-
nar a formação de recursos humanos. Na Lei Orgânica da Saúde, Lei 8080/90, o título relativo aos recursos
humanos estabelece que deve ser cumprido o objetivo de organizar um sistema de formação em todos os níveis
de ensino, inclusive de pós-graduação, além de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal. Os dois
setores - saúde e educação, pela legitimidade e legalidade, ora de um, ora de outro, devem ocupar-se das fun-
ções de regulação de Estado no tocante à formação na área da saúde (credenciamento, descredenciamento, re-
credenciamento de cursos, programas e escolas de formação). O que somente teve efeito a partir de 2005 quan-
do da publicação da Portaria Interministerial MS / MEC nº 2.101, de 3 de novembro de 2005, que institui o
Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - PRÓ-SAUDE - para os Cursos de
graduação em Medicina, Enfermagem e Odontologia.
Se a integralidade da atenção deve ser um princípio norteador da formulação de políticas de saúde e a
formação para a área de saúde deve ser uma política do SUS, cabe perguntar-nos sobre a integralidade da aten-
ção à saúde e a formação dos profissionais. Nossa intenção é a de problematizar a integralidade da atenção co-
mo questão à formação dos profissionais de saúde tendo como cenário das práticas os serviços públicos de saúde.
O modelo pedagógico hegemônico de ensino é centrado em conteúdos, organizado de maneira compar-
timentada e isolada, fragmentando os indivíduos em especialidades da clínica, dissociando conhecimentos das
áreas básicas e conhecimentos da área clínica, centrando as oportunidades de aprendizagem da clínica intra-
muros, adotando sistemas de avaliação cognitiva por acumulação de informação técnico-científica padronizada,
incentivando a precoce especialização, perpetuando modelos tradicionais da prática odontológica. Na aborda-
gem clássica da formação em saúde, o ensino é tecnicista e preocupado com a sofisticação dos procedimentos,
planejado segundo o referencial técnico-científico acumulado pelos docentes em suas respectivas áreas de espe-
cialidade ou dedicação profissional. A perspectiva tradicional do ensino na educação superior desconhece as

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Editorial 3

estratégias didático-pedagógicas ou modos de ensinar problematizadores, construtivistas ou com protagonismo


ativo dos estudantes, ignorando a acumulação existente na educação relativamente à construção das aprendiza-
gens e acerca da produção e circulação de saberes na contemporaneidade.
Esta crítica em torno da formação dos Cirurgiões-Dentistas vem se acumulando há muitos anos e quan-
do da publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Odontologia fica inteiramente claro a
contraposição ao modelo de currículo mínimo obrigatório, e onde os movimentos de mudança na graduação
buscam a perspectiva transformadora da formação dos profissionais de saúde bucal. Aprovada em 2002, as Di-
retrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Odontologia afirmam que a formação do profis-
sional de saúde deve contemplar o sistema de saúde vigente no país, o trabalho em equipe e a atenção integral à
saúde.
As diretrizes curriculares, no entanto, constituem-se apenas em uma indicação, uma recomendação, o i-
nício do processo, onde hoje, nos tempos de Pró-saúde, entendemos que as ações de integração docente-
assistencial tem espaço privilegiado e portanto, estamos neste número da Revista Odontologia e Sociedade,
evocando e exortando, mais uma vez, a Academia e aos serviços públicos de saúde que passem a pensar e a
repensar sua práticas, seus conceitos e suas articulações para que possamos alcançar este novo perfil de forma-
ção profissional tão desejado por todos e tão necessário à saúde de nossa população.
Certa de que teremos êxito em alcançar mais este sonho e que resultará em uma saúde bucal ao alcance
de todos, um ótimo EPATESPO.

MARIA ERCILIA DE ARAUJO

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Sumário

Odontologia e Sociedade..................................................... 1

Editorial ................................................................................................... 2
VIII Encontro Paulista de Administradores e Técnicos
do Serviço Público Odontológico .................................. 6

Promoção e realização .......................................................................... 6

Patrocínio e apoio .................................................................................. 7

Agradecimentos ..................................................................................... 7

Comissão organizadora......................................................................... 8

Comissão científica................................................................................ 8

Apresentação.......................................................................................... 9

Histórico................................................................................................ 11
EPATESPO: origem, missão e trajetória ...................................................... 11

Programação ........................................................................................ 18

Conferência de abertura ...................................................................... 21


Saúde Bucal: um desafio para o SUS* ......................................................... 21

Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo ........ 24


Mesa de debates 1
Financiamento e gestão do SUS e a Saúde Bucal ...................................... 24
Mesa de debates 2
Integralidade e resolutividade das ações de saúde bucal.......................... 28
Mesa de debates 3
Educação e formação de recursos humanos para o SUS .......................... 31
Curso 1
Contribuição do agente Comunitário de Saúde para a saúde bucal ......... 35
Curso 2
Equipe de saúde bucal: a importância do acolhimento e das ações
educativas nas práticas cotidianas de saúde ..................................... 36
Curso 3
Prótese total: simplificando a confecção sem perda de qualidade ........... 37

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Sumário 5

Curso 4
Experiências vivenciais para acadêmicos no Sistema Único de Saúde ... 38
Curso 5
Pacientes com necessidades especiais – desmistificando o
tratamento odontológico....................................................................... 39
Curso 6
Dor orofacial ................................................................................................... 40
Curso 7
Visão clínica e epidemiológica das infecções virais – Vigilância
Sanitária em saúde bucal...................................................................... 41
Encontro paralelo
Panorama nacional das profissões ACD e THD .......................................... 42

Resumos dos trabalhos....................................................................... 43


Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde
Bucal e Vigilância em Saúde Bucal...................................................... 43
Educação em Saúde Bucal............................................................................ 64
Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal ..................................... 82
Recursos Humanos em Saúde Bucal ........................................................... 89
Temas Livres .................................................................................................. 97
Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal .................... 105

Biografia do Professor Ney Moares ................................................. 133

Instruções aos autores ...................................................................... 134

Índice de autores................................................................................ 135

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


VIII Encontro Paulista de Administradores e
Técnicos do Serviço Público Odontológico
VII Congresso Paulista de Odontologia em Saúde Coletiva

31/05 a 3/06/2006

Centro de Convenções - Município de Peruíbe

Tema central:

“SAÚDE BUCAL: UM DESAFIO PARA O SUS”

Promoção e realização

Prefeitura Municipal
da Estância Secretaria de
Balneária de Peruíbe Estado da Saúde

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Patrocínio e apoio

APOIO

■ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA - ABO


■ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE BUCAL COLETIVA - ABRASBUCO
■ ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE CIRURGIÕES DENTISTAS - APCD
■ CONSELHO DE SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE SAÚDE DE SÃO PAULO - COSEMS
■ CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA - CRO
■ FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE SÃO PAULO - USP
■ FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA – USP
■ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SMS-SP
■ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE ITAPIRA – SMS-ITAPIRA

Agradecimentos

Luiz Roberto Barradas Barata


Secretário de Estado da Saúde de São Paulo

José Rubens Nogueira de Souza


Secretário Municipal Saúde da Estância Turística de Peruíbe

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Comissão organizadora
Ana Emília Gaspar Celso Zilbovicius Cláudia de Oliveira Ferreira
Conselho dos Secretários Associação Brasileira de Saúde Secretaria Municipal de Saúde da
Municipais de Saúde do Estado de Bucal Coletiva (ABRASBUCO - SP) Estância Turística de Peruíbe
São Paulo (COSEMS -SP)
Doralice Severo da Cruz Helenice Biancalana João Carlos Coelho de Faria
Secretaria Municipal de Saúde de Associação Paulista de Cirurgiões Associação Brasileira de
São Paulo Dentistas (APCD –SP) Odontologia (ABO - SP)
Luiz Gustavo Leite Praça Maria da Candelária Soares Maria Ercília de Araújo
Secretaria Municipal de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Faculdade de Odontologia da
Estância Turística de Peruíbe São Paulo Universidade de São Paulo (USP)
Neide Aparecida Sales Biscuola Paulo Capel Narvai Vladen Vieira
Conselho Regional de Odontologia Faculdade de Saúde Pública da Secretaria Municipal de Saúde de
(CRO - SP) Universidade de São Paulo (USP) Itapira

Jarbas Calvino (DIR XIX)


José Miguel Tomazevic (CRH)
Maria do Carmo Kannebley Hörnell (CVS)
Patrícia Nieri Martins (Instituto de Saúde)
Silvia Fedato Barbosa (CRS)
Stela Félix Machado Guillin Pedreira (Assessoria de Marketing)
Tania Izabel Bighetti Forni (CPS)
Tânia Regina Tura Mendonça (CPS)
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

Tania Izabel Bighetti Forni Luiz Gustavo Leite Praça


SES-SP-CPS SMS-Peruíbe
Coordenadora da Comissão Organizadora Presidente do VIII EPATESPO

Tânia Regina Tura Mendonça


Secretária
SES-SP-CPS

Comissão científica
Antônio Carlos Frias Celso Zilbovicius Doralice Severo da Cruz
Faculdade de Odontologia da Associação Brasileira de Saúde Secretaria Municipal de Saúde de
Universidade de São Paulo (USP) Bucal Coletiva (ABRASBUCO - SP) São Paulo
Fausto Souza Martino Helenice Biancalana Maria Ercília de Araújo
SES-SP - DIR V - Osasco Associação Paulista de Cirurgiões Faculdade de Odontologia da
Dentistas (APCD –SP) Universidade de São Paulo (USP)
Nilce Emy Tomita Paulo Capel Narvai Paulo Frazão
Faculdade de Odontologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Católica de Santos
Universidade de Bauru (USP) Universidade de São Paulo (USP) (UNISANTOS)
Simone Rennó Junqueira Tania Izabel Bighetti Forni Vladen Vieira
Faculdade de Saúde Pública da SES-SP - Coordenadoria de Secretaria Municipal de Saúde de
Universidade de São Paulo (USP) Planejamento de Saúde Itapira

Carlos Botazzo José Miguel Tomazevic


SES-SP-Instituto de Saúde SES-SP-CRH
Presidente Secretário

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Apresentação

Caros participantes
É com satisfação que a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e a Secretaria Municipal de Saúde
de Peruíbe apresentam a oitava edição do Encontro Paulista de e Administradores e Técnicos do Serviço Públi-
co Odontológico (EPATESPO) e o VI Congresso Paulista de Saúde Bucal Coletiva (COPOSC), tendo como
tema central os desafios da saúde bucal para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Este encontro ocorre em hora oportuna, no momento mesmo em que são tomadas medidas que podem
resultar em fortalecimento da gestão estadual do SUS e, conseqüentemente, na melhoria das relações entre esfe-
ras de governo e entre gestores na saúde.
Trata-se da implantação de uma política de fortalecimento do Sistema Único por meio da avaliação e
monitoramento da atenção básica no Estado de São Paulo. Pela primeira vez em muitos anos reúnem-se para
discutir problemas comuns e propor soluções gestores estaduais e municipais, estes representados pelo Conse-
lho de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS), e são definidos os parâmetros que regularão relações parti-
lhadas na gestão do SUS.
É possível desde já estimar as conseqüências positivas dessa política para a saúde bucal e para a melho-
ria da qualidade de vida da população paulista. Sem dúvida, um dos maiores avanços para a saúde pública foi a
oferta de assistência odontológica a grupos populacionais que não a criança e a gestante. No entanto, dado o
insuficiente financiamento e a conseqüente baixa expansão da oferta de serviços, tanto o acesso quanto a cober-
tura mantêm-se estacionados em escassos patamares, e isto desde que se reorganizou a assistência odontológica
pública nos finais dos anos 80 e início dos 90. Na mesma vertente, tem sido insuficiente a formação de auxilia-
res e técnicos de saúde bucal (ACD e THD), tanto quanto a contratação de cirurgiões-dentistas ou o desenvol-
vimento de novas tecnologias de cuidado. Ou seja, a despeito de que se tenha obtido enorme êxito com a redu-
ção da cárie dentária aos 12 anos, segundo preconizado pela Organização Mundial da Saúde, o fato é que há
enorme demanda reprimida e carga de doença bucal cujas dimensões todos ignoramos.
Antecipando-se a estas definições, e sintonizado com os problemas práticos dos serviços, este oitavo en-
contro propõe um conjunto de atividades que tomam alguns desses problemas e pensa deles fazer a crítica e
encontrar encaminhamentos.
Já a partir da conferência de abertura, na qual exatamente esses desafios são considerados, seguem-se
mesas de debates que tomam o financiamento e a gestão do SUS, a questão da integralidade e da resolubilidade
das ações de saúde bucal e depois a educação e a formação de recursos humanos, temas que devem ser proble-
matizados para que deles se extraia a melhor solução.

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Apresentação 10

Do mesmo modo, são propostos temas para cursos de formação que, nesta edição, focam aspectos de
uma clínica pública necessitada de ultrapassar barreiras e de, a cada vez mais, ir ao encontro das necessidades
do paciente, afinal um cidadão e um usuário do SUS.
Por último, este oitavo EPATESPO atingiu a marca de 190 trabalhos encaminhados à comissão científi-
ca, em duas modalidades (pesquisa científica e relato de experiência), dos quais 154 foram aprovados, indican-
do o vigor e a vontade das equipes de saúde bucal e de pesquisadores em departamentos universitários e institu-
tos de pesquisa, que assim tornam público suas contribuições não apenas com a apresentação dos trabalhos mas
também com o debate de idéias.
É relevante destacar a introdução do Prêmio Ney Moraes de Saúde Bucal Coletiva, a ser outorgado aos
melhores trabalhos inscritos nas duas modalidades. O professor Ney Moraes, cuja biografia é colocada na parte
final desta edição, foi um dos grandes defensores da saúde bucal e da saúde pública, e tem neste VIII
EPATESPO a justa homenagem dos seus familiares, companheiros e amigos.
Gostaríamos, finalmente, de expressar nossos agradecimentos ao Secretário de Estado da Saúde de São
Paulo, ao Secretário Municipal de Saúde de Peruíbe, aos apoiadores institucionais e, finalmente, aos membros
da comissão organizadora e científica cujo esforço e engajamento foram fundamentais para o êxito desta cons-
trução coletiva.

COMISSÃO ORGANIZADORA E CIENTÍFICA


Tania Izabel Bighetti Forni
Carlos Botazzo

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Histórico
EPATESPO: origem, missão e trajetória

Paulo Capel Narvai 1


No mês passado, já na “reta final” do processo de organização deste VIII EPATESPO / VII Congresso
Paulista de Odontologia em Saúde Coletiva que estamos realizando em Peruíbe, recebi um pedido dos colegas
da comissão científica: explicar o que é e contar um pouco da história desses eventos que, desde 1994, se reali-
zam em conjunto. Aceitei de bom grado a incumbência e, no mesmo dia, comecei a revirar pastas e papéis para
tentar localizar documentos que me auxiliassem na tarefa. (É que, em casos como este, arquivos eletrônicos na
memória do computador ajudam apenas a partir de um determinado momento. Coisas mais, digamos, “antigas”,
não foram registradas eletronicamente e, portanto, não se consegue recuperar com essas máquinas. E, por outro
lado, não é bom confiar tão-somente na memória. O passar do tempo vai fazendo com que se percam, ou fi-
quem obscurecidos em nossas memórias, fatos, locais, pessoas, debates acalorados, decisões importantes, entre
outros, mesmo quando os consideramos muito significativos. E nunca são apenas alguns detalhes que se perdem.)
Assim, revirando papéis em pastas, deparei-me com o Of.G.SB-077/89, de 19 de julho de 1989, dirigido
a mim por Marco A. Manfredini e Antonio Carlos Neder, ambos da “Comissão Organizadora” do “Pré-
Encontro Estadual” do VI ENATESPO, o Encontro Nacional de Administradores e Técnicos do Serviço Públi-
co Odontológico. O texto informava que “o próximo ENATESPO” se realizaria em Goiânia-GO, de 22 a 25 de
agosto de 1989, com o objetivo de “analisar as realidades nas quais são desenvolvidos os programas de saúde
bucal no Brasil”, tendo como “temas principais a Municipalização e o Novo Modelo Assistencial em Saúde
Bucal”. Manfredini e Neder diziam no ofício que, “com a finalidade de reunir os trabalhadores da Saúde Bucal
do Estado de São Paulo para discussão desses temas, será realizado, nos próximos dias 4 e 5 de agosto em Pira-
cicaba, um PRÉ-ENCONTRO ESTADUAL” (assim mesmo, com maiúsculas e tudo). O Of.G.SB-077/89 pros-
seguia pedindo-me que... bem, vou deixar para contar isso no final deste texto.
O fato é que por este motivo se criou o EPATESPO, este nosso Encontro Paulista de Administradores e
Técnicos do Serviço Público Odontológico. Por uma boa razão, logo se vê: discutir a municipalização da saúde
(e da saúde bucal), cuja sinalização havia sido dada no ano anterior, quando os Constituintes, sob a liderança do
saudoso “Doutor Ulysses” Guimarães, aprovaram a criação do SUS definindo como uma de suas diretrizes a
descentralização do sistema de saúde, “com direção única em cada esfera de governo”. Interessava-nos, da
mesma forma, debater os novos modelos assistenciais que, também em saúde bucal, se multiplicavam pelo país
afora e em nosso Estado. Queríamos nos constituir em sujeito coletivo e participar da construção do SUS, ocu-

1
Especialista, Mestre e Doutor em Saúde Pública. Professor Associado (Livre Docente) da Faculdade de Saúde Pública da Universi-
dade de São Paulo (USP). pcnarvai@usp.br

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Histórico 12

pando-nos das questões gerais dessa construção social coletiva e, também, dedicando-nos com maior ênfase à
área de saúde bucal, com suas demandas e problemas específicos.
Esta é a origem do EPATESPO; tal é a sua missão.
Em Piracicaba, naquele inverno de 1989, cerca de 90 profissionais oriundos de 44 municípios paulistas,
nos reunimos na Câmara Municipal, e aprovamos um documento final onde se afirmava, entre outros aspectos,
que “apesar de a Nação se posicionar enquanto a 8ª economia do mundo, a maioria dos cidadãos deste país vive
excluída do acesso a bens e serviços básicos compatíveis com um mínimo de qualidade de vida. Esta situação é
determinada pela desigual distribuição de renda do país conferida pelo modelo de desenvolvimento vigente. Na
área da saúde, e em particular da saúde bucal, a lógica de mercado determina as condições de acesso aos servi-
ços, assim como a formação de recursos humanos, a pesquisa e a produção de equipamentos, materiais e medi-
camentos odontológicos.” Aquele documento reivindicava também que a capital paulista assumisse a gestão
dos serviços de saúde no seu âmbito (“pois representa quase 35% da população do Estado”) e que, “para asse-
gurar que a municipalização não se transforme em mero instrumento de clientelismo político-partidário, deve-se
estimular a ampliação dos conselhos de saúde em todos os níveis do sistema (....), única forma de garantir a
adequada aplicação dos recursos públicos, bem como a implementação das políticas de saúde”. Seguiam-se
recomendações específicas sobre definições programáticas assinalando-se que “é imperativo uma política de
recursos humanos que privilegie o investimento de recursos orçamentários na formação de ACD, THD, TPD e
TEO [técnico em equipamentos odontológicos], na reciclagem (sic) dos profissionais de nível universitário,
rompendo com a visão extremamente tecnificada e redutora dos processos de treinamento e formação e apon-
tando para soluções mais dinâmicas e criativas que incorporem conhecimentos e práticas sociais imprescindí-
veis à consolidação do novo modelo.” Mencionava-se, também, a importância de definir “uma política salarial
transparente orientada a assegurar pisos salariais com isonomia nos níveis elementar, médio e universitário” e
“desenvolver novos instrumentos de supervisão e avaliação que não se limitem a indicadores quantitativos e de
produtividade, mas introduzam indicadores qualitativos e epidemiológicos objetivando a mensuração dos níveis
de saúde da população e do impacto social das programações”.
Como se observa, começou muito bem o EPATESPO. Ao reunir o material sobre o evento constatei,
com satisfação, que muito do que foi proposto nesse período se concretizou, embora persistam dificuldades e
certas distorções. Nesse sentido, chama a atenção, conforme se verá a seguir, a atualidade de certas indicações e
recomendações.
Depois de Piracicaba, o EPATESPO foi para o Guarujá. Mas este II EPATESPO, no litoral, só ocorreria
cinco anos depois, em 1994. À época decidiu-se pela realização do I Congresso Paulista de Odontologia em
Saúde Coletiva (COPOSC), em conjunto com o II Encontro, de modo a “abrir” o evento também aos professo-
res, estudantes, e pesquisadores com atuação na área de Odontologia Preventiva e Social, ou Saúde Bucal Cole-
tiva, muitos dos quais entendiam que “não era com eles” um encontro que reunia “o pessoal do serviço públi-
co”. Desde então ambos, Encontro e Congresso, vêm se realizando como evento único, ampliando-se a aproxi-
mação, o intercâmbio, e o diálogo entre a academia e os serviços públicos odontológicos. Cabe registrar que a

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Histórico 13

Organização Mundial da Saúde havia declarado 1994 o “Ano Mundial da Saúde Bucal” e que, no ano anterior,
havia se realizado a 2ª Conferência Nacional de Saúde Bucal, sob o tema “Saúde bucal, um direito de cidadani-
a”. O II EPATESPO / I COPOSC, realizado de 11 a 14 de maio, contou com a participação de cerca de 500
profissionais provenientes de 130 municípios do Estado de São Paulo, e teve como tema central “Saúde bucal
no SUS: impasses e perspectivas da universalização” Na Carta de Guarujá, documento aprovado ao final do
evento – e que deu origem a uma prática de aprovar “Cartas” ao final de cada edição –, os participantes consi-
deraram “importante reafirmar que a alternância de dirigentes, uma importante conquista democrática, não deve
significar descontinuidade de políticas definidas no âmbito das Conferências e Conselhos de Saúde. Ou seja:
novas autoridades não têm o direito de, intempestivamente, ao sabor de impulsos ou interesses particulares,
impor mudanças que não tenham sido discutidas com a sociedade. Com a saúde não se pode brincar (....) admi-
nistradores devem entender que uma maioria eleitoral num determinado momento não os autoriza a promover
mudanças que contrariem os interesses e necessidades da população”.
Seguia muito bem esse EPATESPO...
De Guarujá para Franca. Diz a Carta de Franca que “profissionais de saúde pública representando mais
de 150 municípios do estado de SP, além de 20 municípios dos estados de MG, MS, MT, PR, RJ, RS, GO e do
DF” participaram do III EPATESPO / II CPOSC, que se realizou de 29 de maio a 1° de junho de 1996, sob o
tema central “Modelos de atenção em saúde bucal: município, universidade e sociedade enfrentando desafios”.
O evento teve 489 inscritos. Entre as proposições da Carta de Franca estão: “as ações e serviços de saúde bucal
sejam integrados nas demais práticas de saúde coletiva, vinculando suas atividades às Unidades de Saúde”; “as
três esferas de governo assegurem no mínimo 10% dos seus respectivos orçamentos ao setor Saúde”; “as ativi-
dades extra-muros, realizadas pela universidade, não se restrinjam a mero estágio supervisionado, reproduzindo
o enfoque clínico-biologicista das ações intra-muros, mas se desenvolvam a partir de referenciais filosóficos
balizados nos princípios da Reforma Sanitária Brasileira”; “a falta de saúde e o medo de adoecer da população
devem ser tratados com respeito, não sendo admissível que sejam objeto de manipulação demagógica com fins
eleitorais. Não se pode tolerar que a dramática situação que penaliza diariamente milhares de pessoas seja maté-
ria prima de propaganda político-partidária que insulta a consciência dos profissionais de saúde e agride os ci-
dadãos brasileiros”... Bom, melhor parar por aqui com a Carta de Franca.
“Os municípios e as boas políticas de saúde bucal no SUS: qualidade de vida rumo ao ano 2000”. Este
foi o tema central do IV EPATESPO, realizado de 27 a 30 de maio de 1998 em São José do Rio Preto, com a
presença de aproximadamente 460 profissionais de saúde, vindos de 160 municípios. Naquele encontro os par-
ticipantes deliberaram, entre outros aspectos, “reafirmar o SUS como a estratégia mais eficaz para a universali-
zação da atenção à saúde dos cidadãos brasileiros. Portanto todos os esforços devem ser envidados para sua
implementação” e “denunciar, perante a opinião pública, o tratamento parcial com que, de modo geral, os meios
de comunicação tratam o SUS, ignorando, por incompetência ou má fé, esforços e aspectos positivos do siste-
ma, criando a falsa impressão de sua falência, em benefício dos interesses empresariais e da mercantilização
dos serviços de saúde.” Os participantes do IV EPATESPO / III COPOSC aprovaram também “defender um

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Histórico 14

modelo de atenção em saúde bucal que contemple a universalização da atenção, a integralidade das ações, prio-
rizando as ações preventivas sem prejuízo das curativas (....) tecnologia adequada priorizando, na atenção bási-
ca, ambientes coletivos de trabalho. É necessário também organizar sistemas de referência e contra-referência,
definindo claramente o papel dos diferentes níveis de atenção garantindo, assim, a hierarquização dos serviços e
a otimização dos recursos”; “defender a continuidade e expansão da fluoretação das águas de abastecimento
público e a instituição de sistemas de vigilância que garantam a eficácia do método”; “reconhecer, como de
primordial importância, que o planejamento dos programas locais de saúde seja embasado no perfil epidemio-
lógico, levando em consideração critérios de risco”; “incentivar a integração intersetorial entre saúde e educa-
ção de formar a facilitar e possibilitar as ações em saúde bucal coletiva”; “indicar a importância estratégica de
inserir as ações de saúde bucal no Programa de Saúde da Família, bem como no Programa de Agentes Comuni-
tários de Saúde”; e, “ressaltar a necessidade de os sistemas locais de saúde terem coordenador de saúde bucal
com perfil não só de gerente mas, sobretudo, capaz de implementar as políticas de saúde democraticamente
deliberadas”.
No ano 2000 estávamos em Cubatão. De São José do Rio Preto o EPATESPO / COPOSC voltou para o
litoral, desta vez para Cubatão, onde se realizou no período de 24 a 27 de maio, tendo a participação de 1.056
profissionais de saúde, provenientes de 117 municípios de seis estados, que apresentaram 159 trabalhos. O tema
central do V EPATESPO / IV COPOSC foi “Educação e saúde: bases da qualidade de vida da família no novo
milênio”. Na Carta de Cubatão dissemos que “o fazer saúde pública / coletiva implica entender o processo saú-
de–doença em seus determinantes sociais e que as práticas de saúde publica devem, obrigatoriamente, estar
comprometidas com a melhoria da qualidade de vida”; “reafirmar a necessidade de superar o modelo odontoló-
gico curativo-preventivista dirigido a escolares matriculados nas escolas publicas, incluindo outros grupos po-
pulacionais e ações mais complexas (....) superar, também, a confusão entre ‘prioridade’ e ‘exclusividade’ que
ainda predomina na maioria dos serviços e que exclui das ações desenvolvidas parcelas importantes da popula-
ção. Ações de saúde bucal devem estar integradas nos diversos programas como, por exemplo, no de saúde do
idoso”; “recomendar que a atenção odontológica em nível hospitalar seja implantada nos hospitais públicos de
modo a oferecer possibilidades terapêuticas aos pacientes internados”; “alertar que o uso de creme dental fluo-
retado por crianças pré-escolares, tanto no âmbito doméstico quanto no desenvolvimento de ações coletivas,
deve ser precedido de informações aos pais e demais envolvidos, sobre os riscos da ingestão indevida”; “reco-
mendar que, nos processos de formação e qualificação profissional, sejam desenvolvidos valores éticos e de
respeito aos direitos e deveres de cidadania”.
Em Sorocaba, de 8 a 11 de maio de 2002, discutimos “A saúde bucal a caminho da universalização: de-
safios e estratégias”, no VI EPATESPO / V COPOSC. O evento contou com a participação de 1.029 profissio-
nais e 120 estudantes de odontologia provenientes de 120 municípios de 4 estados. Foram apresentados 169
trabalhos, ministrados 6 cursos, realizadas 12 sessões de comunicações coordenadas e 2 mesas de debates. Da
Carta de Sorocaba constam, entre outras proposições: “incentivar o trabalho multiprofissional superando a ten-
dência de isolamento do cirurgião-dentista”; “reafirmar a necessidade da carga horária de 40 horas semanais

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Histórico 15

para os cirurgiões-dentistas das equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e instituir incentivos financei-
ros para essa jornada de trabalho, seja em PSF ou não”; “recomendar a alteração da atual proporção de 1 equipe
de saúde bucal (ESB) para 2 equipes de saúde da família, para 1 ESB para cada equipe de saúde da família (....)
garantir a inclusão da equipe de saúde bucal no PSF como parte integrante da equipe mínima significando a
obrigatoriedade de saúde bucal em todos os PSF (....) ressaltar que o incentivo destinado pelo Ministério da
Saúde aos municípios (para a saúde bucal no PSF) não é o único recurso para pagamento de cirurgião-dentista”;
“instituir mecanismos de avaliação qualitativa dos serviços prestados pelas UBS, através de pesquisa junto à
população usuária”; “recomendar que sejam celebrados convênios entre cursos de odontologia e prefeituras no
sentido de propiciar estágios de estudantes em ações no âmbito do SUS”; “expandir o grau de atenção odonto-
lógica no âmbito do SUS, avançando na integralidade das ações, incorporando no setor público a oferta
sistemática de serviços especializados como endodontia, ortodontia, periodontia, prótese e outros, e definindo
em cada micro-região sistemas de referência e contra-referência”; “recomendar aos municípios do estado de
São Paulo a realização de levantamentos epidemiológicos em saúde bucal pelo menos a cada 4 (quatro) anos, de
modo a dispor de informações atualizadas sobre a situação nesta área e, assim, melhorar a qualidade do plane-
jamento em saúde e dispor de informações imprescindíveis para avaliar as ações desenvolvidas e analisar sua
evolução ao longo do tempo. Outros mecanismos de avaliação devem complementar os estudos epidemiológicos”.
E lá se foi, em 2004, o EPATESPO / COPOSC para Marília. No VII EPATESPO / VI COPOSC, reali-
zado de 26 a 29 de maio, com a participação de cerca de 1.200 participantes, provenientes de 150 municípios de
7 estados, debatemos “A saúde bucal e as estratégias de aperfeiçoamento do SUS frente às exigências da socie-
dade”. Pela primeira vez publicamos numa revista científica, a Odontologia e Sociedade (editada pela Faculda-
de de Odontologia da Universidade de São Paulo), os resumos dos 172 trabalhos apresentados no evento. Na
Carta de Marília propusemos “envolver nas ações de promoção de saúde bucal, técnicos da educação, nutrição e
meio ambiente, dentre outros, com vistas a uma pratica de promoção interdisciplinar”; “promover estratégias
educativas que enfoquem o individuo em seu meio social e ambiental contribuindo para formação de cidadãos”;
“assegurar acesso às ações de saúde bucal à população rural”; “estabelecer parcerias no sentido de estimular a
participação dos idosos nos exames de prevenção de câncer bucal”; “assegurar que a montagem de centros de
especialidades seja precedida de um diagnóstico das necessidades de saúde bucal da população da área de a-
brangência”; “estimular o uso de cimento de ionômero de vidro na atenção básica de saúde”; “manter as áreas
técnicas de saúde bucal da Secretaria de Estado, DIR e municípios e fazer cumprir suas funções eqüitativamen-
te em todo o Estado”; “desenvolver estratégias de atendimento aos usuários, de modo a melhorar a recepção,
segundo os princípios do acolhimento, vínculo e cuidado em saúde”; “desprecarizar as relações de trabalho as-
segurando ao servidor público da saúde, segurança funcional no exercício de suas funções”; “implementar ati-
vidades de gestão do trabalho em saúde que contemplem o concurso público para ingresso”; “destinar recursos
financeiros do governo estadual em complementação aos dos municípios para o custeio dos centros de referên-
cia de especialidades odontológicas de caráter regional”; “reconhecer que a definição da Política Nacional de
Saúde Bucal representa um avanço na inserção da saúde bucal no SUS destacando que Estados e Municípios

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Histórico 16

precisam aproveitar esse novo contexto para consolidar e expandir as ações desenvolvidas no setor, sobretudo
nos níveis secundário e terciário de atenção”; “reconhecer o EPATESPO e o COPOSC como um momento de
educação continuada destinando recursos financeiros das três esferas de governo para sua realização”.
E hoje estamos aqui em Peruíbe para, sob o tema “Saúde bucal, um desafio do SUS” e coerentes com
nossa origem e trajetória, realizar nossa missão: reunir os trabalhadores da Saúde Bucal do Estado de São Paulo
para analisar as nossas práticas profissionais, as realidades nas quais são desenvolvidas, e apresentar propostas
para que a atenção à saúde bucal seja inerente ao SUS e se concretize como um direito de todos.
Ah, sim... Afinal, o que me pediram, Manfredini e Neder, lá no tal Of.G.SB-077/89? Pediram-me para,
no painel de abertura daquele que seria o I EPATESPO, fazer uma... “retrospectiva do ENATESPO”, contando
um pouco da história do encontro nacional, criado em 1984 em Goiânia e que, em 1989, se preparava para sua
sexta edição, retornando ao local onde nascera.
Como se vê, de tempos em tempos, vejo-me nessa situação de fazer retrospectivas, falar de missões,
contar trajetórias...

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17

DIA
HORÁRIO
qua – 31 mai qui – 1 jun sex – 2 jun sab – 3 jun

Visitas
8h00 – 9h45
aos Cursos
pôsteres

Plenária de
9h45 – 10h00 Café encerramento

10h00 – 12h00
Mesa de debates:
Cursos
Tema 1

Atividade educativa

12h00 – 14h00 Almoço Almoço

Encontro paralelo

Visitas Visitas
14h00 – 14h30 aos aos
pôsteres pôsteres

Passeio turístico, Salas de


14h30 – 16h00 recepção, discussões temáti-
Salas de
credenciamento cas
discussões temáticas
e entrega de
16h00 – 16h30 materiais Café

16h30 – 18h00
Mesa de debates: Mesa de debates:
Tema 2 Tema 3

19h: Cerimônia 21h: Show musical


de abertura

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Programação

31/05/2006
PERÍODO DA TARDE
14:00 h – Passeio turístico, recepção, credenciamento e entrega de materiais
PERÍODO DA NOITE
19:00 h - Abertura Solene
20:00 h - Conferência: Dr. José da Silva Guedes – "Saúde Bucal: um desafio para o SUS "
20:30 h - Coquetel – Inauguração da feira promocional
Local: Salão Principal do Centro de Convenções
Av. São João, 545 - Centro – 1.000 pessoas

01/06/2006
PERÍODO DA MANHÃ
8:00-9:45 h – Visita aos pôsteres
Local: Laterais do Salão Principal do Centro de Convenções
Av. São João, 545 - Centro
10:00-12:00 h
Mesa de debates 1 – Financiamento e gestão do SUS e a Saúde Bucal
Expositores: José Carlos de Moraes (Ministério da Saúde)
Ricardo Oliva (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo)
Marcos da Silveira Franco (Secretaria Municipal de Saúde de Ubatuba)
Ativadores: Gilson de Carvalho (Médico pediatra e de saúde pública)
Marco Antonio Manfredini (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo)
Local: Salão Principal do Centro de Convenções – 1.000 pessoas
Av. São João, 545 - Centro

PERÍODO DA TARDE
14:00-14:30 h – Visita aos pôsteres
Local: Laterais do Salão Principal do Centro de Convenções
Av. São João, 545 - Centro
14:30-16:00 h
Salas de discussões temáticas
8 Salas do Centro de Convenções - 45 pessoas / sala
Av. São João, 545 - Centro
16:30-18:00 h
Mesa de debates 2 – Integralidade e resolutividade das ações de saúde bucal
Expositores: Marcelo Bacci Coimbra (Secretaria Municipal de Saúde de Amparo)
Fausto Souza Martino (Comitê de Saúde Bucal – DIR V – Osasco)
Luiz Gustavo Leite Praça (Secretaria Municipal de Peruíbe)
Ativadores: Helenice Biancalana (Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas)
Maria da Candelária Soares (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo)
Local: Salão Principal do Centro de Convenções – 1.000 pessoas
Av. São João, 545 - Centro

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Programação 19

02/06/2006
PERÍODO DA MANHÃ
8:00-12:00 h
Curso 1 – Contribuição do Agente Comunitário de Saúde para a saúde bucal
Público alvo: Agentes Comunitários de Saúde
Profa. Julie Silvia Martins (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo)
Profa. Sueli Elizabeth Leme Moreira (DIR XX – São João da Boa Vista)
Local: Núcleo da 3ª Idade de Peruíbe - 300 vagas
Av. Padre Anchieta, 995 – Centro

Curso 2 - Equipe de saúde bucal: a importância do acolhimento e das ações educativas nas práticas cotidia-
nas de saúde
Público alvo: Equipe de Saúde Bucal
Profa. Maristela Vilas Boas Fratucci (Faculdade de Odontologia da Universidade de Mogi das Cruzes)
Prof. José Miguel Tomazevic (Centro de Seleção e Desenvolvimento de Recursos Humanos – SES-SP)
Local: Salão Principal do Centro de Convenções - 300 vagas
Av. São João, 545 - Centro

Curso 3 – Prótese total: simplificando a confecção sem perda da qualidade


Público alvo: Cirurgiões-dentistas e Técnicos de Prótese Dentária
Prof. Sigmar de Mello Rode (Faculdade de Odontologia da Universidade Ibirapuera)
Prof. Bruno das Neves Cavalcante (Faculdade de Odontologia da Universidade Ibirapuera)
Profa. Márcia Fattori (SENAC)
Local: Sala do Centro de Convenções - 50 vagas
Av. São João, 545 - Centro

Curso 4 – Experiências vivenciais para acadêmicos no Sistema Único de Saúde


Público alvo: Estudantes de odontologia
Profa. Laura Camargo Feuerwerker (Universidade Federal Fluminense)
Local: Sala do Centro de Convenções - 50 vagas
Av. São João, 545 - Centro

Curso 5 – Dor orofacial


Público alvo: Cirurgiões-dentistas
Prof. José Tadeu Tesseroli de Siqueira e equipe (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina - USP)
Local: Sala do Cine Vitória Régia de Peruíbe - 120 vagas
Av. Padre Anchieta, 957 - Centro

Curso 6 – Pacientes com necessidades especiais – desmistificando o tratamento odontológico


Público alvo: Cirurgiões-dentistas
Profa. Maria Lucia Zarvos Varellis (Conselho Regional de Odontologia - SP)
Local: Sala do Cine Vitória Régia de Peruíbe - 180 vagas
Av. Padre Anchieta, 957 – Centro

Curso 7 – Visão clínica e epidemiológica das infecções virais


Vigilância Sanitária em Saúde Bucal
Público alvo: Cirurgiões-dentistas
Profa. Catalina Riera Costa (Centro de Referência e Treinamento de DST / AIDS – SES-SP)
Profa. Maria do Carmo Kannebley Hörnell (Centro de Vigilância Sanitária – SES-SP)
Local: Sala do Centro de Convenções - 50 vagas
Av. São João, 545 - Centro

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Programação 20

PERÍODO INTERMEDIÁRIO
12:00-12:20 h
Atividade educativa – Não deixe seus hábitos de higiene dental para depois
Alunos da Escola Técnica de Saúde Pública – Cidade Tiradentes – São Paulo
Local: Salão Principal do Centro de Convenções - 300 pessoas
Av. São João, 545 - Centro
13:00-14:00 h
Encontro paralelo – Panorama nacional das profissões ACD e THD
Celina Pereira dos Santos Lopes (Comissão de ACD e THD do Conselho Federal de Odontologia)
Local: Salão Principal do Centro de Convenções - 300 pessoas
Av. São João, 545 - Centro

PERÍODO DA TARDE
14:00-14:30 h – Visita aos pôsteres
Local: Laterais do Salão Principal do Centro de Convenções
Av. São João, 545 - Centro
14:30-16:00 h
Salas de discussões temáticas
8 Salas do Centro de Convenções – 45 pessoas / sala
Av. São João, 545 - Centro
16:30-18:00 h
Mesa de debates 3 – Educação e formação de recursos humanos para o SUS
Expositores: Ana Stela Haddad (Ministério da Saúde)
Karina Barros Calif Batista (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo)
Nilce Emy Tomita (Faculdade de Odontologia de Bauru - USP)
Ativadores: Aparecida Linhares Pimenta (Conselho de Secretários Municipais de Saúde)
Maria Ercília de Araújo (Faculdade de Odontologia de São Paulo - USP)
Local: Salão Principal do Centro de Convenções- 1.000 pessoas
Av. São João, 545 - Centro

PERÍODO DA NOITE
21:00 h – Show musical

03/06/2004
PERÍODO DA MANHÃ
Plenária de encerramento: 8:00 às 12:00 h
Local: Salão Principal do Centro de Convenções- 1.000 pessoas
Av. São João, 545 - Centro

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Conferência de abertura
Saúde Bucal: um desafio para o SUS*

José da Silva Guedes


(Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo)

A saúde, enquanto direito inerente à condição do ser humano, é uma conquista da sociedade brasi-
leira decorrente das lutas pela redemocratização do país, encabeçada pelo Movimento da Reforma Sanitária,
que culmina com a criação do Sistema Único de Saúde na Constituição Federal de 1988. No Estado de São
Paulo, a descentralização das unidades de saúde estaduais para os municípios, iniciou-se em 1982, continuou,
com as Ações Integradas de Saúde e posteriormente com o SUDS., porém a municipalização da gestão ocorreu
a partir da edição da Norma Operacional Básica (NOB 1/93) e tomou impulso a partir da NOB 1/96, que trouxe
mais avanços no sistema de descentralização com a instituição do Piso da Atenção Básica (PAB) e incentivos
financeiros para programas específicos, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Pro-
grama de Saúde da Família (PSF). As práticas de saúde bucal, no Estado de São Paulo iniciaram-se na linha do
movimento puericultor e de higiene escolar no início do século XX e, em 1912 teria sido inaugurado o primeiro
Dispensário de Assistência Dentária Escolar de São Paulo, no Grupo Escolar Prudente de Morais. Com a des-
coberta dos efeitos do flúor na redução da prevalência da cárie dentária e com a proposição do Sistema Incre-
mental de Atendimento nos anos 50, prosperaram os Serviços Dentários Escolares nas Secretarias de Educação
do Estado e de Municípios. Nas secretarias estaduais e municipais de saúde, optou-se pelo atendimento mater-
no infantil enquanto aos trabalhadores inseridos no mercado de trabalho era ofertado pelas CAP e depois pelos
IAP, atendimento odontológico, que na sua grande maioria se restringia a urgências (extrações dentárias), o que
resultou na transformação dos trabalhadores brasileiros em um dos grupos mais desdentados do mundo. Os
demais segmentos populacionais eram excluídos do sistema público e aqueles menos favorecidos economica-
mente, ficavam à mercê das “clínicas populares”, outra “fabrica de desdentados”. Estima-se que na década de
80, 3 em cada 4 brasileiros com 60 anos encontravam-se desdentados. A prática odontológica predominante,
quer no setor privado, quer no público - centrada no cirurgião-dentista, de cunho curativo, sem interferir nos
determinantes do processo-saúde doença, mostrou-se ineficiente e ineficaz para reverter o quadro caótico da
saúde bucal da população. A partir da reflexão sobre essa prática odontológica e seus resultados, no bojo da
Reforma Sanitária, um novo “modelo de atenção em saúde bucal” tomou corpo e vem sendo construído, rom-
pendo com o paradigma anterior; para essa construção foram importantes as discussões ocorridas nos
ENATESPO – Encontros Nacionais dos Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico, inicia-
dos em 1984, as deliberações das 1ª, 2ª e 3ª Conferências Nacionais de Saúde Bucal, precedidas das conferên-
cias municipais e estaduais (em 1986, 1993 e 2004) e, em São Paulo, os EPATESPO – Encontros Paulistas dos
Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico. Esse modelo, incorporando propostas inovado-
ras que apontaram para a democratização do acesso ao sistema, quer para a assistência, quer para as ações de
promoção de saúde, tem fundamento nos princípios constitucionais da universalidade e da equidade do acesso
aos serviços e ações de saúde, e da integralidade das ações; articula ações coletivas de saúde e assistência na
atenção básica, com a incorporação de pessoal auxiliar na equipe de saúde bucal, incluindo-se a estratégia do
Programa de Saúde da Família; prevê a hierarquização e articulação do sistema de atenção à saúde bucal, com a
disponibilização de centros de especialidades odontológicas e de assistência odontologia em âmbito hospitalar,
bem como a disponibilização de recursos para diagnóstico, buscando a ampliação da resolutividade do atendi-
mento e garantindo-se a referência e contra-referência; prevê o desenvolvimento dos recursos humanos, com
formação de pessoal auxiliar e educação permanente dos profissionais com o objetivo de melhor capacitá-los
tecnicamente, bem como buscar sua aproximação às práticas de saúde coletiva, superando as dificuldades do
trabalho em equipe. Esse modelo incorpora também como ação intersetorial, a fluoretação das águas do sistema
público de abastecimento; o hétero controle da fluoretação das águas, através de amostras coletadas na rede de

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Conferência de abertura 22

saúde, no sentido de garantir a qualidade da água tratada e corretos teores de flúor; c) controle dos ambientes
de assistência odontológica e dos produtos de interesse da saúde bucal comercializados, através da Vigilância
Sanitária. Requer ainda a reorientação da formação dos profissionais de saúde bucal, com um perfil necessário
a realidade do Brasil e do SUS. Na trajetória da inclusão das ações de saúde bucal no SUS, é importante lem-
brar (a) a proposição da Política Nacional de Saúde Bucal em 1989, pelo MS; (b) a inserção dos Procedimentos
Coletivos em Saúde Bucal na Tabela de Procedimentos do Sistema de Informação Ambulatorial; (c) a inclusão
das ações de saúde bucal no PAB – piso da atenção básica, pela NOB 1/96; (d) a inclusão da saúde bucal como
uma das áreas estratégicas da atenção básica, na NOAS 1/02; (e) a instituição de incentivos financeiros para a
inclusão de equipe de saúde bucal no Programa de Saúde da Família em dezembro de 2000; (f) as alterações
nos incentivos financeiros e na relação das equipes de saúde bucal no PSF ocorridas em 2003; (g) a criação dos
Centros de Especialidades Odontologias pelo MS em 2004 e (h) a edição da Política Nacional de Saúde Bucal
em 2004, configurando o Programa Brasil Sorridente, do Governo Federal. No Estado de São Paulo, foi rele-
vante o papel da SES. Em 1983, desencadeou-se um amplo processo de reorientação das práticas odontológi-
cas, das definições programáticas, da formação e utilização de pessoal auxiliar compondo as equipes de saúde
bucal e das inovações tecnológicas com a proposição de novos ambientes de trabalho, como as clínicas fixas e
transportáveis. Através do Programa Metropolitano de Saúde – PMS, dezenas de unidades de saúde foram
construídas nos municípios da região metropolitana e na capital, incorporando a lógica do trabalho em módulos
clínicos. Foram expandidos serviços de odontologia para mais de 150 municípios, acompanhando a política de
interiorização em curso na SES. Ocorreu a expansão da fluoretação das águas no interior e nos municípios da
Região Metropolitana da Grande São Paulo, que se concluiu em 1986. Criou-se nesse ano a Coordenação Esta-
dual do Projeto Larga Escala, o que possibilitou a realização do primeiro curso de THD no município de Embu,
em 1987. O Departamento de Assistência ao Escolar foi transferido para a Secretaria da Saúde, em 1987 e em
1989, foi proposto no “Programa Estadual de Saúde Bucal - Diretrizes para os Programas Regionais e Munici-
pais a “Terapêutica do Controle Epidemiológico da Cárie”, precursora dos “Procedimentos Coletivos em Saúde
Bucal”, em substituição aos antigos Tratamentos Completados do Sistema Incremental, estando previstas tam-
bém a reorganização do trabalho, formação e capacitação de Recursos Humanos .Em 1995, são elaboradas as”
Diretrizes para a Política de Saúde Bucal para o Estado de São Paulo De 1995 a 1998, implementou-se o proje-
to Inovações no Ensino Básico (IEB) - componente Saúde, com recursos do Banco Interamericano de Desen-
volvimento (BIRD), desenvolvido na Região Metropolitana da Grande São Paulo e posteriormente estendido
aos municípios do Vale do Ribeira, cuja estratégia principal foi o fortalecimento do processo de municipaliza-
ção por meio da implementação dos Procedimentos Coletivos em Saúde Bucal (SES SP 2002)”. Realizaram-se
três estudos epidemiológicos; o primeiro na capital, em 1996, e os demais (em 1998 e 2002) em âmbito estadu-
al, em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com a participação de facul-
dades de odontologia e secretarias municipais de saúde. O último estudo foi também em parceria com o Minis-
tério da Saúde e seus resultados integram o Projeto SB Brasil 2003 - Condições de Saúde Bucal da População
Brasileira - 2002-2003 (MS 2004). Em 2000, foram elaboradas as "Recomendações para o uso de produtos
fluorados em função do risco de cárie dentária no âmbito do SUS São Paulo” e, em 2001, foi elaborado o do-
cumento “Reorganização das Ações de Saúde Bucal na Atenção Básica; uma proposta para o SUS São Pau-
lo”, que embasaram a reorganização das ações de saúde bucal em muitos municípios do estado. Em 2001 foi
iniciado o “Projeto Impacto: ações educativas, prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal” durante a
campanha nacional de vacinação dos idosos, que incentivou a capacitação dos cirurgiões-dentistas da rede bá-
sica para o diagnóstico de lesões bucais e induziu a sistematização da referência e contra-referência. Em 2004 é
firmado pelo Governo do Estado com 116 municípios o convênio para a conclusão da fluoretação das águas
dos sistemas públicos de abastecimento, o que possibilitará, em breve, que 100% da população urbana tenha
acesso à água tratada e fluoretada. No campo da promoção e prevenção da saúde, o impacto mais importante
dessas ações foi o da redução da prevalência da cárie dentária na população infantil, conforme mostraram os
estudos de 1996, 1998 e 2002. Em âmbito estadual, constatou-se uma diminuição do CPO-D de 3,72 (1998)
para 2,52 (2002), mostrando porém uma diferença quando analisadas as crianças da rede pública e privada e as
diferentes regiões do estado. Porém, há que se comemorar, ao considerar-se que aos 12 anos, em 1982, esse
índice era de 7.14! No campo das ações e serviços de saúde, um estudo realizado em 2003 reportava que em
520 municípios pesquisados, havia 1 cirurgião-dentista do SUS para cada 3.552 habitantes, em âmbito estadual,
mostrando porém uma relação altamente desfavorável em regiões de maior densidade populacional, como a
capital e a Região Metropolitana da Grande São Paulo. Quanto ao pessoal auxiliar, as relações encontradas

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Conferência de abertura 23

indicam ainda a necessidade de se avançar no que diz respeito à inclusão de pessoal auxiliar nas equipes de
saúde bucal. Em 2003, a cobertura de Procedimentos Coletivos na população de 0 a 14 anos foi de 29,58% em
âmbito estadual, mostrando um avanço considerável em relação aos dados registrados em 1995 (14,97%). O
acesso à primeira consulta odontológica foi de 12,20% em âmbito estadual; entretanto na região do interior esse
percentual foi de 17,86% enquanto a região da Grande São Paulo registrou 6,11%. Enquanto os procedimentos
individuais básicos registraram uma média de 0,65 procedimento / habitante, os especializados registraram uma
média de 0,038 proc / habitante, indicando a pequena oferta de serviços de especialidades odontológicas no
estado. O Programa de Saúde da Família tinha uma inserção ainda tímida no Estado, em conseqüência, prova-
velmente, da rede de saúde já existente. O planejamento das ações de saúde bucal baseado em critérios de risco
às doenças bucais foi utilizado por 51% dos municípios. Em suma, houve avanços no desenvolvimento das
ações e serviços de saúde bucal nos últimos anos, em que pese a conjuntura econômica desfavorável. Entretan-
to, é evidente que apesar da observação do declínio da cárie nas faixas etárias de 5 a 12 anos, as doenças bucais
continuam sendo um importantíssimo problema de saúde pública em todo estado de São Paulo. Parcelas signi-
ficativas da população continuam à margem das ações e serviços de saúde bucal, excluídas dos benefícios pro-
piciados pelo avanço técnico e científico da odontologia, sobretudo as populações mais carentes das periferias
das grandes cidades e dos municípios de menor desenvolvimento econômico. Requer-se, assim, esforço dos
dirigentes e técnicos das três esferas de gestão do SUS, assim como dos profissionais e representações da soci-
edade civil, no aprofundamento das estratégias formuladas, na busca dos recursos financeiros necessários, com
a participação dos Conselhos de Saúde, orientando efetivamente o modelo de atenção à saúde na direção da
Equidade, Universalidade, Integralidade, Descentralização e Regionalização, lembrando que:

“A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao
seu pleno exercício. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e execução de políticas
econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos no estabelecimento de
condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção
e recuperação. O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade”. (Lei 8
090, Art. 2º, § 1º e 2º).

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos das mesas de debates, cursos e
encontro paralelo
Mesa de debates 1
Financiamento e gestão do SUS e a Saúde Bucal

José Carlos de Moraes


(Ministério da Saúde)

Para melhor entender e permitir o debate sobre o financiamento do SUS, e necessário resgatar os movimentos e
marcos históricos que definiram a estrutura e que produziram impacto no processo de alocação de recursos e
conseqüentemente na gestão. Considerando que ainda na década de 80, grande parte dos brasileiros não tinha a
garantia do direito a saúde, restrita então aos trabalhadores urbanos regulamente contratados com o atendimento
através da estrutura do INANPS e, que a política nacional de saúde era caracterizada pela forte centralização no
papel federal, burocrático, praticamente cartorial. Neste período e nos anos anteriores, houve uma forte expan-
são do setor privado no país, financiado pelo Estado que ao mesmo tempo garantiu a contratação dessa oferta
dos hospitais e clínicas privadas. Ainda é caracterizado pelo crescimento das especialidades medicas e pela in-
corporação de tecnologia e conseqüentes custos, a assistência a população era de má qualidade, desigual e cara.
Nesse contexto fortalece o movimento da “Reforma Sanitária”, que representa a articulação da sociedade, como
um longo processo de formulação e luta pela saúde pública e pela redemocratização do país. Que tem como
marco a 8ª Conferencia Nacional de Saúde em 1986, trazendo como referencial para a política de saúde: a uni-
versalidade e equidade no acesso; integralidade no cuidado; regionalização e hierarquização dos serviços e o
controle da sociedade. Consolidado na Constituição Federal, promulgada em 1988, ampliou os direitos civis e
políticos, como uma carta de direitos, e reconhecendo como tal o trabalho, a educação, habitação, alimentação,
cultura e saúde. Assim, a saúde se inscreve como direito do cidadão, e da coletividade e como dever do poder
público ou, dos estados Em 1990 é sancionada a lei orgânica da saúde-LOS, que, com o objetivo de regulamen-
tar a constituição aprofunda os conceitos dos princípios e diretrizes do SUS, definindo as competências dos
níveis de gestão e critérios para o financiamento e transferência dos recursos para estados e municípios. Sob o
argumento da inviabilidade conjuntural, de regulamentar a LOS, principalmente o artigo 35 e, com o objetivo
de organizar a descentralização publica-se a Norma Operacional Básica – NOB, que estabelece critérios para
habilitação dos municípios e estados e define recursos financeiros para assistência. Inicialmente pela NOB-91,
caracterizada pela gestão do SUS ainda muito centralizada no nível federal, equipara prestadores públicos aos
privados, sendo o repasse dos recursos condicionados a produção de serviços. Entre 1994 e 1997, a alocação de
recursos federais foi realizada em função da NOB / 93 que introduziu importantes alterações na sistemática de
transferência de recursos. Nela foram adotadas transferências regulares e automáticas do Fundo Nacional de
Saúde para os Fundos Municipais e Estaduais de Saúde, o que significou uma ruptura em relação à sistemática
anterior. Os municípios habilitados a receberem os recursos não tinham obrigação de alocá-los em programas
pré-determinados, tendo autonomia de aplicação, segundo suas prioridades definidas em seu plano de saúde.
Deve-se dizer que o critério básico para os montantes a serem transferidos, ainda era feito com base na série
histórica de gasto, condicionada pelo faturamento dos serviços ambulatoriais e hospitalares, mantendo as desi-
gualdades existentes na distribuição da oferta. Essa forma de alocação de recursos federais sofreu uma alteração
a partir da NOB 96, que passou a vigorar somente em 1998, onde foi estabelecido que, para o nível da atenção
básica, o financiamento seria realizado procurando-se alcançar a igualdade de despesa para todos os municí-
pios, estabelecendo-se um valor per capita mínimo (Piso da Atenção Básica – PAB-fixo), ancorado no gasto per
capita médio nacional, e um valor per capita máximo para os municípios, com gasto superior ao valor médio
nacional. Foram criados, ainda, os incentivos financeiros (PAB-variável) para o desenvolvimento de programas
específicos como o Programa de Saúde da Família e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e, a desti-

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 25

nação de recursos para a vigilância sanitária e para o controle de doenças. Quando a forma de transferência
fundo a fundo se consolidava como alternativa a remuneração de serviços produzidos, ainda na vigência da
NOB-96, parte dos recursos federais destinados a financiar a média e alta complexidade, passam a ser transferi-
dos de acordo com estratégias ou campanhas pré-definidas, um conjunto de ações custeadas de forma diferenci-
ada, resgatando a produção como modalidade de transferência. Sendo que, a cada ano foi aumentando o número
de itens financiados e custeados pelo FAEC – fundo de ações estratégicas e de compensação a partir de 1999.
Neste período de implementação da política de saúde, nota-se maior comprometimento da participação dos mu-
nicípios e estados no financiamento do SUS, mesmo assim, os recursos transferidos pela união correspondem a
maior parte custeio das ações e serviços de saúde, mesmo que diminuindo a participação proporcional, mas
mantendo crescente o aumento nominal das transferências de recursos. Para se ter idéia, segundo os dados do
SIOPS em 2003, o gasto público com saúde foi de R$ 57 bilhões. A união respondeu por 48,6% do total, os
estados por 25,7% e os municípios por 25,7. Em 1995, segundo o IPEA, recursos da união eram da ordem de
63%, estados 20,7% e municípios 16,4%. Tal mudança no perfil da aplicação dos recursos se deve pelo conjun-
to de responsabilidades assumidas pelos gestores e, principalmente a partir da aprovação pelo congresso em
nacional em 2000 da emenda constitucional numero 29 – EC 29. Ficou então definido que a União, Estados e
Municípios deveriam aplicar recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços de saúde. Devendo os
estados e municípios alocar recursos de impostos e transferências constitucionais, num montante percentual,
que deveria crescer anualmente até atingir em 2004, 12% para estados e 15% para os municípios. Para a União,
definia que no primeiro ano o aporte de 5% sobre o orçamento empenhado no período anterior e para os seguin-
tes, o valor apurado no ano anterior corrigido pela variação do PIB nominal. Contudo, é fundamental a regula-
mentação da previsto na emenda, para que a definição do que são ações e serviços de saúde, do que deve ou não
ser gastos em saúde. Eliminando assim, possibilidade de interpretações e inclusões de despesas que não são
típicas de saúde. Atualmente, após a pactuação na Comissão Intergestores Tripartite - CIT e pela aprovação no
Conselho Nacional de Saúde dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, que tem como um dos eixos
de ação o financiamento, estabelece e reafirma alguns princípios gerais, buscando a desfragmentação dos recur-
sos federais reduzindo e aglutinando as transferências. Reafirma que o financiamento do SUS é de responsabi-
lidade das três esferas de gestão; que o repasse fundo a fundo deve ser a modalidade preferencial para transfe-
rência de recursos entre os gestores; a importância da redução das iniqüidades regionais e, que o financiamento
federal para o custeio será constituído em blocos de recursos, que serão assim organizados: Atenção básica,
Atenção de média e alta complexidade, Vigilância em saúde, Assistência farmacêutica e Gestão do SUS. Os
recursos que compõe cada bloco podem ser utilizados de forma global, dentro de cada bloco conferindo maior
liberdade na sua aplicação pelos gestores, atendendo as especificidades previstas, conforme regulamentação
específica. Assim, até que seja possível instituir um processo de alocação de recursos que considere as necessi-
dades em saúde como referência, que reconheça e interprete as diferenças regionais, sempre atendendo aos pre-
ceitos legais que organizam o SUS, como política social e a saúde como relevância publica, fica apresentado o
desafio de buscar a garantida dos direitos dos cidadãos brasileiros, constituindo e implementando estratégias de
cooperação e uma relação solidária entre os gestores do SUS, onde se busque superar a atual estrutura do finan-
ciamento público para saúde.

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Ricardo Oliva
(Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo)

O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das políticas sociais mais bem sucedidas no Brasil. Tornou-se um dos
maiores sistemas públicos de saúde no mundo e ocasionou grande ampliação das ações de saúde, tanto na aten-
ção básica, quanto em procedimentos de alto custo, isso baseado nos seus princípios éticos da universalidade,
integralidade e eqüidade. Porém, o SUS enfrenta o encarecimento da assistência à saúde em função da cobertu-
ra da população antes considerada “excluída”, aumento da população dependente, envelhecimento e ocorrência
de doenças crônicas e incorporação de novas tecnologias e terapêuticas. O financiamento do SUS cabe às três
esferas, mas é necessário que se leve em conta a evolução histórica desse financiamento, o papel de cada esfera
no SUS, as diferenças regionais e entre os estados, a rede de serviços e ações de saúde de cada local e a garantia
de eqüidade, o que coloca o Estado de São Paulo em uma situação diferente dos demais. Em uma análise do
percentual de recursos disponibilizados pelas três esferas de governo para a saúde desde a década de 80 até
2005, observa-se uma redução no valor disponibilizado pela União e uma aumento dos valores disponibilizados
por estados e municípios. Além disso, no Estado de São Paulo, o investimento “per capita” do SUS é maior que
no Brasil devido aos gastos estaduais e municipais. O Estado de São Paulo contempla 22% da população do
Brasil e realiza proporcionalmente mais procedimentos de alta complexidade. Os recursos estaduais de saúde
no Estado de São Paulo não possuem equivalência em outros estados, pois engloba rede de escolas médicas,
hospitais universitários estaduais, 60 unidades hospitalares estaduais, 6 institutos de pesquisa, a SUCEM e mais
três fundações. Em 2005, na atenção básica foram empregados recursos estaduais no valor de R$ 813 milhões,
correspondente a R$ 20,1 hab / ano. Com a média e alta complexidade, o Estado de São Paulo gastou R$
3.985,3 bilhões (R$ 98,5 hab / ano). Tem-se buscado gastar com saúde o percentual previsto pela EC 29/00 e os
gastos na atenção básica têm sido direcionados com base no princípio da eqüidade. Houve uma mudança no
papel do gestor estadual em função do processo de municipalização, o que coloca a atenção primária (inclusive
bucal) como parte da gestão municipal, permitindo a SES desenvolver o seu papel de articulador, assessor, in-
centivador e promotor da eqüidade na atenção primária e manter seu papel na prestação de serviços secundários
e de maior complexidade (referência). Pode-se concluir que, tanto na saúde bucal, como em outras áreas, são
necessários muitos investimentos e ampliação dos atendimentos, mesmo no Estado de São Paulo. Os gestores
devem reforçar seus compromissos na construção do sistema, respeitando as agendas políticas federal, estaduais
e municipais, desde que não contrariem os princípios do SUS. O Estado de São Paulo tem dado atenção em
saúde bucal e mantém suas prioridades: colaborar para a eqüidade do acesso, auxiliar os municípios nas capaci-
tações e treinamentos de recursos humanos, avaliar a evolução da área e auxiliar na realização de levantamentos
epidemiológicos, criar novos modelos e estratégias para a área (com garantia de recursos estaduais) e investir
em atenção referencial na medida de suas possibilidades.

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Marcos da Silveira Franco


(Secretaria Municipal de Saúde de Ubatuba - SP)

A saúde bucal caminha em franco desenvolvimento por meio das ações promovidas pelo Brasil Sorridente, a
primeira política nacional estabelecida e construída com o principal objetivo de consolidar as suas ações sob a
lógica do Programa de Saúde da Família, estratégia estruturante do SUS. A política de financiamento da saúde
bucal para os municípios vem sofrendo algumas modificações importantes e históricas no intuito de apoiar à
implementação e a operacionalização de suas ações. Espaços foram conquistados com a idéia da concretização
das propostas de criação e recriação das situações que se apresentam no cenário epidemiológico das doenças
bucais no Brasil, tais como a equiparação na relação entre as equipes de saúde bucal e equipes de saúde da fa-
mília e o aumento nos incentivos financeiros para implantação das equipes de saúde bucal. Entretanto, há muito
o que ser trabalhado ainda, como a própria política de financiamento, a fim de rever a participação de cada uma
das três esferas de governo, dentre uma série de outras ações. Urge o momento, inclusive, da revisão dos valo-
res da tabela de procedimentos odontológicos do SUS. Portanto, faz-se necessário a idealização de espaços e a
participação de todos os envolvidos nesse processo relativo à consolidação da saúde bucal no SUS para, estra-
tegicamente, promover o debate destas questões relativas ao permanente e relevante avanço da idéia da saúde
bucal no SUS.
"Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas".
(Luis Fernando Veríssimo)

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Mesa de debates 2
Integralidade e resolutividade das ações de saúde bucal

Marcelo Bacci Coimbra


(Secretaria Municipal de Saúde de Amparo - SP)

Durante anos, no município de Amparo, os programas de atenção à saúde bucal priorizaram as gestantes e os
indivíduos de 0 a 14 anos de idade, ficando a população adulta limitada a restritos atendimentos. A partir de
junho de 2001, a inserção das Equipes de Saúde Bucal na Saúde da Família e a inclusão da estratégia de avalia-
ção de risco, como propostas de reorganização do modelo assistencial, têm ampliado de forma significativa o
acesso da população adulta aos programas de atendimento odontológico programático. Os usuários que necessi-
tam de atenção secundária são encaminhados para o Centro de Especialidades Odontológicas para conclusão do
tratamento. Os objetivos dessa proposta de reorganização são: o acesso da população adulta às ações básicas e
especializadas de saúde bucal e manter as condições epidemiológicas de saúde bucal na população de 0 a 14
anos de idade. A avaliação de risco tem sido uma das principais estratégias utilizadas para nortear a assistência
e esta se dá através de triagens familiares, onde o risco social e as condições bucais individuais são considera-
dos. As condições de saúde bucal são avaliadas, classificando os indivíduos quanto ao risco (alto, médio e bai-
xo). Os classificados em alto risco apresentam doenças bucais ativas e necessitam de assistência individual. No
entanto, os de médio e baixo risco podem ter a atenção concluída através de procedimentos coletivos com com-
plexidade gradativa conforme a classificação entre o risco de adoecer e a ausência de doença. As especialidades
odontológicas oferecidas pelo município são patologia bucal, periodontia, endodontia, prótese dental, pacientes
especiais e cirurgia. De agosto de 2001 a dezembro de 2005 foram totalizados 45.004 Tratamentos Odontológi-
cos Completados, dos quais 30.399 foram iniciais, 11.595 foram de manutenção e 3.010 especializados. Consi-
derando que a população cadastrada em Amparo é de 56.516 habitantes, podemos considerar a cobertura satis-
fatória. Pode-se concluir que o Programa de Saúde da Família tem se mostrado eficaz na reorganização do mo-
delo de atenção e tem ampliado o acesso da população às ações de promoção, prevenção e recuperação da saú-
de bucal. Os critérios de risco têm possibilitado a otimização do serviço uma vez que os indivíduos recebem a
atenção necessária nos diferentes graus de complexidade, conforme as condições de saúde bucal apresentada. A
implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas é fundamental para garantir a atenção integral à po-
pulação adulta, que pela dificuldade de acesso a atenção odontológica ocorrida durante décadas, apresenta ne-
cessidades de tratamento de maior complexidade.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 29

Fausto Souza Martino


(Comitê de Saúde Bucal – SES-SP – DIR V - Osasco)

Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os serviços de saúde nos níveis locais vêm trabalhando de
forma a transpor barreiras para sua implantação, através de seus princípios fundamentais de universalidade,
integralidade e eqüidade. A busca da ampliação do acesso a serviços integrais e resolutivos tem sido um cons-
tante desafio dos municípios. A experiência da área de Saúde Bucal da Diretoria Regional de Saúde (DIR) V de
Osasco alcançou resultados importantes nesta direção nos últimos anos. A DIR V - Osasco conta com 15 muni-
cípios da região metropolitana de São Paulo e está localizada a oeste da capital. Em 12 de novembro de 1999,
através de portaria de seu Diretor Técnico, o Comitê de Saúde Bucal da DIRV – Osasco foi criado com os obje-
tivos de fortalecer a implantação e implementação das diretrizes políticas da saúde bucal nos municípios, pro-
mover a integração dos municípios entre a DIR V – Osasco e a coordenação estadual de saúde bucal, buscar
incentivos financeiros para subsidiar ações de saúde bucal e divulgar resultados das ações de saúde bucal dos
municípios da região. O comitê é composto pelo interlocutor de saúde bucal da DIR V e representantes da área
técnica da DIR V e dos Programas de Saúde Bucal dos 15 municípios que compõem esta regional, designados
por ato dos respectivos Secretários de Saúde de cada município. Os resultados de seu trabalho vêm demons-
trando grande importância na integração, no desenvolvimento científico e no suporte técnico à organização dos
serviços de saúde bucal da região. Dentre suas ações, o comitê tem prestado apoio técnico aos municípios na
implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), elaborou o Plano Diretor Regional de Saúde
Bucal, presta assessoria aos municípios nas campanhas de prevenção do câncer bucal, promoveu o 1° e o 2°
Fóruns de Saúde Bucal Coletiva da região, incentivou a capacitação técnico-científica de todos os profissionais
envolvidos com a saúde bucal como a educação continuada com os profissionais que realizam especialidades
nos municípios, além de apoiar o desenvolvimento de pesquisas em serviço, desenvolvidas juntamente com o
Instituto de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde e o Departamento de Odontologia Social da Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo. A região da DIR V – Osasco possui desde meados dos anos 90,
além da atenção básica, serviços especializados de endodontia, cirurgia oral menor e atendimento a portadores
de necessidades especiais. Com a criação de oito CEO na região, outras especialidades como periodontia, semi-
ologia e prótese foram implantadas e expandidas a mais municípios. A região apresenta como característica
diferencial, o histórico de trabalho com sistema modular e equipe de saúde bucal. O primeiro curso de formação
de Técnicos em Higiene Dental (THD) no Estado de São Paulo foi realizado na região, tendo até o momento
formado cerca de 50 THD. Os fatores que contribuíram para a melhoria dos serviços e do quadro de saúde bu-
cal da região foram, além da fluoretação das águas de abastecimento há mais de 20 anos na maioria dos muni-
cípios e do uso de dentifrícios fluoretados, a melhoria da qualidade da atenção em saúde bucal proporcionada
pela participação da equipe de saúde bucal em atividades multidisciplinares e investimento públicos na forma-
ção de pessoal auxiliar.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 30

Luiz Gustavo Leite Praça


(Secretaria Municipal de Saúde da Estância Turística de Peruíbe - SP)

As ações de saúde bucal desenvolvidas na Estância Turística de Peruíbe são: Programa Odonto-bebê, Programa
de Prevenção Escolar, inserção da Equipe de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família, Programa de Pró-
tese Total, Cirurgia Buço-maxilo-facial, além do atendimento básico nas unidades básicas de saúde e do ônibus
odontológico. O Programa Odonto-bebê é realizado por um cirurgião-dentista e consiste em palestras educati-
vas para gestantes e puérperas, incentivo ao aleitamento materno, higiene bucal e prevenção de maus hábitos. O
Programa de Prevenção Escolar consiste na orientação sobre higiene bucal, bochechos fluoretados, escovação
supervisionada e palestras para professores (capacitação) e pais. No Programa de Saúde da Família, encontram-
se seis equipes que visam a prevenção e cuidados das famílias adscritas, com visitas domiciliares e tratamentos
preventivo e corretivo da população. O Programa de Prótese Total fornece às pessoas carentes e idosas, próteses
totais e parciais. Visa promover a reabilitação bucal e social da população atendida. A Cirurgia buco-maxilo-
facial visa atender as emergências cirúrgicas e pacientes acidentados, bem como promover o diagnóstico bucal
da população. As unidades básicas de saúde e o ônibus odontológico visam promover o atendimento da popula-
ção dos bairros e da zona rural.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 31

Mesa de debates 3
Educação e formação de recursos humanos para o SUS

Ana Stela Haddad


(Ministério da Saúde)

O ensino de odontologia no Brasil, assim como em outros países, sofreu grande influência do estágio de conhe-
cimento dos determinantes de saúde. Assim, a formação em odontologia, nos moldes ainda hoje concebidos em
muitas escolas, entendeu a saúde como resultado do processo biológico, fundada em princípios flexnerianos, de
higiene e distante do contexto social. Dois movimentos do conhecimento científico ampliaram os limites de
compreensão do processo saúde-doença e por conseqüência, os limites do ensino de odontologia: a inserção dos
determinantes sociais de doenças com a inclusão progressiva das “causas das causas” e a retomada da relação
entre os problemas bucais e de saúde geral de indivíduos e coletividades. Até os anos 90, as políticas públicas
para o setor enfrentavam timidamente os problemas de saúde bucal. A crescente participação dos dentistas nos
programas públicos nos coloca frente à inadequação do ensino, para esse novo modelo que coloca a Odontolo-
gia como protagonista da atenção básica. A inserção do dentista nas equipes de saúde da família é parte essen-
cial da estratégia de estruturação dos serviços no SUS. O número de equipes vem aumentando e progressiva-
mente diminuindo a distância entre as proporções de Equipes de Saúde Bucal em relação às Equipes de Saúde
da Família. A necessidade de articulação entre os setores da Saúde e da Educação assim como de mudanças do
modelo atual de formação de profissionais está presente nos diversos documentos produzidos nas Conferências
de Saúde. Os Recursos Humanos são essenciais para a qualidade da atenção à saúde. Nada adianta investir em
recursos materiais, equipamentos, reformas de estrutura física se as pessoas que fazem saúde não estiverem
motivadas e preparadas para esta função. Este reconhecimento é explícito na temática escolhida para o Dia
Mundial da Saúde, “Trabalhadores da Saúde, imprescindíveis” e na propagada Década dos Recursos Humanos,
pautados pela Organização Mundial da Saúde. A atual agenda da Secretaria de Gestão e do Trabalho e da Edu-
cação na Saúde, no que diz respeito à gestão da educação, busca um modelo educacional de integração entre
ensino, serviços de saúde e trabalho em saúde, a regulação para a qualidade do ensino e a valorização da educa-
ção permanente para o trabalho. Entre as ações previstas que deverão ter impacto sobre o ensino de odontologia
está a implantação PRO-SAÚDE. Os sistemas de saúde e de educação no Brasil cresceram com lógicas pró-
prias. Ambos têm, entretanto, o papel constitucional de promover a construção de uma nação menos desigual,
mais justa e melhor para todos. Muito se pode esperar de uma articulação que permita melhorar a qualidade do
ensino e consolidar o sistema de saúde. A relação entre o ensino de odontologia e as políticas de saúde ainda
tem muito que avançar. Porém, é inegável o papel de liderança que assume a odontologia, juntamente com a
medicina e a enfermagem, como referência para que as mudanças possam expandir-se também para os demais
cursos de graduação que compõem a área da saúde. A formação superior em saúde não resolverá todos os pro-
blemas de saúde e sociais. Entretanto, é fundamental reconhecer o papel primordial que o ensino tem no desen-
volvimento social da nação. As mudanças necessárias para fazer evoluir dois grandes setores em ação sinérgica
exigirão esforços incansáveis. Toma-se como motivação o fato de que muitos determinantes são coincidentes e
que as estratégias para atingir a melhor educação são também as da melhor saúde e por conseqüência, a das
melhores condições de vida da população.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 32

Karina Barros Calif Batista


(Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo)

O Pólo de Educação Permanente é uma instância de articulação e de intervenção das demandas educativas no
interior das práticas de educação, saúde, trabalho e, na interação dessas com a população; um espaço de negoci-
ação política das demandas e prioridade dos Projetos de Educação em saúde. Não é um espaço físico. Partici-
pam dos pólos todas as pessoas e instituições que tenham algum vínculo com a saúde. Cada Pólo decide as da-
tas, o local e a periodicidade de suas reuniões. O colegiado é uma instância do Pólo da qual todos podem parti-
cipar; define projetos prioritários e ações a serem implementadas. O Conselho Gestor do Pólo é a coordenação
executiva; o colegiado define a composição do Pólo e indica representantes do conselho Gestor (gestores; insti-
tuições formadoras; conselhos de saúde; movimento estudantil; movimentos populares etc.). Tem a missão de
fazer com que os Projetos cheguem ao gestor estadual e ao Ministério da Saúde para a liberação de recursos.
Funciona de acordo com as deliberações que forem tomadas no colegiado. A representação é institucional; to-
das as instituições podem postular assento que será avaliado pela gestão do Pólo. Todos os participantes que
têm representação formal (ofício da instituição) podem fazer as pactuações. No Estado de São Paulo tem-se oito
pólos (regiões e loco-regiões): Pólo Oeste Paulista (Marília; Assis; Presidente Prudente), Pólo Noroeste Paulista
(São José do Rio Preto; Araçatuba; Barretos), Pólo Baixada Santista (Região da Baixada Santista), Pólo do Vale
do Paraíba (São José dos Campos; Taubaté), Pólo Sudoeste Paulista: (Bauru; Botucatú; Registro; Sorocaba),
Pólo Nordeste Paulista (Ribeirão Preto; Araraquara e Franca), Pólo Leste Paulista (Campinas; Piracicaba; São
João da Boa Vista), e Pólo da Grande São Paulo (municípios de São Paulo; Santo André; Mogi das Cruzes;
Franco da Rocha e Osasco). A educação permanente em saúde consiste de processos de capacitação do pessoal
da saúde estruturados a partir da problematização do seu processo de trabalho, cujo objetivo é a transformação
das práticas profissionais e da própria organização do trabalho, tomando como referência as necessidades de
saúde das pessoas e das populações, da gestão setorial e o controle social em saúde. É a partir da problematiza-
ção do processo e da qualidade do trabalho - em cada serviço de saúde - que são identificadas as necessidades
de capacitação, garantindo a aplicabilidade e a relevância dos conteúdos e tecnologias estabelecidas. As de-
mandas por capacitação não se definem somente a partir de uma lista de necessidades individuais de atualiza-
ção, nem das orientações dos níveis centrais, mas prioritariamente a partir dos problemas de organização do
trabalho, considerando a necessidade de prestar atenção relevante e de qualidade. Transformar a formação e
gestão do trabalho em saúde: envolve mudanças nas relações, nos processos, nos atos de saúde e principalmente
nas pessoas e são questões tecno-políticas e implicam a articulação de ações para dentro e para fora das institui-
ções de saúde. Só tem potência se articulada com a gestão: para ter capacidade de efetivamente interferir sobre
os nós críticos da organização dos serviços e das práticas. Possibilita a construção de estratégias que são efeti-
vamente levadas à prática (porque os atores participam da sua proposição). As ações de formação são parte das
soluções desencadeadas e trabalhadas de maneira ativa. Possibilita construir novo estilo de gestão: pactos cons-
truídos coletivamente; profissionais sujeitos da produção de alternativas. A proposta do Ministério da Saúde em
parceria com estados e municípios consta de: iniciativa nacional (para a formação de tutores e facilitadores da
educação permanente em saúde) e curso a distância (em parceria MS e ENSP - uma estratégia do MS para for-
talecer a implementação dos Pólos e da EP). Tem como objetivo ampliar a massa crítica capaz de operar a edu-
cação permanente no sistema de saúde. Na primeira turma no Brasil foram envolvidos 300 tutores para formar 6
mil facilitadores .No Estado de São Paulo. na 1ª turma foram envolvidos 44 tutores e 880 facilitadores. Os tuto-
res são pessoas comprometidas com a política de EP, com capacidade de articulação locorregional e experiência
prévia em facilitação de processos, selecionados mediante edital público lançado pela ENSP em parceria com o
Ministério da Saúde. São os facilitadores da formação de facilitadores de E. P. Os facilitadores têm um novo
papel, uma nova função sendo construída no âmbito do SUS: acompanhar e facilitar a reflexão crítica sobre os
processos de trabalho das equipes que operam no SUS. A reflexão sobre o trabalho no SUS exige uma caixa de
ferramentas que inclui a integralidade, a produção do cuidado, o trabalho em equipe, a dinamização de coleti-
vos, a gestão de equipes e de unidades, a capacidade de problematizar e identificar pontos sensíveis e estratégi-
cos para a produção da integralidade e da humanização.Para a identificação dos facilitadores devem ser consi-
derados: a referência deve ser a integralidade e a pergunta a ser respondida deve ser: quais os principais pro-
blemas que nos afastam da atenção integral neste dado território / locorregião; identificados os problemas, o
exercício é descobrir quais os mais críticos, ou seja, quais os que enfrentados possibilitam um salto de qualida-

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 33

de; definidos os nós críticos, teremos localizados temas, equipes, locais geográficos, locais de atenção nos quais
prioritariamente desenvolveremos ações de educação permanente; o passo seguinte é identificar pessoas com
potencial para conduzir esses processos de reflexão crítica. Os desafios da educação permanente são: educação
e trabalho (formação e produção de processos e práticas nos locais de serviço); .mudança nas práticas de forma-
ção e nas práticas de saúde e articulação ensino-gestão-atenção-controle social.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 34

Nilce Emy Tomita


(Faculdade de Odontologia de Bauru - USP)

À medida que as exigências de um mundo globalizado vão se organizando de modo segmentado, a qualificação
/especialização do trabalhador da saúde visa oferecer respostas vagas a uma questão pouco precisa. O desafio
da área de educação é formular novas perguntas. Em muitos casos, a crise decorre da perda de capacidade para
definir corretamente os problemas que precisam ser enfrentados pela formação, pela extensão e pelas pesquisas.
A questão a ser formulada neste momento refere-se à adequação do trabalho do cirurgião-dentista no SUS, que
sabe praticar uma Odontologia com evolução de técnicas, equipamentos e materiais, no terreno das “tecnologias
duras”. Ao lado da produção de conhecimento na perspectiva da qualidade técnica especializada, o dentista vê-
se diante de uma realidade à qual não foi apresentado durante sua formação. Os estudantes de Odontologia a-
presentam, “no princípio do estágio, (...) limitações da sua própria formação, que é excessivamente
individualista, reducionista, elitista, centrada na técnica e alheia ao conceito ampliado do processo saúde /
doença”. Existe uma distância entre o ensino de odontologia e a perspectiva de universalização da saúde bucal
em relação às demandas da realidade brasileira. “No estágio atual, embora o SUS constitua um significativo
mercado de trabalho para os profissionais da Odontologia, principalmente com a inserção da saúde bucal na
Estratégia de Saúde da Família, este fato ainda não tem sido suficiente para produzir o impacto esperado sobre
o ensino de graduação” 5, uma vez que “a formação tradicional em saúde, baseada na organização disciplinar e
nas especialidades, conduz ao estudo fragmentado dos problemas de saúde das pessoas e das sociedades,
levando à formação de especialistas que não conseguem lidar com as totalidades ou com realidades
complexas”. Considerando a questão da formação de cirurgiões-dentistas para o SUS, apontam-se desafios a
serem superados. “O grande desafio está em sair de um modelo de ensino centrado no diagnóstico, tratamento e
recuperação de doenças para outro centrado na promoção de saúde, prevenção e cura de pessoas”. “O desafio a
ser enfrentado parece passar pela superação da dicotomia entre ‘formação geral versus formação específica’,
mediante uma nova racionalidade capaz de incorporar a diversidade, as contradições e as tensões que constroem
o cotidiano nas instituições de ensino superior. Assim, no plano político-estrutural, pode-se dizer que um dos
desafios ao ensino odontológico é (...) considerar a realidade brasileira e suas demandas (...) e o projeto
político-social que a profissão pode e quer assumir”.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 35

Curso 1
Contribuição do agente Comunitário de Saúde para a saúde bucal

Julie Silva Martins


(Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo - SP)
Sueli Elizabeth Leme Moreira
(SES-SP - DIR XX – São João da Boa Vista)

A inserção das ações de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família e no Programa de Agentes Comunitá-
rios de Saúde, entendendo-os como importantes estratégias para a implantação e implementação de ações de
saúde bucal no Sistema Único de Saúde, certamente trarão melhorias às condições de vida e saúde das popula-
ções por eles atendidas. Considerando a Saúde Bucal como um dos componentes da saúde em sua expressão
mais ampla, adquire importância que a prática odontológica não fique centrada na assistência à doença e tão
pouco na figura do cirurgião-dentista como agente exclusivo do trabalho odontológico. Assim, é de suma im-
portância capacitar o Agente Comunitário de Saúde para atuar integralmente nas ações de promoção e preven-
ção de saúde nos domicílios, nos espaços sociais e também na observação inicial de morbidades bucais ajudan-
do a reduzir os agravos à Saúde Bucal. A atividade tratará de temas relativos a anatomia da cavidade bucal, as
principais doenças bucais, suas formas de prevenção, dando enfoque às ações que podem ser desenvolvidas
pelos Agentes Comunitários de Saúde em relação à promoção e prevenção das doenças bucais. Os conceitos
serão abordados de maneira expositiva, utilizando-se linguagem simples de forma a permitir o perfeito enten-
dimento dos participantes, uma vez que são leigos na área. Serão utilizados recursos audiovisuais com ilustra-
ções de situações concretas para facilitar o entendimento e desta forma melhorar o aproveitamento, consideran-
do que os temas abordados uma vez assimilados, podem ser inseridos na prática diária destes profissionais, tra-
zendo grandes benefícios à saúde bucal das populações por eles acompanhada.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 36

Curso 2
Equipe de saúde bucal: a importância do acolhimento e das ações educativas nas
práticas cotidianas de saúde

Maristela Vilas Boas Fratucci


(Faculdade de Odontologia de Mogi das Cruzes)

O acolhimento pode ser entendido como um importante instrumento de trabalho, com estratégias simples, que
uma vez apropriadas pelas equipes de saúde passam a fazer parte do cotidiano das Unidades interferindo favo-
ravelmente na relação usuário / serviço de saúde. Nesta apresentação nosso foco estará voltado para a qualifica-
ção do acolhimento e para as ações possíveis de serem implementadas pelas equipes de saúde bucal em sua
dinâmica de trabalho. Muitas vezes somos atropelados pelo processo de trabalho: urgências, demanda reprimi-
da, agenda, grupos, procedimentos coletivos. Refletir sobre a conceituação do acolhimento requer necessaria-
mente uma reflexão sobre o processo de trabalho em saúde. Temos que mudar nossos pressupostos e entender
que “acolher” não significa somente o ato de receber, mas uma série de atos que compõem o processo de traba-
lho, incorporando e valorizando as relações humanas. Segundo Fracolli (2001), acolher não significa a resolu-
ção completa dos problemas referidos pelo usuário, mas a atenção dispensada na relação, envolvendo a escuta,
a valorização de suas queixas, a identificação de necessidades, sejam estas do âmbito individual ou coletivo, e a
sua transformação em objeto de ações de saúde. Ainda segundo a SMS Campinas (2001) em seu protocolo de
acolhimento define:
“receber bem, ouvir a demanda, buscar formas de compreendê-la e solidarizar-se com ela”. A idéia de acolher
deve permear as relações interdisciplinarmente sendo discutida nas reuniões de equipe, de forma a criar uma
rede de apoio às ações desenvolvidas rotineiramente. Criar uma postura acolhedora nos profissionais de saúde é
um desafio ainda maior que fluxos e infra-estrutura que poderão ser criados para facilitarem o desenvolvimento
do ato de acolher. Para encerrar estas considerações reservaremos um período para apresentação sobre a prática
do acolhimento da equipe de saúde bucal do CRT / AIDS / SES.

José Miguel Tomazevic


(SES-SP - CRH)

As ações educativas são uma das atividades mais desenvolvidas pelo pessoal auxiliar odontológico, sendo que,
grande parte dos ACD / THD desenvolvem-na de maneira empírica, necessitando de preparação ou de aprofun-
damento do tema. Assim, torna-se importante sua atualização pedagógica – considerada como conjunto de prin-
cípios e métodos de educação que tendem a um objetivo prático: educar. Este curso tem por objetivo atualizar
(e preparar - nos casos em que o pessoal auxiliar não tem formação) o pessoal auxiliar odontológico em relação
às atividades educativas, bem como dar subsídios para o seu desenvolvimento. Os temas a serem desenvolvidos
serão: objetivo da educação em saúde; breve histórico da educação em saúde bucal; como fazer educação em
saúde bucal: processo ensino-aprendizagem, processo de comunicação, fases do desenvolvimento humano, re-
cursos educacionais para o ensino, planejamento das ações educativas em saúde; avaliação e análise crítica aos
modelos de educação em saúde.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 37

Curso 3
Prótese total: simplificando a confecção sem perda de qualidade

Sigmar de Mello Rode


Bruno das Neves Cavalcanti
(Faculdade de Odontologia da Universidade Ibirapuera)

A confecção de próteses totais, devido às suas peculiaridades no que diz respeito à ausência de suporte dental,
perda de referências e quantidade de passos clínicos e laboratoriais, torna-se um processo difícil e muitas vezes
deixado de lado pelos cirurgiões dentistas. Infelizmente, muitas vezes o profissional opta por delegar comple-
tamente ao técnico a confecção, ficando responsável apenas pelos passos de moldagem e entrega da prótese, já
que não encontra subsídios para confecção adequada, sejam estes técnicos ou operacionais (tempo e custo, por
exemplo). Frente a isso, o conhecimento de conceitos básicos de exame do paciente, materiais dentários, estéti-
ca e oclusão pode ser o diferencial necessário para a confecção de próteses totais melhores tanto do ponto de
vista do profissional, quanto do ponto de vista do paciente. Com isso, o presente curso objetiva apresentar esses
conceitos importantes inseridos no contexto de uma técnica de confecção modificada, que visa, além de reduzir
o número de passos operatórios, melhorar a precisão na confecção deste ramo da prótese dentária. Dentre os
conceitos, serão revisados principalmente os aspectos oclusais, causa muito freqüente de insucessos nos trata-
mentos por prótese total. Além disso, serão apresentadas diferentes possibilidades de resolução clínica, com a
inserção de outras modificações na técnica, de modo a possibilitar ao profissional escolhas para uma melhor
adaptação prática que resulte também em sucesso.

Márcia Fattori
(SENAC)

Dando seguimento será apresentado o método de polimerização de resinas acrílicas na confecção de próteses
totais, através do forno de microondas, mostrando uma técnica de fácil aplicação, com grande economia de
tempo em relação as demais técnicas de polimerização existentes no mercado e sem perda de qualidade dessa
prótese. Na apresentação serão abordados: a descoberta das microondas através de um breve apanhado históri-
co, o funcionamento do forno de microondas, suas indicações, contra- indicações, vantagens, desvantagens,
estudo comparativo da técnica de microondas em relação às demais técnicas de polimerização existentes, mate-
riais e equipamentos utilizados e seqüência de confecção laboratorial de uma prótese total através da polimeri-
zação no forno de microondas, desde sua inclusão em mufla até polimento final da peça.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 38

Curso 4
Experiências vivenciais para acadêmicos no Sistema Único de Saúde

Laura Camargo Feerwerker


(Universidade Federal Fluminense)

A partir da implementação, pelo Ministério da Saúde, de uma política de Saúde Bucal, que envolve e articula a
atenção básica e especializada, começa-se a superar uma enorme dívida do SUS em relação ao povo brasileiro
e, ao mesmo tempo, constitui-se um mercado de trabalho em franca expansão para os odontólogos. Além do
campo da clínica e da odontologia coletiva, outras oportunidades no campo da gestão, da epidemiologia e da
construção do cuidado integral vêm sendo crescentemente assumidas por odontólogos no âmbito do SUS. Tor-
na-se, assim, muito mais significativa a necessidade de ampliar as vivências dos estudantes de odontologia com
o sistema de saúde durante seu processo de formação de graduação. A vivência no SUS durante a graduação é
fundamental para possibilitar o desenvolvimento de novas competências, fundamentais para a efetiva inserção
dos futuros profissionais no sistema de saúde: capacidade de trabalho em equipe, capacidade de articular clínica
e saúde coletiva, capacidade de abordar a saúde de maneira integral e de trabalhar pela ampliação da autonomia
dos usuários na produção da própria saúde. Todos esses são temas colocados pelas novas diretrizes curriculares
para todas as profissões da saúde. Experiências interessantes em todos esses campos vêm sendo desenvolvidas
em diferentes locais do país. Há, entretanto, desafios específicos da odontologia nesse processo de diversifica-
ção dos cenários de prática e dos objetos de aprendizagem, mas também há desafios que são comuns a todas as
profissões da saúde. Como desafios específicos, destacaria a necessidade de ampliar as reflexões e as proposi-
ções em torno da participação efetiva da área de saúde bucal na produção da integralidade na atenção á saúde
das pessoas. Uma participação que fosse além da justaposição de cuidados, que fosse capaz de efetivamente
produzir uma ampliação no objeto de saber e intervenção dos odontólogos. Uma participação que avançasse na
construção de linhas de cuidado, que possibilitasse a articulação das intervenções da saúde bucal em diferentes
âmbitos do sistema de saúde Como desafios comuns a todas as profissões da saúde, destacaria: a) limitações na
construção de uma agenda efetivamente conjunta entre as unidades de serviços de saúde e os professores em
suas diferentes disciplinas, o que leva ao desenvolvimento de "uma agenda paralela" de estudantes e professo-
res em seu tempo de permanência nas unidades ( o que dificulta a integração e inclusive a participação dos pro-
fissionais dos serviços no processo de aprendizagem; b)falta de clareza a respeito das competências que podem
ser desenvolvidas nos diferentes cenários de prática, o que leva à dificuldade de construir o processo de apren-
dizagem de maneira integral, articulando clínica e saúde coletiva, e a teoria e a prática; c) dificuldade para levar
os professores a acompanhar o trabalho dos estudantes juntos às unidades de saúde. Em geral a maior parte dos
professores mobilizados pertencem à área de saúde coletiva, o que limita o potencial de "integralidade" da ex-
periência desenvolvida nos serviços de saúde; d) dificuldade de construir uma agenda comum entre escolas /
universidades e gestores do SUS. Sem ter uma agenda comum, fica difícil mobilizar os recursos necessários de
parte a parte. Ou seja, ou esse trabalho conjunto na formação interessa efetivamente às duas partes, ou fica difí-
cil superar os obstáculos políticos e operacionais. A ampliação das experiências, bem como sua avaliação, de-
bate e sistematização são fundamentais para a superação desses desafios e para a efetiva integração dos odontó-
logos no desafio de produzir atenção integral à saúde das pessoas.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 39

Curso 5
Pacientes com necessidades especiais – desmistificando o tratamento
odontológico

José Tadeu Tesseroli de Siqueira


Silvia Regina Dowgan Tesseroli de Siqueira
(Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina -USP)

A variedade e a complexidade das síndromes álgicas, de natureza local ou sistêmica, que acometem o
segmento cefálico exigem amplo conhecimento e experiência clínica para o diagnóstico e tratamento dos doen-
tes. Programas de residência odontológica no ambiente hospitalar permitem a integração multidisciplinar e au-
mentam a capacitação profissional na área de dor. Em conseqüência, melhora-se o atendimento de casos clíni-
cos complexos de dor e reduz-se a visita desses doentes aos ambulatórios de dor crônica. A dor de cabeça é
altamente prevalente na população em geral e motivo freqüente de procura assistencial à saúde. A presença
predominante do aparelho mastigatório na estrutura facial faz com que doenças e anormalidades que acometem
dentes, maxilares, músculos da mastigação e articulações temporomandibulares (ATM) sejam causas potenciais
de dor e de cefaléias secundárias, como é reconhecido pela Sociedade Internacional de Cefaléias e pela Associ-
ação Internacional para o Estudo da Dor (IASP). As dores músculo-esqueléticas conhecidas amplamente sob a
denominação genérica de "disfunção de ATM" são grandes responsáveis por dores crânio-faciais crônicas de
origem odontológica, embora as dores dentárias referidas referidas à face e crânio, as infecções buco-dentárias,
as neuropatias faciais, a síndrome da ardência bucal e as neoplasias também sejam fontes freqüentes de dor re-
corrente. A presença do cirurgião-dentista no hospital geral e em equipes multidisciplinares de tratamento à dor
contribui para o diagnóstico diferencial, para o tratamento das afecções e doenças específicas à sua área de atu-
ação e contribui na fase de reabilitação para devolver a condição estrutural e funcional da face, com conseqüen-
te melhora na qualidade de vida do doente. A dor facial aguda, quando associada a doenças rapidamente identi-
ficáveis como fraturas, tumores, cárie dentária, sinusopatias ou infecções, não se constitui em problema diag-
nóstico na maioria dos casos. O mesmo ocorre com as algias faciais cuja sintomatologia é característica, e que
apresentam critérios diagnósticos bem definidos, como é o caso da dor paroxística das neuralgias trigeminais ou
da dor dentária desencadeada por líquidos. Estas podem ser rapidamente identificadas, em sua maioria, embora
ainda sejam motivo de confusão e iatrogenia, como procedimentos dentários desnecessários. Todavia, doentes
com dor recorrente, difusa ou crônica, sem anormalidades evidentes, e que não relatam melhora a tratamentos
prévios, constituem a amostra mais difícil de abordar, como dores dentárias difusas pelo crânio, podendo simu-
lar cefaléias primárias, podem surpreender durante o diagnóstico. O interessante é que muitos destes casos po-
dem ter uma terapêutica incrivelmente simples após identificadas. A Classificação Internacional de Cefaléias
relaciona as “disfunções oromandibulares” como condições dolorosas que se assemelham a cefaléias primárias
como a “cefaléia do tipo tensão” e no seu ítem 11 enfatiza as fontes odontológicas como possíveis causas de
cefaléias secundárias. Além disso, dor pode se apresentar como o primeiro sintoma do câncer bucal, e o atraso
em seu diagnóstico pode piorar e muito o prognóstico desses doentes.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 40

Curso 6
Dor orofacial

Maria Lúcia Zarvos Varellis


(Conselho Regional de Odontologia - SP)

Saúde, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “é o bem- estar físico, psíquico e social e não
apenas a ausência de doença” O homem é formado por um conjunto de órgãos e sistemas que devem funcionar
harmoniosamente. Pacientes com necessidades especiais são aqueles cuja harmonia foi rompida e esses indiví-
duos fazem parte do dia-a-dia da clínica odontológica. O termo “deficiência” diz respeito às necessidades espe-
ciais intrínsecas à doença / deficiência de que o paciente é portador. Nestes casos o paciente é portador de uma
doença ou deficiência que o leva a ter uma necessidade especial em vários aspectos do TODO de que é com-
posto. Uma criança portadora de deficiência mental tem, por exemplo, entre outras, a necessidade de educação
especial. As razões das necessidades especiais são inúmeras e vão desde doenças hereditárias, defeitos congêni-
tos, até as alterações que ocorrem durante a vida, como moléstias sistêmicas, alterações comportamentais, enve-
lhecimento etc. Estes pacientes nem sempre podem ser identificados pelo aspecto físico; por isso, o cirurgião-
dentista deve realizar anamnese minuciosa a fim de detectar possíveis alterações e assim proporcionar atendi-
mento odontológico integral e seguro. É importante destacar que “especial” não diz respeito apenas ao indiví-
duo malformado; o aspecto de normalidade pode disfarçar doenças sistêmicas crônicas, que requerem adequa-
ção do tratamento odontológico. Para compreendermos o paciente com necessidades especiais, precisamos res-
ponder algumas perguntas básicas: (1) qual doença apresenta?; (2) onde está localizada essa doença?; (3) essa
doença o incapacita temporária ou definitivamente? e (4) essa doença altera a forma, a função, ou o pensar /
sentir / querer? Na anamnese, são obtidas pistas que localizam o problema que pode ocorrer no estado físico,
intelectual, social ou emocional. Esses pacientes são a exceção e não a regra, e, por essa razão, há a necessidade
de individualização na abordagem e plano de tratamento, não existindo uma “forma única de tratamento”. Cada
caso é único, com características peculiares, ainda que a moléstia de base seja a mesma. Não podemos nos es-
quecer de que a atuação do cirurgião-dentista é local e a repercussão, sistêmica. Identificado o desequilíbrio, o
plano de tratamento deve ser adequado ao tipo de doença que acomete o paciente. O tratamento envolve uma
equipe multi inter e transdisciplinar, composta de médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos etc., de
acordo com a necessidade de cada paciente. É preciso retomar a idéia do todo para perceber o paciente inte-
gralmente, conhecer as reações orgânicas, avaliar as complicações advindas da evolução de cada moléstia, de
forma que a atuação do cirurgião-dentista devolva a esse organismo já debilitado pela doença a saúde e a fun-
ção do sistema estomatognático. Ainda segundo a OMS, 10% da população apresentam algum desvio da nor-
malidade, o que faz com que esses indivíduos tenham necessidades especiais. Levando-se em conta que a popu-
lação brasileira é de 160 milhões de habitantes, 10% correspondem a 16 milhões de pessoas. Segundo o IBGE,
esse percentual é de 14,5%. Considerando a estatística da OMS, dos 10% que têm necessidades especiais, apro-
ximadamente 3% recebem atendimento odontológico. Um número tão baixo de atendimentos reflete: falta de
informação aos responsáveis, falta de comprometimento dos responsáveis com o tratamento, falta de acessibili-
dade (barreiras arquitetônicas) e falta de capacitação profissional e grupos de estudo que discutam métodos
facilitadores de prevenção e tratamento odontológico voltados para esses pacientes. O objetivo deste curso é
trazer noções básicas para o tratamento odontológico destes pacientes, melhorando a qualidade do atendimento
em consultório, ambulatório e hospital.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 41

Curso 7
Visão clínica e epidemiológica das infecções virais
– Vigilância Sanitária em saúde bucal

Catalina Riera Costa


(SES-SP – Centro de Referência e Treinamento DST / AIDS)

O advento da aids no nosso meio, e sua caracterização como epidemia, muito tem se falado de risco ocupacio-
nal, controle de infecção, biossegurança e manifestações bucais associadas à infecção pelo HIV. Como a AIDS,
veio carregada de estigma, medo e preconceito, deixando muito claro, que se trata mais do que uma infecção
que depleta a condição imunológica do indivíduo por ela acometido, e sim de uma doença social, com todas
suas implicações e agravos. Interessante ressaltar, que, muitas patologias já conhecidas, e presentes na rotina da
prática odontológica, como hepatites virais, verrugas, e doenças sexualmente transmissíveis, nunca ocuparam
destaque em discussões científicas, e nem mesmo devidamente relacionadas como possíveis responsáveis por
infecções cruzadas, ou como agentes que levem os portadores destas infecções a necessitarem de cuidados es-
peciais quando submetidos a procedimentos clínicos. Entre as infecções de etiologia viral, a hepatite C, que já
se caracteriza como epidemia, foi mais recentemente descrita, e com distribuição muito heterogênea no país e
no mundo, merecendo um espaço para discussão quanto aos seus aspectos clínicos e epidemiológicos. Avanços
terapêuticos importantes mudaram a prevalência de muitas manifestações da aids, e espera-se que o mesmo
possa ser observado na abordagem das epidemias de hepatites B e C, e do HPV (papiloma vírus humano). Uma
discussão mais ampliada em relação a doenças infecciosas, as formas de transmissão, e os aspectos epidemioló-
gicos permitem que os profissionais se apropriem melhor deste conhecimento para implementar suas atividades
clinicas ou gerenciais.

José Conrado Dupato


(SES-SP - CVS)

A atividade em si expõe os profissionais, seus pacientes, funcionários e público em geral a riscos a saúde, que
variam de grau. Esses riscos são provenientes dos procedimentos clínicos ou cirúrgicos que pode causar infec-
ções cruzadas, doenças como AIDS, hepatite, e outros agravos à saúde provocados por fontes de ruído, exposi-
ção ao mercúrio, exposição a microorganismos, exposição a medicamentos ou materiais e radiações ionizantes.
Neste contexto, a Vigilância Sanitária tem se caracterizado como órgão de defesa e controle das boas práticas
da cidadania visando evitar ou minimizar os riscos através da conscientização dos usuários, consumidores e da
sociedade civil. Este curso abordará a evolução histórica no aspecto sanitário, desde a antiguidade até os dias
atuais, reestruturação do Ministério da Saúde, e criação da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, o Mo-
vimento da Reforma Sanitária, que defendia um novo modelo de estrutura e política de saúde propondo a reori-
entação de maneira racional do sistema de saúde com características democráticas, das quais uma das mais im-
portantes é a participação da comunidade. É este modelo que leva ao reconhecimento da saúde como direito de
todos e dever do Estado, e ao processo de implantação do SUS. Criação do CVS em 1986, elaboração do Códi-
go Sanitário Estadual de 1988, criação da ANVISA, descentralização das VISA. Abordará também aspectos de
biossegurança, saúde do trabalhador, resíduos de serviços de saúde e responsabilidade profissional.

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Resumos das mesas de debates, cursos e encontro paralelo 42

Encontro paralelo
Panorama nacional das profissões ACD e THD

Celina Pereira dos Santos Lopes


(Conselho Federal de Odontologia)

Haverá uma explanação do número de profissionais ACD e THD distribuídos nos diversos estados brasileiros.
Uma visão com o questionamento, ACD e THD, quem é você? Regulamentação do Exercício Profissional pelo
Conselho Federal de Odontologia com Normas para habilitação profissional, situação do Projeto de Lei que
Regulamenta o Exercício Profissional. A importância da formação, qualidade dos cursos e carga horária.
Importância de buscar informes através dos meios de comunicação dos Conselhos Regionais e Federal de
Odontologia e outras Entidades sobre deliberações que interferem na profissão, principalmente Portarias e
Decisões. Organização da Categoria. 3ª CONPA-Conferência Nacional das Profissões Auxiliares em
odontologia – Informes sobre a Comissão de Registros de ACD e THD no CFO seus integrantes e seu papel
dentro do CFO. Importância da participação destes profissionais nos movimentos populares, SINDSAÚDE,
Conselhos de Saúde, Conferências de Saúde, criação de Comissões de ACD e THD nas instituições públicas
para discussão mais participativa destes profissionais dentro das Equipes de Saúde. Organização para a 4ª
CONPA. Mobilização para o fortalecimento da profissão através das associações, estaduais e nacional. Como
os profissionais ACD e THD estão organizados no momento, informes sobre a ANATO – Associação Nacional
dos Auxiliares e Técnicos em odontologia, AATO estaduais, quais os estados que estão organizados e
finalmente AATO-SP Associação dos Auxiliares e Técnicos em odontologia do estado de São Paulo, resumo da
sua história, sua diretoria, importância e seu objetivo. Convite a preenchimento da ficha de pré-inscrição,
esclarecimento de dúvidas, distribuição das fichas. Debate final.

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Resumos dos trabalhos
Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e
Vigilância em Saúde Bucal

Conclusão: A condição periodontal desta população


P007 - Levantamento epidemiológico sobre as con- não constitui um problema de saúde pública signifi-
dições de saúde bucal aos 5 anos em Tatuí no ano cante. Os problemas oclusais afetavam aproximada-
de 2005. mente 1/3 de todos os exames, constatando a necessi-
dade de ortodontia preventiva / interceptativa para
Fabio Antonio Villa Nova (Secretaria Municipal de
esta população. Houve uma melhora com relação aos
Saúde de Tatuí), Fabrício Lourenço Gebrin (Secreta-
dentes atacados pela cárie dentária quando comparado
ria Municipal de Saúde de Tatuí).
com o levantamento realizado em 2002 que pesquisou
Introdução: A Secretaria Municipal de Saúde de Ta-
para os 5 anos ceo=2,2; para que se consiga chegar a
tuí através de Divisão de Assistência Odontológica, meta da Organização Mundial de Saúde no ano de
com o objetivo de construir um referencial epidemio- 2010 para esta idade que é de 90% com indivíduos
lógico de forma a gerar instrumentos de definição de livres de cárie dentária, são necessários que se conti-
estratégias que orientem a operacionalidade do siste- nuem os projetos educativos / preventivos e se faça
ma de saúde bucal em Tatuí, idealizou esta pesquisa uma vigilância permanente em saúde bucal desde o
com o objetivo de levantar informações sobre a saúde zero ano de idade.
bucal de escolares aos 5 anos de idade de escolas pú- P008 - Prevalência de cárie em adolescentes de 15
blicas e privadas. Esta pesquisa epidemiológica reque- a 17 anos de Água Doce-SC.
reu um plano de observação, o qual estabeleceu e
combinou dados quantitativos e qualitativos. Para que Maria Gabriela Haye Biazevic (Universidade do Oes-
as informações e os dados deste levantamento fossem te de Santa Catarina – UNOESC), Leila Amorim
representativos para a população estudada foram con- Mendes (Universidade do Oeste de Santa Catarina –
troladas ao máximo todas as fontes de viés que pudes- UNOESC), Maria Odete Amorim Mendes (Prefeitura
sem interferir nos resultados da pesquisa. Municipal de Água Doce-SC), Edgard Michel-
Métodos: Para realizar a pesquisa foram utilizados Crosato (Universidade do Oeste de Santa Catarina –
métodos semelhantes aos no levantamento “Condi- UNOESC e Faculdade de Odontologia da USP –
ções de Saúde Bucal no Estado de São Paulo em FOUSP), Renata Regina Rissotto (Universidade do
2002”, os quais foram levados em consideração: ta- Oeste de Santa Catarina – UNOESC).
manho da amostra, sorteio das unidades amostrais,
sorteio dos elementos amostrais, calibração dos exa- Introdução: Os estudos epidemiológicos na Odonto-
minadores e anotadores, instrumentos e materiais uti- logia devem monitorar as tendências populacionais
lizados para os exames e processamento de análise e para os diversos agravos à saúde bucal e sua interfe-
estatística dos dados levantados na pesquisa. rência na qualidade de vida das pessoas. Esses estudos
Resultados: Foram examinados um total de 278 cri- devem ainda auxiliar a planejar programas de saúde
anças nas 7 regiões de Tatuí em 27 escolas públicas e bucal que atendam às necessidades de saúde vivenci-
3 privadas; das escolas públicas, 6 eram rurais. Mais adas. Embora a doença cárie dentária seja uma das
de 95% das crianças examinadas não apresentavam doenças bucais mais estudadas atualmente, a maioria
lesões extra-orais, de tecidos moles ou problemas pe- das pesquisas populacionais no Brasil concentra-se
riodontais. Quanto aos problemas oclusais, 31,3% em crianças em idade escolar, não havendo dados
apresentavam esta condição em sua forma mais seve- suficientes na literatura sobre a prevalência de cárie
ra. Para cárie dentária foi registrado ceo=1,45, sendo dentária e outras doenças bucais em adolescentes. O
ceo-urbano=1,36 e ceo-rural=2,20; quando analisada a objetivo do estudo foi verificar a prevalência de cárie
porcentagem de indivíduos livres de cárie dentária, em adolescentes do município de Água Doce-SC.
isto é ceo=0, os resultados para escolas públicas e Métodos: Realizou-se estudo censitário, domiciliar e
particulares foram de 54,8% e 73,7% respectivamente. transversal; os participantes tinham entre 15 e 17 anos

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 44

(n=247) e foram examinados por 2 cirurgiões-dentistas doença periodontal em adolescentes do município de


calibrados. A condição socioeconômica foi categoriza- Água Doce-SC.
da segundo critérios da Associação Brasileira de Insti- Métodos: Realizou-se estudo censitário, domiciliar e
tutos de Pesquisas Mercadológicas (ANEP – transversal; os participantes tinham entre 15 e 17 anos
ABIPEME). O exame clínico para observação do índi- (n=247) e foram examinados por 2 cirurgiões-
ce CPO-D foi executado segundo critérios da Organi- dentistas calibrados. A condição socioeconômica foi
zação Mundial da Saúde, 4ª edição. O Significant Cari- categorizada segundo critérios da Associação Brasi-
es Index (SiC) foi utilizado para mensurar cárie no 3º leira de Institutos de Pesquisas Mercadológicas
tercil com mais doença. Utilizaram-se os testes de cor- (ANEP – ABIPEME). O exame clínico para observa-
relação de Spearman e Mann-Whitney e o nível de ção do índice CPI foi executado segundo critérios da
significância utilizado foi de 5%. Organização Mundial da Saúde, 4ª edição. Utilizaram-
Resultados: Participaram do estudo 247 adolescen- se os testes de correlação de Spearman e Mann-
tes, sendo que foram examinadas 116 (47,15%) ado- Whitney e o nível de significância utilizado foi de 5%.
lescentes do gênero feminino e 130 (52,85%) do gê- Resultados: Participaram do estudo 247 adolescentes,
nero masculino. A avaliação das condições sócio- sendo que foram examinadas 116 (47,15%) adolescen-
econômicas pela ANEP-ABIPEME mostrou que tes do gênero feminino e 130 (52,85%) do gênero mas-
45,75% dos participantes foram classificados como culino. A avaliação das condições sócio-econômicas
classe C. Experiência de cárie foi observada em 218 pela ANEP-ABIPEME mostrou que 45,75% dos parti-
(88,26%) dos participantes. A média do CPO-D foi de cipantes foram classificados como classe C. 14 (5,67%)
5,40, apresentando um maior índice nos dentes obtu- adolescentes apresentaram todos os sextantes afetados,
rados de 3,40 e tendo uma média de 22,33 para dentes 5 (2,02%) apresentaram 5 sextantes afetados, 21
hígidos. Para o 3º tercil de distribuição da experiência (8,50%) adolescentes tiveram 4 sextantes afetados por
de cárie, o CPO-D foi de 9,97 (DP 3,15). diversos graus de doença periodontal, 19 (7,69%) tive-
Conclusão: Concluiu-se que a distribuição epidemio- ram 3 sextantes afetados, 36 (14,57%) apresentaram 2
lógica da cárie dentária foi elevada, e continua sendo sextantes afetados, 35 (14,17%) participantes tiveram 1
um problema de saúde pública. sextante afetado e, finalmente, 117 (47,37%) não tive-
ram nenhum sextante afetado por doença periodontal.
P009 - Prevalência de doença periodontal em ado- Conclusão: A prevalência e a gravidade da doença
lescentes de 15 a 17 anos de Água Doce-SC periodontal apresentou-se compatível com levanta-
mentos epidemiológicos realizados no Brasil.
Maria Gabriela Haye Biazevic (Universidade do Oes-
te de Santa Catarina – UNOESC), Maria Odete Amo- P014 - Evolução das condições de saúde bucal no
rim Mendes (Prefeitura Municipal de Água Doce-SC), município de São Vicente desde 1996.
Leila Amorim Mendes (Universidade do Oeste de
Santa Catarina – UNOESC), Edgard Michel-Crosato Marcela Alessandra Bozzella (Serviço de Saúde de
(Universidade do Oeste de Santa Catarina – São Vicente), Maria Helena Miguel Gonzalez (Servi-
UNOESC e Faculdade de Odontologia da USP – ço de Saúde de São Vicente).
FOUSP), Renata Regina Rissotto (Universidade do
Oeste de Santa Catarina – UNOESC) Introdução: O município de São Vicente vem desen-
volvendo Ações Coletivas em Saúde Bucal desde
Introdução: Alguns estudos epidemiológicos recentes 1993 e a prevenção odontológica tem sido prioridade
mostram uma redução da experiência de cárie na A- do governo nesses últimos anos. A Diretoria de Odon-
mérica Latina. Devido à mudança desse padrão de tologia da Secretaria da Saúde tem realizado nos últi-
distribuição da doença cárie, outros agravos de saúde mos anos levantamentos epidemiológicos. Esse traba-
bucal passaram a ganhar destaque, dentre eles, a preo- lho compara os resultados dos índices CPO-D e ceo e
cupação com a doença periodontal. Embora a doença seus componentes nos anos de 1996, 1999 e 2003.
cárie dentária seja uma das doenças bucais mais estu- Métodos: Realizou-se uma análise comparativa base-
dadas atualmente, a maioria das pesquisas populacio- ada nos últimos levantamentos epidemiológicos do
nais no Brasil concentra-se em crianças em idade es- município de São Vicente.
colar, não havendo dados suficientes na literatura so- Resultados: Ocorreu uma redução de 34,5% no índi-
bre a prevalência das doenças bucais em adolescentes. ce CPO aos 12 anos de idade e um aumento de % das
O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de crianças livres de cárie dentária. Quanto aos compo-
nentes do índice, observamos uma diminuição de

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 45

60,3% para 46,3% de cariados aos 12 anos de idade e P016 - Qualidade de vida e as especialidades odon-
um aumento de 75,4% para 89,1% de cariados aos 5 tológicas.
anos de idade.
Conclusão: Verificou-se uma redução progressiva Ana Paula Martins de Freitas Tafner (SMS Campi-
dos índices de cárie dentária e aumento da porcenta- nas-SP); Antonio Carlos Pereira (FOP / UNICAMP),
gem de livres de cárie no período estudado. Quanto Marcelo de Castro Meneghim (FOP / UNICAMP). .
aos componentes do índice “ceo”, aos 5 anos de idade
observamos um aumento do cariado, que indica uma Introdução: Qualidade de vida é a síntese cultural do
deficiência no tratamento restaurador dos pré escolares. padrão de conforto e bem estar, e abrange conheci-
mentos, experiências e valores dos indivíduos e da
P015 - Estudo sobre as condições de saúde bucal sociedade em diferentes épocas, locais e cultura. No
do município de São Vicente.
conceito de saúde integral surgem indicadores subje-
Marcela Alessandra Bozzella (Serviço de Saúde de tivos para se medir a qualidade de vida. O mais utili-
São Vicente), Maria Helena Miguel Gonzalez (Servi- zado na saúde bucal é o OHIP (Oral Health Impact
ço de Saúde de São Vicente). Profile). Este trabalho verifica se a odontologia tem
impacto na qualidade de vida e quais as especialida-
Introdução: O município de São Vicente, através da des têm mais impacto. Estudou-se: prótese, cirurgia
Diretoria de Odontologia da Secretaria da Saúde, vem ortognática, cirurgia de terceiros molares, pediatria,
desenvolvendo nos últimos anos vários programas estomatologia, periodontia e ortodontia no ganho de
direcionados a promoção e prevenção em saúde bucal. qualidade de vida. Este trabalho se justifica para ava-
Visando avaliar e direcionar esses programas foi rea- liarmos o quanto a odontologia pode contribuir para a
lizado em 2003 um levantamento epidemiológico em melhora de qualidade de vida do indivíduo e apontar
saúde bucal do município, cujos resultados apresen- para quais especialidades que mais utilizaremos, para
tamos nesse trabalho. Esse estudo teve como objetivo o planejamento de ações, no âmbito público e no de-
obter a prevalência de cárie no município, analisar os senvolvimento de programas de saúde bucal como o
componentes do índice de cárie, estimar a necessidade CEO (Centro de Especialidades Odontológicas).
de tratamento na população estudada, analisar ocluso- Métodos: O trabalho é não experimental de revisão
patias e obter o índice de fluorose. de literatura. As bases de dados foram: Medline, Co-
Métodos: Levantamento exploratório, seguindo os chane, Lilacs, Dedalus, biblioteca virtual de teses da
critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Usp e da Unicamp. As palavras chaves utilizadas fo-
Saúde. Foram examinados 450 escolares nas idades ram: qualidade de vida, OHIP, saúde bucal, odontologia.
índices de 5 e 12 anos, dentro de uma amostra diversi- Resultados: Na maioria dos estudos, pudemos verifi-
ficada da população. Foram estudados os seguintes car um ganho de qualidade de vida dos pacientes com
problemas:cárie dentária, necessidade de tratamento, o acesso a tratamento odontológico. A qualidade de
fluorose e má-oclusão. vida pode ser melhorada com as especialidades odon-
Resultados: Foi encontrado um CPO-D aos 12 anos tológicas, pois com o avanço das disciplinas, mais
de idade igual a 1,1 e ceo aos 5 anos de idade igual a procedimentos podem ser ofertados para os usuários,
1,2. A porcentagem de crianças livres de cárie foi de de acordo com suas necessidades e percepções. As
68,8% e 60,1% nas idades de 5 e 12 respectivamente. especialidades odontológicas que mais impacto têm
Apenas 1,9% dos elementos dentários examinados na melhora da qualidade de vida, segundo a revisão de
necessitavam de tratamento odontológico. Quanto a literatura, é a oferta de reabilitação protética somada à
fluorose dentária, 43,7% dos examinados apresentam terapia de implantes. As especialidades, como orto-
grau muito leve, leve ou moderado. dontia, periodontia, semiologia, cirurgia e pediatria,
Conclusão: O município de São Vicente está próxi- embora os estudos encontrados afirmem a influência
mo de atingir a meta da OMS-FDI para o ano 2.010 dessas especialidades na qualidade de vida dos indiví-
quanto ao índice de cárie dentária. Fluorose dentária é duos, necessitam de mais estudos.
um problema existente no município,que exige um Conclusão: Concluiu-se que a odontologia tem alto
controle rigoroso dos teores de flúor das águas de a- impacto na melhora da qualidade de vida em todas as
bastecimento, bem como critério na fluorterapia. especialidades odontológicas, pois procura através da
reabilitação da forma e da função, diminuir as limita-
ções físicas e melhorar os conceitos psicosociais, de
acordo com as necessidades e percepções específicas
do indivíduo.

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 46

Introdução: O planejamento das ações em saúde bu-


P017 - Estudo sobre o armazenamento do material
de higiene bucal de escolares. cal deve seguir os documentos oficiais como as Dire-
trizes produzidas pela secretaria federal, estadual e
Fabiano Vieira Vilhena (FOB – USP), Profa. Dra. municipal. Estas estabelecem as linhas gerais que sub-
Magali de Lourdes Caldana (FOB – USP), Profa. sidiarão a organização das ações de saúde bucal. Ob-
Dra. Silvia Helena S. Peres (FOB – USP), Prof. Dr. servamos uma grande heterogeneidade no Brasil com
José Roberto M Bastos (FOB – USP). relação ao perfil epidemiológico de cada população
que ocorre até mesmo dentro de um mesmo municí-
Introdução: Nas ações de saúde bucal coletiva, a di- pio, dificultando esse planejamento, por isso o levan-
ficuldade em armazenar o material de higiene bucal tamento epidemiológico torna-se um importante ins-
contribui para os “insucessos” de programas educati- trumento facilitador que pode atingir desde uma gran-
vos preventivos. As iniciativas na criação de um “kit” de população como também uma pequena em uma
de acondicionamento muitas vezes são boas, contudo Unidade Básica de Saúde da Família.
quase a totalidade dos kits existentes, não apresenta Métodos: O levantamento epidemiológico em saúde
condições higiênicas e sanitárias satisfatórias. A pro- bucal foi baseado em normas preconizadas pela Orga-
posta desse trabalho foi avaliar formas de armazena- nização Mundial de Saúde para levantamentos epide-
mento e distribuição do material higiene bucal utiliza- miológicos em saúde bucal, tendo como referência de
do nas escolas. um modo especial o “Projeto SB 2000- Condições de
Métodos: A amostra foi composta por 20 avaliadores Saúde Bucal da População Brasileira no Ano 2000”,
responsáveis pela higiene bucal dos escolares de Bau- projeto este proposto e realizado pelo Ministério da
ru e São José dos Campos. Estes avaliaram através de Saúde. A partir dos resultados obtidos e analisados
questionários 5 kits de higiene bucal coletiva nos que- por meio do programa Epi-info foi possível verificar
sitos : - condições de armazenamento, higiene do ma- quais os maiores problemas que atingem a população
terial, praticidade e custo. A análise estatística foi local, quais índices alcançamos e quais estão distantes
realizada por meio do teste Wilcoxon com significân- das metas propostas pela OMS para o ano de 2000
cia de p < 0,05. facilitando e direcionando o planejamento das ações
Resultados: O kit 5, obteve graus de satisfação e em saúde bucal. Este foi realizado através de uma
muita satisfação quando comparados aos kits 1 à 4 planilha pela qual foi descrito o problema, a impor-
(pouco satisfeitos e insatisfeitos). Além disso, na tância, a capacidade de enfrentamento, a urgência
comparação direta entre os kits, o kit 5 obteve um (alta, média e baixa) e se seria selecionado (sim-não).
preço 17,5% menor do que o kit 4, 23,3% do que o kit Resultados: Os resultados obtidos no levantamento
3, 19,5% do que o kit 2, e 35,3% do que o kit 1. foram favoráveis com relação ao índice de CPOD nas
Conclusão: O Kit 5 demonstrou ser a melhor forma idades de 5, 12, 18 e 40 anos comparado ao Brasil.
de armazenamento e distribuição do material de higi- Com relação à condição periodontal o índice de CPI
ene bucal do escolar, otimizando custos e estratégias, foi desfavorável principalmente na faixa etária de 40
colaborando para a resolutividade nos programas de anos.
saúde bucal coletiva. Conclusão: O planejamento das ações em saúde bu-
cal foi realizado baseado nos resultados do levanta-
P019 - A importância do levantamento epidemio- mento epidemiológico e nas diretrizes do governo,
lógico em saúde bucal para o planejamento das podendo assim ser mais eficazes e efetivos.
ações que serão realizadas em uma unidade básica
de saúde da família. P020 - Risco e doenças periodontais destrutivas em
um Programa de Saúde da Família. São Paulo, 2.005.
Suzana Maria Velloso Dutra (residente em Saúde da
Família pela Casa de Saúde Santa Marcelina / Fa- Regina Auxiliadora de Amorim Marques (Faculdade
culdade Santa Marcelina e Ministério da Saúde), E- de Saúde Pública da Universidade de São Paulo –
loiza Helena da Silva Brandão (residente em Saúde FSP – USP); Roberto Augusto Castellanos Fernandez
da Família pela Casa de Saúde Santa Marcelina / (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São
Faculdade Santa Marcelina e Ministério da Saúde), Paulo – FSP – USP).
Julie Silvia Martins (preceptora da Residência Inte-
grada em Saúde da Família pela Casa de Saúde San- Introdução: Muitos estudos apontam para a necessi-
ta Marcelina / Faculdade Santa Marcelina e Ministé- dade da identificação de fatores de risco para as Do-
rio da Saúde). enças Periodontais Destrutivas – DPD, importante

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 47

causa de edentulismo em adultos. Com essa intenção nascido ao idoso, sadios ou doentes, de forma integral
realizou-se um estudo de caso controle, na zona leste e contínua. Mediante a necessidade de melhorar os
do município de São Paulo em um Programa de Saúde índices epidemiológicos de saúde bucal da população,
da Família – PSF. bem como o de ampliar os acessos de promoção, pre-
Métodos: Examinou-se 303 controles, indivíduos venção e recuperação da saúde bucal, foi inserida a
com periodonto normal, sangramento ou cálculo, e participação da saúde bucal no Programa de Saúde da
318 casos, indivíduos com bolsas periodontais rasas e Família. O presente trabalho tem como objetivo co-
profundas, segundo critérios do Índice Comunitário nhecer hábitos de higiene bucal e o tipo de acesso a
Periodontal – CPI, eram pessoas, com idades entre 25 serviço ododntológico em uma unidade de Saúde da
e 55 anos e de ambos os sexos. Investigou-se a influ- Família de Ribeirão Preto.
ência das variáveis: idade, sexo, estado conjugal, reli- Métodos: Foram consultadas 798 fichas de cadastro
gião, naturalidade, ocupação, escolaridade e anos de das famílias da área adstrita ao Núcleo de Saúde da
estudo. Procurou-se identificar diabetes, distúrbios Família 5 (NSF 5) da Faculdade de Medicina de Ri-
neurológicos e psíquicos, doenças ou estados imuno- beirão Preto / USP, no período de outubro de 2003 a
depressivos quanto ao tempo de duração e uso de me- janeiro de 2004.
dicação. Investigou-se o uso de tabaco, tempo de uso, Resultados: Os dados obtidos mostraram que das
quantidades consumidas e grau de dependência de apenas 21%, eram cobertas por planos de saúde pri-
nicotina, medida pelo teste de Faggerströn, assim co- vados, sendo que a maioria dependia exclusivamente
mo o consumo de álcool, quantidades consumidas e a do Sistema Único de Saúde; (45%) responderam pro-
história de consumo na última semana, no último mês, curar o dentista somente em caso de urgência ; apenas
no último ano, há 5, 10 e 20 anos. Perda de Inserção 1% das famílias abordadas responderam fazer uso
Periodontal, medida pelo – PIP, experiência de cárie coletivo de escova dental; quase a totalidade das famí-
coronária e radicular, uso e tipo de prótese e Índice de lias (96%) respondeu fazer uso do creme dental; a
Higiene Oral Simplificado – IHOS complementaram a maior parte das famílias (63%) respondeu escovar 3
avaliação. vezes / dia ou mais os dentes, apenas 4% das famílias
Resultados: À análise de regressão múltipla, verifi- responderam realizar apenas 1 escovação diária, das
cou-se que idade acima de 35 anos, sexo masculino, famílias responderam fazer o uso do fio dental para
higiene deficiente, uso de prótese parcial e consumo higiene oral e 28% relataram não utilizar.
de álcool no último ano foram independentes para as Conclusão: Esses resultados condizem com os dados
DPD (p<0,05), com incremento do risco. nacionais que vêm sendo divulgados, os quais têm
Conclusão: Verificou-se que além de sexo, idade, mostrado que grande parcela da população brasileira
higiene deficiente e uso de prótese parcial fixa ou re- possui como principal acesso a tratamento odontoló-
movível e consumo do álcool no último ano são fato- gico o Sistema Único de Saúde (SUS) e, em boa parte
res associados ao risco para DPD. dos casos, apenas em caso de urgência.
P065 - Hábitos de higiene oral de famílias cadas- P093 - Condições de saúde bucal da população ca-
tradas em Programa de Saúde da Família de Ri- dastrada a uma Equipe de Saúde da Família da
beirão Preto-SP. Unidade de Saúde Curuçá Nova, localizada da zo-
na leste do município de São Paulo.
Mariângela Aparecida Pace (Odontóloga. Mestranda
EERP / USP. Departamento de Enfermagem Geral e Sabrina Kuraoka Oda (Faculdades Santa Marcelina /
Especializada),Jamyle Calencio Grigoletto (Odontó- Casa de Saúde Santa Marcelina), Julie Silvia Martins
loga. Mestranda EERP / USP. Departamento de En- (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa
fermagem Materno-Infantil e Saúde Pública), Marlí- Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Faculda-
via Gonçalves de Carvalho Watanabe, Janete Cinira des Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marceli-
Bregagnolo (Professoras Doutoras do Departamento na), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades
de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).
da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo–FORP / USP. Introdução: O levantamento epidemiológico em saú-
de bucal é uma importante ferramenta para conhecer
Introdução: O Programa da Saúde da Família é uma as condições de saúde bucal de uma determinada po-
estratégia que prioriza as ações de promoção e recupe- pulação. A possibilidade de realizar-se um levanta-
ração da saúde dos indivíduos e da família, do recém mento epidemiológico em uma área vinculada a uma

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 48

equipe de saúde da família envolvendo os diversos P095 - Respirador bucal e má-oclusão.


grupos etários possibilita conhecer os problemas rela-
tivos à saúde bucal da população cadastrada e planejar Tatiane de França Santos(Faculdades Santa Marceli-
as ações de acordo com a realidade local. na / Casa de Saúde Santa Marcelina), Julie Silvia Mar-
Métodos: O presente trabalho baseou-se nos resulta- tins (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde
dos de um levantamento epidemiológico em saúde Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Fa-
bucal realizado na Unidade de Saúde Nova Curuçá no culdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa
ano de 2005. Este levantamento fez parte de um estu- Marcelina), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto
do maior, que envolveu 8 unidades de saúde que de- (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa
senvolvem a estratégia “Saúde da Família”, localiza- Marcelina).
das na zona leste do município de São Paulo. As uni- Introdução: A síndrome do respirador bucal, também
dades participantes do estudo têm em comum o fato conhecida como síndrome de Pierre Robin, é o con-
de terem recebido residentes da área de saúde bucal da junto de sinais e sintomas de quem respira, parcial ou
Residência Multiprofissional em Saúde da Família da totalmente, pela boca. É causada por algum tipo de
Casa de Saúde Santa Marcelina / FASM em suas e- obstrução nas vias aéreas superiores, má oclusão den-
quipes. O levantamento foi baseado nas normas pre- tária, ou maus hábitos, levando a um padrão suplente
conizadas pela Organização Mundial de Saúde, tendo de respiração que, por sua vez, gera uma série de ou-
também como referência de um modo especial o “Pro- tras alterações importantes na dinâmica corporal.
jeto SB-2000 - Condições de Saúde Bucal da Popula- Respirar de forma predominantemente bucal é um
ção Brasileira no Ano 2000”, do Ministério da Saúde. desconforto, comprovadamente importante, além de
O critério de inclusão foi o indivíduo estar cadastrado ocasionar alterações orgânico-funcionais.
na área vinculada à equipe e ter 5, 12, 18, 40 ou 70 Métodos: O presente trabalho baseou-se nos resulta-
anos. Os dados foram analisados pelo programa EPI dos de um levantamento epidemiológico em saúde
INFO versão 3.2. bucal, que envolveu 8 unidades de saúde que desen-
Resultados: Foram examinados 148 indivíduos ca- volvem a estratégia “Saúde da Família”, localizadas
dastrados na área, nas diversas idades-índice. Entre as na zona leste do município de São Paulo. O levanta-
48 crianças examinadas com 5 anos de idade 64,6% mento foi baseado nas normas preconizadas pela Or-
apresentaram-se livres de cárie, e o ceo-d médio foi de ganização Mundial de Saúde e foram examinados
1,06. Na idade-índice de 12 anos foram examinadas todos os cadastrados pertencentes às idades-índice,
38 crianças, observando-se um CPO-D médio de 0,9. constantes no Sistema de Informação da Atenção Bá-
Entre os jovens com 18 anos de idade os resultados sica (SIAB) das equipes com residentes. Para este
apontaram que apenas 65,5% não haviam perdido trabalho, comparou-se a relação entre os índices de
nenhum dente permanente, e a média do CPO-D foi má oclusão e presença ou ausência de respiração bu-
de 5,0. Aos 40 anos de idade foram examinados 25 cal nas crianças de 5 anos de idade.
indivíduos observando-se que apenas 44% apresenta- Resultados: Os resultados apontaram que 48,7% das
vam 20 dentes ou mais e o CPO-D médio foi de 20,5. crianças, que os pais ou responsáveis declararam co-
Foram examinados 8 indivíduos com 70 anos de ida- mo sendo respiradores bucais, não apresentam altera-
de, verificando-se que nenhum apresentava 20 dentes ção de oclusão; 27,3% apresentam má oclusão leve; e
ou mais e o CPO-D médio foi de 29,7. 24,1% apresentam má oclusão moderada / severa. Os
Conclusão: Ao se comparar os resultados obtidos resultados entre as crianças que os pais ou responsá-
com as metas propostas pela OMS / FDI para o ano veis declararam não serem respiradores bucais foram
2000 observa-se que aos 5 e 12 anos de idade a meta de: 64,7% sem alteração de oclusão; 19,8% com má
foi atingida, porém aos 18, 40 e 70 anos de idade os oclusão leve; e 15,5% moderada / severa.
resultados indicam que a população cadastrada à área, Conclusão: As crianças que os pais relataram serem
apresenta condições de saúde bucal muito distantes respiradores bucais têm mais alterações de má oclusão
daquelas propostas pelas metas da OMS / FDI. que aquelas que não apresentam respiração bucal.

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 49

P105 - Fluorose na dentição decídua de acordo P128 - Perfil dos acidentes de trabalho e doenças
com a condição de fluoretação e fatores socioeco- ocupacionais que acometem os profissionais da
nômicos saúde.

Elaine Pereira da Silva Tagliaferro (FOP / Ana Carolina da Graça Fagundes (Fac. Odontol.
UNICAMP), Silvia Cypriano (FO-PUC-Campinas), Araçatuba-UNESP), Renata Reis dos Santos (Fac.
Maria da Luz Rosário de Sousa (FOP / UNICAMP) Odontol. Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Saliba Gar-
bin (Programa de pós-graduação em Odontologia
Introdução: O objetivo deste estudo transversal foi Preventiva e Social FOA-UNESP), Artênio José Isper
determinar a prevalência de fluorose dentária na den- Garbin (Programa de pós-graduação em Odontologia
tição decídua de pré-escolares na região Sudeste do Preventiva e Social FOA-UNESP).
Estado de São Paulo, de acordo com a condição de
fluoretação, porte demográfico e fatores socioeconô- Introdução: As condições de trabalho que os profis-
micos. sionais da saúde tem de se submeter, muitas vezes
Métodos: Para este estudo transversal foram utiliza- acabam prejudicando sua integridade física, deixando-
dos dados do Levantamento Epidemiológico do Esta- os cada vez mais expostos aos acidentes e doenças
do de São Paulo, 1998, fornecidos pela Secretaria de ocupacionais. Esses profissionais que tanto zelam
Estado da Saúde de São Paulo. Um total de 3.571 pré- pelo bem estar das pessoas, devido ao ambiente insa-
escolares de 5 e 6 anos de idade foram aleatoriamente lubre e as extensas jornadas de trabalho ao qual são
selecionados em 29 cidades da região Sudeste do Es- submetidos, acabam por privar-se da manutenção da
tado de São Paulo, as quais foram sorteadas após es- própria saúde. Por isso, o objetivo deste estudo con-
tratificação por condição de fluoretação e porte de- sistiu em verificar o perfil dos acidentes de trabalho e
mográfico. Os examinadores previamente calibrados doenças ocupacionais, que tenham acometido os pro-
realizaram os exames clínicos de acordo com os crité- fissionais da área da saúde, ocorridos no município de
rios da OMS, usando o índice de Dean. O teste de qui- Araçatuba-SP e registrados no Centro de Referencia e
quadrado foi utilizado para avaliar as diferenças entre Saúde do Trabalhador (CRST).
a prevalência de fluorose e as variáveis estudadas. Métodos: Foram analisadas as Comunicações de A-
Resultados: A idade média das crianças examinadas cidentes de Trabalho (CAT) emitidas de 1999 a 2005,
foi de 5,6 anos. A prevalência de fluorose na dentição dos acidentes ocorridos e registrados no CRST do
decídua foi de 5,9%, sendo 5,6% graus 1, 2 ou 3 e município de Araçatuba-SP. Foi utilizado o programa
0,3% graus 4 e 5. A prevalência de fluorose não foi estatístico Epi-Info 2000, para tabulação e análise dos
significativamente diferente entre áreas fluoretadas e dados obtidos e a pesquisa foi submetida à aprovação
não-fluoretadas (p=0,58) assim como entre cidades do Comitê de Ética em Pesquisa.
pequenas, médias e grandes (p=0,80). Por outro lado, Resultados: Foram analisadas 313 CAT envolvendo
as crianças de pré-escolas particulares apresentaram profissionais da saúde. Destes, 87,7% classificaram-se
prevalência de fluorose significativamente maior como acidentes típicos, 11% como acidentes de traje-
(9,4%) quando comparadas às das pré-escolas públi- to, e 1,3% como doença. O tempo médio trabalhado
cas (5,6%) (p=0,006). Os pré-escolares residentes na até o momento do acidente foi de 3,52 horas (d.p.
zona rural mostraram maior prevalência do distúrbio 3,27). Quanto ao gênero, 18% dos acidentes ocorre-
(9,1%) do que os residentes na zona urbana (5,5%) ram com homens, e 82% em mulheres. Ao analisar-
(p=0,003). mos o tipo de atividade exercida, pudemos observar
Conclusão: A fluorose dentária na dentição decídua que 73,5% dos acidentados são os auxiliares de en-
não foi considerada um problema de saúde pública na fermagem; 0,6% são cirurgiões-dentistas e 0,6% de
região Sudeste do Estado de São Paulo e sua preva- auxiliares de cirurgiões-dentistas. O objeto causador
lência esteve associada às variáveis tipo de escola e mais encontrado foi perfurocortante (41,7%) e os ca-
zona de residência. sos de agressão (13,9%).
Conclusão: Concluímos que a maior parte dos aci-
dentes típicos foi causada por objetos perfurocortantes
e os profissionais mais acometidos foram os auxiliares
de enfermagem, porém tal percentual poderá ser redu-
zido através da implantação de políticas de saúde que
venham a reduzir o risco e gravidade dos acidentes de
trabalho.

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 50

P139 - Condições de saúde bucal da população ca- idade (n = 35) os resultados apontaram que 94,3% não
dastrada a uma Equipe de Saúde da Família na haviam perdido nenhum dente permanente, e a média
Unidade de Saúde Curuçá Velha, localizada da do CPO-D foi de 3,6. Aos 40 anos de idade foram
zona leste do município de São Paulo. examinados 29 indivíduos observando-se que 79,3%
apresentavam 20 dentes ou mais e o CPO-D médio foi
Eloiza Helena da Silva Brandão (Residência Multi- de 17,3. Foram examinados 18 indivíduos com 70
profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde anos de idade, verificando-se que nenhum apresentava
Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Su- 20 dentes ou mais, e que 55,6% apresentavam-se e-
zana Maria Velloso Dutra (Residência Multiprofis- dêntulos. O CPO-D médio foi nesta idade foi de 29,9.
sional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Conclusão: Ao se comparar os resultados obtidos
Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Julie Silvia com as metas propostas pela OMS / FDI para o ano
Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade 2000 observa-se que as metas foram atingidas para as
Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu idades-índice de 5, 12, 18 e 40 anos, não sendo atin-
(Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa gida apenas a meta para a idade-índice de 70 anos.
Marcelina) e Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Casa Tais resultados apontam uma situação de saúde bucal
de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Marce- dos cadastrados a esta Equipe de Saúde da Família da
lina). Unidade Curuçá Velha bem mais favorável que a do
restante do país, sendo porém o desafio, desenvolver
Introdução: Os levantamentos epidemiológicos em ações para se atingir as metas propostas para 2010.
saúde bucal se colocam como importantes instrumen-
P147 - Polarização da cárie dentária em crianças
tos para o conhecimento das condições de saúde bucal
de 12 anos de idade.
das populações, de forma a permitir aos profissionais
envolvidos com a tarefa de planejar, informações para Fábio Silva de Carvalho (APCD – Bauru); Ricardo
subsidia-los, permitindo também o acompanhamento Pianta Rodrigues da Silva (Faculdade de Odontolo-
dos resultados das ações desenvolvidas no decorrer do gia de Bauru – USP); José Roberto de Magalhães
tempo. Bastos (Faculdade de Odontologia de Bauru – USP);
Métodos: O presente trabalho baseou-se nos resulta-
Silvia Helena de Carvalho Sales Peres (Faculdade de
dos de um levantamento epidemiológico em saúde Odontologia de Bauru – USP); Antônio Franscisco
bucal realizado na Unidade de Saúde Curuçá Velha no Ton (SMS - Espírito Santo do Turvo); João Paulo
ano de 2005. Este levantamento fez parte de um estu- Coque (Faculdade de Odontologia de Bauru –USP);
do maior, que envolveu 8 unidades de saúde que de- Angela Eloisa Rausch (APCD – Bauru); Cristine Al-
senvolvem a estratégia saúde da família, localizadas ves Paz de Carvalho (APCD – Bauru); Elisabeth A-
na zona leste do município de São Paulo. As unidades parecida Salvador (APCD – Bauru); Martino Carlo
participantes do estudo têm em comum o fato de te- Mondeli (APCD – Bauru); Ana Karolina Zampronio
rem recebido residentes da área de saúde bucal da Bassi (Faculdade de Odontologia de Bauru – USP).
Residência Multiprofissional em Saúde da Família da
Casa de Saúde Santa Marcelina / FASM em suas e- Introdução: A redução da prevalência de cárie obser-
quipes. O levantamento foi baseado nos critérios vada em todo o mundo vem sendo acompanhada por
preconizados pela Organização Mundial de Saúde, mudanças em seu perfil epidemiológico.
tendo também como referência o “Projeto SB 2000 - Métodos: Este estudo foi realizado no município de
Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no Espírito Santo do Turvo, sendo que a amostra foi
Ano 2000” do Ministério da Saúde. O critério de composta por 52 escolares de 12 anos de idade, pro-
inclusão foi o indivíduo estar cadastrado na área venientes de escolas públicas. O índice CPOD é a
vinculada à equipe e ter 5, 12, 18, 40 ou 70 anos. Os medida de experiência de cárie mais utilizada em le-
dados foram analisados pelo programa EPI INFO vantamentos epidemiológicos desde sua elaboração
versão 3.2. Foram examinados 149 indivíduos ca-
Resultados: até os dias atuais. Os exames foram realizados por
dastrados à área, nas diversas idades-índice. Entre as cirurgiões-dentistas, previamente calibrados por um
crianças examinadas (n = 41) com 5 anos de idade, examinador “Gold Standard”, que era experiente em
56,1% apresentaram-se livres de cárie, e o ceo-d mé- levantamentos odontológicos. Todos os escolares fo-
dio foi de 1,5. Na idade-índice de 12 anos foram exa- ram examinados no pátio das escolas, sob luz natural,
minadas 26 crianças, observando-se um CPO-D mé- usando espelho e sonda IPC (ball point), após escova-
dio de 1,3, sendo que 65,4% das mesmas encontra-
ram-se livres de cárie. Entre os jovens com 18 anos de

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 51

ção prévia com dentifrício fluoretado e seguindo as cesso de fluoretação durante o estudo e outro não adi-
recomendações da Organização Mundial da Saúde.. cionava flúor à água. Constatou-se que, dos 32 muni-
Resultados: A prevalência de cárie dentária foi de cípios que realizavam a fluoretação, 71,87% apresen-
2,94, e o percentual de livres de cárie foi 19,2%. A taram variações das concentrações de flúor entre os
polarização da cárie foi identificada por meio do SIC, pontos e no mesmo ponto ao longo do período. Con-
sendo que o valor encontrado foi de 5,82 . siderando-se apenas as 702 amostras coletadas nos
Conclusão: Concluiu-se que os dados epidemiológi- municípios que adicionaram flúor à água em todo o
cos retratam os problemas, permitindo a implementa- período do estudo, 47,86% foram classificadas como
ção de políticas de saúde, o que favorece a melhora inaceitáveis.
nas condições de saúde bucal da população. Conclusão: Pode-se concluir que a maioria destes
municípios não mantém controle adequado sobre os
P154 - Concentrações de flúor nas águas de abas- níveis de flúor em sua água, pois a adição de flúor
tecimento público de municípios da região noroeste ocorre de forma descontínua e na maioria das vezes
do estado de São Paulo. em teores fora dos parâmetros recomendados. Os rela-
tórios estão sendo enviados mensalmente aos municí-
Suzely Adas Saliba Moimaz, Orlando Saliba, Nemre
pios e reuniões estão sendo realizadas, objetivando a
Adas Saliba, Ana Valéria Pagliari (Programa de Pós-
correção do processo de fluoretação.
graduação em Odontologia Preventiva e Social -
Nepesco - Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva - P156 - Fluoretação de água no Brasil: uma experi-
UNESP - Faculdade de Odontologia de Araçatuba). ência de 50 anos.
Introdução: O benefício alcançado pela utilização do Ana Valéria Pagliari, Nemre Adas Saliba, Suzely A-
flúor no controle da doença cárie é reconhecido em das Saliba Moimaz, Cézar Augusto Casotti (Progra-
todo mundo e muitos veículos foram propostos e são ma de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e
utilizados para sua aplicação individualmente ou em Social - NEPESCO - Núcleo de Pesquisa em Saúde
programas coletivos. Para estes últimos, a fluoretação Coletiva - UNESP - Faculdade de Odontologia de
das águas de abastecimento público constitui uma Araçatuba).
medida extremamente eficaz, abrangente, segura, de
baixo custo, desde que todo o processo seja adequa- Introdução: A fluoretação da água de abastecimento
damente realizado para que os teores recomendados público é reconhecida mundialmente como um das
sejam mantidos. Para que isso aconteça, além do con- dez mais importantes conquistas do século XX para a
trole operacional, realizado pela empresa de sanea- Saúde Pública, por ser um dos fatores responsáveis
mento, há necessidade de heterocontrole realizado pela redução da prevalência da cárie dentária. No Bra-
pelo órgão de vigilância sanitária ou por outras insti- sil, o primeiro programa de fluoretação artificial de
tuições. Nesse estudo realizaram-se análises do teor água, foi implantado em 1953, na cidade de Baixo
de flúor das águas de abastecimento de 40 municípios Guandu, Espírito Santo. Além de ter um caráter de-
situados na região noroeste do estado de São Paulo, monstrativo, este programa serviu como fonte de in-
durante 6 meses, de janeiro a junho de 2006, para ve- formação para os técnicos de outras entidades gover-
rificar se a adição ocorre de forma contínua e se os namentais e de ensino em todo país. O presente estudo
teores encontram-se dentro dos parâmetros recomen- teve como objetivo verificar o efeito de 52 anos de
dados. fluoretação da água nos índices de cárie dentária dos
Métodos: Mapas com a rede de distribuição de água moradores permanentes do município Baixo Guandu,
dos municípios foram solicitados e utilizados para comparando os resultados com levantamentos realiza-
definição das regiões de coleta e sorteio dos endereços dos nesta mesma população antes do início da fluore-
dos pontos, de forma que abrangesse todas as fontes tação e com os dados do levantamento nacional reali-
de água tratada. Uma amostra de água de cada ponto zado em 2002-2003.
foi coletada por mês e analisada em duplicata pelo Métodos: Após a aprovação do Comitê de Ética em
método íon-eletrodo específico. Amostras com 0,6 a Pesquisa com Seres Humanos da FOA-UNESP, um
0,8 mg F / L foram consideradas aceitáveis. examinador e um anotador, treinados e calibrados
Resultados: Nos 34 municípios que enviaram as a- (Kappa 0,95), percorreram todo o perímetro urbano da
mostras regularmente nos 6 meses de estudo, a água cidade de Baixo Guandu, identificando e examinando
de 133 pontos foi coletada, perfazendo um total de os moradores permanentes, com 5, 12, 15-19 e 35-44
762 amostras analisadas. Um município iniciou o pro- anos de idade, que consumiram exclusivamente a á-

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 52

gua distribuída pela Estação de Tratamento. Os exa- um cirurgião dentista ou ASB (ACD) das 99 Unidades
mes foram realizados no próprio domicílio, sob ilumi- Básicas de Saúde (UBS) que prestam serviço odonto-
nação natural, com auxílio de espelho bucal e sonda lógico.
OMS. Os códigos e critérios recomendados pela OMS Resultados: Do total, foram enviados 53 questioná-
foram utilizados para o exame da condição da coroa rios. Em relação ao uso de EPIs, em 56,60% o uso do
dentária de dentes permanentes e decíduos. Os resul- gorro não é rotineiro, Possuem dispositivos para des-
tados foram processados no programa Epibuco (Mi- carte de pérfuro-cortantes, 88,67% das unidades, ape-
crosoft Visual FoxPro), obtendo-se os índices ceod / nas 37,73% utilizam saco branco leitoso para descarte
CPOD para cada idade. O Programa Epi-info 3.2 foi de lixo biológico. Em 32,07% das unidades já ocorre-
utilizado para a análise estatística dos resultados. ram acidentes com pérfuro-cortantes, e em 77,35%
Resultados: Foram examinados 656 indivíduos: 141 não existe protocolo a ser seguido nessas ocasiões.
com 5 anos de idade, 111 com 12 anos, 270 com 15 a Em 94,33% o processamento dos artigos é realizado
19 anos e 134 com 35 a 44 anos. Verificou-se que, 52 nos consultórios, mesmo em unidades com mais de
anos após a adição de flúor à água de abastecimento um consultório, sendo a limpeza e processamento
de Baixo Guandu, o índice CPOD aos 12 anos apre- realizado em área comum (67,92%). O produto mais
sentou declínio, passando de 8.61 (em 1953) para 1.55 utilizado na limpeza dos artigos é o detergente domés-
(em 2005). Tem-se, portanto, um percentual de redu- tico (43,30%), o sabão em barra (18,86%) e o deter-
ção da cárie dentária 82%. Em 1953, das 101 crianças gente doméstico juntamente com o hipoclorito
com 12 anos de idade examinadas, somente 2 eram (15,08%). A esterilização, em 52,83%, é realizada em
livres de cárie. Em 2005, das 111 crianças examina- estufa e apenas 18,86%, utilizam a estufa e autoclave
das, 52 eram livres de cárie. conjuntamente. As ASBs (ACDs); de 58,49% unida-
Conclusão: Pode-se concluir que a fluoretação das des, não possuem formação adequada.
águas de abastecimento público do município de Bai- Conclusão: Com base nas respostas, podemos con-
xo Guandu, contribuiu de forma significativa para cluir que o gorro é pouco utilizado pelos profissionais;
melhoria do padrão epidemiológico da cárie dentária o uso de dispositivo para descarte de pérfuro-cortante
no município, além de ter servido como estímulo para não é realidade em todas as unidades, bem como o
que outros municípios brasileiros adotassem o méto- uso do saco de lixo branco leitoso, próprio para o lixo
do, em função dos benefícios obtidos pela população. biológico; não existe nas unidades fluxograma a ser
seguido frente a um acidente com pérfuro-cortante;
P160 - Controle de infecção nos serviços odontoló- não existe padronização nos processos de limpeza,
gicos de Campos dos Goytacazes, RJ-2005. processamento e esterilização dos artigos, e que estes
processos são realizado em área comum nos próprios
Aracélie Mayerhoffer ( DAO- SMS- Prefeitura Muni-
consultórios; os produtos utilizados para limpeza dos
cipal de Campos dos Goytacazes-RJ).
artigos não são os recomendados; o autoclave não é
Introdução: Grande parte dos brasileiros não recebe
utilizado em todas as unidades e as sugestões mais
tratamento odontológico e dados do IBGE, indicam citadas foram: cursos de capacitação para as ASB
que, até 2004, 30 milhões de brasileiros nunca tinham (ACD); fornecimento contínuo dos insumos utilizados
ido ao dentista. De posse desses dados, o governo no controle de infecção e manutenção dos equipamen-
federal desenvolveu uma política estruturada com o tos de forma freqüente.
objetivo de ampliar e garantir a assistência odontoló- P162 - Levantamento epidemiológico em saúde
gica à população, criando um programa que oferece bucal realizado em 8 unidades de Saúde da Família
tratamentos especializados. Aliado a essa proposta, o na zona leste do município de São Paulo.
atendimento primário da rede básica continua a ser
prioridade e a prestação dos serviços nos consultórios Julie Silvia Martins, Sílvio Carlos Coelho de Abreu,
odontológicos com qualidade, deve obedecer às nor- Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades Santa
mas e rotinas técnicas, dentro dos fluxos corretos. Isso Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).
leva a uma prática da Odontologia dentro dos princí-
pios de biossegurança e ética profissional, com um Introdução: O levantamento epidemiológico em saú-
efetivo controle de infecção cruzada. de bucal é uma importante ferramenta para conhecer
Métodos: Foi realizada uma pesquisa, por meio de as condições de saúde bucal de uma determinada po-
um questionário com 43 questões fechadas e uma pulação. A possibilidade de realizar-se um levanta-
questão aberta para sugestões, a ser respondido por mento epidemiológico em uma área vinculada a uma

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 53

equipe de saúde da família envolvendo os diversos o planejamento do trabalho a ser desenvolvido em


grupos etários possibilita conhecer os problemas rela- 2006 e também serão apresentadas de forma detalhada
tivos à saúde bucal da população cadastrada e planejar em relatórios a serem encaminhados ao gestor muni-
as ações de acordo com a realidade local. A Residên- cipal e ao Ministério da Saúde.
cia Multiprofissional em Saúde da Família, projeto Conclusão: O trabalho favoreceu o aprendizado dos
este financiado pelo Ministério da Saúde e desenvol- residentes em relação ao manejo do instrumental epi-
vido em parceria com a Casa de Saúde Santa Marceli- demiológico e permitiu que os mesmos traçassem um
na / Faculdade Santa Marcelina possibilitou concreti- perfil de saúde bucal da população cadastrada à sua
zar tal situação e o presente trabalho apresentar em área de atuação, possibilitando que os mesmos desen-
linhas gerais o projeto desenvolvido, com os princi- volvessem o planejamento pautado na realidade local.
pais resultados.
Métodos: O levantamento epidemiológico em saúde P174 - Situação vacinal dos profissionais de Odon-
bucal foi realizado em 8 unidades de saúde que de- tologia da rede pública de Campos dos Goytacazes,
senvolvem a estratégia saúde da família, localizadas RJ- 2005.
na zona leste do município de São Paulo, durante o
Aracélie Mayerhoffer (DAO- SMS- Prefeitura Muni-
ano de 2005. As unidades participantes do estudo têm
cipal de Campos dos Goytacazes).
em comum o fato de terem recebido residentes da área
de saúde bucal da Residência Multiprofissional em Introdução: Estudos, realizados nas últimas décadas,
Saúde da Família em suas equipes. O levantamento vêm demonstrando o risco dos profissionais da odon-
foi baseado nas normas preconizadas pela Organiza- tologia (CD, ASB, TSB, TLP) em contraírem doenças
ção Mundial de Saúde (4.ª ed.), tendo também como ocupacionais, resultantes de exposições a certos agen-
referência de um modo especial o “Projeto SB 2000 - tes químicos, físicos e biológicos. Dentre os biológi-
Condições de Saúde Bucal da População Brasileira no cos, a preocupação maior, são os agentes patogênicos
Ano 2000”- Ministério da Saúde. Para a condição de do sangue, responsáveis por doenças como hepatites
tecidos moles e risco à cárie utilizou-se os códigos e B, C e a AIDS. A hepatite B possui uma incidência
critérios propostos pela Secretaria de Estado da Saú- maior nesses profissionais, quando comparados com
de. O critério de inclusão foi o indivíduo estar cadas- outros da área de saúde e, uma prevalência maior do
trado na área vinculada à equipe e ter 5, 12, 18, 40 ou que na população em geral. Dentre as doenças citadas,
70 anos. Foi observado durante o exame: uso e neces- a única, até o momento, a possuir vacina é hepatite B.
sidade de prótese; fluorose dentária; anormalidades O seu fornecimento é garantido nos serviços públicos
dento-faciais; cárie e necessidade de tratamento; do- para os profissionais de saúde, sendo um meio eficaz
ença periodontal; alteração em tecidos moles; risco à de prevenção da doença, bem como, de controle de
cárie; índice anamnésco de Helkimo. Os dados foram infecção nos consultórios odontológicos.
analisados pelo programa EPI INFO versão 3.2 . Os Métodos: Com o propósito de conhecer a situação
residentes realizaram todas as fases do levantamento vacinal dos profissionais de odontologia do município
desde a identificação dos indivíduos até o relatório de Campos dos Goytacazes, foi distribuída aos fun-
final. cionários da rede municipal, (460 CDs e 90 ASB),
Resultados: Foram examinados 1.673 indivíduos,
uma ficha com questões referentes à vacinação, onde
489 (5 anos); 439 (12 anos); 385 (18 anos); 273 (40 a identificação se limitava ao primeiro nome do pro-
anos); 87 (70 anos). Entre as crianças de 5 anos de fissional e o nome da unidade. Foram perguntadas
idade 57,1% encontravam-se livres de cárie e a média quantas doses da vacina contra a hepatite B haviam
do ceo-d foi de 1,5. O CPO-D médio aos 12 anos foi recebido; se conheciam a resposta vacinal (teste anti-
de 1,4. Entre os jovens com 18 anos de idade 78,5% Hbs) e se haviam recebido imunização contra tétano e
não perderam nenhum dente permanente, porém este difteria.
percentual variou conforme a região entre 94,6% e Resultados: Do total de 550 profissionais, apenas
65,5%. Entre os indivíduos com 40 anos de idade 242 (44%) responderam as questões e dentre esses,
59,3% tinham 20 ou mais dentes, sendo que em 2 uni- 81% eram do sexo feminino e 19% do sexo masculi-
dades estudadas foi atingida a meta da OMS / FDI no. Apesar de não ter se questionado a categoria pro-
para o ano de 2000 de 75% ou mais de adultos nesta fissional, 38% eram Cds, 8% ABSs e 54% não especi-
idade com 20 dentes ou mais. Entre os idosos com 70 ficaram sua categoria. E m relação a vacinação contra
anos de idade apenas 6% apresentavam 20 dentes ou hepatite B, 70% disseram terem tomado as três doses
mais, e 65,5% apresentavam-se edêntulos. As infor- recomendadas; 14% duas doses, 10% apenas uma
mações obtidas foram utilizadas pelos residentes para

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 54

dose, 3% disseram não terem se vacinado e 3% não representa 42,4% do índice. No exame periodontal,
responderam. Quanto a conhecer a resposta vacinal, 54,1% dos sextantes observados apresentam algum
25% disseram que sim, 47% que não e 8% não res- agravo, sendo que o mais freqüente é o cálculo dental
ponderam. Em relação a vacinação contra tétano e com 32,2%. No grupo dos idosos (65 a 74 anos de
difteria, 84% disseram estar vacinados e 16% não. idade), o índice CPO-D é de 26,7 sendo que o compo-
Conclusão: Esses números mostram que profissio- nente P (perdido) representa 88% do índice, e 50%
nais de saúde bucal ainda estão sem cobertura vacinal dos idosos são desdentados totais.
contra a hepatite B, colocando em risco a sua saúde e, Conclusão: Em relação à atenção, sugere-se proce-
mesmo quando vacinados, muitos não realizam o testa dimentos coletivos com a educação em saúde, a uni-
anti-Hbs. É necessário que os gestores criem estraté- versalização do Fluoretação da água de abastecimento
gias, objetivando orientar os profissionais da impor- público. Formas alternativas de fluoretação e fluorte-
tância desse meio eficaz de prevenção, implantando rapia devem ser praticadas segundo o risco, nos locais
juntamente, uma cultura de valorização do homem e onde não há água de abastecimento público. Os dados
sua qualidade de vida, considerando também, a perda obtidos poderão servir como valioso instrumento epi-
econômica e produtiva acarretada com o afastamento demiológico para subsidiar o planejamento, controle e
em caso adoecimento. avaliação dos programas de atenção em saúde bucal
praticados no município visando à promoção, prote-
P178 - Levantamento epidemiológico das condições ção e recuperação da saúde em consonância com os
de saúde bucal no município de São Pedro. princípios e diretrizes do SUS.
Marta Tiemi Omuro (FUNDECTO / FOUSP), André R002 - Campanha de prevenção e diagnóstico pre-
Luiz Menato (FUNDECTO / FOUSP), Ricardo Féder coce do câncer bucal, Santo André, 2006.
Capello (FUNDECTO / FOUSP), Antônio Carlos Fri-
as (FUNDECTO / FOUSP), Vladen Vieira Leila Aparecida Cheachire (Prefeitura Municipal de
(FUNDECTO / FOUSP). Santo André), Célia Aparecida Ducci Fernandes
Chaer (Prefeitura Municipal de Santo André), Adria-
Introdução: Realizado em agosto de 2005 pelos alu- na Delboni Barreto (Associação Paulista de Cirurgi-
nos do curso de especialização em Saúde Coletiva da ões Dentistas – Santo André).
FUNDECTO – FO-USP), o primeiro Levantamento
Epidemiológico das Condições de Saúde Bucal exa- Introdução: O câncer de boca é uma importante cau-
minou crianças e adolescentes matriculados em esco- sa de óbitos entre os indivíduos em idade produtiva no
las públicas, adultos e idosos usuários das unidades Brasil, apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico
básicas de saúde da rede pública e asilos no município e curável em sua fase inicial. No entanto, cerca de
de São Pedro, SP. 80% dos pacientes chegam aos serviços em estágio
Métodos: A amostra foi do tipo probabilística, amos- avançado da doença, implicando em cirurgias com-
tra casual simples para as idades de 5, 12 anos e de 15 plexas e mutilações que provocam deformidades, im-
a 19 anos e amostragem não probabilística por conve- pedindo o paciente de levar uma vida normal, e não
niência nos grupos etários de 35 a 44 anos, e de 65 a raro, poucas possibilidades de sobrevivência. O núme-
74 anos. A metodologia adotada neste levantamento ro de pessoas atingidas pelo câncer bucal aumenta a
foi a preconizada pela 4ª. edição da OMS. cada ano. O Brasil ocupa o 4º lugar em incidência no
Resultados: Das crianças de 5 anos de idade exami- mundo e cerca de 10% dos tumores malignos do cor-
nadas, 42% estão livres de cárie dentária na dentição po humano, em brasileiros, estão localizados na boca
decídua e o ceo-d foi de 2,8, onde 86,9 % do índice é (INCA). A sobrevida dos pacientes está diretamente
composto por dentes cariados. Aos 12 anos o CPO-D relacionada com a extensão da doença. O diagnóstico
é de 2,96, sendo 75,1% do índice composto por dentes precoce é a única condição capaz de permitir a redu-
restaurados, e 29,6% das crianças nesta idade estão ção da taxa de mortalidade. Diante destas informações
livres de cárie dentária na dentição permanente. No e preocupados com os números alarmantes sobre a
exame periodontal apenas 15,2% das crianças têm incidência do câncer bucal no Brasil a Secretaria Mu-
todos os sextantes sadios. No grupo de 15 a 19 anos o nicipal de Saúde e Associação Paulista de Cirurgiões-
CPO-D é de 6,63, com 77% correspondente ao com- Dentistas de Santo André realizaram a I Campanha de
ponente O (obturado). 53,1% dos examinados apre- prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal e a
sentam cálculo dental. No grupo de 35 a 44 anos o mesma vem se repetindo anualmente. Objetivos:
índice CPO-D é de 21,8 e o componente P (perdido) conscientizar a população e os profissionais da saúde,

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 55

alertando-os que o câncer bucal existe e que é tão no- Resultados: Houve comparecimento de 90% das
civo como os demais tipos; estimular o auto-exame; crianças agendadas, acompanhada de seus pais, sendo
diagnosticar e encaminhar precocemente as lesões realizadas as orientações e encaminhamento da crian-
detectadas. ça ao pediatra da UBS, visando diagnosticar altera-
Métodos: Foram os seguintes: capacitações específi- ções na adenóide. Às crianças com hábito de sucção
cas para as equipes de saúde bucal, graduandos em foram mostradas fotografias contendo imagens de
odontologia e voluntários leigos; divulgação nos di- mordida aberta, com posterior orientação aos pais e às
versos meios de comunicação; confecção de folders crianças para a necessidade de interrupção do hábito,
educativos; exames clínicos realizados em tendas lo- visando à prevenção de má-oclusão e o uso de apare-
calizadas em pontos estratégicos da cidade, em UBS, lhos ortodônticos corretivos.
casas de repouso, SESI, SEST / SENAT, Supermer- Conclusão: Técnicas caseiras para largar a chupeta e
cado Pão de Açúcar, Paço Municipal e SEMASA; parar de chupar o dedo foram ensinadas e as crianças
reavaliação dos casos suspeitos e exames complemen- que não conseguiram se libertar do hábito, foram en-
tares na APCD, realizada por dentistas e graduandos caminhadas para a clínica de odontopediatria para
voluntários com supervisão de especialistas em se- colocar o aparelho móvel. São dois anos de desenvol-
miologia; encaminhamento das biópsias para a vimento desse trabalho e o resultado tem sido muito
FOUSP; encaminhamento dos casos positivos para gratificante.
tratamento em serviços de referência; realização do
tratamento das lesões não cancerizáveis (cirúrgico e / R036 - A efetividade da utilização de critérios de
ou medicamentoso). risco de doenças bucais no planejamento de ações
Resultados: 2001 - 2 800 exames; 3 casos positivos- coletivas e individuais em saúde bucal.
3 722 exames; 2 casos positivos- 5 186 exames; 1
Maria da Candelária Soares, Regina Auxiliadora
caso positivo- 5 999 exames; 2 casos positivos2005 -
Amorim Marques, Fernanda Lúcia de Campos, Cás-
9 445 exames; 5 casos positivos
sia Liberato Muniz Ribeiro, Dalila Aparecida No-
Conclusão: A campanha vem alcançando seus obje-
gueira e Doralice Severo da Cruz (Área Técnica de
tivos, como: profissionais de saúde e população cons-
Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de
cientizados, aumento do número de casos suspeitos
São Paulo SMS - SP).
encaminhados para o serviço municipal de referência
durante todo o ano, ampliação da campanha com ade- Introdução: O planejamento das ações de saúde bucal,
são de novos parceiros, aumento do número de exa- quer individuais, quer coletivas, é um constante desafio
mes e a mesma passou a fazer parte do planejamento para o gestor municipal, pois os recursos físicos e hu-
anual da Secretaria de Saúde. manos quase sempre são insuficientes para as necessi-
R035 - Diagnóstico e prevenção de maus hábitos dades apresentadas pela população. Desta forma, a
em crianças de 3 a 5 anos. utilização de critérios de risco social e biológico é ne-
cessária para a otimização dos recursos disponíveis e
Regina Léa França de Held (PSF Bucal Araçatuba SP), para a determinação do tipo de atendimento requerido
Dirce Sato Shimada (Chefe do Sev Odonto Araçatuba SP). pela demanda, pois possibilita organizá-la segundo seu
perfil de saúde-doença, além de seu perfil social.
Introdução: O objetivo deste relato de experiência é Métodos: A Secretaria Municipal de Saúde de São
diagnosticar maus hábitos em crianças, como respira- Paulo (SMS) vem implementando a utilização de cri-
ção bucal, sucção de dedo e chupeta. Orientando os térios de rico às principais doenças bucais, conforme
pais que muitas vezes nem percebem o mau hábito o proposto pela Secretaria de Estado da Saúde de São
existente, com objetivo da prevenção da má oclusão Paulo em 2001. Estes se baseiam na experiência ante-
na dentição permanente. rior e atual de cárie dentária, doença periodontal e
Métodos: Crianças de 3 a 5 anos de idade matriculadas patologias do tecido mole. Esses critérios foram utili-
em uma EMEI e crianças que participaram da campanha zados na I Semana de Saúde nas Escolas promovida
de vacinação contra poliomielite foram examinadas e pelo Programa Escola Promotora de Saúde de 09 a 13
quando diagnosticado o mau hábito os pais ou responsá- de maio de 2.005, numa parceira entre a SMS e Secre-
vel receberam um cartão com agendamento para ir a taria Municipal de Educação em 40 instituições muni-
unidade básica de saúde (ambulatório odontológico) cipais (creches, escolas de educação infantil e de en-
para receber orientação. Os materiais usados foram: sino fundamental), localizadas em áreas de maior ex-
espátula de madeira e luvas descartáveis e fotos de revistas. clusão social.

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 56

Resultados: Realizaram-se atividades preventivas e realização de ações de educação em saúde, prevenção


educativas e inspeção bucal em 17.034 mil crianças, e inspeção bucal durante a campanha de vacinação
identificando-se 41,6% como de baixo risco, 22,7% dos idosos contra a gripe, realizada anualmente. O
como de médio risco e 35,7% como de alto risco à município de São Paulo aderiu a essa proposta e o
cárie dentária, sendo 3,7% referente a tratamento de número de pessoas examinadas anualmente foi cres-
urgências, 22% referentes à necessidade de tratamento cente. Em 2005, a campanha desenvolveu-se em três
restaurador e 10% referentes a tratamento preventivo fases: (1) ações educativas e inspeção bucal dos ido-
intensivo. sos durante a campanha de vacinação; (2) retriagem
Conclusão: Esses resultados, em que pese não obe- dos indivíduos identificados com algum tipo de lesão
decer a inspeção bucal a rigores metodológicos de dos tecidos moles, realizada por um especialista em
estudos epidemiológicos, assemelham-se ao que foi semiologia / estomatologia e encaminhamento para
encontrado no levantamento epidemiológico realizado tratamento, quando necessário e (3) avaliação dos
em 2002 na cidade de São Paulo e apontam também encaminhamentos realizados.
para uma concordância com a literatura científica, Resultados: Na primeira fase foram examinados
segundo a qual em populações que já fazem uso de 106699 idosos, representando 42,1% dos exames rea-
métodos preventivos de cárie dentária, sistêmicos e ou lizados em 317 municípios do estado que participaram
tópicos, observa-se o fenômeno da polarização da do projeto. Isso implicou na cobertura de 16,4% dos
cárie dentária em torno 30,0%. Por outro lado, a utili- vacinados na cidade. Verificou-se a necessidade de
zação dos critérios de risco permitiu de forma rápida retriagem em 9,6% dos examinados. Na retriagem,
planejar as atividades educativas, preventivas e de 52,5% dos idosos tiveram seu problema resolvido por
tratamento, conforme as necessidades de cada indiví- meio de biópsias (5,8%), tratamento cirúrgico (3,2%),
duo. Esses critérios encontram-se implementação em tratamento medicamentoso (9,6%), conduta expectan-
toda rede básica de saúde do município, incluindo os te (16,9%), remoção de fatores traumáticos (7,6%) e
locais com Programa de Saúde da Família. outros (9,4%) e foram diagnosticados 26 casos de
câncer bucal (0,3%), sendo que os pacientes encon-
R037 - Diagnóstico precoce e prevenção do câncer tram-se em tratamento.
bucal durante a campanha de vacinação dos idosos Conclusão: Esses resultados indicam a validade da
na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo em continuidade desse projeto, uma vez que, durante a
2005 campanha de vacinação, podem ser captados idosos
que usualmente não freqüentam a unidade de saúde. A
Maria da Candelária Soares, Fernanda Lúcia de
avaliação das condições de tecidos moles deve ser,
Campos, Regina Auxiliadora Amorim Marques, Cás-
contudo, rotineira, na rede básica, para toda a popula-
sia Liberato Muniz Ribeiro, Dalila Aparecida No-
ção adulta e idosa.
gueira, Doralice Severo da Cruz, Caio Marcio Fillip-
pos e Gustavo Alexandre (Área Técnica de Saúde R046 - Levantamento epidemiológico de saúde bu-
Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo) cal em áreas com e sem fluoretação das águas de
abastecimento público, Itapecerica da Serra, SP,
Introdução: O câncer de boca é uma denominação que 2005.
inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa
bucal, gengivas, palato duro, língua e assoalho da bo- Luciana H. Isuka (Pref. Itap. da Serra), Lucimary M.
ca). O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas Silva (Pref. Itap. da Serra), Antonio C. Frias
brancas e registra maior ocorrência no lábio inferior em (FOUSP).
relação ao superior. O câncer em outras regiões da bo-
ca acomete principalmente tabagistas e os riscos au- Introdução: A fluoretação das águas de abastecimen-
mentam quando o tabagista faz uso também do álcool. to público é o principal método preventivo de cárie
Um dos aspectos relacionados ao câncer bucal é a falta dentária, pois reduz a sua prevalência em 60% em
de diagnóstico precoce, o que determina, para aqueles média. Itapecerica da Serra conta com a fluoretação
que sobrevivem, severas mutilações. desde o ano de 1983, porém existem áreas que não
Métodos: Para estimular a realização de ações de são beneficiadas pela rede de abastecimento, privando
educação e prevenção do câncer bucal, bem como sua população de benefícios básicos de promoção de
capacitar os cirurgiões-dentistas da rede básica de saúde. Este estudo teve por objetivo estimar a preva-
saúde a realizarem seu diagnóstico, a Secretaria de lência de cárie dentária e fluorose, a necessidade de
Estado de Saúde de São Paulo propôs, em 2001, a tratamento e avaliar o perfil de oclusão das crianças

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 57

de 5 e 12 anos de idade. Visou também uma diferen- prejuízo da saúde bucal desta parcela da população e
ciação das condições de saúde bucal dessas crianças requer que medidas urgentes sejam tomadas, a fim de
em regiões com e sem fluoretação. atender a princípios doutrinários do SUS, como a uni-
Métodos: Este estudo foi realizado em Itapecerica da versalidade e a equidade.
Serra, SP, de agosto a dezembro de 2005. A popula-
ção alvo foram as crianças de 5 e 12 anos das escolas R059 - Levantamento da prevalência de cárie em
públicas do município. As variáveis estudadas foram: comunidade ribeirinha da Amazônia, assistida pelo
cárie dentária, necessidade de tratamento, fluorose e Projeto Napra.
má-oclusão. Para que fosse possível uma comparação
entre as áreas com e sem fluoretação foi realizada uma Yara Janaina Viana Lima Lido (Faculdade de Odon-
pré-estratificação da amostra. Sendo assim, estipulou- tologia de Piracicaba – UNICAMP)Beatriz Balduino
se uma amostra de 100 crianças de cada faixa etária Ferraz da Silva (Faculdade de Odontologia de Pira-
para cada uma dessas duas regiões. Os instrumentos cicaba – UNICAMP)Dagmar de Paula Queluz (Fa-
utilizados para a coleta de dados foram os propostos culdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP).
pela OMS na 3ª edição de “Levantamentos básicos em
saúde bucal”. Para cárie foram utilizados os índices Introdução: O Napra (Núcleo de Apoio a População
ceo e CPO-D, e para a fluorose o de Dean modificado. Ribeirinha da Amazônia) é uma organização não go-
Para a calibração foi utilizada a técnica do consenso e vernamental que atua na região do baixo Rio Madeira
o cálculo do erro interexaminadores foi feito de acor- (RO) há mais de 10 anos em três grandes linhas: Edu-
do com o método do “gold standard”. O instrumental cação, Saúde e Desenvolvimento sustentável. As a-
utilizado foi o espelho plano nº 5 e a sonda CPI, a ções e projetos de atuação são planejados com base
ficha utilizada para coleta de dados foi elaborada ex- nos dados epidemiológicos e nas necessidades senti-
clusivamente para este estudo. O processamento de das pela população. Esse levantamento foi realizado
dados e sua análise estatística foram feitos com o pro- na Comunidade do Cuniã que está dividida em quatro
grama Epiinfo, versão 5.0. núcleos, somando 152 famílias que não fazem parte
Resultados: Todos os quatro grupos estudados atin- do PSF (Programa de Saúde da Família) e dista 2 ho-
giram uma amostra mínima de 80 elementos amos- ras e 30 minutos de trilha, da UBS mais próxima. O
trais, sendo que no total foram efetivamente examina- objetivo do estudo foi verificar a distribuição e seve-
das 337 crianças, representando 84,25% da amostra ridade da doença cárie, tornando possível diagnosticar
inicial. O ceo da região sem fluoretação foi 1,5 maior e medir as necessidades de atenção em cada faixa etária.
que na outra (2,96 e 1,46 respectivamente), o CPO-D Métodos: O levantamento foi realizado no pátio da
foi 0,92 maior (2,47 e 1,55) e a porcentagem de crian- escola Francisco Braga, localizada no núcleo central
ças livres de cárie aos 5 anos foi quase a metade do Costa Silva no mês de julho / 2005, durante as férias
que a encontrada na área com fluoretação (31,3% e escolares. O convite para o dia do levantamento, onde
62,5%). No que diz respeito às necessidades de trata- também foram realizadas atividades interdisciplinares
mento, mais de 60% delas se concentram na região de promoção em saúde, deu-se durante as visitas do-
não fluoretada e a demanda é de serviços curativos. miciliares. Os exames foram realizados com espátula
Na região sem fluoretação só foi encontrada fluorose de madeira e sem secagem, como preconizada pela
na idade de 12 anos (8,8% das crianças na categoria OMS, após a escovação supervisionada. Estiveram
muito leve), já na região com flúor, foram encontradas presentes 104 crianças na faixa etária de 05 a 12 anos.
6,4% das crianças de 5 anos com fluorose muito leve Resultados: Resultados: O índice ceo-d para a faixa
e leve e 27,7% das de 12 anos com nível muito leve. etária de 5-6 anos (29,1%) foi de 4,66, categorizado
Na avaliação da má-oclusão só foram avaliados os como alto. O índice CPOD para a faixa etária de 7-10
dados gerais do município, sendo que 28,6% e 42,5% anos (43,6%) foi de 2,21 e para a faixa etária de 11-12
das crianças de 5 e 12 anos, respectivamente, apresen- anos (2,3%) foi de 2,36, ambos considerados muito
taram algum tipo de má-oclusão. baixos.
Conclusão: Analisando-se todos os resultados obti- Conclusão: Os resultados são representativos para
dos ficou clara a diferença entre as regiões com e sem essa comunidade isolada geograficamente com acesso
fluoretação das águas de abastecimento público. As restrito ao atendimento odontológico e aos benefícios
crianças que não têm acesso a esse tipo de benefício do flúor. Quando comparado com a média da macro
têm de 1 a 1,5 dente atacado por cárie a mais do que região Norte, para 5 anos (3,22), o índice ceo-d sugere
as demais e concentram mais de 60% das necessida- necessidade de ações voltadas à conscientização ma-
des de tratamento odontológico. Isto demonstra um terna e aos cuidados relacionados à amamentação e

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 58

higienização dos dentes decíduos; na idade de 12 anos cia, no intuito de diminuir a necessidade de tratamen-
a comunidade mostrou-se abaixo do índice regional to vigente, controlando a doença já instalada e preve-
(3,13). O mesmo ocorre quando usamos as médias nindo o aparecimento de lesões futuras. A população
nacionais para comparação. em média, atingiu as metas preconizadas pela OMS
para 5 e 12 anos.
R064 - Programa educativo-preventivo em escolas
de ensino fundamental do município de Campinas. R071 - Oclusão em um grupo de escolares de 5 a 14
anos da rede pública do município de Limeira - SP.
Rosângela Zanetti (FO-SLMandic), Joice Santin (FO-
SLMandic), Flávia Martão Flório (FO-SLMandic), Viviane Azenha, Denise Maria de Oliveira (Assesso-
Rui Barbosa de Brito Júnior (FO-SLMandic). ria Departamental Odontológica Municipal - PML),
Maria da Luz Rosário de Sousa (Depto O. Social -
Introdução: Os levantamentos básicos de saúde bucal FOP-Unicamp).
são definidos como estudos para a coleta de informa-
ções básicas sobre o estado de doenças bucais e ne- Introdução: Durante o crescimento e desenvolvimen-
cessidades de tratamento da população. É através da to dos músculos da face e ossos maxilares no período
realização destes levantamentos, que são coletados da infância e da adolescência pode ocorrer o apareci-
dados confiáveis para o planejamento, controle e ava- mento de anomalias, como por exemplo: as oclusopa-
liação dos programas de saúde bucal. O objetivo este tias; as quais podem produzir desvios estéticos nos
estágio extra-muro foi conhecer as condições de saúde dentes e / ou face, distúrbios funcionais na oclusão,
bucal dos escolares avaliados, através do índice de mastigação, deglutição, fonação, e respiração, até
CPO-D, permitindo o planejamento das ações educa- transtornos psicossociais com potenciais repercussões
tivo-preventivas a serem desenvolvidas, enfocando-se na auto-estima e no relacionamento interpessoal dos
a importância desses procedimentos na promoção e indivíduos afetados. O objetivo deste trabalho foi ve-
manutenção de saúde bucal da população, além de rificar a oclusão em um grupo de escolares de 5 a 14
proporcionar o contato com a prática da Odontologia anos da rede pública do município de Limeira em
Comunitária aos alunos da Faculdade de Odontologia 2004.
São Leopoldo Mandic, preparando-os para o contato Métodos: O cálculo amostral foi de acordo com a
com a população e a promoção da educação em saúde prevalência de cárie obtida em estudos anteriores em
bucal em seu sentido mais amplo. todas as escolas (n=59) totalizando 6.313 alunos. Foi
Métodos: O projeto foi realizado em quatro institui- utilizado o método randomizado através da lista dos
ções do município de Campinas, no ano de 2005, e alunos, segundo sexo e idade. Os cinco CD examina-
constou com etapa de calibração, execução de exames dores e três THD anotadores envolvidos no levanta-
em crianças autorizadas pelos responsáveis e encami- mento epidemiológico foram submetidos a 8 horas de
nhamento para tratamento emergencial da Faculdade. treinamento prático, com a finalidade de se obter pa-
Foram examinadas 452 crianças, com idade variando drões de reprodutibilidade. O índice utilizado para
de 6 a 16 anos. este levantamento epidemiológico foi o da Organiza-
Resultados: Os resultados mostram que aproximada- ção Mundial da Saúde: 0 - nenhuma anormalidade ou
mente 50% da prevalência de cárie da população avali- má-oclusão; 1 - muito leve / leve (um dente com giro-
ada era representada pela história presente da doença versão ou ligeiro apinhamento ou espaçamento dentre
com crianças apresentando até 4 dentes permanentes e os dentes) e 2 - moderada / severa (há presença de
6 dentes decíduos com necessidade de tratamento o- uma ou mais das seguintes condições nos quatro inci-
dontológico tradicional. Em relação às metas da Orga- sivos anteriores causadoras de um defeito inaceitável
nização Mundial da Saúde (OMS) recomendada para o sobre a aparência facial, ou uma significativa redução
ano 2000, para a idade de 12 anos, verifica-se que as da função mastigatória, ou problemas fonéticos):
crianças apresentavam em média 0,9 dentes com histó- transpasse horizontal maxilar estimado em 9 mm ou
ria da doença, tendo atingido as metas recomendadas mais; transpasse horizontal mandibular, mordida cru-
pela OMS. Com relação à população de 6 anos, verifi- zada anterior igual ou maior que o tamanho de um
cou-se que 42,86% eram livres de cárie. dente; mordida aberta; desvio de linha média estima-
Conclusão: Conclui-se a importância de um direcio- do em 4 mm ou mais; e apinhamento ou espaçamento
namento das ações à primeira infância, envolvendo estimado em 4 mm ou mais.
também o núcleo familiar, uma vez que a participação Resultados: Do total de crianças examinadas, apro-
dos pais nesta faixa etária é de primordial importân- ximadamente 75% tinha algum tipo de má-oclusão.

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Sendo que 25,10% das crianças não apresentavam Disciplina de Estomatologia da Faculdade de Odonto-
má-oclusão, 37,87% tinham má-oclusão muito leve ou logia da Universidade de Santo Amaro (UNISA), on-
leve (tipo 1) e 37,03% com má-oclusão moderada ou de foram submetidos a minucioso exame clínico e
severa (tipo 2). coletados dados referentes à prevalência das lesões de
Conclusão: Apesar da maioria dos escolares apresen- boca mais freqüentes, relacionadas ao sexo e idade
tarem alterações oclusais, até os 14 anos, somente dos participantes da amostra.
37,03% é classificado como severo (tipo 2), grupo que Resultados: Através dos dados obtidos neste estudo,
necessitaria de um tratamento curativo prioritário. pode-se ter uma idéia das doenças bucais mais co-
Porém, a somatória dos tipos (1 e 2) entre as idades de muns dos pacientes que procuram as unidades básicas
5 a 9 anos já representam 38% do total de oclusopati- de saúde, da região de Santo Amaro. Nesse sentido, as
as, onde ressaltamos então a importância da interven- patologias encontradas são semelhantes às lesões ob-
ção precoce juntamente com medidas educativas auxi- servadas na população em geral, com a mesma faixa
liando, como por exemplo; na remoção de hábitos etária e sexo.
nocivos. Isto ajudaria não só a reduzir o custo com o Conclusão: Concluiu-se que: a doença de maior pre-
tratamento curativo como também diminuiria o núme- valência na população estudada foi a hiperplasia fi-
ro de casos severos no futuro. brosa inflamatória (30,9%); a hipertensão atinge
58,18% dos pacientes, e a diabete mellitus de ambos
R081 - Levantamento epidemiológico dos pacientes os tipos, 23,63%; as doenças afetaram de maneira
encaminhados das unidades básicas de saúde da equivalente indivíduos de ambos os sexos (52,72%
Região Sul (Capela do Socorro, Parelheiros e M. eram mulheres e 47,27% eram homens); a maioria dos
Boi Mirim) para a Disciplina de Semiologia e Es- indivíduos (54,54%) encaminhados das UBS, para a
tomatologia da Universidade de Santo Amaro. universidade possuíam mais de 65 anos e que as dis-
ciplinas de Semiologia e Estomatologia mostraram ser
Fabio Masuko Carrion Alvarado (Universidade de eficientes no diagnóstico das diversas patologias bu-
Santo Amaro; Sociedade Paulista de Estomatologia e cais apresentadas, relacionando os diagnósticos clíni-
Câncer Bucal); Eleonora Cristina Albertin Scavassini co e histológico. Com isso, observa-se que o trabalho
(Universidade de Santo Amaro; Sociedade Paulista
em parceria do setor público com as empresas priva-
de Estomatologia e Câncer Bucal); Artur Cerri (Uni-
das, demonstrou ser eficaz no que se refere às políti-
versidade de Santo Amaro; Sociedade Paulista de cas públicas, onde o maior beneficiário é a população.
Estomatologia e Câncer Bucal); Maricene Cerávolo
de Melo Ferreira (Coordenadoria de Saúde Bucal R087 - SEPTO - Serviço de educação, prevenção e
Região Sul da cidade de São Paulo); Sylvia Lavinia triagem odontológica participando da organização
Martini Ferreira (Universidade de Santo Amaro) da demanda das UBS.
Introdução: A parceria firmada entre a Assessoria de Adriana Fernandes (Prefeitura Municipal de Soroca-
Saúde Bucal da Coordenadoria Regional de Saúde Sul ba), Ana Paula D. Libório (Prefeitura Municipal de
e a Faculdade de Odontologia da Universidade de Sorocaba), Cíntia Garcia Mesquita (Prefeitura Muni-
Santo Amaro (UNISA), através da disciplina de Es- cipal de Sorocaba), Luiz Antonio Corsi (Prefeitura
tomatologia tem proporcionado aos pacientes das uni- Municipal de Sorocaba).
dades básicas de saúde, diagnósticos e tratamentos
mais seguros das lesões que comprometem primaria- Introdução: Diante da forte pressão da demanda da
mente ou secundariamente a cavidade bucal, propor- população sobre as agendas dos serviços odontológi-
cionando melhores prognósticos e contribuindo para cos com necessidades de tratamento acumuladas, o
uma melhor qualidade de vida. Os pacientes encami- município de Sorocaba adotou diversas medidas atra-
nhados das UBS são atendidos e tratados na disciplina vés de ações e programas para organizar a oferta de
de Estomatologia pelos alunos, sob a supervisão dos serviços odontológicos. Podemos ressaltar como cau-
professores. Com base nos dados epidemiológicos dos sa dessa demanda aumentada, o acesso a métodos
pacientes das UBS atendidos pela disciplina de Esto- preventivos coletivos como fluoretação das águas e
matologia, nos propusemos a estudar as lesões mais creme dental com flúor, preservando assim o órgão
prevalentes nesses pacientes. dental na arcada e aumentando as necessidades de
Métodos: O estudo realizado está baseado numa a- assistência. Também a universalização de serviços
mostra de 55 pacientes, de ambos os sexos e idades, odontológicos pela implantação do SUS e a maior
encaminhados das unidades básicas de saúde, para a consciência cidadã em saúde da população contribu-

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 60

em para o aumento contínuo da demanda. Estudos nada população, possibilitando planejar as ações pau-
mostram a relação entre condições sócio-econômicas tando-se na realidade local. Além desta importante
e doenças bucais, que polariza sua distribuição com vertente, pode-se utilizar também os dados para bus-
maior ocorrência e severidade na população de baixa car possíveis associações entre as condições de saúde
renda e também dificuldade de acesso para a faixa bucal encontradas com outras variáveis que caracteri-
etária de 0 a 6 anos no país, para tanto foram criadas zariam as condições de vida, aspectos culturais, com-
ações para atender essa faixa etária de forma integrada portamentais, entre outros. Com o objetivo de facilitar
com as UBS. o processo de digitação e análise dos dados do Levan-
Métodos: O serviço proposto conta como recursos tamento Epidemiológico em Saúde Bucal desenvolvi-
humanos, 2 cirurgiões-dentistas e 1 ACD que traba- do na Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-
lharam 220 dias (1.320 horas) no ano de 2005 em 47 mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade
pré-escolas municipais de Sorocaba, totalizando 7.195 Santa Marcelina (2005/2006) buscou-se recursos de
crianças de 0-6 anos de idade. O trabalho propõe es- informática que trabalhassem em ambiente “windows”.
covação supervisionada com gel fluorado em crianças Métodos: Optou-se por utilizar o programa EPI INFO,
maiores de 4 anos, exame clínico seguindo critérios que é de domínio público, na versão 3.2 de fevereiro de
da OMS em toda população escolar, trabalho educati- 2004. A partir dos recursos disponibilizados pelo pro-
vo com crianças, professores e pais, e encaminhamen- grama e utilizando muitas vezes o raciocínio aplicado
to agendado das necessidades assistenciais para a pelo prof. Eymar S. Lopes no programa de mesma na-
UBS. Foram utilizados espelhos clínicos, explorado- tureza, desenvolvido para a versão EPI INFO 5 conhe-
res, sonda periodontal, materiais educativos para tra- cido como EPIBUCO (1994), desenvolveu-se a “más-
balho tanto com professores, quanto para os alunos cara” para a entrada de dados. Os códigos utilizados
em classe e pais em palestra, além de impressos espe- para registro da condição observada foram os propostos
cíficos, além de luvas, máscaras gorros e material para pela OMS, exceto para “alteração em tecidos moles”,
assepsia e higiene. “risco de cárie” e “índice de Helkimo”. Diferentemente
Resultados: O serviço proposto examinou 7.195 cri- do EPIBUCO, a programação foi inserida na própria
anças de 0 a 6 anos, nas 47 escolas municipais, sendo “máscara” de entrada de dados, o que permite obter o
que 5.195 (72,11%) não apresentaram necessidade de valor das variáveis de interesse à medida que se proce-
tratamento, e 3.135 (27,89%) crianças apresentaram de a digitação. Tal medida teve por objetivo facilitar a
necessidade de tratamento e foram agendadas nas 26 análise dos dados por pessoas que não têm grande do-
UBS de Sorocaba. mínio sobre o uso do programa.
Conclusão: O SEPTO (Serviço de Educação Preven- Resultados: O instrumento construído possibilitou a
ção e Triagem Odontológica), além de fazer busca ati- inserção e apuração dos dados relativos a: identifica-
va na população pré-escolar 0-6 anos e propiciar 1 con- ção do indivíduo; uso e necessidade de prótese; fluo-
sulta / ano, com procedimentos preventivos e educati- rose dentária; índice de má-oclusão; índice de estética
vos, acaba com agilidade, organizando a entrada dessa dental (com cálculo automático do grau de severida-
demanda nas UBS, já que somente os que tem necessi- de); cárie dentária incluindo coroa e raiz (com cálculo
dade serão agendados para tratamento odontológico. do ceo e CPO-D); necessidade de tratamento (com
cálculo por tipo de necessidade); índice de alterações
R090 - Programa para entrada e análise de dados gengivais; índice periodontal comunitário (CPI) e
de levantamentos epidemiológicos de saúde bucal índice de perda de inserção periodontal (PIP) ambos
em EPI INFO 2000. com cálculo do n.º de sextantes por indivíduo, de a-
cordo com a condição observada e verificação da
Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / condição do pior sextante encontrado por indivíduo;
Faculdades Santa Marcelina), Adilmo Henrique do alteração em tecidos moles; risco de cárie; índice a-
Nascimento (Casa de Saúde Santa Marcelina / PSF namnésco de Helkimo para verificação de alterações
Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Fa- na ATM (com cálculo automático do score); variáveis
culdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Mar- socioeconômicas, comportamentais, de saúde geral e
celina), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades de autopercepção.
Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina). Conclusão: O instrumento proposto facilitou a digi-
tação e apuração dos dados, podendo inclusive ser
Introdução: Os levantamentos epidemiológicos em utilizado em outras pesquisas, pois o programa permi-
saúde bucal são de suma importância para o conheci- te acrescentar e remover variáveis de acordo com os
mento das condições de saúde bucal de uma determi- objetivos de cada estudo.

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 61

R120 - Análise preliminar das atividades práticas ou de 2,1 a 2,7 e a média de ATF na criança incluída
da Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva no grupo de médio risco variou de 1,0 a 2,2. A educa-
realizadas por estudantes da PUC-Campinas, ção em saúde foi realizada de forma cotidiana, através
através de uma parceria ensino-serviço. dos contatos semanais com as crianças e de atividades
lúdicas, favorecendo a interação entre o educador e os
Anna Letícia M. de O. Beck (FO PUC-Campinas), educandos, assim como o estabelecimento de vínculo.
Cristina Aparecida Ferreira (FO PUC-Campinas), Conclusão: Observou-se nas 03 escolas estudadas
Talita Marconi (FO PUC-Campinas), Tatyana Gue- que os dados com relação à ATF foram subestimados.
des Lugli (FO PUC-Campinas), Rodrigo Rostodella O principal motivo deste problema foi na utilização
(FO PUC-Campinas), Gustavo Nicolini Fernandes dos instrumentos de coleta de dados, pois, foram utili-
(FO PUC-Campinas), Luciane Maria Pezzato (FO zados pela primeira vez e, estão sendo reavaliados
PUC-Campinas, FCM / Unicamp), Silvia Cypriano para adaptá-los às reais necessidades e objetivos da
(FO PUC-Campinas; SMS Louveira), Aglair Iglesias Disciplina. Sendo assim, se faz necessário um estudo
Duran (FO PUC-Campinas) & Edgard Del Passo longitudinal para avaliar a efetividade e o impacto do
(FO PUC-Campinas). conjunto de práticas que a Disciplina de Odontologia
em Saúde Coletiva vem se propondo desde o início de
Introdução: Buscando aprimorar a relação ensino- 2004 em parceria com a Secretaria Municipal de Saú-
serviço, celebrou-se no ano de 2004, um convênio de de Campinas e com o compromisso pedagógico do
entre a PUC-Campinas e a Secretaria Municipal de ensino da Saúde Bucal Coletiva .
Saúde de Campinas. Como parte das disciplinas curri-
culares, os estudantes da disciplina de Odontologia R134 - Sistemas de Informação e Indicadores de
em Saúde Coletiva I e II, desenvolveram durante as Saúde Bucal, no cotidiano de uma Unidade Básica
aulas práticas, um conjunto de ações preventivas e de Saúde no Município de Ribeirão Preto / SP.
educativas em saúde bucal nas crianças matriculadas
em 03 equipamentos sociais, situados no Distrito de Camila Benedini Martelli (SMS-Ribeirão Preto), Mar-
Saúde Noroeste do Município de Campinas. Assim, o lívia Gonçalves de Carvalho Watanabe (FORP / USP).
objetivo deste estudo foi avaliar o conjunto de práticas
da Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva rea- Introdução: A informação é essencial para a tomada
lizadas pelos estudantes e professores da PUC- de decisão e o conhecimento das condições de saúde e
Campinas em 2005. acesso a serviços de uma população. No entanto, na
Métodos: Os alunos de odontologia do 3º e 4º perío- Odontologia ainda não se tem uma uniformidade nos
dos, subdivididos em duplas ou trios, se responsabili- diversos serviços que compõem o sistema de saúde, o
zaram pelo desenvolvimento das atividades práticas, que nos leva a um questionamento de como vem se
para uma ou duas salas de aula durante o decorrer do conduzindo as ações de saúde bucal nos municípios
ano. Após procedimentos de aproximação, iniciou-se brasileiros. Essa diversidade se estende ao sistema de
o processo de educação em saúde, avaliação de risco informação em saúde adotado nos municípios. Pre-
das doenças cárie e periodontal, e as atividades de tende-se, com esse estudo, analisar os indicadores de
escovação supervisionada com evidenciador de bio- saúde bucal de uma unidade básica do município de
filme e da terapia com flúor gel acidulado (ATF), ten- Ribeirão Preto, bem como as dificuldades ou facilida-
do como base as atuais recomendações da SES-SP. des do atual sistema de informação utilizado na área
Resultados: Do total de crianças examinadas, 48,3% no município de Ribeirão Preto.
apresentaram baixo risco à doença periodontal. C on- Métodos: Por meio de uma busca na literatura foram
siderando a doença cárie, foram examinadas para a selecionados os indicadores mais adequados para ava-
definição do grupo de risco, 620 crianças. Destas, liação da assistência à saúde bucal na Unidade Básica
60,8% (n=377) apresentaram alto risco à doença cárie de Saúde Jacob Renato Woiski, e utilizou-se o sistema
(D,E e F), 18,7% (n=116) risco moderado (B e C) e de informação utilizado pela Secretaria Municipal de
20,5% (n=127), apresentaram baixo risco (A). A mai- Saúde de Ribeirão Preto (Sistema HYGIA) para a
oria das crianças com relato de dor, presença de cavi- coleta dos dados.
dades de cárie ativa e abcessos, foram encaminhadas Resultados: Observou-se que a maioria das informa-
para a unidade de saúde de referência ou para a PUC- ções disponível na área de saúde bucal possibilita a-
Campinas. A fluorterapia foi realizada apenas nas penas contemplar o cálculo de alguns indicadores de
crianças de alto e médio risco de cárie. A média de cobertura preconizados pelas Secretarias Estaduais de
ATF por criança incluída no grupo de alto risco vari- Saúde e Ministério da Saúde.

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 62

Conclusão: Entendemos que os sistemas de informa- cal e os municípios da região, sempre no intuito de
ção em saúde devem ser estruturados de forma a que embasá-los no planejamento e acompanhamento das
os indicadores de saúde bucal estejam disponíveis ações de saúde bucal à população.
mais facilmente e sejam utilizados pelos profissionais
a fim de possibilitarem impactos para a organização, R168 - Levantamento do risco à cárie em escolares
avaliação e programação das ações em saúde bucal. realizado em uma EMEI localizada na área de a-
brangência da UBS Dr. Thersio Ventura – zona
R141 - Panorama de saúde bucal dos municípios leste do município de São Paulo
da DIR V – Osasco.
Adriana Almeida Jecks (Residência Multiprofissional
Eugênia Vereiski (Prefeitura de Pirapora do Bom em Saúde da Família da Faculdades Santa Marcelina
Jesus), Andréa Bruschi (Prefeitura de Embu-Guaçu), / Casa de Saúde Santa Marcelina – Ministério da
Fausto Souza Martino (Prefeitura de Taboão da Ser- Saúde) Angela Libert Alves (Residência Multiprofis-
ra), Renato Maurício da Cruz (SES – DIR V – Osas- sional em Saúde da Família da Faculdades Santa
co), Silvana Scaff Geraldes (Prefeitura de Vargem Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina – Minis-
Grande Paulista). tério da Saúde) Julie Sílvia Martins (Casa de Saúde
Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Síl-
Introdução: A organização e a sistematização das vio Carlos Coelho de Abreu (Casa de Saúde Santa
informações em saúde bucal são rotineiramente reali- Marcelina / Faculdades Santa Marcelina) e Marcus
zadas pelo Comitê de Saúde Bucal da DIR V – Osas- Vinicius Diniz Grigoletto (Casa de Saúde Santa Mar-
co, composto pelos representantes das coordenações celina / Faculdades Santa Marcelina).
de saúde bucal dos 15 municípios que compõem a
DIR. Tem por finalidade identificar as condições de Introdução: Sob a perspectiva de promoção de saúde,
saúde e doença da região da DIR V – Osasco, buscan- pode-se considerar que as escolas são espaços privile-
do um aprimoramento de trabalho dos municípios. giados para o desenvolvimento de processos educati-
Métodos: Dentre os objetivos deste comitê estão o vos e neles incluídos as questões referentes à saúde
fortalecimento da implantação e implementação das bucal. Além das ações de cunho educativo, ações de
diretrizes políticas da saúde bucal e a divulgação dos prevenção também encontram situação favorável para
resultados das ações de saúde bucal dos municípios seu desenvolvimento em espaços escolares. Tendo em
desta região. Desta forma, o comitê tem por método vista a atual recomendação sugerida por especialistas
de trabalho a composição de subcomissões, como a de na área de adequar a terapia com flúor à situação de
informações, que através de pesquisa tanto na rede risco à cárie, o rastreamento de risco passou a ser rea-
internacional de computadores como nas secretarias lizado na rotina dos procedimentos coletivos e desta
municipais de saúde buscam dados para subsidiar a forma favorece a obtenção de dados sobre a situação
elaboração deste panorama. de risco à cárie dos participantes e a comparação dos
Resultados: Pelos dados coletados verificou-se que dados com outras realidades.
além da atenção básica, houve a implantação da mé- Métodos: Primeiramente foi realizado contato com a
dia complexidade em saúde bucal, o que pode ser de- direção da escola, que autorizando o desenvolvimento
monstrado pela criação e adequação de sete centros de da atividade, teve como prosseguimento a reunião
especialidades odontológicas na região. Levantou-se com os professores para pedir a colaboração dos
ainda, através da análise de alguns indicadores, que os mesmos e prestar maiores esclarecimentos sobre as
municípios da DIR V apresentam uma cobertura de atividades a serem desenvolvidas. Os pais foram in-
procedimentos coletivos maior que a média do Estado formados e, em concordância, assinaram o termo de
de São Paulo e o índice CPOD aos 12 anos menor que autorização. A partir da autorização dos pais, as crian-
a média estadual, considerando ainda, que 60% desses ças foram avaliadas com auxílio de espátula de madei-
municípios apresentam este índice menor que 2,0. ra e luz natural, tomando-se todos os cuidados relati-
Informações a respeito da estrutura física e de recur- vos à biossegurança. A avaliação do risco à cárie foi
sos humanos demonstram a presença na região de realizada de acordo com os critérios propostos pela
sistemas de trabalho compostos por clínicas modula- Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo
res envolvendo trabalho em equipe. apontados no documento “Recomendações sobre o
Conclusão: Desde 1999, o Comitê de Saúde Bucal uso de produtos fluorados no âmbito do SUS- São
da DIR V – Osasco vem atuando na região buscando a Paulo”.
integração entre a coordenação regional de saúde bu-

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Resumos dos trabalhos: Bases Epidemiológicas para o Planejamento das Ações de Saúde Bucal e Vigilância em Saúde Bucal 63

Resultados: Foram avaliadas 192 crianças entre 4 e 6 Conclusão: Os dados obtidos indicam que um grande
anos de idade que freqüentam a EMEI, observando-se percentual das crianças encontra-se em situação de
que 84 (43,75%) não apresentaram experiência ante- risco à cárie ou com a doença já instalada, necessitan-
rior ou atual de cárie e nem condições de risco para a do não apenas de cuidados curativos, mas principal-
doença no momento do exame (A). Também se iden- mente de medidas preventivas e educativas relativas
tificou que 29 crianças (15,10 %) apresentaram sinais às doenças bucais, que, para obterem maior êxito,
de doença no passado, seja pela presença de dentes devem ser desenvolvidas não apenas com as crianças,
restaurados ou de cavidades de cárie crônica, porém mas com seus pais ou responsáveis e, se possível,
sem sinais de risco para a doença no momento do e- envolvendo também os educadores. Os resultados
xame (B e C), porém 79 (41,15%) apresentaram sinais também apontam a necessidade de abordagens educa-
da doença cárie, seja pela presença de manchas bran- tivas com gestantes e pais / responsáveis por crianças
cas ativas ou cavidades de cárie aguda no momento desde o nascimento, para que cuidados sejam tomados
do exame (D, E e F). de forma precoce evitando que a criança venha a apre-
sentar tal situação na idade pré-escolar.

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Resumos dos trabalhos 64

Educação em Saúde Bucal

tados à gestante, enfatizando-se a importância da e-


P025 - Adesão de gestantes às orientações sobre quipe ser treinada para : (a) identificar as estratégias
práticas preventivas de alterações orais. de enfrentamento adotadas pelas gestantes / mães para
lidar com os diversos tipos de dificuldades que con-
Priscilla Torres Tagawa, Karina Camillo Carrascoza, duzem à não-adesão; e (b) intervir sobre variáveis
Rosana de Fátima Possobon, Laura Mendes Tomita, psicossociais de risco, ainda no período gestacional,
Antonio Bento Alves de Moraes (Faculdade de Odon- aumentando a adesão e prevenindo o desmame.
tologia - Unicamp)
P057 - Conscientização das gestantes e mães sobre
Introdução: A gestação é o período no qual a mulher aleitamento materno.
está mais receptiva à aquisição de conhecimentos rela-
cionados à sua saúde e a saúde do bebê. Portanto, edu- Dagmar de Paula Queluz; Michele A. de Carvalho
cação em saúde voltada à gestante constitui num funda- Moraes (Faculdade de Odontologia de Piracicaba –
mental instrumento para a promoção da saúde, conse- UNICAMP), (Faculdade de Odontologia de Piracica-
quentemente reduzindo gastos públicos com tratamentos ba – UNICAMP).
curativos. Contudo, a literatura demonstra que gestantes
apresentam pouco conhecimentos sobre: cuidados com a Introdução: Se pretendemos que nossas crianças te-
gravidez e pré-natal e saúde do bebê e amamentação, nham qualidade de vida na amplitude que se pode
ocasionando uma maior prevalência de desmame preco- desejar, deveríamos conhecer um pouco mais sobre
ce por introdução de mamadeira e / ou chupeta no pri- aleitamento materno e o quanto as chupetas e mama-
meiro trimestre de vida. O objetivo deste trabalho é de- deiras são prejudiciais para nossas crianças. O objeti-
monstrar que programas de educação e orientação à vo desse estudo foi revisar a literatura e discutir sobre
gestante podem contribui para estimular o aleitamento a conscientização das gestantes e em geral das mães
materno, diminuindo a prevalência do desmame precoce sobre a importância do aleitamento materno, enfocan-
e a introdução de mamadeiras e / ou chupetas do os benefícios em relação ao desenvolvimento da
Métodos: Este estudo consistiu em avaliar a adesão face e os fatores relacionados ao desmame precoce.
às orientações sobre amamentação e hábitos de suc- Métodos: Para atingir este objetivo, foram utilizadas
ção, em 82 mulheres, no terceiro trimestre gestacio- as bases de dados MEDLINE e JCR-ISI dos últimos
nal. Foram realizadas duas entrevistas estruturadas, 10 anos.
antes e após uma palestra do Programa de Orientação Resultados: A literatura demonstra que a falta de a-
à Gestante (POG), oferecido pelo Centro de Pesquisa mamentação tem causado mais problemas para nossas
e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais crianças que a maioria de nós pode imaginar. O uso de
(Cepae-FOP-Unicamp). mamadeiras e chupetas e a falta do “exercício natural”
Resultados: Após a palestra do POG, houve aumento que é o ato de sugar leite materno deforma faces, é res-
de 73% na intenção de não oferecer mamadeira. Os ponsável por má-oclusão e muitos outros problemas
principais motivos referidos pelas mães para usar a ma- com dentes e fala. É de suma importância a conscienti-
madeira, antes e após a palestra, foram: "para oferecer zação por meio de informativos às gestantes sobre os
chá" e "retorno ao trabalho". Em relação ao não uso da benefícios do aleitamento materno, a fim de que as mães
chupeta, houve adesão de 68%. O "choro" foi o motivo não optem pelo desmame precoce. A mamadeira, a chu-
predominante para o oferecimento da chupeta. Quanto à peta e o hábito de chupar o dedo afetam a posição dos
maneira de alimentar o bebê nos momentos de ausência dentes e trazem conseqüências danosas a fala, a respira-
da mãe, houve um índice de adesão de 81% à orientação ção e ao desenvolvimento ósseo e muscular.
de oferecer leite materno ordenhado em copos. Conclusão: Concluímos que a prática do uso de ma-
Conclusão: Conclui-se que o POG influenciou posi- madeira e chupeta é muito arraigada na nossa cultura,
tivamente a maioria das gestantes. T odavia, para a- mesmo em população orientada para evitá-la. Problemas
quelas mães que não aderiram às informações, aponta- futuros relacionados ao apinhamento dental, fala e respi-
se a necessidade da realização de um trabalho diferen- ração podem ser prevenidos simplesmente pelo aleita-
ciado, que atenda às expectativas individuais de cada mento materno, o qual proporciona um desenvolvimento
mãe. Assim, sugere-se o incentivo à realização de não só facial mas sim sistêmico adequado à criança,
programas sistematizados e de cunho preventivo vol- favorecendo a formação de um adulto saudável.

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 65

P084 - Educação permanente e educação continu- atenção integral, humanizada e de qualidade. Com
ada: nova proposta para a saúde pública. relação à educação continuada, verificou-se uma
fragmentação do cuidado, das equipes e do processo
Rute Moreira de Freitas Sant'Anna (FOB / USP), de trabalho, na medida em que se centra no desempe-
Tatiane Martins Jorge (FOB / USP), Suzana Goya nho de cada categoria profissional.
(FOB / USP), Juliana Julianelli de Araújo (FOB / Conclusão: Para que os modelos de educação pro-
USP), Sílvia Helena de Carvalho Sales-Peres (FOB / movam uma melhor qualidade do trabalho e contem-
USP), José Roberto Pereira Lauris (FOB / USP), ple a integralidade e a eqüidade no cuidado e no aces-
Magali de Lourdes Caldana (FOB / USP). so aos serviços de saúde da sociedade atual, torna-se
necessário motivar trabalhadores e setores de saúde.
Introdução: O sistema brasileiro de ensino na área de
P088 - O uso de métodos preventivos em consultó-
saúde, apesar das grandes mudanças, ainda atua na
rios particulares no município de Piracicaba-SP.
formação de profissionais voltados ao tratamento de
doenças ao invés da integralidade do indivíduo. Desta Clícia de Oliveira (FOP-Unicamp), Lorena Alves
forma, um dos principais compromissos do Colegiado Coutinho (FOP-Unicamp), Fábio Luiz Mialhe (FOP-
da Gestão de serviços em saúde é o de estabelecer Unicamp), Juliana Gobbo (FOP-Unicamp), Luiz Fa-
políticas de saúde que formem e / ou qualifiquem pro- biano Bortolo (FOP-Unicamp).
fissionais já inseridos no mercado de trabalho, a fim
de direcionar o perfil desses trabalhadores às ações Introdução: A cárie é uma doença infecto-contagiosa
promocionais e preventivas. Aliada à Educação em que acomete 80% da população brasileira. No entanto,
Saúde, a Gestão de trabalho pretende modificar o mo- somente 5% dessas pessoas têm acesso aos consultó-
delo de ensino atual, a partir da intensificação das rios particulares dos cirurgiões dentistas (CDs) e a
propostas de Educação Permanente e Educação Con- maioria desconhece que as doenças bucais podem ser
tinuada. Este estudo teve por objetivo relacionar as evitadas através de métodos preventivos. Na Odonto-
semelhanças e diferenças entre os modelos de Educa- logia os agentes ou métodos de prevenção primária da
ção Permanente e Continuada. A Educação Perma- cárie dental incluem os selantes de fóssulas e fissuras
nente busca transformar o processo de trabalho, me- e o controle de biofilme através da escovação e uso de
lhorando a qualidade dos serviços e promovendo a fio dental. Apesar dos cirurgiões-dentistas serem con-
eqüidade no cuidado e no acesso aos serviços de saú- siderados os profissionais mais aptos a realizar orien-
de. Por outro lado, a Educação Continuada tem sua tações e intervenções preventivas em relação à cárie
atenção voltada ao conjunto de experiências que se dentária, pouco ainda se sabe sobre a freqüência com
estendem após a formação, aprimorando habilidades e que utilizam estes métodos no dia-a-dia do consultó-
responsabilidades profissionais, contribuindo para a rio particular. Desta forma, o objetivo do presente
reorganização dos serviços de saúde. Apesar de am- estudo foi avaliar a este aspecto da pratica odontoló-
bos os modelos de educação conferir uma dimensão gica em consultórios particulares no município de
de continuidade ao processo educativo, assentam-se Piracicaba-SP.
em princípios metodológicos diversos. Métodos: Foram selecionados 120 cirurgiões-
Métodos: A Educação Permanente busca transformar dentistas, distribuídos em diferentes regiões do muni-
o processo de trabalho, melhorando a qualidade dos cípio, a partir dos dados fornecidos pelas páginas a-
serviços e promovendo a eqüidade no cuidado e no marelas da lista telefônica da cidade de Piracicaba,
acesso aos serviços de saúde. Por outro lado, a Educa- SP. Para a realização do trabalho, foi elaborado um
ção Continuada tem sua atenção voltada ao conjunto questionário com 18 perguntas, abrangendo princi-
de experiências que se estendem após a formação, palmente temas sobre prevenção, os quais foram dis-
aprimorando habilidades e responsabilidades profis- tribuídos aos cirurgiões-dentistas. Também foi per-
sionais, contribuindo para a reorganização dos servi- guntado aos profissionais se eles estavam ou não ca-
ços de saúde. Apesar de ambos os modelos de educa- dastrados em convênios e se suas graduações foram
ção conferir uma dimensão de continuidade ao pro- em faculdades públicas ou particulares. A taxa de res-
cesso educativo, assentam-se em princípios metodo- posta alcançada foi de 78%. Os resultados foram obti-
lógicos diversos. dos através de um estudo transversal descritivo e ana-
Resultados: No que se refere à educação permanen- lisados em forma de percentual através de gráficos
te, verificou-se a necessidade de problematizar as prá- processados no aplicativo Excel / Windows-2000.
ticas de concepções vigentes, a fim de que haja uma
aproximação dos serviços de saúde dos conceitos de

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 66

Resultados: Dos cirurgiões dentistas questionados, Métodos: A coordenação de saúde bucal do municí-
28% graduaram em faculdade particular e 72% em pio de Ubatuba, SP disponibilizou 8 unidades básicas
pública. Quanto aos convênios 79% atendiam e 21% de saúde, para a aplicação de um questionário explo-
não. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se ratório junto aos ACS, contendo quatorze questões,
que apesar de 96% dos profissionais afirmarem terem a sendo onze questões de múltipla escolha e três per-
prevenção como conduta habitual, 63% deles não cha- guntas abertas sobre saúde bucal. Três temas diferen-
mam seus pacientes para controle e manutenção. Ob- tes foram abordados: a formação do ACS (nível de
servou-se também que é alta a porcentagem dos cirur- escolaridade, o tempo inserido no PSF, participação
giões-dentistas que não utilizam índices para determi- em programa de capacitação em saúde bucal), a con-
nação da placa bacteriana, existindo ainda cirurgiões- duta durante as visitas domiciliares frente a diferentes
dentistas (2%) que não vêem nos métodos preventivos demandas e o conhecimento sobre saúde bucal.
existentes comprovada eficácia. Verificou-se que 62% Resultados: Foram colhidos 47 questionários válidos
e 74% dos profissionais aconselhavam todos os pacien- para o estudo; o grau de escolaridade das ACS mos-
tes quanto à importância do uso de fio dental e da es- trou que 65,95% possuem 2º grau completo; apenas
covação, respectivamente, como métodos preventivos 23,40% dos ACS têm tempo de trabalho inferior a 1
de cárie. Quanto ao uso de selante de fóssula e fissura ano no PSF do município; o programa já proporcio-
29% o recomendava para todos os pacientes, indepen- nou capacitação em saúde bucal para 63,83% dos
dentemente da avaliação de risco-atividade da doença. ACS e destes, 96,67% participaram da capacitação; na
Os profissionais que atendiam convênio e haviam se auto-avaliação do ACS 70% consideram-se melhor
formado em universidade pública foram os que mais preparados após receber capacitação em Saúde Bucal;
indicaram todos os métodos preventivos para todos os a freqüência na qual a Saúde Bucal é abordada a partir
pacientes (14%), enquanto os que não atendiam convê- do ACS durante VD ocorre “às vezes” em 44,68%; e
nio e haviam se formado em universidade particular “sempre” em 25,53%; a porcentagem na qual “às ve-
foram os que menos indicaram (1,06%). zes” o ACS é questionado sobre este assunto durante
Conclusão: Concluímos que apesar de ser alta a taxa as visitas é de 40,42%; quanto à conduta do agente
de CD que usam métodos preventivos, estes não são frente a uma queixa de saúde bucal, 57,45% referem à
empregados com regularidade e nem tampouco apli- Equipe de Saúde Bucal, e 29,79% à Equipe de Saúde
cados de forma integrada, de acordo com o risco indi- da Família da unidade; a freqüência com que o ACS
vidual da doença, visando um atendimento voltado à orienta sobre higiene bucal durante a VD é de 61,70%
promoção de saúde bucal (AU). “às vezes”; a orientação sobre dieta durante a VD o-
corre “sempre” em 59,57%; o produto mais importan-
P112 - Estudo exploratório do conhecimento em te para uma boa higiene bucal segundo 72,34% dos
saúde bucal do Agente Comunitário de Saúde do ACS, é a escova de dente; os alimentos mais citados
município de Ubatuba / SP, com enfoque em higie- pelos ACS, no risco de desenvolver cárie dentária,
ne, dieta e conduta. foram os açúcares, seguidos pelos carboidratos. A
conduta do ACS durante a queixa de sangramento
Claudia da S. Cora (UNIBAN-SP), Leandra F. Leitão
gengival é o encaminhamento à assistência em
(UNIBAN-SP), Odete Pinto Scapolan (UNIBAN-SP),
91,47% dos casos, e, na maioria das vezes, não asso-
Thiago Vidal Vianna (UNIBAN-SP), Valquíria C.
ciada a qualquer orientação; a orientação sobre cuida-
Tinnelo Mainente (UNIBAN-SP).
dos para evitar cárie e problemas de gengiva tem a
Introdução: A cárie e as doenças periodontais são as
higiene como a ação mais lembrada (42,55% das res-
doenças bucais com maior prevalência na população postas), na maioria das vezes isolada, não vinculada à
mundial e podem ser evitadas com medidas que en- dieta e / ou assistência odontológica.
Conclusão: Os ACS possuem grau de instrução esco-
volvem mudança dos hábitos de higiene bucal e dieta
da população. O agente comunitário de saúde (ACS) lar, dentro das exigências atuais da Lei que regulamenta
tem como parte de suas atribuições a promoção, pre- a profissão; apesar da maioria dos agentes trabalhar no
venção e recuperação da saúde. O ACS tem papel programa há mais de 3 anos, cerca de 34 % dos entrevis-
decisivo neste contexto da mudança dos hábitos da tados ainda não realizaram capacitação específica em
comunidade em que atua e da qual faz parte. O objeti- Saúde Bucal; a higiene dental é reconhecida como uma
vo deste trabalho foi avaliar o conhecimento em saúde método eficiente de prevenção às doenças bucais, porém
bucal do ACS do município de Ubatuba / SP, com o conhecimento de dietas cariogênicas parece se resumir
enfoque em higiene, dieta e conduta. tão somente ao fato de comer alimentos a base de açúca-
res e carboidratos; a multifatorialidade da etiologia da

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 67

cárie e da doença periodontal parece não estar bem es- Resultados: Os resultados obtidos mostraram que
clarecida entre os agentes; a conduta frente a problemas 60% apresenta ensino médio completo; 61,11% de-
de saúde bucal tende a ser, na maioria das vezes, uma senvolve esta atividade por necessidade e não por
ação exclusivamente assistencialista, encaminhando ao afinidade. Apesar de 77,7% dos cuidadores já ter par-
atendimento; os resultados obtidos apontam para a ne- ticipado de palestras sobre o cuidado com o idoso, a
cessidade de reforço de alguns conceitos, como a impor- maior parte nunca recebeu orientação sobre cuidados
tância da dieta na etiologia das doenças bucais. bucais na terceira idade, necessitando de esclareci-
mentos quanto aos problemas mais prevalentes que
P114 - Capacitação de cuidadores de idosos – A- ocorrem na boca. 55,56% dos cuidadores acreditam
presentação de um manual baseado nas necessida- que a perda dos dentes faz parte da velhice, sendo um
des desses trabalhadores. processo inevitável. Apesar de 83,25% dos entrevista-
dos acreditar que alterações bucais podem ser indica-
Prof. Dra. Nemre Adas Saliba (Prof. Titular da FOA tivas de problemas sistêmicos, nenhum deles possui o
– Unesp / Araçatuba), Prof. Dra Suzely Adas Saliba
hábito de examinar a boca dos idosos. Diante do ex-
Moimaz (Prof. Adjunto da FOA – Unesp / Araçatuba),
posto foi criado um manual que contempla pontos
Prof. Dra Cléa Adas Saliba Garbin (Prof. Adjunto da
como: os diferentes níveis de dependência do idoso,
FOA – Unesp / Araçatuba), Jeidson Antônio Morais aspectos gerais e bucais do envelhecimento, métodos
Marques (Doutorando em Odontologia Preventiva e de higiene bucal, acondicionamento e higienização de
Social - FOA – Unesp / Araçatuba), Rosana Leal do próteses, realização de inspeção intra-bucal dentre
Prado (Mestranda em Odontologia Preventiva e So- outros.
cial - FOA – Unesp / Araçatuba).
Conclusão: Constatou-se a carência de conhecimento
Introdução: O aumento da expectativa de vida é uma
conciso sobre saúde bucal voltado para idosos e a ne-
tendência mundial. Com o avançar da idade, ocorrem cessidade iminente de capacitação dos cuidadores. A
sensíveis alterações no estilo de vida dos idosos, tanto criação do manual foi de extrema importância diante
pelo processo fisiológico, quanto patológico, que por dos resultados expostos, sanando carências de infor-
vezes está presente. Dentro deste contexto, o trabalho mação em saúde bucal, voltada ao processo de enve-
de “cuidador de idosos” vem ampliando seu espaço, e lhecimento, sendo importante fonte de consulta e con-
torna-se fundamental na promoção do bem estar des- tribuindo sobremaneira para a saúde pública.
sas pessoas. Porém, nem sempre cuidadores são pre- P152 - Aleitamento materno e desmame: o quê o
parados para exercer tal atividade e a falta de capaci- profissional de saúde deve saber.
tação resulta desgaste tanto para o idoso, quanto para
o cuidador. Cumprindo seu papel social, a Odontolo- Lívia Guimarães Zina, Suzely Adas Saliba Moimaz,
gia Social da FOA / UNESP desenvolve um programa Nemre Adas Saliba, Cléa Adas Saliba Garbin (FOA /
denominado “Promoção de Saúde em idosos institu- UNESP - Programa de Pós-graduação em Odontolo-
cionalizados da cidade de Araçatuba / SP”, benefici- gia Preventiva e Social).
ando três instituições do município. O objetivo deste
trabalho foi verificar o perfil e conhecimento sobre Introdução: Entre as estratégias de promoção da saú-
saúde bucal dos cuidadores e apresentar o manual, de materno-infantil destaca-se o incentivo ao aleita-
confeccionado a partir das necessidades percebidas, mento materno. Para implementação de sua prática, a
contemplando importantes aspectos de saúde bucal. ação básica de saúde requer estratégias voltadas à
Métodos: Foram entrevistados 18 cuidadores, total conscientização e capacitação do profissional da saú-
existente nas três instituições beneficiadas pelo proje- de. Este estudo buscou compreender os motivos e os
to supracitado. Um único pesquisador, com auxílio de aspectos que envolvem a decisão das mulheres em
um formulário contendo questões abertas e fechadas, optarem pelo aleitamento materno.
realizou entrevistas, visando avaliar o perfil e grau de Métodos: Por meio de uma abordagem qualitativa
conhecimento dos mesmos sobre aspectos de saúde centrada na teoria das Representações Sociais, foram
bucal. Variáveis como sexo, idade, escolaridade, auto- entrevistadas 100 mães de crianças com até 12 meses
percepção de saúde bucal, hábitos de higiene bucal, de idade, atendidas em uma Unidade Básica de Saúde
conhecimento de meios de prevenção das principais em Araçatuba, SP. A técnica de escolha foi a entrevis-
doenças bucais, dentre outros, foram pesquisadas, ta semi-estruturada, sendo abordados o processo de
tabuladas e analisadas, servindo de base para a criação amamentação e desmame, motivos para amamentar,
de um manual de “cuidador de idosos.” dificuldades, influência familiar, relação com o traba-

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 68

lho materno. As falas das nutrizes foram analisadas ço que utiliza. O objetivo desse estudo foi analisar a
por meio da técnica de Análise de Conteúdo, modali- qualidade dos serviços oferecidos pelo referido pro-
dade categorial. grama segundo a percepção das gestantes que partici-
Resultados: Para essas mulheres, o leite materno, param do programa no ano de 2005.
além de importante, é sinônimo de saúde e proteção Métodos: Foram aplicados 53 questionários com 16
imunológica para seus filhos. A prática do aleitamento questões fechadas nas gestantes matriculadas no pro-
esteve relacionada com experiências anteriores e o grama. Ao término do acompanhamento, a gestante
apoio de familiares. O ato de amamentar é visto como preenchia o questionário de avaliação referente à qua-
uma condição natural da mulher, a representação de lidade dos serviços oferecidos, voluntariamente. O
seu amor, como um dever necessário à condição de questionário continha variáveis que foram agrupadas
ser mãe. Dentre as dificuldades encontradas, destaca- nas seguintes categorias: conteúdo das reuniões didá-
ram-se problemas relacionados ao manejo técnico da tico-pedagógicas, atendimento clínico, qualidades do
amamentação. O trabalho materno foi um empecilho profissional e condições de infra-estrutura da clínica,
para a sua realização, desde a inaplicabilidade das leis sendo atribuídos conceitos de ótimo a fraco. Ao medo
que protegem a nutriz trabalhadora, até a opção da e segurança no tratamento e ao aprendizado foram
mulher em desempenhar preferencialmente seu papel atribuídos sim ou não. Já em relação à satisfação, os
como profissional em detrimento do materno. Dentre conceitos muito, pouco ou nada foram atribuídos. Os
os motivos alegados para o desmame, figuraram o dados coletados foram analisados pelo programa Epi
leite fraco e a falta de leite, além da recomendação Info 2000.
profissional a favor da suplementação alimentar em Resultados: A idade média das gestantes entrevista-
idade precoce. das foi de 27,15 anos. Com relação ao conteúdo in-
Conclusão: Conclui-se que estiveram envolvidos na formativo oferecido nas reuniões didático-
decisão da mulher em amamentar aspectos relaciona- pedagógicas, a maioria (81,1%) achou ótimo. Em re-
dos à saúde e afeto, família e apoio profissional. O lação ao atendimento clínico recebido, 90,6% avalia-
sucesso do aleitamento materno será consumado ao se ram como ótimo. Ao avaliar o profissional, todos os
redimensionar a sua assistência à uma ação integrali- quesitos (apresentação pessoal, gentileza, atenção),
zada, estando o dentista preparado para uma atuação em sua maioria, obtiveram ótimo como resultado
multidisciplinar no amparo às pacientes gestantes e (88,7%, 96,2%, 90,6%, respectivamente). Quanto à
lactantes. infra-estrutura da clínica do programa, limpeza, refri-
geração e conforto, apresentaram ótimo como resulta-
P169 - Avaliação da Qualidade dos Serviços do do (92,5%,86,8%,90,6%, respectivamente). A maioria
Programa de Atenção Odontológica à Gestante da (86,8%), afirmou não sentir medo durante o tratamen-
FOA-UNESP na ótica do Usuário. to, e 96,2% sentiram segurança; 92,5% afirmaram ter
adquirido nas reuniões didático-pedagógicas conteú-
Lívia da Silva Bino, Suzely Adas Saliba Moimaz, Ne-
dos até então desconhecidos. A grande maioria apre-
mre Adas Saliba, Najara Barbosa da Rocha (FOA /
sentou-se satisfeita com a atenção proporcionada pelo
UNESP - Programa de Pós-Graduação em Odontolo-
programa. Vale ressaltar que as usuárias sugeriram
gia Preventiva e Social).
melhorias de infra-estrutura nos banheiros e sala de
Introdução: O Programa de Atenção Odontológica à
espera.
Conclusão: Os resultados obtidos demonstraram que
Gestante desenvolvido pelo Departamento de Odonto-
logia Preventiva e Social da FOA-UNESP tem a fina- as ações desenvolvidas no Programa de Atenção O-
lidade de promover saúde, por meio de ações educati- dontológica à Gestante da FOA-UNESP têm obtido
vo-preventivas e de tratamento odontológico nas ges- êxito, alcançando seus objetivos e promovendo a edu-
tantes acompanhadas nas 11 Unidades Básicas de Sa- cação em saúde bucal na sua plenitude.
úde (UBS) do município de Araçatuba. A avaliação
de programas e serviços de saúde, passa por um pro-
cesso de expansão, constituindo-se em instrumento de
apoio às decisões necessárias à dinâmica dos sistemas
e serviços, na implementação de políticas de saúde
mais adequadas. Destaca-se a importância de avalia-
ções realizadas sob a ótica do usuário, já que é ele, o
sujeito principal, capaz de avaliar plenamente o servi-

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 69

P172 - A influência do tempo de aleitamento mater- e emocional do bebê. O índice de hábitos de sucção
no e hábitos de sucção não nutritivos. Estudo Piloto. não nutritivos foi alto e foi mais prevalente em crian-
ças que não receberam aleitamento materno exclusivo
Najara Barbosa da Rocha (Programa de Pós- nos primeiros seis meses de vida. Isto mostra a impor-
graduação em Odontologia Preventiva e Social da tância da conscientização das mulheres gestantes para
FOA / UNESP); Suzely Adas Saliba Moimaz (Pro- a prática do aleitamento cabendo aos profissionais da
grama de Pós-graduação em Odontologia Preventiva saúde, inclusive o dentista, a promoção da saúde. A
e Social da FOA / UNESP); Artênio José Insper Gar- poio financeiro: FAPESP
bin ( Programa de Pós-graduação em Odontologia
Preventiva e Social da FOA / UNESP). P190 - Impacto de uma capacitação de Agentes Co-
munitários de Saúde na promoção da saúde bucal.
Introdução: O aleitamento materno exclusivo e sob
livre demanda é considerado indispensável para o Debora Sueli Correia Marques, Paulo Frazão (UNI-
desenvolvimento físico e emocional da criança nos SANTOS).
primeiros seis meses de vida e parcial até o final do
primeiro ano de vida. Ele é essencial para a nutrição Introdução: O objetivo do presente estudo foi medir
do bebê, reforça a imunidade contra doenças e alergia o impacto de uma capacitação de Agentes Comunitá-
e exerce papel importante para a redução da mortali- rios de Saúde (ACS) na promoção da saúde bucal em
dade infantil, ajuda no desenvolvimento das estruturas Rio Grande da Serra, município da Grande São Paulo,
do sistema estomatognático e dentofacial, previne visto que pouca informação científica existe sobre a
contra obtenção de hábitos bucais não nutritivos, co- contribuição desse pessoal no desenvolvimento das
mo também aumenta laços afetivos entre mãe e bebê. ações básicas em saúde, incluindo aspectos de saúde
Devido à importância do aleitamento materno, este bucal. No contexto de um projeto de capacitação em
estudo piloto teve como objetivos identificar o tipo de saúde bucal de ACS, pesquisa social foi realizada.
aleitamento e o tempo recebido pelas crianças, assim Participaram 36 ACS e uma amostra representativa de
como estudar sua relação com hábitos de sucção não mulheres e mães (M&M), donas de casa de 25 a 39
nutritivos. anos de idade alfabetizadas que residiam em domicí-
Métodos: Para a coleta de dados, foi construído e lios de 3 a 6 cômodos.
aplicado um questionário em 20 mães de crianças de 3 Métodos: Um formulário contendo dados de renda e
a 6 anos de idade, de ambos os sexos, matriculadas escolaridade, contendo quatorze questões sobre co-
em EMEIs Íbis Pereira Paiva e Cláudio Evangelhista nhecimentos de saúde-doença bucal em cada ciclo de
Costa da cidade de Araçatuba – SP, após consenti- vida (CSB), cinco itens sobre práticas e capacidades
mento livre e esclarecido. O Projeto de Pesquisa deste auto-referidas em relação ao auto-exame, número de
estudo piloto será aplicado em 330 mães e realizado residentes e de escovas de dentes (NE) individuais e
posterior exame clínico nos filhos. coletivas em cada domicílio, freqüência de escovação
Resultados: Neste estudo foi encontrado que 85% dental e uso de fio dental e auto-suficiência da limpe-
(17) das mães amamentaram exclusivamente seus za dos dentes e duas questões sobre acesso e uso de
filhos, sendo que 41,2% (7) amamentaram no peito serviços odontológicos foi construído para esse fim.
durante 4º ao 6º mês de vida, 29,4% (5) durante 1º ao As respostas foram analisadas separadamente e em
3º mês, 29,4% (5) do 7º ao 9º mês. As 20 mães cita- conjunto. Foi empregado o teste do qui-quadrado de
ram como principais motivos para o desmame a falta McNemar para as escalas nominais e teste “t” de Stu-
de leite (30%) e crescimento do filho (20%). Das en- dent pareado para as escalas de Likert adotando-se um
trevistas 60% (12) das mães relataram que as crianças nível de significância de 5% para rejeição da hipótese
apresentavam hábitos de sucção não nutritivos co- de nulidade.
mo:chupar chupeta (30,8%) e ranger dentes (23,1%). Resultados: Os resultados mostraram que as diferen-
67% das crianças que possuem os hábitos não foram ças observadas entre os ACS após sua capacitação
amamentadas exclusivamente no peito durante os seis foram estatisticamente significativas (p<0,05) para
primeiros meses de vida. todas as 14 questões relativas aos CSB. Entre as mu-
Conclusão: Após análise dos resultados, concluí-se lheres, não foram observadas diferenças estatistica-
que a prática do aleitamento materno na amostra foi mente significativas (p>0,05) em somente duas ques-
alta (85%), porém a maioria das mães amamentaram tões. NE individuais aumentou e NE coletivas diminu-
exclusivamente seus filhos num período menor que o iu. Os respondentes declararam que a freqüência da
considerado indispensável ao desenvolvimento físico escovação e do uso do fio dental se elevou depois da

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 70

atuação dos ACS. Os valores de auto-avaliação da possuem quase toda a dentição, as mães são orienta-
higiene bucal aumentaram. Modificação nas práticas e das a escovar os dentes da criança no consultório. O
capacidades auto-referidas mostrou significativa ele- retorno é trimestral até os três anos de idade e posteri-
vação da auto-confiança. O acesso ao serviço foi mais ormente, de 6 a 12 meses, de acordo com o risco de
fácil (p<0,000) e seu uso mais regular (p<0,000) entre cárie.
M&M. Resultados: Após 2 anos de trabalho, obtivemos
Conclusão: Mudanças positivas na percepção de aproximadamente 250 crianças menores de 3 anos de
M&M em relação a aspectos de saúde bucal, na auto idade que participaram do programa; e observamos
confiança, e no acesso e uso de serviços odontológi- que as mães que não faltaram as palestras e consultas
cos foi observada, a qual pode ser um importante in- odontológicas, instituíram o hábito da higiene bucal
dicativo do lugar que pode ocupar o ACS na promo- freqüente em seus filhos para a prevenção da cárie
ção de saúde bucal. dentária, removendo os maus hábitos, evitando pro-
blemas de oclusão e doenças respiratórias.
R005 - Programa Odonto-bebê em parceria com o Conclusão: Concluímos que o atendimento interdis-
PSF – Uma experiência nas unidades de saúde da ciplinar às gestantes e bebês é essencial para a saúde,
família de São Lourenço da Serra. e as gestantes e mães de crianças de pouca idade são
mais susceptíveis a mudança de hábitos e costumes
Eliana Tikami de Lima Carvalho (SMS de São Lou-
arraigados. O fato do exame clínico e a realização da
renço da Serra).
higiene bucal dos bebês serem feitas na cadeira odon-
Introdução: A promoção de saúde bucal deve iniciar-
tológica, motiva os retornos subseqüentes; pois vai de
se o mais precocemente possível através da orientação encontro ao interesse dos pais que valorizam a execu-
às gestantes e mães de recém-nascidos, que são agen- ção de um procedimento qualquer. A importância do
tes disseminadores de desenvolvimento de hábitos em trabalho de parceria com o PSF neste programa é que
seus filhos. Embora tenhamos o controle da cárie den- a enfermeira e os agentes comunitários ajudam a mo-
tária em crianças, os índices de “cárie de mamadeira” tivar a participação das mães e fiscalizam os cuidados
demonstram a necessidade de intensificar a atuação com a saúde bucal e geral do bebê na residência.
preventiva em saúde bucal de bebês e crianças de até R006 - Programa de educação em saúde bucal em
3 anos de idade. O programa tem por objetivo incenti- creches, pré-escolas e escolas municipais de Tatuí-
var o aleitamento materno, a higiene bucal freqüente, SP.
hábitos alimentares adequados, orientar as más-
oclusões decorrentes do uso da chupeta, sucção de Fábio Antonio Villa Nova (Secretaria Municipal de
dedo e da mamadeira, a introdução do uso do copinho Saúde de Tatuí), Fabrício Lourenço Gebrin (Secreta-
na alimentação, os problemas relacionados ao trata- ria Municipal de Saúde deTatuí).
mento dentário nesta faixa etária e as manifestações
das doenças bucais infantis. Introdução: A educação em saúde é importante
Métodos: O programa se inicia no Programa Cangu- quando se deseja mudar atitudes em relação às doen-
ru-gestante. Após o parto, através do trabalho odonto- ças, priorizando a promoção de saúde. A educação em
lógico em parceria com o PSF, as enfermeiras das saúde bucal tem papel relevante na conscientização
Unidades Saúde da Família organizam o agendamento dos indivíduos para que atuem na valorização de sua
das mães de recém-nascidos e menores de 3 anos de saúde bucal e assim, permitir a incorporação de hábi-
idade por bairros, e os agentes comunitários comuni- tos e atitudes saudáveis que devem ser trabalhados o
cam o dia da palestra com a equipe de saúde bucal a mais precocemente possível junto aos indivíduos.
domicílio. A criança é agendada para a primeira con- Desta maneira, a idade escolar é um período propício
sulta odontológica no primeiro mês de vida, onde par- para o trabalho da motivação porque, além das habili-
ticipa da palestra de prevenção em saúde bucal na sala dades manuais, a criança já desenvolveu uma noção
de reuniões e logo após, no consultório dentário é das relações causa / efeito, contribuindo para o reco-
feito o exame clínico, a demonstração de higiene oral nhecimento da importância da prevenção, além disso,
com gaze embebida em água filtrada e o preenchi- os escolares têm condições de aplicar em sua vida
mento da ficha clínica específica, contendo dados: de prática a experiência vivenciada na escola se tornan-
identificação, freqüência da higiene bucal, hábitos do, assim, agentes multiplicadores de informação den-
alimentares e de sucção, seqüência da erupção dentá- tro de sua família e da sua comunidade.
ria e outras observações. As crianças maiores que

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 71

Métodos: Para elaborar o programa foi realizada uma Métodos: Para facilitar a orientação educativa, foi elabo-
pesquisa prévia nas unidades de ensino para se conhe- rado um painel didático que descreve passo a passo, a
cer a realidade onde as atividades serão desenvolvi- técnica de escovação e uso correto do fio dental, utilizan-
das. O programa é feito por 4 cirurgiões-dentistas e 5 do fotos ilustrativas, que facilitam a visualização e o a-
auxiliares de consultório dentário (ACDs) especial- prendizado.
mente treinados para isto, todos funcionários da Se- Resultados: A divulgação desse painel nas unidades
cretaria Municipal de Saúde de Tatuí e, consiste em básicas de saúde, bem como nas atividades educativas
realizar palestras sobre educação em saúde bucal aos voltadas à população em espaços públicos, mostrou o
pais, professores, alunos e funcionários das unidades desconhecimento na utilização correta da escova e do fio
de ensino; avaliação clínica de alunos para encami- dental, bem como facilitou o desenvolvimento das ativi-
nhar para tratamento e restaurações atraumáticas; uti- dades da equipe de saúde bucal.
lização de métodos comprovadamente preventivos Conclusão: Painel educativo chama a atenção da
tais como escovação supervisionada e utilização de população, contribuindo na educação em saúde bucal.
flúor nas que necessitem; fornecer escovas de dentes;
desenvolver atividades lúdicas com as crianças e rea- R021 - Participação popular e serviços de saúde:
lizar avaliação de risco e levantamentos. um caminho para ampliar o acesso e a adesão ao
Resultados: O programa educativo / preventivo pro- tratamento.
posto conseguiu adequar as creches com escovódro-
Ana Claudia Moutella Pimenta Giudice (Prefeitura
mos e fazer com que os pais, professores e diretores
Municipal de Campinas), Marcelo Meneghin (Uni-
das unidades de ensino se conscientizassem da impor-
tância da saúde bucal das crianças envolvidas, benefi- camp), Fabio Mialhe (Unicamp).
ciando diretamente aproximadamente 12.000 alunos Introdução: Entendendo que é fundamental melhorar
matriculados na rede pública de ensino de Tatuí. Pro- a assistência individual para contribuir com os indiví-
gramas similares desenvolvidos em outras cidades duos e seus agravos, mas que existem outras práticas
têm sido responsáveis pela redução dos índices das para potencializar a melhora da saúde geral do usuá-
doenças bucais em crianças, levando este benefício rio, este trabalho teve o objetivo de realizar interven-
para adolescência e a vida adulta, conseqüentemente ções coletivas com a participação da população ads-
aumentando a qualidade de vida da população. crita à área de abrangência do Centro de Saúde Capi-
Conclusão: O programa proposto possui estratégias
vari, município de Campinas – SP, de forma a criar
educativas e motivacionais simples, de baixo custo e apli- vínculo, priorizar risco e vulnerabilidade social, pla-
cáveis a realidade do município, reduzindo assim no futu- nejar e avaliar na lógica da Clínica Ampliada.
ro a demanda por tratamentos nas unidades básicas de Métodos: Com o auxilio dos agentes comunitários de
saúde e no centro de especialidades odontológicas, com saúde foram triadas micro-regiões dentro da área de
uma economia de recursos financeiros para o município. abrangência do C.S. Capivari, consideradas as mais
R013 - Cuidados para um sorriso saudável. vulneráveis no contexto sócio-econômico-cultural e
de maiores riscos individuais e epidemiológicos. Estas
Marcela Alessandra Bozzella (Serviço de Saúde de comunidades foram visitadas pela equipe de referên-
São Vicente), Maria Helena Miguel Gonzalez (Servi- cia da Unidade para reconhecimento do território, das
ço de Saúde de São Vicente). relações sociais, do ambiente, das lideranças já exis-
tentes e da abordagem inicial dos indivíduos. Formou-
Introdução: O controle da placa bacteriana é o melhor se a Roda (Campos, G.W.-2001) para planejamento
meio de prevenção paras as doenças cárie e gengivite, e das ações com o envolvimento dos usuários, de forma
pode ser realizado pelo próprio paciente, através de uma a lidar coletivamente com o impasse das grandes ne-
escovação dental com técnica correta. Dentro do Progra- cessidades e da falta de recursos. Utilizou-se a Pro-
ma de Prevenção “Dente-São”, da Secretaria da Saúde de blematização, tendo como referência o Método do
São Vicente, a Diretoria de Odontologia vem trabalhando Arco (Bordenave, J. e Pereira, A.-1982) para que
a educação em saúde, com ações que objetivam a apro- houvesse o exercício da reflexão-ação, tendo como
priação do conhecimento sobre o processo saúde-doença, ponto de partida e de chegada a realidade social, atra-
incluindo fatores de risco e de proteção à saúde bucal, vés do processo ensino-aprendizagem.
assim como a possibilitar ao usuário mudar hábitos apoi- Resultados: Os usuários tiveram a possibilidade de
ando-o na conquista de sua autonomia. grande avanço na reabilitação oral após traçados seus
Projetos Terapêuticos Singulares (Campos, G.W.-

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 72

2001), além da possibilidade de intervenção nos seus Conclusão: Com este programa de educação em recur-
processos de saúde-doença. Passaram a ter maior au- sos humanos, capacitam-se os profissionais para a im-
tonomia sobre si mesmos e suas realidades, além da plantação, organização, planejamento e gerenciamento
grande adesão ao tratamento clínico. T iveram seus de equipes de Saúde Bucal no PSF; para o diagnóstico,
sintomas aliviados e seus saberes e responsabilidades desenvolvimento e avaliação de ações coletivas e epi-
ampliados, complementando o compromisso pessoal demiológicas em saúde bucal, consonantes com a estra-
com a produção da saúde. tégia do PSF; e, ainda, ampliação dos conhecimentos em
Conclusão: Estratégias de participação popular no Saúde Bucal Coletiva e Saúde Pública.
planejamento das ações dos serviços de saúde culmi-
nam com bem estar físico e psicológico dos envolvi- R031 - Saúde e Educação: uma parceria a serviço
dos, além de aumentar a satisfação com o serviço da comunidade em Amparo, SP.
prestado. Percebemos que o controle social é uma
Antonio Marcos de Araújo, Edvane Aparecida Gon-
grande estratégia no avanço da qualidade do SUS.
çalves Panegassi, Eliana Aparecida dos Santos, Luci-
R024 - Elaboração de um curso de atualização de ana Longo Zanella Alves (ACD do Programa de PC
“Saúde bucal no Programa de Saúde da Família do Núcleo de Saúde Bucal da SMS de Amparo, SP).
(PSF)”.
Introdução: O Programa de Procedimentos Coletivos
José Alberto Hatem Beneton (APCD-Taubaté), Felipe (PC) em Saúde Bucal do Município de Amparo existe
Magalhães Bastos (APCD-Taubaté), Marco Antonio há mais de 16 anos, mas a execução deles só passou a
Manfredini. ser exercida pelos Auxiliares de Consultório Dentário
(ACD) em 1996, com a contratação dos mesmos sob a
Introdução: A necessidade da educação continuada, perspectiva da otimização do atendimento odontoló-
aperfeiçoamento e atualização na odontologia é visí- gico com o “trabalho a 4 mãos”. Antes desse período,
vel a cada dia. Todos os profissionais buscam sempre os PC eram executados pelos próprios Cirurgiões-
o aprimoramento de suas habilidades intelectuais e Dentistas (CD), que deixavam o atendimento curativo
práticas no que tange ao atendimento odontológico. para visitar as escolas, em detrimento da demanda de
Com a criação pelo governo federal do Programa de pacientes que aumentava cada vez mais na Rede Pú-
Saúde da Família, houve uma modificação na estrutu- blica de Saúde. Com a introdução dos ACD na equipe
ra de atendimento nos serviços de saúde no âmbito odontológica, os CD puderam retomar o atendimento
público. Com a inclusão posterior da saúde bucal, com maior qualidade de serviço e o Programa dos PC
houve a necessidade de se apresentar um programa de ganhou mais dinamismo e criatividade com a formação
educação para a capacitação de recursos humanos na da Equipe de Prevenção em Saúde Bucal (EPSB), que
área odontológica. podia se dedicar exclusivamente à prevenção escolar.
Métodos: É apresentada a proposta de um curso sobre Métodos: De início, o critério usado para selecionar
saúde bucal no PSF, com carga horária aproximada de os profissionais da EPSB era um perfil mais voltado
108 horas. O curso foi aplicado na APCD de Taubaté ao do educador. Um treinamento prévio e caseiro,
e está sendo realizado em Guaratinguetá no momento. instruído pelos próprios CD da rede, capacitou os pro-
O temário envolve diversos aspectos de cidadania, fissionais para auxiliar no tratamento curativo e sele-
qualidade de vida, humanização nas ações de saúde, cionou aqueles que apresentavam características mais
bioética, comunicação interpessoal, políticas públicas, singulares para atuar na área escolar preventiva. Mais
solidariedade, relações humanas, sistemas de saúde no tarde, o Projeto Larga Escala vinculado ao Centro de
mundo e o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, Formação de RH (CEFORH) para a Área da Saúde de
sendo que neste apresenta-se a história, orçamentação, Franco da Rocha, garantiu a formação técnica dos
financiamento, administração financeira, participação ACD. Mas, em 1998, uma oficina pedagógica promo-
e controle da comunidade e atendimento odontológico vida pelos próprios professores e coordenadores da
coletivo e social. Secretaria Municipal de Educação, permitiu um avan-
Resultados: Capacitação e qualificação dos profis- ço significativo na metodologia de preparação e apli-
sionais da área de saúde bucal para atuarem nas uni- cação das atividades educativas dos PC. Pela primeira
dades de Programa de Saúde da Família, objetivando vez, Odontologia e Educação falavam a mesma língua.
a integração das atividades multiprofissionais e esta- Resultados: Com a aquisição e incorporação de vá-
belecendo uma nova prática de atendimento odonto- rios conceitos pedagógicos, como o “construtivismo”
lógico à população. de Jean Piaget, os PC puderam modernizar suas estra-

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde BucaT 73

tégias de atuação. Assim, foi possível adaptar seus R066 - Cartilha de promoção de saúde bucal bilín-
procedimentos técnicos aos atuais métodos de ensino güe Português – Guarani: educação em saúde na
e esquemas de assimilação e aprendizagem propor- atenção diferenciada.
cionais às diferentes faixas-etárias do ambiente esco-
lar. Isso viabilizou a promoção e prevenção da saúde André Luiz Menato (MS-FUNASA / Projeto Rondon),
adequada à realidade pertinente. Daniel Malagoli (MS-FUNASA / Projeto Rondon),
Conclusão: A parceria entre educação e saúde mos- Adilson de Castro, Celso Aquiles, Fábio Silveira, Hu-
trou-se fundamental para a consolidação da presença go França, Pascoal Almeida Gonçalves, Ricardo Sil-
do profissional de saúde bucal no ambiente escolar, veira, Viles da Silva Euzébio.
pois sem a cooperação e participação dos profissio-
nais de educação, o programa dos PC não teria o res- Introdução: O processo de ocupação do território
paldo necessário para a sua manutenção e avaliação e Americano pelos povos europeus, iniciado no século
permaneceria como mais uma atividade extra-classe XIV e até hoje em andamento teve como conseqüên-
isolada da rotina diária do escolar. cia, dentre outros impactos, a perda de grande parte
dos conhecimentos e práticas tradicionais de saúde
R044 - Aleitamento materno versus hábitos bucais
dos povos indígenas brasileiras. Embora o Estado
deletérios: existe uma relação causal?
possua uma política de atenção diferenciada a estas
Artênio José Isper Garbin (Programa Pós-graduação populações, na prática cotidiana dos serviços de saúde
em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de indígena são raros os recursos e instrumentos que tra-
Odontologia de Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Sali- balhem dentro da lógica dos sistemas tradicionais de
ba Garbin (Programa Pós-graduação em Odontolo- saúde. A ausência de trabalhos e materiais educativos
gia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia respeitando-se fatores étnicos, culturais e lingüísticos
de Araçatuba-UNESP), Patrícia Elaine Gonçalves compõe uma das principais dificuldades do trabalho
(Programa Pós-graduação em Odontologia Preventi- odontológico com populações indígenas. A população
va e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatu- Guarani compõe um dos grupos de maior número no
ba-UNESP), Alessandra Fernandes Gonçalves Pavan. território nacional, espalhada por diversos estados,
sendo que no Estado de São Paulo possui aproxima-
Introdução: O aleitamento materno é uma importante damente 3.300 representantes, com dificuldades em
fonte de alimentação para o recém nascido, além de encontrar respostas para os problemas decorrentes do
ser também um estimulante ortopédico natural ao doloroso conflito cultural ao qual estão permanente-
crescimento normal dos maxilares. mente submetidos.
Métodos: O trabalho avaliou a percepção de mães Métodos: Para a confecção do material foram reali-
quanto à importância do aleitamento; até que idade a zadas oficinas de trabalho e nelas utilizados materiais
criança deve ser amamentada naturalmente, e investi- como lápis de cor, giz de cera, canetas hidrográficas e
gar se existe uma relação causal deste último com a esferográficas e papel sulfite. A partir da metodologia
aquisição de hábitos bucais deletérios. da problematização dos conceitos e práticas de saúde
Resultados: Observou-se que 88,52% das mães as- bucal nas comunidades Guaranis do Vale do Ribeira,
sociaram o aleitamento materno à saúde geral da cri- estado de São Paulo, os participantes livremente con-
ança; e somente 1,64% à saúde bucal. Apesar de cretizaram em figuras e textos as práticas tradicionais
73,8% mencionarem que deve amamentar a criança de saúde bucal de seus antepassados, reproduzidas
por mais de 6 meses, conforme preconizado pela verbalmente a cada geração.
OMS / UNICEF, apenas 54,1% a realizam. Observou- Resultados: A maior parte das representações veio
se por meio do teste qui-quadrado (p<0,05), uma rela- do conhecimento tradicional e do imaginário dos par-
ção da presença de hábito de sucção de chupeta, àque- ticipantes e refletem a importância e o reconhecendo a
las crianças em que o período de aleitamento foi redu- saúde bucal como forte elemento de promoção de
zido. qualidade de vida. As mudanças de hábitos alimenta-
Conclusão: Conclui-se que há necessidade de divul- res e comportamentais, as doenças bucais e a incorpo-
gação da importância do aleitamento na saúde bucal ração de hábitos de higiene e auto-cuidado também
da criança. foram livremente manifestadas; algumas gravuras
tiveram como fonte de inspiração materiais didáticos
de educação em saúde bucal. Todos os textos são de
autoria dos participantes, bem como as traduções para
a língua Portuguesa.

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 74

Conclusão: A cartilha bilíngüe se apresenta como


R070 - Apresentação de um projeto de educação
solução de alguns desafios do trabalho odontológico integral em saúde bucal nas escolas de educação
com populações indígenas e na promoção de saúde infantil da cidade de São Carlos, SP.
bucal em todas as faixas etárias, priorizando aspectos
tradicionais das práticas de prevenção, tratamento e Adriana Leandra Pianca (Prefeitura municipal de
cura da cultura Guarani, sem ignorar hábitos de higie- São Carlos –SP), Maria Inêz F. Assis Bertachini (Pre-
ne incorporados nos tempos modernos. Ela resgata, feitura Municipal de São Carlos – SP), Elaine Maria
pelo menos parcialmente, uma sabedoria milenar e Sgavioli Massucato (Fac. de Odontologia de Arara-
rica, infelizmente desvalorizada pelas sociedades “ci- quara – SP).
vilizadas”.
Introdução: O objetivo desta experiência foi traba-
R069 – Atenção materno-infantil (AMI) no Pro-
lhar na concepção de vigilância em saúde tendo como
grama de Saúde da Família.
principal premissa o princípio de territorialidade. No
Ana Lucia Figueiredo Pessoa de Barros (Fundação conceito de território, os problemas de saúde são ana-
Zerbini), Nidia Martinelli (Fundação Zerbini), Emilia lisados e enfrentados de forma integrada por setores
Beatriz Pires Mastrorosa (Fundação Zerbini). que historicamente tem trabalhado de maneira dico-
tomizada. A redução das doenças da cavidade bucal
Introdução: Com a criação do Programa de Saúde da vem sendo o nosso principal indicador para buscar a
Família, tornou-se possível o acompanhamento das saúde e a educação integral dos indivíduos da Região.
gestantes pelas equipes de saúde bucal, desmistifican- Este trabalho procurou envolver todos os setores inse-
do o tratamento odontológico durante a gravidez. O ridos na realidade local, entendendo o individuo e
objetivo deste trabalho é transmitir apresentar o pro- comunidade como o sujeito do processo. As 2 cre-
cesso de transmissão de conhecimentos de saúde bu- ches, 4 EMEI’s e EMEB do bairro Cidade Aracy em
cal às gestantes atendidas no Programa de Saúde da São Carlos – SP foram escolhidas devido à sua locali-
Família da Fundação Zerbini, a fim de que estas dimi- zação geográfica e nível sócio-econômico-cultural
nuam as doenças bucais, incorporem hábitos saudá- para a promoção, prevenção e recuperação da saúde
veis aos bebês, criando vínculo profissional-gestante- bucal, trabalhando no conceito da territorialidade,
bebê. integralidade e educação integral na Saúde.
Métodos: O projeto consiste no cadastro das gestantes Métodos: A metodologia do trabalho consistiu em
junto às equipes de saúde da família, que estão inician- introduzir um profissional de saúde (odontólogo) quin-
do o pré-natal. A atenção materno-infantil (AMI), será zenalmente nas escolas a fim de promover a integração
dividida em 3 fases: (1) triagem e avaliação do grau de entre saúde e educação, levantar o número de crianças
risco das doenças bucais, orientações e palestras em com dentes cariados e de alto risco à cárie para avalia-
saúde bucal, hábitos e cuidados de higiene dos bebês, ção do trabalho e montagem das estratégias de atendi-
controle de placa e escovação supervisionada; (2) tra- mento, realizar oficinas teórico-práticas com os profes-
tamento odontológico das gestantes e reavaliação do sores, diretores e pais a fim de conscientizar, capacitar
controle de placa e (3) cadastro e avaliação dos bebês, e ampliar os conhecimentos nas questões de saúde bu-
e reforço de hábitos e cuidados com a higiene. cal e geral, desenvolver atividades de caráter lúdico
Resultados: Foi observado: diminuição das doenças educativo (gincanas, jogos, teatros e dramatizações)
bucais, sensibilização das mães quanto à presença de com os escolares em parceria com os professores, im-
doenças bucais em seus filhos e ampliação da cobertu- plantar, acompanhar e fornecer os insumos para esco-
ra odontológica na área, através da prevenção. vação após a merenda em todas as escolas e envolver
Conclusão: Ocorre a integração e participação das outros profissionais de saúde do bairro (agentes comu-
gestantes com a saúde bucal. Ocorrendo o fortaleci- nitários, equipe de enfermagem e médicos) através de
mento do vínculo gestante-profissional-bebê. oficinas temáticas de saúde bucal e geral.
Resultados: Como resultado, após o levantamento dos
dados e a realização de um diagnóstico da saúde bucal
dos escolares da região, desencadeou-se a priorização
de atividades preventivas, curativas e coletivas. Bus-
cou-se com esse novo modelo solucionar os problemas
de atenção integral da saúde, além de possibilitar o
acompanhamento das crianças desde o berçário. Em
apenas três anos de trabalho, foi possível reduzir de 20

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 75

a 75% os índices de cárie nas EMEI’s da região e sen- escolares. Esta equipe também participa de eventos co-
sibilizar os profissionais envolvidos com os escolares munitários desenvolvendo atividades como apresentação
(diretores, professores e educadores), conscientizando- de teatro de fantoches, uso de fantasias sobre saúde bucal,
os de sua importância na formação de hábitos saudá- pintura de desenhos, entre outras. Anualmente há a avali-
veis de higiene e saúde. Também como resultado obte- ação do programa através do levantamento epidemiológi-
ve-se a sensibilização e organização de um grupo ges- co dos indivíduos inscritos.
tor composto por profissionais da Secretaria de Educa- Resultados: Tem sido observada uma redução signi-
ção (coordenador da pré-escola, ensino fundamental e ficativa e constante na prevalência da cárie dentária
creches) e da Secretaria de Saúde (administradores das crianças que participam das ações. No ano de
regionais e serviço de prevenção em saúde bucal) para 1992, época de implantação da equipe, o índice CPO-
discutir e propor um Plano de Ação e Prevenção em D (média de dentes cariados, perdidos e obturados)
Saúde para todos os outros escolares do município, em crianças de 12 anos de idade era 4,18, já no ano
visando à educação integral e a integralidade na saúde. 2005 o índice CPO-D foi de 1,3.
Conclusão: Concluiu-se que diante de necessidades Conclusão: Observa-se que o município está próxi-
em saúde, seja geral ou bucal, é necessário que se mo de atingir a meta da Organização Mundial de Saú-
estabeleçam programas de prevenção capazes de pro- de que é CPO-D 1,0 aos 12 anos de idade no ano
moverem uma verdadeira integração entre os diversos 2010, portanto, os esforços desenvolvidos ao longo de
setores para que juntos possam trabalhar verdadeira- mais de 10 anos de trabalho da equipe da prevenção
mente com vigilância em saúde. odontológica têm alcançado êxito na promoção de
saúde bucal da população inscrita nos programas.
R074 - Ações desenvolvidas pela equipe da preven-
ção odontológica do município de Presidente Pru- R079 - Aleitamento materno: como o cirurgião
dente – SP. dentista pode incentivar esta prática.

Luciane Regina Gava Simioni (SMS-Presidente Pru- Lourdes Cecília Ferreira de Freitas (Hospital e Ma-
dente, FO-UNOESTE), Palmira Maria Marques Cos- ternidade Interlagos-São Paulo-SP).
ta (SMS-Presidente Prudente).
Introdução: A OMS, o UNICEF e o Ministério da
Introdução: A construção de políticas públicas de Saúde recomendam: amamentação exclusiva no peito
incentivo à promoção de saúde, incluindo a saúde materno até os seis meses de vida e a introdução gra-
bucal, tem sido cada vez mais enfatizada. Neste con- dual de outros alimentos juntamente com a amamen-
texto foi criada a equipe da prevenção odontológica tação materna até os dois anos ou mais. O HMI como
que tem desenvolvido atividades educativas e preven- “Hospital Amigo da Criança”, participa do esforço
tivas visando à redução das doenças bucais. mundial para “promover, proteger e apoiar o aleita-
Métodos: A equipe da prevenção odontológica é com- mento materno” que nos últimos dez anos vem regis-
posta por cirurgiões-dentistas e atendentes de consultório trando um aumento do índice de prevalência da ama-
dentário pertencentes à Secretaria Municipal de Saúde de mentação durante os primeiros seis meses de vida;
Presidente Prudente-SP e, desde 1992, desenvolve diver- mas esta prática ainda não alcançou a sua plenitude. O
sos programas e ações a grupos diferenciados: o progra- presente trabalho analisou dados de questionários a-
ma “Saúde Bucal da Gestante” que realiza ações educati- plicados às mães de recém-nascidos de até seis meses,
vas, triagem e encaminhamento das gestantes para trata- que participaram do programa pré-natal no ambulató-
mento odontológico em unidades de saúde municipais; rio do HMI, visando verificar a prevalência de fatores
para crianças de 0 a 36 meses; o programa “Odontologia de risco ao desmame precoce.
para Bebês” que presta atendimento no Centro Técnico Métodos: No período de setembro de 2005 a feverei-
Odontológico; o programa “Odontologia para Bebês no ro de 2006 foram aplicados questionários a 180 mães
ambiente escolar” que realiza educação em saúde às auxi- de recém-nascidos atendidos no ambulatório do HMI
liares de desenvolvimento infantil e atividades preventi- sobre amamentação e uso de chupetas e mamadeiras.
vas em crianças matriculadas em creches e EMEI; na fase A amostra foi estratificada por idade do recém-
pré-escolar e escolar são desenvolvidas ações educativas, nascido, e sistemática, por selecionar mães que parti-
preventivas, triagem e encaminhamentos a aproximada- ciparam do Programa Pré-natal no ambulatório do
mente 30.000 crianças e adolescentes matriculados em 85 HMI. É importante aqui registrar, para fins de contex-
unidades da rede pública de ensino; e ainda o programa tualização do presente trabalho, que a equipe de saúde
“Tratamento Restaurador Atraumático” direcionado aos do HMI ministra palestras de orientação às gestantes

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 76

no período pré-natal e puerpério, e o cirurgião dentista mas progressistas dos anos 80, quando houve grande
como membro da equipe, assume o papel de agente avanço das políticas públicas. Atualmente a FUNASA
educador promovendo a saúde da gestante e do bebê. (Fundação Nacional da Saúde) é a instituição respon-
Nas palestras de saúde bucal são abordados os temas: sável para reorganizar a atenção à saúde dos povos
higiene bucal, alimentação saudável, aleitamento ma- indígenas através do trabalho das equipes multidisci-
terno e orientação quanto aos hábitos de chupetas e plinares que comparecem as aldeias semanalmente e
mamadeiras como fatores de risco ao desmame preco- priorizam as ações preventivo-promocionais, inte-
ce. grando também as comunidades indígenas aos siste-
Resultados: Da tabulação das respostas obtidas atra- mas de saúde locais em conformidade com os princí-
vés dos questionários pudemos constatar que: com pios e diretrizes do SUS. E para o enfrentamento dos
idade de até 30 dias encontramos 68,3% de bebês em problemas de saúde bucal com todas as suas causas
amamentação materna exclusiva (AE), 25% em ama- sociais, culturais, biológicas e ambientais se faz ne-
mentação mista (materna+mamadeira) (AM) e 6,6% cessária mobilização de toda a comunidade no sentido
em uso de mamadeira (MA). Destes 36,6% faziam de reconhecer os determinantes do processo saúde-
uso de chupetas; com idade entre 31 e 120 dias encon- doença, com o objetivo de construir formas e meios
tramos 48,3% (AE), 31,6% (AM) e 20%(MA). Destes para prevenir as doenças e promover saúde desta po-
61,6% faziam uso de chupetas; com idade entre 121 e pulação levando em conta as suas tradições e seus
180 dias encontramos 38,3% (AE), 36,6% (AM) e costumes. Os professores indígenas foram os princi-
25% (MA).Destes 68,3% faziam uso de chupetas. pais aliados nesta tarefa. Eles realizaram reuniões com
Conclusão: Este estudo mostrou que a prevalência a comunidade, falando em sua própria linguagem,
do uso de chupetas e mamadeiras nos primeiros seis problematizando as situações do dia a dia, abordando
meses de vida ainda é alta, mesmo entre a população assuntos referentes à saúde bucal e sua cultura, qual
que teve acesso aos programas de educação pré-natal era o costume dos mais antigos em relação aos cuida-
da rede pública de saúde. Confirmou-se também a dos com os dentes e como estes cuidados são realiza-
associação destes hábitos (uso de mamadeiras e chu- dos hoje em dia com o uso da escova, fio e creme
petas) como fatores de risco para o desmame precoce, dental fluoretado. Outro assunto importante discutido
o que serve de alerta para a necessidade de intensifi- nas reuniões foi a mudança da dieta original e o im-
cação das ações educativas voltadas às gestantes pacto que isto causou na dentição dos indígenas em
quanto à importância do aleitamento materno exclusi- geral.
vo até os seis meses de vida, onde a participação do Resultados: Estas reuniões resultaram num aumento
cirurgião dentista pode constituir importante reforço da atenção das comunidades em geral com o seu esta-
para a transformação das mães em agentes multiplica- do de saúde bucal. Todos começaram a se preocupar
dores dos conhecimentos em saúde bucal com refle- em não faltar em suas casas escova, fio e pasta dental
xos positivos para toda a comunidade. para todos os integrantes da família. Sempre que al-
guns destes itens ficavam faltando os indígenas pron-
R080 - Promoção de saúde bucal nas aldeias indí- tamente solicitavam a sua reposição (no pólo base
genas da região de Peruíbe. existe estoques de escova, pasta e fio dental forneci-
dos pela FUNASA para serem distribuídos racional-
Daniel Malagoli (Projeto Rondon / FUNASA).
mente para os indígenas). Houve também um aumento
Introdução: Neste trabalho será desenvolvido um
da procura pelo tratamento dentário, bem como da
relato histórico do processo de relação entre as institu- reabilitação oral através das próteses dentais. O maior
ições públicas e a população indígena da região de cuidado com a dieta e o consumo de alimentos açuca-
Peruíbe. Também será abordado o impacto causado rados também foi observado entre algumas famílias
pelo desenvolvimento da região, o contato com os da comunidade.
Conclusão: Quando lidamos com uma cultura dife-
brancos, a perda de terras e meios de subsistência so-
bre a saúde bucal dessa população, bem como os de- rente da qual estamos envolvidos, o respeito aos seus
safios atuais para controlar, prevenir e tratar as doen- costumes e cultura bem como o diálogo e a criação de
ças bucais mais freqüentes nos indígenas da região. vínculos entre os participantes do processo são ins-
Métodos: As políticas de atenção à saúde dos povos
trumentos importantes para a mobilização e participa-
indígenas vêm se desenvolvendo durante as décadas ção de todos na busca de uma melhor qualidade de
seguindo a evolução nacional das políticas públicas de vida para todos.
saúde e a sua consolidação se deu no bojo das refor-

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 77

R111 - Curso de clínica ampliada de odonto- ção no sentido de se ampliar o espectro de ação deste
estomatologia para cirurgiões-dentistas do SUS: trabalhador na clínica odontológica.
Resultados: Emerge uma proposta de atividades, na
uma nova proposta de qualificação.
forma de oficinas, aulas expositivas, seminários e ou-
Carlos Botazzo (Instituto de Saúde–SES / SP), Luiz tras modalidades dinâmicas, sendo que a primeira
Vicente Souza Martino (Instituto de Saúde –SES / SP), parte que é o curso em questão abordará a seguinte
Luis Antonio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde proposta: Módulo I-comunicação–(escuta e circulação
–SES / SP), Patrícia Nieri Martins (Instituto de Saúde de informações sobre desejos, interesses e aspectos da
–SES / SP), Fabiana Schneider Pires (CRT / AIDS), realidade); Módulo II–elaboração (análise da escuta e
Rebeca Silva de Barros (Instituto de Saúde –SES / das informações); Módulo III–elaboração (análise da
SP), Fausto Souza Martino (Prefeitura de Taboão da escuta e das informações); Módulo IV–tomada de
Serra), Olga Maria Agostinho Dias (Prefeitura de decisões (prioridades, projetos, contratos) arranjos
Embu das Artes). concretos de tempo e lugar, em que o poder esteja em
jogo e onde de fato se analisem problemas e se tomem
Introdução: O desenvolvimento de programas de deliberações na construção de novos espaços públicos.
saúde bucal encontrou forte razão tecnológica ao iní- Conclusão: O incremento na competência diagnóstica
cio dos anos 90, sobretudo a partir de dois eventos e terapêutica do cirurgião-dentista que compõe a equi-
fulcrais: o marco teórico da Saúde Bucal Coletiva, pe de saúde bucal é o resultado mais aguardado. Espe-
desenvolvido em 1988, e a introdução, na atenção ra-se, com isto, melhoria de qualidade no atendimento,
básica, dos procedimentos coletivos. Porém, ainda com maior capacidade resolutiva e encaminhamento
faltam aos programas adotados no nível local: 1) ino- conclusivo da intercorrência. Contudo, nota-se também
var quanto ao acesso e à cobertura; 2) incorporar a que atividades como esta que priorizam a construção
assistência odontológica ao conjunto da população coletiva devem ser constantemente estimuladas.
SUS; 3) realizar diagnóstico em saúde bucal como
rotina; 4) estabelecer protocolos de referência e con- R126 - Capacitação e treinamento de professores
tra-referência; 5) inovar a clínica odontológica, pro- para a promoção de saúde bucal .
pondo sistemáticas de atendimento adequado ao SUS.
Com esta visão definida o Projeto “Observatório de Claudia de Oliveira Ferreira (Prefeitura Municipal
Saúde Bucal Coletiva” construiu junto com os cirur- de Peruíbe).
giões-dentistas da região da DIRV-Osasco e apresen-
tou ao Núcleo de Educação Permanente da Região Introdução: A promoção de saúde é o processo de
uma nova proposta de qualificação para cirurgiões- capacitação das pessoas para aumentar o controle so-
dentistas do SUS. bre sua saúde, melhorá-la e transmitir valores funda-
Métodos: Ao longo de 2004 foram realizados 7 se- mentais, através de ações pedagógicas, de prevenção e
minários nascidos da idéia do grupo de clínica odon- promoção de saúde. O melhor local para educar é a
tológica organizado no Instituto de Saúde-SES / SP, escola, o momento mais oportuno para se formar bons
em meados de 2003, sempre com a participação de hábitos e comportamentos saudáveis é a infância e a
pesquisadores, coordenadores de saúde bucal e secre- adolescência, sendo que o professor saudável ensina
tários de saúde, equipes de saúde bucal e número ex- melhor e a criança saudável aprende melhor.
pressivo de usuários representando conselhos de saú- Métodos: Educação em saúde, através de palestras
de da DIRV-Osasco. Os seminários promoveram o com equipamentos áudio-visuais e dinâmicas desen-
incremento da parceria, dando como produto um pro- volvidas, abordando conceitos, técnicas, legislações,
jeto de pesquisa aprovado pelo CNPq, que é o “Ob- situação atual de saúde bucal do município e os prin-
servatório de Saúde Bucal Coletiva da DIR V”, cuja cipais problemas de saúde pública.
referência central é a ampliação da clínica. O fato a Resultados: Valorização dos programas de saúde
ser destacado é que todas essas atividades foram des- desenvolvidos no município; articulação de parcerias;
de o início propostas e construídas coletivamente e criação de novas estratégias de ação; supervisão e
vem permitindo aprofundar a compreensão dos limites suporte, e principalmente a enfatização da importân-
da assistência odontológica e as possibilidades de su- cia da saúde bucal em seus aspectos bio-psico-sociais,
peração do atual estado. Com o problema identifica- quando as pessoas começam a incorporar os métodos
do, ou seja, a baixa capacidade diagnóstico- individuais de proteção em seu cotidiano.
terapêutica do cirurgião-dentista que compõe as equi- Conclusão: É uma parceria de fundamental impor-
pes de saúde bucal da região, sugere-se uma capacita- tância, é a oportunidade de transformação de todos,

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 78

resultando em construção de novas idéias, novos desa- nitários, no campo da educação em saúde e em pes-
fios e cooperação no processo de desenvolvimento de quisas de promoção em saúde ao público de crianças
atitudes adequadas à promoção e manutenção da saú- pré-escolares.
de bucal. Conclusão: As pré-escolas são locais importantes
para o desenvolvimento de Programas de Educação
R133 - Programa de Educação em Saúde Bucal em Saúde, pois é durante a infância que a criança in-
para pré-escolares. corpora os hábitos de higiene e está numa fase propí-
cia ao aprendizado. Além disso, o programa de exten-
Karina Tonini dos Santos (Programa de Pós-
são universitária é importante na formação do futuro
graduação em Odontologia Preventiva e Social da
Cirurgião Dentista, pois proporciona um contato dire-
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), to com a comunidade, a realidade por ela vivida e as
Cléa Adas Saliba Garbin (Programa de Pós- possíveis ações para o resgate da cidadania.
graduação em Odontologia Preventiva e Social da
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), R170 - Oclusopatias: do programa de educação e
Artênio José Isper Garbin (Programa de Pós- prevenção no Projeto Boquinha ao programa de
graduação em Odontologia Preventiva e Social da tratamento clínico interceptativo da Prefeitura
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Municipal de Cosmópolis.
Maria de Lourdes Carvalho (Programa de Pós-
graduação em Odontologia Preventiva e Social da Érica Ferrazzoli Devienne Leite (Prefeitura Munici-
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), pal de Cosmópolis), Elaine Cristina DiBlasio (Prefei-
Daniela Coêlho de Lima (Programa de Pós- tura Municipal Cosmópolis), Clarice Sumie Ide (Pre-
graduação em Odontologia Preventiva e Social da feitura Municipal Cosmópolis), Alexandre Avancine
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP). Giovelli (Prefeitura Municipal Cosmópolis).

Introdução: A educação em saúde é uma das ações Introdução: Oclusopatias são anomalias do cresci-
mais importantes para promover saúde e deve ser uti- mento e desenvolvimento que afetam os músculos e
lizada como um instrumento de transformação social. ossos maxilares no período da infância e adolescência
Assim, o programa de educação em saúde bucal reali- e que podem produzir alterações estéticas nos dentes e
zado na escola é fundamental para que as crianças / ou face e funcionais na oclusão como mastigação e
adotem estilos de vida mais saudáveis. O objetivo fonação. No Brasil pode-se considerar que as ocluso-
deste trabalho é descrever sobre o Projeto de Extensão patias ocupam a 3ª posição na hierarquia dos proble-
de Educação em Saúde Bucal com finalidade de com- mas de saúde bucal. Sua etiologia justifica-se pela
partilhar essa experiência. interação de variáveis genéticas e ambientais incluin-
Métodos: O Programa desenvolve atividades educa- do estímulos nocivos que atuam principalmente du-
tivo-preventivas em saúde bucal para pré-escolares rante a formação e desenvolvimento do complexo
das Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) orofacial. Em Cosmópolis, levantamentos epidemio-
de Araçatuba-SP. Todas as etapas, do planejamento à lógicos apontaram para a necessidade de implementa-
execução, são realizadas por acadêmicos, pós- ção de medidas visando à prevenção, educação e tra-
graduandos, docentes e funcionários do curso de o- tamento das oclusopatias. Este trabalho tem como
dontologia, permitindo uma estreita relação entre uni- objetivo apresentar as estratégias desenvolvidas no
versidade e comunidade. A opção pedagógica empre- programa educativo / preventivo e sua integração com
gada é a da problematização e o material didático é o programa clínico interceptativo.
produzido pelos próprios alunos de graduação. Pales- Métodos: O trabalho de educação e prevenção das
tra, teatro de fantoche, contação de história, música e oclusopatias realizado pelo Projeto Boquinha-
brincadeiras são as formas de motivar as crianças pré- Prevenção em odontologia e fonoaudiologia, envolve
escolares quanto aos temas de saúde bucal e saúde principalmente causas ambientais com ênfase na remo-
geral. Esse trabalho educativo estende-se aos educa- ção de hábitos deletérios como chupeta,mamadeira e
dores, cantineiras e pais das crianças. dedo,valorização da respiração nasal,estímulo à ali-
Resultados: O Programa de Extensão em Educação e mentação consistente e fibrosa e prevenção da cárie.
Saúde tem promovido a mudança de comportamento Envolve principalmente as crianças de EMEIs devido a
em relação à saúde bucal das crianças, educadores e fase de desenvolvimento ser mais favorável às inter-
pais, além de proporcionar aos acadêmicos do curso venções propostas. A s estratégias descritas a seguir
de Odontologia, uma experiência em trabalhos comu- foram introduzidas pelo Projeto Boquinha em 2004 e

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 79

se mantém: 1-remoção de hábitos deletérios:Lixo da de de desenvolver o referido programa com o objetivo


Boquita: latas de lixo confeccionadas pelas crianças da realização de atividades educativas às gestantes e
das EMEIs que representa o lixo usado nos teatros pela seus futuros bebês, criando hábitos e prevenindo futu-
personagem do projeto e que se destina a receber chu- ras doenças bucais..
petas e mamadeiras das crianças que possuem estes Métodos: O universo da atenção são as gestantes ado-
hábitos e apresentam maturidade emocional para aban- lescentes matriculadas no programa pré-natal da Se-
doná-los. E stas latas estão presentes também nas cretaria Municipal de Saúde. As gestantes participam
UBSs próximas as salas dos pediatras. G rupo para de reuniões pedagógicas na UBS e no Fundo Social
remoção de hábitos deletérios:grupo de terapia com de Solidariedade; onde são trabalhados temas como
fonoaudióloga formado por crianças sem maturida-de amamentação, saúde bucal, higiene bucal, hábitos
emocional para abandonar os hábitos através do Lixo saudáveis, atendimento odontológico à gestante, prin-
da Boquita; 2-estímulo à ingestão de alimentos fibro- cipais problemas bucais e prevenção. Estes temas são
sos:Para contextualizar a importância da ingestão des- relativos à mãe e ao bebê. Em conjunto com as ativi-
tes alimentos para o desenvolvimento das arcadas, foi dades educativas as gestantes recebem aulas de pintu-
introduzida a distribuição de maçãs durante as ativida- ra e confecção de fraldas, bolsas, travesseiros para
des educativas do projeto e de espigas de milho cozido seus futuros bebês com o apoio do Fundo Social de
e saladas de legumes crus na merenda; 3-valorização Solidariedade.
da respiração nasal:Higienização nasal supervisionada Resultados: Por se tratar de um programa que envol-
pela equipe. Grupo terapêutico para respirador bucal ve diferentes fontes mobilizando a comunidade, des-
realizada pela fonoaudiologia; 4-prevenção da cárie: perta a motivação, a participação, a troca de idéias
tema explorado nas atividades educativas em associa- entre as gestantes e sua família, sobre a importância
ção às atividades terapêuticas de higieniza-ção bucal e da saúde bucal no contexto da saúde geral. A média
fluorterapia por grupo de risco. O programa de trata- de presença das gestantes nas reuniões é de 96%..
mento clínico interceptativo se desenvolve paralela- Conclusão: Para o controle da cárie dentária, a pre-
mente. Durante o exame de risco à cárie são identifica- venção é sem dúvida o melhor caminho, mostrando
dos e triados para a clínica os casos de oclusopatias que a educação e a motivação são fatores determinan-
(mordida aberta anterior, mordida cruzada anterior e tes no sucesso do programa. Nos vários níveis sociais
posterior e perda precoce de molares decíduos). da cidade de Itapira, estamos trabalhando para que
Resultados: Remoção de hábitos deletérios pelo Li- haja uma maior consciência da necessidade da pro-
xo da Boquita: 2004: 336 crianças, 57% mamadeira, moção da saúde bucal. Estudos longitudinais futuros,
33% chupeta, 10% dedo. 2005: 273, 55% mamadeira, detectarão redução na prevalência de cárie dentária e
36% chupeta, 9% dedo. Grupo para remoção de hábi- doença periodontal.
tos deletérios: 8 crianças em tratamento e 12 sucessos.
Grupo para respirador bucal: 10 crianças em trata- R176 - Ações Coletivas para pacientes internados
mento e 8 sucessos. No início do projeto 13% das no Hospital Luzia Pinho Melo / Mogi das Cruzes:
crianças aos 5 anos estavam livre de cárie, atualmente experiência dos alunos da disciplina de Estágio
são 47%. O programa de tratamento clínico atendeu Supervisionado da UMC.
30 crianças e atualmente 11 estão em tratamento
Albina Dolores Herbas Zapata (UMC), Camilo A-
Conclusão: Atividades educativas e preventivas
nauatte Neto (UMC), José Humberto de Melo Bezerra
constituiem-se de uma importante alternativa para
(UMC), Marcelo Braga de Carvalho (UMC), Mariste-
tratar coletivamente o problema das oclusopatias, sua
la Vilas Boas Fratucci (UMC), Renato Sérgio Quinte-
eficácia é aumentada quando um programa de trata-
la (UMC).
mento clínico interceptativo ocorre em paralelo.
R175 - Promovendo a saúde bucal da gestante e do Introdução: Na área de desenvolvimento das ações
bebê no município de Itapira, SP, em 2006. coletivas em saúde bucal, a maioria dos projetos está
dirigida a grupos escolares ou programáticos das Uni-
Ceci Queluz Venturini Nicolai - Prefeitura Municipal dades de Saúde. Propiciar ao aluno a possibilidade de
de Itapira. resgatar práticas coletivas em saúde bucal para pacien-
tes internados contribui de forma efetiva não somente
Introdução: A importância de uma boa higiene bucal para a formação crítico-participativa e social do aluno
e de uma dieta balanceada é a melhor medida preven- nos vários níveis de atenção do SUS. Mas também
tiva da odontologia. Assim identificamos a necessida- caracteriza a saúde bucal como fator primordial na re-

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 80

dução de contaminações por microorganismos presen- R185 - Educação em saúde: atuação multiprofis-
tes na cavidade bucal, bem como representa a oportu- sional com crianças em idade pré escolar.
nidade de acolhimento e humanização ao paciente.
Métodos: Os alunos do 9° período do Curso de Odon- Aline Arcanjo Gomes (Residência Multiprofissional
tologia da Universidade de Mogi das Cruzes através da em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-
Disciplina de Estágio Supervisionado, no ano de 2004, lina / Faculdades Santa Marcelina / Ministério da
visitaram os pacientes em observação. Aplicaram um Saúde), Ângela Libert Alves (Residência Multiprofis-
questionário para o paciente / acompanhante, promove- sional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa
ram uma atividade educativa e se possível faziam a Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Ministério
evidenciação e a escovação supervisionada. da Saúde), Adriana Almeida Jecks (Residência Multi-
Resultados: Ao serem tabulados os 176 relatórios, profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde
38,0% tinham de 1 mês a 19 anos e 62,0% eram adul- Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Mi-
tos. 82,0% eram residentes em Mogi das Cruzes sendo nistério da Saúde), Tanira Peres de Freitas (Residên-
que 58,0% já estavam internados há 3 dias. Dos paci- cia Multiprofissional em Saúde da Família da Casa
entes envolvidos 75,0% relataram fazer uso da esco- de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-
vação diária, porém no período de internação somente lina / Ministério da Saúde), Julie Silvia Martins (Casa
29,0% o fizeram regularmente e os 63,1% restantes de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-
não realizaram. Sendo que 65,9% nunca haviam rece- lina).
bido orientações educativas em saúde bucal.
Conclusão: Os pacientes assistidos na observação do Introdução: Com vistas à promoção da saúde e me-
hospital em muitas situações passavam períodos supe- lhoria da qualidade de vida, a educação em saúde é
riores há 48 horas, não sendo estimulados, estando um recurso fundamental, instrumentalizando os indi-
impossibilitados ou muitas vezes sem os insumos ne- víduos e favorecendo o desenvolvimento de habilida-
cessários para efetivação de práticas de higiene bucal. des pessoais para o controle de questões relativas à
Com as visitas regulares dos alunos criou-se uma sua própria saúde. Na perspectiva de promoção da
maior visibilidade para todos envolvidos; alguns esta- saúde, as ações multiprofissionais e intersetoriais pas-
vam impedidos e os cuidadores eram estimulados a sam a ser estratégias para o enfrentamento dos deter-
realizar atividades ligadas à cavidade bucal, demons- minantes do processo saúde-doença. Diante desse
trando desta forma um expressar dos cuidados de contexto, uma equipe da Residência Multiprofissional
forma integral. Todo processo proposto funcionou em Saúde da Família que tem como campo de prática
como uma dupla aproximação para o paciente / acom- uma Unidade Básica de Saúde, desenvolveu uma ação
panhante que participou das ações de saúde bucal, educativa em uma Escola Municipal de Ensino Infan-
bem como para os alunos que tiveram a oportunidade til (EMEI), com o objetivo de orientar alunos e edu-
de um trabalho humanizado e a observação dos vários cadores sobre questões relativas à saúde geral, envol-
Níveis de Atenção do SUS. vendo questões de higiene pessoal e nutrição, com
vistas à promoção da saúde.
Métodos: Trata-se de um relato de experiência em
que a equipe multiprofissional elaborou e apresentou
uma peça teatral para as crianças e educadores utili-
zando fantoches de forma interativa. A ação foi reali-
zada com crianças de 4 a 6 anos de idade, matricula-
das em uma EMEI localizada no bairro de Vila Jacuí,
zona leste do município de São Paulo, no ano de
2005. A equipe que planejou e desenvolveu a ação era
composta por 2 cirurgiãs-dentistas, 1 fisioterapeuta e
1 fonoaudióloga. Na atividade foram abordados temas
relacionados à higiene pessoal, hábitos alimentares
saudáveis, com enfoque especial para a saúde bucal.
Após a apresentação, as crianças receberam escova
dental, passaram pela experiência de ter sua placa
bacteriana dental evidenciada com uso de corantes e
observação no espelho, seguida de escovação supervi-
sionada.

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Resumos dos trabalhos: Educação em Saúde Bucal 81

Resultados: A apresentação da peça teatral promo- bém foi considerada positiva dentro da ação educati-
veu importante interação entre os diferentes profissio- va, uma vez que permitiu que as crianças se apropri-
nais de saúde, educadores e alunos, oferecendo condi- assem de instrumentos e técnicas que favorecessem o
ções para que pudessem analisar criticamente a reali- desenvolvimento de habilidades pessoais para o con-
dade individual e coletiva, identificando alguns fato- trole de questões relativas à sua própria saúde.
res relacionados com suas condições de saúde e for- Conclusão: A ação proporcionou integração entre o
mas para o enfrentamento destes fatores, dentro da equipamento de saúde e o educacional, viabilizando
sua realidade. A evidenciação da placa bacteriana da ações intersetoriais de promoção de saúde e ofereceu
superfície dental favoreceu a aprendizagem das crian- subsídios para o controle e melhoria das condições de
ças, uma vez que possibilitou a experiência concreta e saúde das crianças, dos educadores e conseqüente-
individual sobre os assuntos anteriormente discutidos mente, da população assistida.
na atividade teatral. A escovação supervisionada tam-

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Resumos dos trabalhos 82

Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal

mentos odontológicos e de insumos para higiene bu-


P001 - Tendências da indústria de equipamentos cal, apresentando balança comercial superavitária na
odontológicos e de insumos para higiene bucal no maior parte do período estudado. Aponta-se a neces-
Brasil entre 1990 e 2002. sidade do Ministério da Saúde assumir o seu papel na
regulação e no controle do parque industrial de equi-
Marco Antonio Manfredini (SMS-SP) e Carlos Botaz- pamentos odontológicos e de insumos para higiene
zo (Instituto de Saúde- SES-SP). bucal no país. A omissão se estende ao controle da
Introdução: O tema pesquisado se insere no campo
incorporação de novas tecnologias na área de saúde
da Economia da Saúde. Sua proposta é analisar as bucal e a ausência de uma política de avaliação sobre
tendências da indústria de equipamentos odontológi- as tecnologias disponíveis e a criação de alternativas
cos e de insumos para higiene bucal no Brasil entre que possibilitem o desenvolvimento de tecnologias
1990 e 2002 e retoma o debate sobre o conceito de compatíveis com a realidade social do país. O impor-
complexo médico industrial, formulado por Hésio tante incremento no consumo de produtos para higie-
Cordeiro em 1980, que propunha o estudo das rela- ne bucal deve ser analisado em novos estudos, para se
ções entre a produção e circulação de medicamentos, avaliar as justificativas para tal aumento, sua distribu-
a organização da prática médica, as formas de inter- ição pelas diferentes classes sociais e suas necessida-
venção estatal no setor e as práticas concretas de con- des efetivas, como no caso do aumento no consumo
sumo individual. de colutórios.
Métodos: A pesquisa é descritiva. O estudo foi reali- P003 - Construindo a saúde bucal coletiva: uma
zado através da revisão da bibliografia existente, cole- análise documental de processos avaliativos.
ta de dados junto a órgãos governamentais e da indús-
tria envolvida com o objeto de estudo. A pesquisa foi Agnaldo Antonio da Silva (SMS-Campo Limpo Pau-
feita por meio de consultas em livros, periódicos cien- lista), Luís Fernando Nogueira Tofani (SMS-Várzea
tíficos, meios de imprensa, textos, anais de congres- Paulista).
sos, dissertações, teses e sítios na internet.
Resultados: Entre os resultados iniciais, destacam-se Introdução: O estudo teve o propósito de avaliar a
as seguintes características da indústria de equipamen- qualidade das ações e serviços de atenção à saúde
tos odontológicos, que as diferencia do restante deste bucal no município de Campo Limpo Paulista. Tem
parque produtor: uma importante produção realizada caráter descritivo, tipo documental.
no próprio país, a participação expressiva das expor- Métodos: Foram analisados três documentos corres-
tações em relação às importações e a grande quanti- pondentes às avaliações do serviço público odontoló-
dade de países para onde são exportados os produtos. gico do município em estudo, realizadas respectiva-
Um ponto que merece ser destacado é a divergência mente por gestores, trabalhadores e usuários. Os da-
entre os dados coletados junto a organismos gover- dos foram trabalhados por meio de análise de conteú-
namentais e à associação representativa da indústria. do, considerando três categorias de avaliação: estrutu-
Em relação aos insumos para higiene bucal, destaca- ra, processo e resultados.
se o crescimento do consumo destes insumos no perí- Resultados: A pesquisa propiciou uma compreensão
odo estudado. Entre 1992 e 2002, o consumo de denti- bastante aproximada da realidade, demonstrando dife-
frícios cresceu 64,6%, o de escovas dentais, 173,7%, rentes percepções, divergências e consensos entre os
o de fio dental, 218,9% e o de enxaguatório bucal, autores envolvidos: (1) os profissionais consideram
720,9%. O consumo médio destes produtos no Brasil importante a fluoretação da água de abastecimento,
é um dos maiores do mundo, sendo que no consumo não mencionada pela população e avaliada em relató-
percapita o Brasil consome mais creme dental que a rio de gestão como de regularidade baixa; (2) crítica
Dinamarca e escovas que Argentina e México. geral é sobre a centralização do atendimento; (3) não
Conclusão: A pesquisa aponta para a necessidade da há indicadores específicos da aplicação de recursos
construção de uma interface entre a Saúde Bucal Co- financeiros em saúde bucal, inexistindo questiona-
letiva e a Economia da Saúde. Mesmo com expressi- mento dos profissionais quanto a este montante, ape-
vas limitações, o estudo exploratório conseguiu com- nas reivindicações por melhor remuneração que é en-
provar que o país é um grande exportador de equipa- dossada pelos usuários; (4) a equipe critica a gestão

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Resumos dos trabalhos: Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal 83

centralizada e requer participação nos processos de da Atenção para a SB. As comparações entre as Con-
planejamento e avaliação; (5) a população desconhece ferências e a análise que se realizou do panorama da
o Controle Social no SUS e os Programas de Saúde evolução das propostas em prol da SB no Brasil de-
Bucal desenvolvidos; (6) a falta de um sistema de monstraram progresso, tanto na temática, como na
referência com especialidades é sentida por todos; (7) gestão, sendo que o financiamento é o que mostra as
a população manifesta-se satisfeita com os serviços maiores dificuldades, bem como o comprometimento
apenas quando tem acesso, avaliado pelos gestores das equipes e usuários do sistema.
como baixo e, embora os indicadores epidemiológicos Conclusão: O trabalho concluiu que nos últimos trin-
apontem para o declínio da doença cárie, a equipe ta anos a SB adquiriu relevância no cenário da saúde
considera ruins as condições de saúde bucal da popu- no Brasil. A política da SB, construída nas CNSB,
lação em geral. pretende garantir os direitos constitucionais à saúde,
Conclusão: A incorporação de processos de avalia- inclusive bucal, do cidadão. A análise das propostas
ção, com a participação de todos os atores sociais en- das CNSB demonstra evolução no sentido de servirem
volvidos nos serviços públicos odontológicos pode ser de base às diretrizes do gerenciamento da atenção à
importante ferramenta na construção da saúde bucal SB, com o exercício da cidadania e controle social, na
coletiva. educação em saúde, formação das pessoas e profissio-
nais do setor.
P041 - Evolução das Propostas das Conferências
Nacionais de Saúde Bucal (CNSB). P101 - Financiamento dos serviços de saúde públi-
ca: uma análise dos municípios de São Paulo.
Laura Pereira Robles (FSP-USP), Roberto Augusto
Castellanos Fernandez (FSP-USP), Fábio Renato Henrique Mendes Silva (FOB / USP), Ricardo Pianta
Pereira Robles (FOUSP) e Antonio Robles Junior Rodrigues da Silva (FOB / USP), Suzana Goya (FOB
(FEA-USP / PUCSP). / USP), José Roberto Pereira Lauris (FOB / USP),
Silvia Helena de Carvalho Sales Peres (FOB / USP).
Introdução: Devido às mudanças políticas, epidemio-
lógicas e demográficas no Brasil nas últimas três dé- Introdução: A Emenda Constitucional nº. 29, editada
cadas, o cenário da Saúde Bucal (SB) bem como o em 13 de setembro de 2000, representa um grande
interesse das pessoas por ela, pode ser percebido me- avanço para o financiamento dos serviços de saúde
diante a análise dos conteúdos das três CNSB (1986, pública do Brasil. Em relação aos estados e municí-
1993 e 2004), comparando suas propostas para facili- pios, a Emenda estabeleceu para o ano 2000, a obriga-
tar a compreensão da evolução, amplitude e profundi- toriedade de aplicação no setor saúde, um percentual
dade dos temas que vêm sendo discutidos. A intenção mínimo de 7% da receita de impostos. Nos exercícios
é identificar o percurso e a progressão da participação seguintes, esse percentual deveria ser acrescido, anu-
dos interessados no tema e o gerenciamento em SB. almente, à razão de um quinto, até atingir, em 2004, o
Métodos: Os recursos utilizados foram os relatórios percentual mínimo de 12% para as receitas estaduais e
finais das CNSB. O método é qualitativo, da análise de 15% para as receitas municipais. Reconhece-se que
de conteúdo, focando a amplitude e a profundidade essa medida, de importante impacto potencial na me-
das propostas, com identificação dos participantes e lhoria e ampliação dos serviços de saúde (dentre eles
dos temas discutidos, comparando os enfoques em os de saúde bucal), contribui para realizar o princípio
cada conferência. constitucional que define a saúde como direito do
Resultados: Os resultados estão centrados nos eixos cidadão e dever do Estado. O presente estudo teve
enfocados nas três CNSB. Na primeira: Saúde como como objetivo analisar a situação dos 645 municípios
Direito de Todos e Dever do Estado; Diagnóstico de do estado de São Paulo quanto ao cumprimento dos
SB no Brasil; Inserção da Odontologia no Sistema limites fixados na Emenda Constitucional nº. 29.
Único de Saúde (SUS) e Financiamento do Setor de Métodos: Para a realização do estudo foram utiliza-
SB. Na segunda: SB é Direito de Cidadania; Políticas dos dados secundários, publicados pelo Sistema de
de Saúde: A SB e o SUS; Modelo de Atenção; Desen- Informações Sobre Orçamentos Públicos em Saúde
volvimento Tecnológico; Financiamento; Recursos (SIOPS). Os municípios foram distribuídos em 4 gru-
Humanos e Controle Social. Na terceira, SB: Acesso, pos: Grupo I: municípios com população menor que
Qualidade, Exclusão Social, Educação, Construção da 10.000 habitantes; Grupo II: entre 10.000 e 50.000;
Cidadania; Controle Social, Gestão Participativa; Grupo III: entre 50.000 e 100.000; e Grupo IV: com
Formação e Trabalho, Financiamento e Organização população maior que 100.000 habitantes. Fez-se uso

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Resumos dos trabalhos: Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal 84

de estatística descritiva para analisar os gastos em variável do PAB, o Ministério da Saúde financia a
saúde de cada grupo de municípios. odontologia na atenção básica através de incentivo à
Resultados: Como resultado, obteve-se que, no ano implantação de equipes de saúde bucal no programa
2000, a média geral dos gastos em saúde dos municí- de saúde da família. Estes incentivos, com o passar
pios do estado de São Paulo foi de 16,58%, e no ano dos anos, foram sofrendo alguns acréscimos, conside-
de 2004 de 19,34%. Nos municípios do Grupo I, os rando a defasagem nos valores, a necessidade de am-
gastos foram de 16,36% em 2000, e 19,05% em 2004. pliação da resolutividade das ações básicas em odon-
Nos municípios do Grupo II observaram-se os valores tologia, e buscando a integralidade da assistência.
de 16,49% e 19,42% nos respectivos anos citados. No Este incentivo é repassado do fundo nacional direto ao
Grupo III, os gastos aumentaram de 16,37% para fundo municipal de saúde, assim cabe ao Município a
19,98%; e no Grupo IV a porcentagem subiu de responsabilidade de gerenciar e aplicar corretamente o
18,06% para 19,82%. No ano de 2004, 42 municípios montante. Os procedimentos odontológicos que não
não conseguiram cumprir os valores fixados pela EC estão previstos na atenção básica são pagos direta-
nº. 29, sendo que destes, 40,48% pertenciam ao Grupo mente pelo Ministério ao Município prestador. Os
I; 47,62% pertenciam ao Grupo II; 7,14% pertenciam incentivos ministeriais não são a única forma de in-
ao Grupo III; e 4,76 ao Grupo IV. vestimento, os Municípios e os Estados também in-
Conclusão: Com isso conclui-se que apesar de al- vestem recursos no custeio das ações de saúde bucal,
guns municípios ainda não terem conseguido cumprir previstos nos investimentos de saúde, através de per-
os limites fixados pela EC nº. 29, os percentuais de centuais orçamentários destas esferas de governo.
gastos em saúde aumentaram em todos os grupos de Conclusão: Os princípios e as diretrizes do Sistema
municípios, reforçando assim, a necessidade da regu- Único de Saúde só podem ser viabilizados com a
lamentação de tal Emenda. construção de um modelo de financiamento flexível
para oferecer agilidade no uso de recursos, com sis-
P138 - Financiamento em Saúde Bucal no Brasil. temas de informação transparentes, expresso em leis e
normas que garantam o compromisso dos gestores
Fernanda Vallim Leão (Faculdades Santa Marcelina / com a manutenção de fontes estáveis. Tem-se que o
Casa de Saúde Santa Marcelina), Julie Silvia Martins processo de descentralização da saúde no Brasil defi-
(Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa niu regras e incentivos positivos que favoreceram a
Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Faculda- transferência direta de recursos federais ao Município,
des Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marceli-
assim os gestores locais de saúde ganharam maior
na), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Faculdades
autonomia e poder sobre os recursos. O financiamento
Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Marcelina).
em saúde bucal, baseado em recursos das três esferas
Introdução: O financiamento da área de saúde é feito
do governo tem-se mostrado o caminho para que cada
através das três esferas de governo e a distribuição esfera contribua de maneira adequada para uma me-
dos montantes está pautada em portarias governamen- lhora no Sistema Único de Saúde, principalmente nas
tais e normas operacionais. Com relação à saúde bu- ações de saúde bucal. Faz-se necessário garantir que
cal, os investimentos e incentivos advindos do Minis- os recursos federais, estaduais e municipais ajudem a
tério da Saúde são a principal forma de financiamen- constituir garantia ao acesso, qualidade e humaniza-
to, sendo complementado por percentuais dos orça- ção da atenção e busca da equidade.
mentos de estados e municípios. O entendimento da
legislação vigente com relação aos investimentos em
saúde bucal se faz necessário para o efetivo controle
social e para o planejamento de ações principalmente
por parte dos gestores locais.
Métodos: Foi realizada uma revista da literatura ba-
seada em documentos oficias do Ministério da Saúde,
consulta à legislação vigente atual e consulta a livros
e artigos relacionados ao financiamento em saúde
bucal.
Resultados: A instituição do Piso da Atenção Básica
(PAB) permitiu o repasse fundo a fundo de recursos
destinados às ações básicas de saúde. Com a parte

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Resumos dos trabalhos: Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal 85

P148 - Responsabilidade Administrativa do Gestor idoso e do levantamento das condições sócio-


de Saúde. econômicas de nosso município, percebeu-se a neces-
sidade de se buscar solução para um problema de saú-
Ricardo Pianta Rodrigues da Silva (Mestrando em de pública até então desconhecido, que era a necessi-
Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de dade de reabilitação protética de nossos munícipes.
Bauru – USP); Arsenio Sales Peres (Professor Métodos: Foi então planejada a execução de um pro-
Doutor do Dep. de Saúde Coletiva da Faculdade de grama específico para a confecção de prótese total,
Odontologia de Bauru – USP); José Roberto de pois a reabilitação se faz necessário, e o sistema de
Magalhães Bastos (Professor Titular do Dep. de referência e contra-referência se demonstrava inapto
Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de para nos ajudar frente a realidade encontrada. Através
Bauru – USP); Henrique Mendes Silva (Mestrando da execução do projeto para o programa, apresentação
em Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de ao Poder Executivo e a Promoção Social, com o aval
Bauru – USP); César Lopes Junior (Aluno Especial dos mesmos, iniciou-se a execução das peças protéti-
da Disciplina de Ética e Legislação da Faculdade de cas em julho de 2003, num total de 20 peças por mês.
Odontologia de Bauru – USP). Para a execução, o paciente é avaliado pelo profissio-
nal responsável que preenche uma guia de matrícula
Introdução: Os profissionais de saúde em geral, entre no programa, em conjunto com a anamnese. Com esta
eles o cirurgião-dentista, podem atuar em suas profis- guia, o paciente é encaminhado ao Setor de Promoção
sões de diversas maneiras. Dentre elas como adminis- Social para averiguação sócio-econômica e, uma vez
tradores de saúde, área esta que ultimamente vem ga- confirmada a sua inclusão, é realizado um agenda-
nhando destaque no cenário político nacional por sua mento para a moldagem. A confecção da peça protéti-
relevância ao atuar frente às necessidades da popula- ca é realizada e 4 etapas (moldagem, roletes, prova de
ção. Esse campo de atuação exige vários conhecimen- dente, ajuste e entrega) e aberto retorno para adapta-
tos que geralmente não são obtidos pelo atual modelo ções necessárias.
curricular das universidades. O presente trabalho tem Resultados: Hoje o programa se transformou em
por objetivo elencar as principais responsabilidades e uma política de saúde, voltada a cumprir o princípio
obrigações do gestor de saúde frente ao Estado, por da integralidade, princípio esse tão importante dentro
meio dos princípios do Direito Administrativo e das do SUS. Até o mês de março de 2006 foram entregues
normas legais vigentes. 794 peças protéticas, distribuindo sorrisos, melhores
Métodos: Realizou-se uma revista da literatura sobre condições de saúde e auto-estima.
os principais temas do Direito Administrativo, bem Conclusão: O gerenciamento dentro do SUS deve
como sobre os Princípios da Administração, a Impro- atentar para os dados que os levantamentos realizados
bidade Administrativa e a Lei de Licitação e Respon- têm mostrado sobre sua população. Ter a consciência
sabilidade Fiscal. de que muito mais importante que colher dados, é o
Resultados: O gestor de saúde deve principalmente planejamento e a luta para solucionar os problemas
atuar baseado nos princípios da moralidade adminis- encontrados. A demanda para o Programa Sorria Cas-
trativa e da legalidade, evitando assim, que seus atos tilho, implantado em nosso município deixa claro que,
sejam inseridos no contexto da improbidade adminis- com direcionamento, bom planejamento e boa vonta-
trativa, o que acarreta sanções em cada caso específico. de governamental, podemos solucionar os problemas
Conclusão: Pode-se concluir que a atuação do gestor de saúde mais relevantes de nossa população.
de saúde no cenário administrativo é cercada de res-
R062 - Absenteísmo: diagnóstico situacional no
ponsabilidades e deveres frente ao Estado, o que deixa
ambulatório de saúde bucal do CRT / SP realizado
o gestor vulnerável pela falta de conhecimento de suas
em 2002.
atribuições.
R027 - Sorria Castilho, de programa a política de Fabiana Schneider (CRT DST / Aids), Catalina Riera
saúde. (CRT DST / Aids), Odaílton Corrêa (CRT DST /
Aids), Sonomi Takita (CRT DST / Aids), Décio Masini
Carlos Roberto Tencarte, Sérgio Luiz de Souza (Pre- (CRT DST / Aids)
feitura Municipal de Castilho / SP).
Introdução: A adesão ao tratamento odontológico tem
Introdução: Após a divulgação dos dados do SB sido, visto sua relevância para o planejamento em ser-
2000, levantamento de condições de saúde bucal do viços de saúde, pouco discutido. Embora exista absen-

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Resumos dos trabalhos: Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal 86

teísmo no agendamento, pouco sabemos sobre os moti- etapa deste trabalho,realizamos algumas alterações em
vos deste em relação ao tratamento odontológico. nosso agendamento e redimensionamos o atendimento
Métodos: Estudo quantitativo, de corte transversal, das emergências no sentido de diminuir nosso índice
instrumentado por questionário fechado composto por de absenteísmo.
questões de múltipla escolha. Para composição e aná- Métodos: Após composição e análise dos dados (do
lise dos dados foi realizado levantamento da quanti- período de julho a dezembro de 2002) e no intuito de
dade de consultas agendadas, atendimentos de urgên- alicerçar nossas decisões e mudanças também na par-
cia, remarcações de consultas e faltas, no período de ticipação dos usuários, realizamos reunião com a ou-
julho a dezembro de 2002. vidoria e com usuários do serviço para discutir pro-
Resultados: Neste período foram agendadas 2.119 postas de agendamento, tendo em vista o resultado do
consultas para atendimento de. Foram contabilizados 1º estudo e também algumas limitações, como o nú-
1.120 faltas, 631 atendimentos de urgência e 164 re- mero de profissionais e estagiários que não poderiam
marcações. De 1466 atendimentos, 43,5% foram de ser aumentados, bem como o número de agendamen-
urgência. A partir destes dados, os autores realizaram tos ou plantões. Nesta ocasião ficou decidido que as
entrevistas com 26 sujeitos, pacientes do ambulatório. agendas seriam abertas, como já vinha acontecendo
Questões sobre satisfação em relação ao atendimento desde janeiro de 2004, no primeiro dia útil do mês e
apontaram 88% de pacientes satisfeitos. Motivos das por 60 dias, com reserva de vagas para retornos e para
faltas: 23% esquecimento, 23,3% compromissos de o mês subseqüente, além de que os atendimentos nos
trabalho, 12% poucas opções de horário, 6,6% doença plantões seriam o mais resolutivos possíveis, a fim de
ou cuidar de alguém doente, nunca faltaram 33%. evitar agendamentos. A lém disso, foram realizadas
21,4% preferiam ser atendidos sem consulta agenda- reuniões com a equipe de saúde bucal com o propósi-
da, 57% pretendiam o controle e manutenção da saúde to de integrar os profissionais, motivando-os no senti-
bucal. 21,4% preferiam consultas agendadas, 12,5% do de alcançar qualidade e humanização da assistên-
chegaram ao serviço por encaminhamento médico, cia.
50% por confiança no padrão e qualidade do serviço e Resultados: Os resultados obtidos com estas mudan-
37,5% outros motivos. 25% sugeriram maior oferta de ças foram significativos. Reduziu-se o absenteísmo de
horários para agendamento, 10,4% maior oferta de 52,8% para 22% nas consultas agendadas e o relacio-
plantões, 20,8% mais profissionais e 35, 4% mais namento com os usuários, que no início das modifica-
especialidades odontológicas. ções havia ficado tenso, foi tornando-se uma parceria,
Conclusão: Concluímos um absenteísmo às consul- o que melhorou a qualidade do serviço. Além disso,
tas agendadas de 52,8%. Considerando o percentual os atendimentos realizados nos plantões ficaram mais
histórico de absenteísmo dos serviços de saúde e a resolutivos, aumentando a produtividade do serviço e
taxa de adesão de pacientes com doenças crônicas, a satisfação dos usuários.
percebemos que os nossos dados encontram-se conso- Conclusão: A parceria com o usuário na identifica-
antes com os demais. Constatamos o quanto relevante ção de problemas leva-nos a um consenso na solução
é o atendimento de urgência, principalmente por sua destes. Estas ações implementaram mudanças no ser-
freqüência (43% do atendimento). Estarmos prepara- viço quanto ao agendamento tendo como impacto
dos para absorver e atender novas demandas dos usuá- uma diminuição no absenteísmo Podemos concluir
rios é um dos desafios para o atendimento de qualida- que com ações como esta que visam identificar as
de, pautado no atual perfil da epidemia HIV / Aids e causas de um determinado problema( como por e-
das necessidades dos pacientes. xemplo alto absenteísmo) seguidas de medidas no
sentido de implementar mudanças, podemos melhorar
R077 - Absenteísmo: do diagnóstico situacional no o índice de humanização em nossos serviços com au-
ambulatório de saúde bucal do CRT / SP ( 2002) à mento no vínculo usuário / atendimento.
implementação de mudanças.

Fabiana Schneider (CRT DST / AIDS), Odaílton Cor-


rêa (CRT DST / AIDS), Sonomi Takita (CRT DST /
AIDS), Décio Masini (CRT DST / AIDS), Catalina
Riera Costa(CRT DST / AIDS).

Introdução: Procurando melhorar nosso atendimento


e com base nos dados colhidos e analisados na 1ª.

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Resumos dos trabalhos: Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal 87

Resultados: Há evidências de apoderamento coleti-


R104 - Espaços coletivos: I Encontro Popular de
Saúde de Osasco e Região na perspectiva do apo- vo, aumento da auto-estima e autoconfiança dos usuá-
deramento e da co-gestão. rios participantes do processo (apoderamento pesso-
al). Foram inquestionáveis o envolvimento gradual e o
Carlos Botazzo (Instituto de Saúde – SES / SP), Fabi- comprometimento dos usuários na construção do e-
ana Schneider Pires (CRT – SES / SP), Patrícia Nieri vento. A consolidação de fóruns participativos pode
Martins (Instituto de Saúde – SES / SP), Rebeca Silva auxiliar na representação direta no sistema de gestão
de Barros (Instituto de Saúde – SES / SP), Luiz Vicen- dos serviços de saúde, e a publicização de conflitos,
te Martino (Instituto de Saúde – SES / SP), Luis Anto- germinada em espaços coletivos que fortaleçam os
nio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde – SES / SP) sujeitos e democratizem as instituições, pode vir na
direção de subverter a ordem social desigual e garantir
Introdução: O I Encontro Popular Regional de Saúde a cidadania.
de Osasco e Região, realizou-se em 17 e 18 de março Conclusão: Há evidências de apoderamento coletivo,
de 2006, no Centro de eventos Pedro Bortolosso – aumento da auto-estima e autoconfiança dos usuários
Osasco, sendo uma proposta do Projeto Observatório participantes do processo (apoderamento pessoal).
de Saúde Bucal Coletiva (OSBC). O evento reuniu Foram inquestionáveis o envolvimento gradual e o
conselheiros usuários dos Conselhos Municipais de comprometimento dos usuários na construção do e-
Saúde (CMS) e líderes comunitários dos 15 municí- vento. A consolidação de fóruns participativos pode
pios que compõem a DIR-V para promover a discus- auxiliar na representação direta no sistema de gestão
são dos problemas de saúde da região, bem como te- dos serviços de saúde, e a publicização de conflitos,
mas relacionados ao processo de gestão do SUS, troca germinada em espaços coletivos que fortaleçam os
de experiências, estabelecimento de compromissos e sujeitos e democratizem as instituições, pode vir na
projetos comuns. Segundo alguns autores, a criação direção de subverter a ordem social desigual e garantir
de espaços coletivos para o exercício da co-gestão a cidadania.
reuniria atores sociais que expressariam seus desejos e
R107 - A participação dos profissionais de saúde
interesses, confrontando-os entre si e com a realidade,
bucal no Conselho Municipal de Saúde de Ribeirão
na busca de construir conhecimentos, trocar experiên-
Pires.
cias para analisar fatos, participar do governo, educar-
se e reconstituir-se como sujeito. Anderson Gomes Mota (Prefeitura de Ribeirão Pires),
Métodos: O processo de construção deste encontro
Adriana Néri (Prefeitura de Ribeirão Pires), Teresa
iniciou-se com visitas em 11 dos 15 CMS da região, Martins (Prefeitura de Ribeirão Pires).
apresentando o OSBC e convidando-os para organizar
um Encontro Popular Regional de Saúde. Os temas Introdução: Este trabalho busca discutir a importân-
elencados pela Comissão organizadora do Encontro cia da atuação dos profissionais do setor odontológico
foram: controle social, políticas de saúde e financia- no Conselho Municipal de Saúde de Ribeirão Pires,
mento do SUS. Os pesquisadores atuaram como me- tanto para a valorização das ações em saúde bucal,
diadores no processo estimulando a participação po- como para o seu direcionamento no sentido de apro-
pular na organização do coletivo. Compuseram a me- ximar estas ações das reais necessidades apresentadas
sa da cerimônia de abertura o diretor da DIR V, um pela população.
representante dos conselheiros usuários, um represen- Métodos: Para a realização deste estudo foram anali-
tante da secretaria municipal de saúde de Osasco, e o sadas as recomendações apresentadas pelas quatro
coordenador do projeto que proferiu a palestra A polí- Conferências Municipais de Saúde (1999, 2001, 2003,
tica como necessidade: pensando a participação popu- 2005) procurando verificar o quanto as propostas rela-
lar na saúde. Houve leitura do regimento interno e os tivas à saúde bucal se encontravam presentes nos rela-
grupos de discussão (GD) iniciaram as atividades a- tórios finais destes encontros. Posteriormente, procu-
pós a mesa temática Controle social: como efetivar a rou-se verificar quanto destas propostas havia, de fato,
participação popular e a transparência no processo de sido implementado.
gestão: que contou com a participação de Virgínia Resultados: Foi verificado que, em relação à quanti-
Junqueira (Instituto de Saúde / SES-SP) e do deputado dade de propostas, houve um aumento relativo destas
estadual Carlos Neder. A apresentação e discussão das ao se comparar a quantidade de propostas da primeira
propostas dos GDs sobre os temas aconteceu em ple- para a segunda conferência, e um aumento significati-
nária, resultou num documento final denominado Carta vo ao se comparar esta quantidade com a terceira e a
de Osasco.

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Resumos dos trabalhos: Gerenciamento e Financiamento em Saúde Bucal 88

quarta, quando o número de propostas chega ao ápice. CEO. Apesar da estrutura implantada, a necessidade
É nesta fase que se verifica a maior participação dos acumulada da população leva a uma grande procura
profissionais de saúde bucal nas atividades do Conse- por serviços odontológicos o que, ocasiona filas de
lho Municipal de Saúde, culminando com a eleição de espera para tratamento e conseqüentemente, insatisfa-
uma THD (técnico em higiene dental) para sua presi- ção do usuário. Com o objetivo de otimizar os recur-
dência. Em relação à implementação das propostas, sos já existentes com redução da espera para
percebe-se uma ascensão mais lenta e menos acentua- tratamento odontológico, aumentar o acesso e
da, sendo que algumas das recomendações sugeridas oferecer uma nova gama de serviços de maneira
na segunda e na terceira conferências (2001 e 2003) organizada, foram adotadas uma série de novas
somente agora (2005) começam a ser implementadas. práticas na condução dos programas e ações
Conclusão: Concluímos que a participação dos pro- ofertados. Incorporação do Auxiliar de Consultório
Métodos:
fissionais de saúde bucal na construção das políticas Dentário em todas as UBS’s, PSF e CEO; aumento do
de saúde parece ser importante para assegurar tanto a número de pacientes agendados em 20%; absorção de
elaboração quanto a implementação de propostas que toda a procura do dia dos pacientes em urgência odon-
possam contribuir para oferecer ações e serviços ne- tológica, por parte dos cirurgiões-dentistas e criação
cessários para a manutenção da saúde bucal das pes- de mutirões de atendimento – organizados na UBS
soas, sobretudo, em nível local. O fato de algumas Álvaro Ribeiro e Colinas do Anhanguera. Para o mu-
propostas levarem certo tempo para sua implementa- tirão os pacientes foram contactados e agendados em
ção indica, de certo modo, que não basta apenas asse- blocos de 60 pacientes / dia. Dois cirurgiões-dentistas
gurar que determinadas medidas figurem nos relató- por período de 4 horas procediam ao exame clínico
rios finais das conferências de saúde, mas sim, que se dos pacientes; os procedimentos a serem realizados
deve criar canais permanentes de negociação para que foram planejados de maneira que sua execução não
estas possam se tornar reais, sendo estes canais perfei- ultrapassasse 2 consultas de retorno / paciente.
tamente passíveis de serem representados através dos Resultados: Foram incorporados 7 auxiliares de
Conselhos de Saúde. Consultório Dentário à equipe de Saúde Bucal. Os
pacientes do mutirão receberam tratamento completo
R142 - O aumento da produtividade nas ações de e encaminhados para o Centro de Especialidades O-
saúde bucal no município de Santana de Parnaíba dontológicos (CEO) quando necessário. F oram aten-
didos 1000 pacientes da lista de espera. O aumento do
Alexandra Cristina Pitol de Lara Basso (SMS–
agendamento teve repercussão no aumento dos trata-
Santana de Parnaíba), Raquel Zaicaner (SMS–
mentos completados e total de procedimentos. Houve
Santana de Parnaíba).
um aumento de 7,13% dos tratamentos iniciados no
Introdução: Santana de Parnaíba possui uma popula-
município, no ano de 2005; já os tratamentos comple-
ção de 98.665 habitantes (IBGE – 2005). Observa-se tados que são o grande objetivo em saúde bucal tive-
o crescimento da população de 2004-2005 (IBGE) de ram um crescimento da ordem de 31,67% no mesmo
5,82%. Conta com 30 cirurgiões-dentistas distribuídos período. O total de procedimento apresentou aumento
nos segmentos: preventivo – através do Programa de 21,57% em relação ao ano de 2004.
Conclusão: A introdução de novas práticas aumentou
Coletivo de Saúde Bucal, que oferece ações preventi-
vas / educativas aos escolares de 0 a 12 anos de idade o acesso da população ao serviço de Saúde Bucal vis-
nos equipamentos municipais de ensino; ambulatorial to que estes tiveram um crescimento de 21,57% no
-presente em todas as UBS, equipes de PSF e CESA- total de procedimentos enquanto que a população teve
MA (Centro de Saúde Mental e Adolescente) e um crescimento de aproximadamente 5,84% ao ano.
especializado -organiza as especialidades odontológi- Estas mudanças exigiram o envolvimento de toda a
cas já oferecidas pelo município desde 1997, na estru- equipe durante processo.
tura do Centro de especialidades Odontológicas –

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Resumos dos trabalhos 89

Recursos Humanos em Saúde Bucal

P067 - Avaliação do conhecimento de alunos de P073 - Prevalência de distúrbios osteomusculares


graduação em Odontologia sobre proteção radio- em cirurgiões dentistas
lógica
Edgard Michel Crosato (FOUSP), Avrum Koltiarenko
Deborah Queiroz Freitas, Flávia Maria Ramos, (UNOESC), Maria Gabriela Haye Biazevic (UNO-
Dagmar de Paula Queluz, Solange Almeida – Facul- ESC)
dade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP
Introdução: Conhecer as alterações patológicas que
Introdução: O exame radiográfico fornece importan- podem advir de práticas inadequadas no ambiente de
tes informações para o diagnóstico. Porém, os raios X trabalho podem ajudar a propor programas de promo-
podem provocar efeitos biológicos. Com essa preocu- ção de saúde aos profissionais. Nesse contexto o obje-
pação, em 1998, pela Portaria nº 453, o Ministério da tivo do presente estudo é conhecer a prevalência de
Saúde estabeleceu diretrizes para os profissionais que distúrbios osteomusculares dos cirurgiões-dentistas.
trabalham com radiação X. O exame radiográfico for- Métodos: Trata-se de um estudo transversal onde foi
nece importantes informações para o diagnóstico. Po- enviado um instrumento de pesquisa auto-aplicável
rém, os raios X podem provocar efeitos biológicos. com questões relativas a características sócio-
Com essa preocupação, em 1998, pela Portaria nº 453, demográficas, psicossociais, bem como para caracte-
o Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes para os rização dos sintomas músculo-esqueléticos para 396
profissionais que trabalham com radiação X. O obje- profissionais que trabalham na região. Os dados foram
tivo desse estudo foi avaliar o conhecimento de alunos digitados no programa EPIDATA 3.2 e analisados no
do último ano de graduação em Odontologia sobre STATA 8.0. Foram realizadas análises de distribuição
aparelhos de raios X, filmes, técnicas e, conseqüente- de freqüências, medidas de tendência central e disper-
mente, sobre proteção radiológica e comparar os re- são. Para verificar as associações dos sintomas com as
sultados com a Portaria. variáveis de estudo foi utilizado o teste do qui-
Métodos: Para isso, 106 alunos do último ano de gra- quadrado, regressão logística uni e bi-variada. Em
duação de quatro universidades do interior de São todos os testes o nível de significância utilizado foi de
Paulo responderam um questionário sobre atitudes 5%.
que tomarão durante a prática radiológica. Resultados: Do total de cirurgiões-dentistas, 153
Resultados: Observou-se que 75% não conheciam a devolveram o instrumento o que representa 38.63%.
lei; 87% responderam que comprarão um aparelho de Do total, 93% relataram dor músculo-esquelética em
raios X com 50 kVp ou mais; todos julgam importante pelo menos uma parte do corpo no último ano em
utilizar avental de chumbo e colar de tireóide; 93% decorrência da atividade profissional, com predomi-
utilizarão filme E ou EF; porém, a média de tempo de nância para os indivíduos do gênero feminino. A regi-
exposição foi 0,45s, tempo de exposição elevado; ão mais prevalente com sintomatologia foi à coluna
73,5% pedirão que o acompanhante segure o filme cervical (69,93%), o risco de dor para os indivíduos
caso o paciente não seja capaz, os demais segurarão que apresentam a probabilidade positiva para trans-
ou pedirão à auxiliar; 99% se protegerão durante a tornos psiquiátricos menores (TPM) foi cerca de qua-
exposição, afastando-se, ficando atrás de parede ou tro vezes maior.
biombo. Conclusão: Podemos concluir que a prevalência dos
Conclusão: Foi possível concluir que, apesar de a distúrbios osteomusculares foi alta e estão associadas
maioria dos alunos não conhecerem a lei, demonstram a algumas características ocupacionais e sócio-
preocupação em tomar várias medidas de proteção econômicas.
previstas na mesma, porém, ainda precisam de mais
orientações sobre o assunto.

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Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 90

P083 - SUS: uma alternativa de rede de prática P092 - Polêmica sobre o exercício profissional do
pedagógica. THD: a dificuldade de abandono da “velha prática
odontológica”.
Rebeca Silva de Barros (Aprimoramento em Saúde
Coletiva - Instituto de Saúde –SES / SP), Mayara Pre- Maria Carolina Ribeiro da Silva (Residência Multipro-
videlli (Graduação – Faculdade de Odontologia fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa
USP), Celso Zilbovicius (Pós-Graduação – Faculda- Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Maria
de de Odontologia USP), Maria Ercilia de Araujo Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multiprofissional
(Faculdade de Odontologia USP), Carlos Botazzo em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-
(Instituto de Saúde – SES / SP). lina / Faculdades Santa Marcelina), Julie Silvia Mar-
tins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades
Introdução: Desde a I Conferência Nacional de Saú- Santa Marcelina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Ca-
de Bucal, destaca-se a preocupação relativa à forma- sa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Mar-
ção de recursos humanos em odontologia. A integra- celina), Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Casa de
ção serviço-ensino-pesquisa é antiga reivindicação de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina).
docentes, técnicos e gestores em saúde. Entende-se
que essa integração refletirá numa formação de pro- Introdução: No Brasil, a polêmica sobre a atuação
fissionais comprometidos com a transformação da de pessoal auxiliar odontológico existe desde que, no
realidade de saúde do país. Em razão disso, o objetivo início dos anos 50, o Serviço Especial de Saúde Pú-
foi avaliar como a universidade se relaciona com a blica (SESP), atual Fundação Nacional de Saúde
sociedade, e se o Sistema Único de Saúde é uma al- (FUNASA), introduziu o Auxiliar de Higiene Dentá-
ternativa de rede de prática pedagógica. ria (AHD) nos serviços odontológicos das unidades
Métodos: A contraposição de conceitos relacionados básicas de saúde. Os questionamentos gerados pela
à formação acadêmica e ao mundo do trabalho possi- utilização desses profissionais intensificaram-se,
bilitou perceber quais são os espaços de ensino- principalmente em relação ao Técnico de Higiene
aprendizagem e se há impacto na formação de profis- Dental (THD) e suas atribuições e, infelizmente,
sionais e na implementação do SUS. Os conceitos continuam sendo discutidos e questionados sem con-
contrapostos foram: 1) relacionado à vivência extra- siderar as características sócio-epidemiológicas e as
curricular VER-SUS / Brasil norteada pelo paradigma necessidades da população em relação às ações de
da integralidade da atenção e na vinculação entre edu- saúde bucal.
cação, trabalho e práticas sociais; 2) relacionado às Métodos: Com o propósito de discutir a incorpora-
experiências extra-curriculares, vivenciadas no cotidi- ção dos THD na prática odontológica, realizou-se
ano da FOUSP no período de 1994 a 2004, a saber uma revista de literatura, incluindo textos oficiais do
Projetos: Petrolina, Cananéia e Jardim Gaivota, norte- Ministério da Saúde e da Educação e legislação rela-
adas pelo paradigma técnico–assistencialista, biologi- cionada a estas categorias profissionais. A partir da
cista e procedimento-centrada. Também foram entre- literatura consultada obteve-se informações relativas
gues questionários a 22 estudantes de odontologia de à história, formação, regulamentação, atuação e
diversos semestres e que tenham participado de pelo questões ligadas à polêmica atual sobre a atuação
menos uma das experiências extra-curriculares anali- destes profissionais.
sadas. Os dados coletados foram categorizados e ana- Resultados: Apesar do consenso existente entre
lisados a partir da técnica de análise de conteúdo, diversos autores sobre a melhoria da qualidade da
permitindo assim uma análise aprofundada sobre con- assistência que a inserção dos THD proporciona,
cepções, motivações, crenças e expectativas destes com aumento de produtividade e cobertura dos servi-
estudantes em relação à formação profissional, mundo ços e da sua contribuição para mudança da atual prá-
do trabalho, realidade social e extensão universitária. tica odontológica, a regulamentação dessa categoria
Resultados: A análise do estudo mostrou que ativi- auxiliar permanece em tramitação no Congresso Na-
dades que incorporam e aproximam o estudante do cional, sob modificações que ultrapassam a correção
SUS possibilitam ao indivíduo em formação a capaci- de falhas consensuais das resoluções anteriores, ex-
dade para desenvolver um pensamento crítico e com- tinguindo erroneamente algumas das atribuições des-
promissado com a transformação da realidade de saú- ses profissionais.
de do país, além de favorecer a ampliação da respon- Conclusão: Além de significar um retrocesso nas
sabilidade público-social da universidade. conquistas tão lentamente conseguidas ao longo do
tempo pela classe odontológica, a dificuldade de uma

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 91

regulamentação adequada ao exercício desses profis- lhor controle e orientação dos usuários; redução e
sionais reflete a resistência da odontologia de aban- amparo à tensão emocional do paciente; apoio na or-
donar os aspectos neoliberais que a conformaram e ganização administrativa da clínica; diminuição do
de realmente considerar as características sócio- cansaço físico e mental dos profissionais, proporcio-
epidemiológicas e as reais necessidades da popula- nando um trabalho com melhor qualidade num menor
ção em relação à saúde bucal para orientar as suas período de tempo e menos estafa.
ações. Conclusão: A inserção do Auxiliar de Consultório
Dentário (ACD) no processo de trabalho faz-se neces-
P102 - Inserção do auxiliar de consultório na aten- sária devido à importância de suas atribuições para a
ção básica à saúde. atuação na atenção básica, otimizando o atendimento
clínico do cirurgião-dentista e colaborando no desen-
Fábio Moraes Moryiama (Faculdades Santa Marceli-
volvimento das ações de promoção e prevenção à sa-
na / Casa de Saúde Santa Marcelina / ), Julie Silvia
úde da população.
Martins (Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saú-
de Santa Marcelina / ), Sílvio Carlos Coelho de Abreu P116 - Atendimento à demanda de formação do
(Faculdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa Auxiliar de Consultório Dentário no Município de
Marcelina) e Marcus Vinicius Diniz Grigoletto (Fa- São Paulo pela ETSUS-SP / CEFOR.
culdades Santa Marcelina / Casa de Saúde Santa
Marcelina). Jaqueline Alves Lopes Sartori (ETSUS-SP / CEFOR).

Introdução: A saúde bucal é parte integrante e inse- Introdução: Tendo em vista a mudança do paradigma
parável da saúde geral do indivíduo, portanto os pro- do modelo de atenção centrado nas ações curativas para
fissionais de odontologia têm responsabilidades na o modelo de promoção à saúde que contempla as di-
prevenção de doenças e tratamento das malformações mensões biológicas, psicológicas e sociais, reconhecen-
bucais, na manutenção da saúde oral e no seu restabe- do as necessidades de saúde e o perfil epidemiológico da
lecimento quando necessário. Os problemas de saúde população e acreditando que isto só será conseguido
bucal são freqüentes no país. O processo de trabalho com um trabalho em equipe e com pessoal auxiliar qua-
com a inserção do pessoal auxiliar se torna de suma lificado, em 2004 a ETSUS-SP, em parceria com os
importância para uma atuação mais eficiente no con- Coordenadores Regionais de Saúde Bucal, levantou a
trole das doenças. A partir de 1988, com a implanta- necessidade de abrir 10 turmas do Curso de Qualifica-
ção do Sistema Único de Saúde e sua atribuição de ção Profissional do Auxiliar de Consultório Dentário.
“ordenar a formação de recursos humanos para a saú- Métodos: Como a proposta da ETSUS-SP é que os
de” houve um avanço frente à necessidade de melho- docentes dos cursos sejam os próprios profissionais
rar a saúde bucal da população através da formação e dos Serviços de Saúde, estas turmas foram descentra-
inserção de profissionais auxiliares nas equipes odon- lizadas. Para isto, a Escola montou e equipou salas de
tológicas. Este trabalho tem como finalidade discutir, aula e enviou todo o material pedagógico que seria
a integração do profissional auxiliar na equipe de saú- utilizado nos cursos. Além disso, capacitou pedagógi-
de bucal observando suas atribuições, focando os im- ca e tecnico-pedagogicamente todos os profissionais
portantes avanços para uma real modificação da práti- para exercerem a docência. Foram envolvidas 8 esco-
ca assistencial adotada (simplesmente curativa) para las descentralizadas, com 10 turmas e 173 alunos.
uma visão de promoção e recuperação da saúde. Resultados: Como resultado se tem 118 alunos for-
Métodos: O trabalho foi desenvolvido através de uma mados em 2005, 15 alunos que se formarão até julho
revista da literatura nas quais os materiais utilizados de 2006, 15 alunos que aguardam uma decisão da sua
para a pesquisa foram: livros, artigos de periódicos, coordenadoria para concluírem o seu curso e 25 que
informes especializados, referências extraídas de sites iniciarão o curso em junho de 2006. Foram capacita-
da Internet e outros tipos de material impresso. dos 79 Cirurgiões Dentistas, além dos profissionais de
Resultados: A revista da literatura demonstrou que a outras áreas que participaram do Módulo Básico, In-
participação do pessoal auxiliar no processo de traba- formática e Primeiros Socorros.
lho representa um aumento da eficiência e rendimento Conclusão: Os gerentes das unidades de saúde onde
na clínica; ampliação da produtividade; melhor quali- trabalham os alunos, relatam uma melhoria no aten-
dade dos serviços prestados; facilidade e desenvolvi- dimento aos pacientes e estes relatam gostar muito
mento de um bom planejamento para trabalhos futu- desta mudança. Os alunos se sentiram mais valoriza-
ros; assistência e interação nas relações sociais, me- dos, profissional e pessoalmente.

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Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 92

P158 - Educação permanente e educação continu- apresentam bruxismo. No nível de prevenção terciá-
ada: nova proposta para a saúde pública ria, a Fonoaudiologia tem seu destaque junto às se-
guintes áreas da Odontologia: Ortodontia, Cirurgia
Sérgio Donha Yarid (Mestrando em Saúde Coletiva Ortognática, Implantodontia e Prótese e Odontopedia-
da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP), Tati- tria.
ane Martins Jorge (Mestranda em Saúde Coletiva da Conclusão: A análise da literatura evidenciou que a
Faculdade de Odontologia de Bauru – USP); Ana inter-relação entre as áreas vem a contribuir para a
Karolina Zampronio Bassi ( Estagiária do Dep. de melhoria das condições bucais e fonoaudiológicas da
Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bau- população, o que resulta em melhores condições de
ru – USP); José Roberto de Magalhães Bastos (Pro- saúde e qualidade de vida da população.
fessor Titular do Dep. de Saúde Coletiva da Faculda- P167 - Perfil profissional dos cirurgiões-dentistas
de de Odontologia de Bauru – USP); Magali de da rede pública dos municípios da Região da DIR
Lourdes Caldana (Professora Doutora do Dep. de V – Osasco.
Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de
Bauru – USP);Silvia Helena de Carvalho Sales Peres Carlos Botazzo (Instituto de Saúde – SES / SP), Fabi-
(Professora Doutora do Dep. de Saúde Coletiva da ana Schneider Pires (CRT – SES / SP), Patrícia Nieri
Faculdade de Odontologia de Bauru – USP). Martins (Instituto de Saúde – SES / SP), Rebeca Silva
de Barros (Instituto de Saúde – SES / SP), Luiz Vicen-
Introdução: A atuação interdisciplinar na área da
te Martino (Instituto de Saúde – SES / SP), Luis Anto-
saúde permite que profissionais de diferentes áreas nio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde –SES /
estejam integrados em um único propósito: beneficiar SP), Olga Maria Dias Agostinho Pires (SMS - Embu
e melhorar a qualidade de vida do paciente. Para tan- das Artes), Fausto Souza Martino (SMS - Taboão da
to, é fundamental que os profissionais envolvidos i- Serra).
dentifiquem a interface entre eles, ou seja, a possibili-
dade de atuação conjunta. Assim, no que se refere à Introdução: A equipe de saúde bucal, constituída no
Odontologia e Fonoaudiologia, pode-se dizer que a âmbito da Reforma Sanitária, significou avanços con-
interface entre as áreas é a cavidade bucal, uma vez sideráveis na organização dos serviços, com reflexos
que tal estrutura é uma área comum de atuação entre na qualidade da atenção prestada aos usuários do
cirurgiões-dentistas e fonoaudiólogos, que devem SUS. A partir da introdução de novas referências teó-
estar preocupados com a manutenção das funções ricas e políticas em saúde bucal, as possibilidades de
orais e da harmonia facial. O Objetivo do trabalho foi ampliação da prática se evidenciaram pois o próprio
apresentar as possibilidades de atuação conjunta entre conceito de equipe (ao contrário do profissional que
a Odontologia e Fonoaudiologia, no que se refere à atua isoladamente) implicou novo processo de traba-
área de Saúde Pública, enfocando os três níveis de lho, com incorporação de pessoal auxiliar e desenvol-
prevenção, no intuito de contribuir para intensificar o vimento de novas tecnologias de cuidado. Visando a
processo de trocas de informações entre as áreas e de integralidade no atendimento do usuário, o conjunto
reforçar a importância da interdisciplinaridade. das atribuições da equipe de saúde bucal na atenção
Métodos: Este estudo baseia-se numa revisão de lite- básica hoje deve ser revisto. Novas clientelas, sobre-
ratura, sobre os principais temas relacionados à atua- tudo adultos e os portadores de necessidades especi-
ção entre o cirurgião-dentista e o fonoaudiólogo. ais, além da oferta de procedimentos de média e alta
Resultados: Quanto ao nível de atuação primária, complexidade, exigem melhor qualificação do profis-
verificou-se a possibilidade de pareceria entre cirurgi- sional que atua nos serviços públicos, cabendo ao ges-
ões-dentistas e fonoaudiólogos nas campanhas de ori- tor municipal propiciar aos seus trabalhadores a for-
entações à comunidade quanto aos malefícios dos mação adequada.
hábitos orais deletério, combate ao fumo e álcool, Métodos: Com o intuito de traçar um perfil do cirur-
benefícios da amamentação natural e respiração nasal, gião dentista pertencente ao quadro das prefeituras da
bem como sobre a necessidade de introduzir na dieta região da DIR V – Osasco, em relação à sua atuação
alimentar alimentos de diferentes consistências, de na rede de saúde, foi realizada uma pesquisa com ci-
acordo com a idade de cada criança. No que se refere rurgiões dentistas de 11 dos 15 municípios desta regi-
ao nível secundário, ambas as áreas poderão atuar na ão. Um questionário auto-aplicável foi elaborado e
detecção precoce do câncer de boca, das alterações encaminhado ao coordenador municipal de saúde bu-
dentofaciais decorrentes dos hábitos de sucção não- cal, que o distribuiu entre os profissionais.
nutritivos, dos respiradores orais, bem como dos que

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Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 93

Resultados: Dos 450 questionários distribuídos, re- profissionais da rede pública de sua cidade. Os dados
tornaram 256. A diferença deveu-se à espontaneidade foram organizados em quadros, tabelas e gráficos, para
no preenchimento, demora na distribuição dos formu- descrição e, posterior análise.
lários, extravio do material encaminhado ou simples- Resultados: A maioria dos dados obtidos define o per-
mente a não resposta. A faixa etária predominante dos fil do cirurgião dentista do serviço público no estado de
profissionais estava entre 31 e 40 anos de idade, es- São Paulo atualmente, como do sexo masculino
tando a grande maioria na situação de estatutários (54,67%), formado em instituição estadual (51%), se-
concursados, com carga horária de 20 horas semanais. guido de particular (43%), motivado a ingressar no SUS
Em relação aos recursos humanos da equipe de saúde por oportunidade de renda fixa (68,3%), especialista
bucal, 66,7% relatam trabalhar com pessoal auxiliar. (52,9%), mantendo trabalho em consultório particular
Destes, 95,7% trabalham com ACD e 20,7% com (59,3%) e satisfeito com exercício da profissão no servi-
THD. 39% possuem título de especialista, sendo a ço público. Os procedimentos mais realizados são: res-
especialidade mais freqüente a de Saúde Pública, se- tauração de amálgama (91,2%), aplicação tópica de flú-
guida de cirurgia buco-maxilo e odontopediatria. or (85%), exodontia de dentes decíduos (84,6%) e per-
46,3% têm intenção de trabalhar como especialista na manentes (78%). O serviço não oferece condições para
rede pública, porém 78,9% atuam na atenção básica. realização de próteses parciais (49,3%) e totais (42,7%)
Quanto à necessidade de melhora nos serviços, houve e, falta material para tratamento endodôntico em dentes
distribuição uniforme entre os itens de carência de permanentes (23,8%). O levantamento epidemiológico
pessoal auxiliar, material de consumo, material per- não é exigido pelo serviço público (22,9%). O relato foi
manente, cursos de atualização e equipamentos. de diferença entre o ensino de graduação e a realidade
Conclusão: Em conclusão, pode-se verificar pelo do serviço público (50,5%) e também entre o serviço na
grande número de especialistas, uma melhora da qua- rede pública e particular, principalmente pela quantidade
lificação dos profissionais da rede. e qualidade de material (20%). As implementações mais
apontadas para o curso de graduação foram: o estágio
P189 - O cirurgião-dentista do serviço público: em serviço público (74%), atividades de integração com
perfil e trabalho. a comunidade (65,3%) e participação em projetos de
extensão universitária (56,67%).
Camila Vasconcelos Santana Prado (Fac. De Conclusão: A prática odontológica no serviço público é
Odontologia de Araraquara-UNESP), Aylton Valseck sinônimo de renda fixa para o profissional que enfrenta
Junior (Fac. de Odontologia de Araraquara-UNESP).
uma concorrência acirrada no estado de São Paulo. As
Introdução: O objetivo deste estudo foi identificar o
condições estruturais do SUS revelam conduta mais
perfil, a satisfação e as condições de trabalho do ci- mutiladora (falta material para endodontia, por exemplo)
rurgião dentista, que trabalha no serviço público, e e, os cursos de graduação parecem distantes da realidade
ainda, dados de formação e opinião sobre a necessi- social, econômica e cultural da população.
dade de implementações no curso de graduação. Con- R068 - A importância da inclusão precoce da ergo-
seqüentemente, criar banco de dados, que possam ser nomia no processo de planejamento do posto de
usados em possíveis reformulações e pesquisas em trabalho na saúde, um caso da odontologia. e m
saúde bucal no serviço-público e graduação. Cidade Tiradentes – SMS-PMSP
Métodos: Cirurgiões-dentistas que trabalham no sis-
tema único de saúde (SUS) de 67 municípios do estado Edward Toshiyuki Midorikawa (SMS-PMSP, Centro
de São Paulo foram entrevistados, através de questio- de Especialidades Odontológica, Doutorando Escola
nários semi-abertos, abordando características sobre o Politécnica USP), José Carlos Alves (SMS-PMSP,
perfil (sexo, instituição de formação, motivo do ingres- supervisão de saúde Cidade Tiradentes), Laerte Idal
so no serviço público, especialização e satisfação), a Sznelwar (Escola Politécnica USP)
prática (tipo de procedimentos realizados, condições
estruturais e diferenças em relação ao consultório parti- Introdução: O objetivo deste trabalho é mostrar a im-
cular) e a formação (compatibilidade com a realidade portância da inclusão precoce da ergonomia no processo
do serviço público e opinião quanto à necessidade de de planejamento e instalação de qualquer posto de traba-
implementações no curso de graduação). A amostra de lho na saúde. No caso relatado a ergonomia entrou tardi-
300 questionários respondidos foi obtida com apoio amente no fim do processo, ou seja, na instalação do
logístico dos acadêmicos do curso de Odontologia, que consultório odontológico o que provocou uma serie de
entregaram e recolheram tais questionários junto aos constrangimentos e limitações de ação da ergonomia.

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Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 94

Métodos: Com limitação de tempo, recursos financeiros e Resultados: O curso teve a duração de um ano e
baseando no processo ergonomia de concepção foi utiliza- formou 33 alunos que já eram inseridos nas diversas
do o método da análise ergonômica da atividade (AET). áreas da saúde desses municípios e agora estão aptos a
Através da demanda que foi de montar o consultório odon- serem inseridos nos serviço odontológico. P retende-
tológico e baseando nas atividades futuras e nos trabalha- se, ainda, dar prosseguimento à formação, com a re-
dores que iam ocupar os postos de trabalho procuraram-se tomada da turma, para formação do THD.
alternativas de disposição dos equipamentos e criação de Conclusão: O curso possibilitou a integração ensino /
mobiliário que causassem menos constrangimentos para a serviço, através do embasamento teórico e reflexão da
equipe de saúde bucal. durante sua atividade. prática nos momentos de concentração e na dispersão, o
Resultados: Os consultórios foram montados na con- desenvolvimento das habilidades técnicas. Buscou-se
cepção ISO / FDI na posição de equipo 1 / que é uma também o aperfeiçoamento da postura ético-profissional
das posições recomendadas. Foi desenvolvido um armá- e dentro dos princípios de ergonomia e biossegurança.
rio para adaptação do equipo que favoreceu a instalação
do consultório sem ser necessária nova reforma da sala R108 - A importância da técnica em higiene dental
além de servir de superfície de trabalho auxiliar, a dispo- (THD) na saúde bucal no programa saúde da famí-
sição das cadeiras odontológicas permitiu um contato lia (PSF)
visual dos CD durante o atendimento.
Henri Menezes Kobayashi (Casa de Saúde Santa
Conclusão: Concluímos que a inserção do ergonomista
Marcelina), João Francisco Franzé (Casa de Saúde
em uma fase tardia do processo de concepção, planeja-
Santa Marcelina), Ir. Monique Bourget (Casa de Sa-
mento e instalação do posto de trabalho permite somente
úde Santa Marcelina), Carla Tambara (Subprefeitura
uma pequena margem de manobra o que limita os resul-
de São Paulo – Itaim Paulista)
tados possíveis de se obter em comparação ao que seria
possível com a participação do ergonomista desde o Introdução: Nos dias de hoje com a grande necessida-
início. d o processo. de da população brasileira em serviços odontológicos,
R098 - Formação de pessoal auxiliar odontológico. o técnico em higiene dental (THD) é um profissional
de fundamental importância para a otimização do
Olga Maria D. Pires (SMS – Embu), Nilva T. Kitani trabalho na equipe de saúde bucal, principalmente no
(SES – SP / SMS – São Paulo). serviço público de saúde. A existência de assistentes
em odontologia é tão antiga quanto a própria prática
Introdução: A falta de pessoal auxiliar para compor a profissional odontológica. A literatura mostra que com
equipe de saúde bucal, ainda, consitui-se em um pro- a participação do THD há um aumento na produ-
blema da odontologia no SUS. Em 2003, diversos tividade e qualidade do trabalho podendo aumentar a
municípios da DIR V - Osasco identificaram a falta de produtividade de no mínimo 30%. No PSF o THD está
pessoal auxiliar capacitado (auxiliar de consultório enquadrada na modalidade II de equipe de saúde bucal,
dentário-ACD e técnico em higiene dental – THD) no e de acordo com a resolução 185/93 do CFO compete
mercado de trabalho. Historicamente, essa região vi- ao THD realizar atividades administrativas, educativas,
nha formando, através do Projeto Larga Escala, tur- levantamentos epidemiológicos e realizar alguns pro-
mas de THD, tendo formado 4 turmas. cedimentos reversíveis na cavidade bucal como remo-
Métodos: Em 2004, no CEFOR – Osasco, um projeto ção de indutos, placas e cálculos supragengivais, apli-
sob a coordenação técnico-educativa do Centro de cações de selantes, remoções de suturas e tomada e
Formação da Secretaria de Estado da Saúde de SP revelação de radiografias intra-orais dentre outros .
com recursos do Ministério da Saúde, possibilitou a Métodos: Este estudo teve como objetivo realizar um
formação de ACD para os municípios de Carapicuíba, levantamento dos dados da produtividade da equipe
Embú, Embú-Guaçú, Itapecerica da Serra, Pirapora do de saúde bucal de uma unidade básica de saúde do
Bom Jesus, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra, PSF – Santa Marcelina nos últimos 3 anos (2003 à
todos pertencentes a DIR V. O currículo adotado pelo 2005). A equipe era composta por uma equipe de mo-
curso foi o currículo integrado e a metodologia, dialó- dalidade I e outra modalidade II, numa clínica modu-
gica. Totalizando 600 horas, 400 horas foram de teo- lar com 3 equipos, sendo 1 equipo para o THD. Foram
ria (concentração) e 200 horas de prática (dispersão). analisados o percentual de agendamento do THD e
Os professores eram em 6, todos profissionais do ser- todos seus procedimentos realizados na clínica duran-
viço público odontológico, sendo 2 responsáveis pelo te este período em relação à produtividade total da
momento de concentração e 5, pela dispersão. UBS.

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Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 95

Resultados: Os resultados obtidos durante o estudo fissionais e usuários do SUS; análise de planos muni-
foram: Das 24617 consultas odontológicas realizadas, cipais de saúde, atas dos CMS e ainda a observação
6764 (27%) foram agendadas com o THD. Foram direta dos trabalhos nas Unidades de Saúde.
realizadas 9422 (89% do total) raspagens supragengi- Resultados: Verificou-se que em 4 municípios exis-
vais por hemi-arco, 101 (43%) aplicações de selantes, tem ESB, atendendo em livre demanda. Apenas 2
131(22%) tomadas radiograficas periapicais e 302 municípios apresentaram planos de saúde, porém refe-
(28%) remoções de suturas. rentes a anos anteriores. Os recursos financeiros são
Conclusão: Concluímos que a presença do técnico escassos e insuficientes; falta organização de sistemas
em higiene dental (THD) na equipe de saúde da famí- de referência e contra-referência e planejamento das
lia é muito importante para a otimização no serviço ações com base em levantamentos epidemiológicos. A
público de saúde. Os resultados analisados mostraram atenção básica apresenta baixa resolutividade. Os tra-
que 27% de todas as consultas foram realizadas pelo balhadores de saúde mostraram-se insatisfeitos quanto
THD. O THD foi responsável por 89% de todas ras- aos salários e a grande maioria (80%) não se sente
pagens supragengivais, sendo que foi o procedimento capacitado para o trabalho. Há dificuldade de integra-
que quase pela totalidade foi executado apenas pelo ção da equipe. Quanto aos CMS, a composição está
profissional. 43% das aplicações de selantes, 22% das de acordo com a Resolução 333/02; porém a periodi-
tomadas radiográficas e 28% das remoções de suturas, cidade das reuniões não foi respeitada. Os assuntos
melhorando assim o trabalho do cirurgião-dentista e mais discutidos, registrados nas atas, foram: orçamen-
com isto tentado incentivar a ampliação de mais THD to, programação e organização de serviços. Os usuá-
para o serviço público de saúde. rios desconhecem a existência dos CMS e 20% consi-
deram o Sistema de Saúde regular ou ruim.
R165 - Relato de experiência de uma parceria en- Conclusão: A parceria permitiu a integração da uni-
tre Universidade e Serviços Municipais de Saúde versidade aos serviços locais de saúde, possibilitando
para a consolidação do PSF troca de experiências e análise dos problemas enfren-
tados pelos municípios. Oficinas de trabalho para a
Nemre Adas Saliba, Renato Moreira Arcieri, Orlando discussão dos nós críticos identificados e capacitação
Saliba, Suzely Adas Saliba Moimaz, Ana Valéria Pa- das equipes de saúde estão sendo realizadas. Também
gliari, Jeidson Antônio Morais Marques, Joildo Gui- está sendo desenvolvido um trabalho domiciliar de
marães Santos, Maria de Lourdes Carvalho, Cléa
conscientização dos usuários do SUS.
Adas Saliba Garbin. (Programa de Pós-graduação
em Odontologia Preventiva e Social - NEPESCO - R179 - A saúde bucal na residência multiprofissio-
Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva - UNESP - nal em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa
Faculdade de Odontologia de Araçatuba) Marcelina / Faculdade Santa Marcelina / Ministé-
rio da Saúde.
Introdução: A formalização de parcerias é importante
para a consolidação e fortalecimento do SUS. Neste Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Casa de Saúde Santa
sentido a Unesp, com o apoio da FAPESP está desen- Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Julie Sil-
volvendo projeto objetivando analisar o modelo de via Martins (Casa de Saúde Santa Marcelina / Facul-
atenção à saúde e os problemas enfrentados por muni- dades Santa Marcelina) e Marcus Vinicius Diniz Gri-
cípios de pequeno porte, da região noroeste do estado goletto (Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades
de São Paulo, na implementação da atenção odontoló- Santa Marcelina).
gica no PSF e capacitação das suas equipes. O objeti-
vo desse trabalho é apresentar o referido projeto. Introdução: A estratégia Saúde da Família vem se
Métodos: Participam do projeto 5 municípios da re- consolidando como uma forma importante de reorga-
gião noroeste do estado de São Paulo: Bilac, Clemen- nização da Atenção Básica no Sistema Único de Saú-
tina, Gabriel Monteiro, Piacatu, Santópolis do Agua- de. Desta forma, o Ministério da Saúde vem estimu-
peí e a Unesp. Foram analisados o perfil e implemen- lando através de investimentos, a formação de profis-
tação das Equipes de PSF, a inserção das equipes de sionais adequados ao perfil exigido para esse trabalho,
saúde bucal, a forma de organização da demanda, por meio de Residência Multiprofissional em Saúde
grau de satisfação do usuário, plano municipal de sa- da Família, que na zona leste do município de São
úde e atuação dos Conselhos Municipais de Saúde Paulo, está sendo desenvolvida em parceria com a
(CMS). Desenvolveram-se várias ações: entrevistas Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa
com Secretários de Saúde, Presidentes dos CMS, pro- Marcelina. A residência envolve 10 categorias profis-

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Recursos Humanos em Saúde Bucal 96

sionais: médicos, enfermeiros, cirurgiões-dentistas, atuação, e como os cadastrados, além é claro, de obter
fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeu- dados relativos às condições de saúde bucal da popu-
tas ocupacionais, assistentes sociais, farmacêuticos e lação cadastrada. Os dados obtidos, permitiram que os
nutricionistas. O presente trabalho tem por objetivo residentes realizassem um planejamento de acordo
apresentar a proposta a ser desenvolvida com os resi- com a realidade encontrada, tendo a oportunidade de
dentes da área de odontologia, participantes da referi- aplicar as ações planejadas, de forma a verificar a
da residência. factibilidade, eficácia e efetividade.
Métodos: A carga horária do curso é distribuída de Resultados: Os passos já foram dados, sendo que os
tal forma que 50% são destinadas às atividades desen- residentes já estão desenvolvendo as ações planejadas
volvidas na área de formação específica, e os outros frente aos dados obtidos, porém, espera-se como re-
50% em atividades multiprofissionais. Na área especí- sultado, a formação de profissionais tecnicamente
fica de saúde bucal os residentes passam grande parte capazes e socialmente comprometidos em desenvol-
da carga horária desenvolvendo atividades típicas de ver todas as suas potencialidades em benefício da po-
um cirurgião-dentista da atenção básica, que desen- pulação.
volve a estratégia Saúde da Família, como atendimen- Conclusão: O Ministério da Saúde tem investido
to clínico dos cadastrados, atividades em grupos diri- recursos financeiros para adequar os recursos huma-
gidos às prioridades e à grupos específicos, visitas e nos formados à realidade sócio-epidemiológica de
atendimentos domiciliares, ações coletivas de saúde nosso país. A Casa de Saúde Santa Marcelina / Facul-
bucal em escolas e outros espaços da comunidade. dade Santa Marcelina têm dirigido esforços e desen-
Porém, a residência possibilita avançar mais, e foi volvido estratégias para alcançar tal objetivo, que em
proposto a realização de um levantamento epidemio- curto prazo, já vem repercutido em benefícios à popu-
lógico para conhecer as condições de saúde bucal da lação através de ações e procedimentos realizados,
população cadastrada, nas diversas faixas etárias mas espera-se que o principal resultado seja a médio e
(5,12,18, 40 e 70 anos). O levantamento dos dados foi longo prazo, à medida que a população tenha ao seu
realizado no domicílio, o que permitiu um maior con- alcance profissionais adequados às suas necessidades.
tato dos residentes com a realidade da sua área de

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos 97

Temas Livres

P011 - Avaliação das necessidades e implicações no P026 - Nível de conhecimento relativo ao câncer
tratamento odontológico de idosos psiquiátricos bucal em pós-graduandos em Saúde Pública, ma-
institucionalizados. triculados em duas faculdades particulares locali-
zadas no Estado de São Paulo.
Amélia Keiko Samoto (Centro de Reabilitação de Casa
Branca), Renata de Almeida Pernambuco (Hospital de Eduardo Roberto Montel (IAMSPE), Luciano Martins
Reabilitação de Anomalias CrânioFaciais-USP). (Coordenadoria Serviços Saúde)

Introdução: O trabalho teve como objetivo avaliar as Introdução: Segundo a Estimativa de Incidência de
condições de saúde bucal de idosos psiquiátricos institu- Câncer no Brasil para 2006, este tumor apresentará
cionalizados do Centro de Reabilitação de Casa Branca 10.060 casos estimados entre homens e 3.410 entre as
(CRCB), assim como suas necessidades de tratamento mulheres. As causas de câncer são variadas, podendo
odontológico e a capacidade em recebê-los, baseados nas ser externas ou internas ao organismo, estando ambas
relações: doença psiquiátrica, uso de medicação psicotró- inter-relacionadas. O aumento da expectativa de vida
pica e autonomia em desenvolver atividades da vida diária. em nossa população também tem contribuído para o
Métodos: Foi selecionada uma amostra randomizada de aumento do número de casos. Considerando que o
80 indivíduos com 60 anos ou mais de idade pertencen- diagnóstico e tratamento nos momentos iniciais é o
tes ao CRCB, submetidos ao exame da cavidade bucal, melhor caminho para manter a qualidade de vida, o
baseando-se na metodologia da OMS e realizados por desejável é ter uma equipe multidisciplinar dotada de
uma única examinadora. Também foram coletados da- conhecimentos adequados, com capacidade de orien-
dos dos prontuários, aplicados o índice de independência tar aos usuários dos serviços de saúde sobre a impor-
em atividades da vida diária (AVD) e a escala de ativi- tância do auto-exame bucal e da necessidade de a-
dades instrumentais da vida diária (AIVD). Os resulta- companhamento profissional quando estiverem pre-
dos foram analisados descritivamente, utilizando-se os sentes alterações de normalidade.
percentuais dos dados encontrados. Métodos: O presente estudo teve como objetivo ava-
Resultados: A média de idade encontrada foi de liar o conhecimento sobre o câncer bucal em pós-
69,15 anos. CPO obtido foi de 28,67 sendo que des- graduandos em Saúde Pública, matriculados em duas
tes, 9,21% dos dentes remanescentes eram cariados, faculdades particulares localizadas no Estado de São
80,39% eram perdidos e 7,07% com extração indica- Paulo. Foram entrevistados 143 alunos, os quais inici-
da. Dos examinados, 100% necessitavam de prótese aram o curso de especialização em 2005, sendo os
total e / ou parcial, com 40,00% da amostra sendo dados coletados no ano em questão. O questionário
desdentada total. Portadores de esquizofrenia, trans- desenvolvido foi aplicado no decorrer do ano letivo,
tornos esquizotípicos e transtornos delirantes corres- sem identificação do entrevistado e da faculdade.
ponderam a 67,50% da amostra. Portadores de trans- Resultados: Foi observado nos questionários a pre-
tornos mentais orgânicos a 30,00% e 2,50% a retardo dominância do sexo feminino, com 81,82% e a faixa
mental. Fazia uso de uma ou duas diferentes classes etária de 30 a 39 anos com 35,66%. A enfermagem
de psicotrópicos 67,50% da amostra. A dependência representou a área de graduação mais freqüente entre
em pelo menos uma das AVD ficou demonstrada em os alunos, com 39,86%. Em relação à auto-avaliação
72,50% dos casos. Para as AIVD, 81,25% acusou do nível de conhecimento sobre câncer bucal, 52,30%
dependência nas sete funções avaliadas. consideraram regular seu conhecimento, enquanto
Conclusão: Os achados evidenciam um quadro epide- 60,84% não sabiam dizer em qual estágio o câncer
miológico bastante crítico dessa população, indicando o bucal era mais freqüentemente diagnosticado no Bra-
fracasso de medidas interpostas no passado e a necessi- sil. A maioria, 58,74%, não sabia como observar sua
dade urgente de implantação de programas educativos, cavidade bucal com auxílio do espelho. Em relação a
curativos, reabilitadores e de humanização. Foram de- ter sido informado pelo dentista sobre o auto-exame
tectadas dificuldades quanto ao uso de prótese e não da cavidade bucal, 69,23% não recordavam. Quanto à
pôde ser constatada relação direta da quantidade de psi- faixa etária mais comum para a ocorrência do câncer
cotrópico usada, alto grau de dependência nas AVD e bucal, 39,86% responderam acima de 40 anos, en-
incapacidade em receber tratamento odontológico. quanto 72,03% reconheceram como alta a importância

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Resumos dos trabalhos: Temas Livres 98

do cirurgião-dentista na prevenção e no diagnóstico Resultados: Observou-se que a maioria das indús-


precoce do câncer bucal. Quando questionados se trias era de médio (37,5%) e pequeno (35%) porte.
haviam tomado conhecimento de alguma campanha Todas afirmaram aceitar o atestado médico e 95% o
de prevenção e diagnóstico precoce de Câncer Bucal, odontológico. D entre as que validavam o atestado
apenas 25,17% responderam afirmativamente. odontológico 60,53% aceitavam independente do pro-
Conclusão: Cada vez mais se torna necessária a par- cedimento realizado, 28,95% somente em procedi-
ticipação de uma equipe multidisciplinar prestando mentos cirúrgicos e os demais em outros casos. Para a
orientações sistemáticas aos pacientes sobre as formas validação dos atestados médico e odontológico, em
de prevenir e detectar rapidamente alterações bucais, ambos, 77,5% das indústrias exigiam a assinatura do
almejando assim diminuir a incidência do câncer bu- profissional, carimbo e CID, 20% assinatura do pro-
cal. Avaliando o conhecimento de profissionais de fissional e carimbo e 2,5% assinatura do profissional,
áreas distintas que ingressaram na pós-graduação em carimbo, CID e selo.
Saúde Pública, observou-se que alguns aspectos rela- Conclusão: Verificou-se que a maioria das empresas
cionados ao câncer bucal eram desconhecidos da mai- afirma aceitar o atestado médico e odontológico. En-
oria, desde o auto-exame até campanhas preventivas, tretanto, há um grande número de indústrias que colo-
sendo necessário assim enfatizar essas ações a estes cam obstáculos na validação dos mesmos, aceitando-
profissionais e aos de outros cursos de pós-graduação os às vezes somente em procedimentos cirúrgicos. O
na área da saúde. Manter esse desconhecimento, sig- diagnóstico precoce para a identificação de manifesta-
nifica estar contribuindo para a incidência elevada de ções de doenças orais e ocupacionais é de extrema
casos de câncer bucal diagnosticados em fases avan- importância, pois visa a melhoria da saúde oral do
çadas e pelo índice baixo de medidas preventivas uti- trabalhador. Assim sendo, há necessidade que as in-
lizadas por parte da população. dústrias sejam conscientizadas da importância da va-
lidação do atestado visto que, o trabalhador com saú-
P117 - Saúde do trabalhador: conduta das empre- de comprometida diminui a produtividade em sua
sas frente a aceitação dos atestados odontológicos. função.
Artênio José Isper Garbin (Programa Pós-graduação P132 - A utilização da Classificação Internacional
em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de de Doenças pelos cirurgiões-dentistas no serviço
Odontologia de Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Sali- público.
ba Garbin,(Prog. Pós-grad. em Od. P rev. e Soc. da
FOA-UNESP), Daniela Coelho de Lima,(Prog. Pós- Artênio José Isper Garbin (Programa de pós-
grad. em Od. P rev. e Soc. da FOA-UNESP),Ronald graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-
Jefferson Martins,(Prog. Pós-grad. em Od. P rev. e UNESP), Cléa Adas Saliba Garbin, Ronald Jefferson
Soc. da FOA-UNESP),Lídia Regina da Costa Hidalgo Martins (Programa de pós-graduação em
(Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP). Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP), Ana
Carolina da Graça Fagundes(Fac. Odontol.
Introdução: O cirurgião-dentista e médico como pro- Araçatuba-UNESP), Renata Reis dos Santos (Fac.
fissionais de saúde têm responsabilidades no exercício Odontol. Araçatuba-UNESP).
de sua profissão, pois lidam com a saúde do indiví-
duo. Em função disso existem Normas Éticas e Legais Introdução: Os atestados odontológicos são documen-
que norteiam o profissional, sendo a elaboração de tos legais de grande valia, que servem para justificar as
atestados uma destas. O aceite do atestado pelas in- faltas ao trabalho em estados mórbidos e outros, asse-
dústrias é importante, pois este é um dos fatores que gurando o pagamento dos respectivos salários, desde
incentivam o trabalhador a cuidar de sua saúde e con- que apresentem a codificação da enfermidade, ou seja,
seqüentemente manter sua produtividade na indústria, a Classificação Internacional de Doenças, conforme
visto que, os problemas de origem bucal causam des- especificado por Acórdão do Tribunal Superior do
conforto físico e emocional no trabalhador. O presente Trabalho (TST), dissídio da categoria e estatuto muni-
trabalho teve como objetivo avaliar a validação de cipal. A falta desta pode acarretar a rejeição do atestado
atestados médico e odontológico pelas indústrias da por falta de diagnostico, por órgãos previdenciários e
região Noroeste Paulista. empregadores. O objetivo do trabalho foi verificar a
Métodos: O estudo foi realizado em 40 indústrias conduta dos cirurgiões-dentistas que atuam em quatro
através de um questionário semi-estruturado sendo municípios do noroeste do Estado de São Paulo, quanto
postado via correio. ao uso da Classificação Internacional de Doenças

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Resumos dos trabalhos: Temas Livres 99

(CID) na emissão de atestados odontológicos. Esta Resultados: Os resultados mostraram que nível de
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesqui- ruído, os resultados mostraram que tanto a média,
sa, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba. máximo, e mínimo (76,0 dB; 83,4 dB e 70,0dB, res-
Métodos: Foi entregue um questionário auto- pectivamente) não consta de uma atividade insalubre
administrado com perguntas abertas e fechadas sobre conforme a NR-15 da norma de Segurança e Medicina
a CID, aos cirurgiões-dentistas que trabalham no ser- do Trabalho e não estabelece a obrigatoriedade quanto
viço público. As perguntas abordavam temas como: ao uso do protetor auditivo. No entanto o valor máxi-
emissão de atestados, utilização, importância e difi- mo ficou acima do limitado de 80 dB da norma NR-
culdade na utilização da CID. 17, e por fim, todos os valores ficaram acima de 65
Resultados: Após uma semana estes questionários dB da norma NBR-10152 de conforto acústico.
foram recolhidos, sendo que do total de 42 dentistas, 22 Conclusão: Conclui-se que O profissional deve ado-
(52,38%) responderam as perguntas. Os resultados tar medias de comportamento preventivo, como o uso
demonstraram que 19 (86,36%) dos cirurgiões- do protetor auricular, mesmo que não obrigatório,
dentistas emitem atestados odontológicos, e dos que para evitar lesões auditivas ao longo de sua carreira. C
emitem 11 (57,89%) possuem a CID no consultório ou abe ressaltar que as Universidades devem realizar
empresa que trabalham, sendo que, destes 6 (54,55%) avaliações de insalubridade nas clínicas de graduação,
utilizam-na esporadicamente ou não a utilizam e 3 e assim alertar os futuros profissionais dos riscos ocu-
(15,79%) relatam ter dificuldade de enquadrar o proce- pacionais, o qual estão expostos. Apoio: CAPES.
dimento odontológico ao mesmo. Apesar de 14
(73,68%) dos cirurgiões-dentistas acharem importante P161 - Avaliação do desconforto físico após o tra-
a utilização da CID, nenhum relacionou seu uso com o tamento odontológico – uma visão do profissional.
aspecto legal do abono da falta do trabalhador.
Artênio José Isper Garbin (FOA-Unesp), Nelly Foster
Conclusão: Conclui-se que existe a necessidade de
Ferreira (FOA-Unesp), Cléa Adas Saliba Garbin
maior conscientização dos cirurgiões-dentistas da im-
(FOA-Unesp), Newton Luiz Ferreira (FOA-Unesp).
portância da utilização da CID na emissão dos atesta-
dos odontológicos tanto para justificar as faltas dos Introdução: A ergonomia na odontologia tem como
trabalhadores, mas também para facilitar a comunica- objetivo a prevenção da fadiga e o maior conforto,
ção entre os profissionais da saúde. tanto do profissional quanto do paciente, proporcio-
P157 - Avaliação do desconforto ocupacional: nível nando condições ideais de ambientação, melhorando
de ruído de uma clínica de graduação. assim a qualidade e a produtividade do trabalho. O
presente estudo teve o objetivo de avaliar as queixas
Nelly Foster Ferreira* (FOA-Unesp), Artênio José de desconforto de alunos do 4º ano de graduação de
Isper Garbin (FOA-Unesp), Cléa Adas Saliba Garbin duas Faculdades de Odontologia (n=85) após o aten-
(FOA-Unesp), Newton Luiz Ferreira (FOA-Unesp). dimento de diversas especialidades.
Métodos: O instrumento de coleta de dados foi um
Introdução: O aumento das fontes produtoras de ruí- questionário contendo perguntas abertas e fechadas
do tem prejudicado a qualidade de vida dos profissio- referentes à posição de trabalho, conhecimento e apli-
nais, acelerando a deterioração do aparelho auditivo, cação dos fundamentos de ergonomia, e queixas do
podendo causar lesões irreversíveis, dependendo da profissional. Os dados foram digitados e analisados
intensidade do ruído e do tempo de exposição. O obje- pelo Software Epi Info 6.04.
tivo do presente estudo foi uma avaliação ocupacional Resultados: Os resultados mostraram que 35% dos
do nível de ruído produzido em 40 equipos ocupados entrevistados apresentavam algum tipo de lesão antes
por 80 alunos divididos em duplas, durante a ativida- de iniciar o curso, e deste total 67% relataram que
de clínica, da Clínica Integrada de graduação da Fa- houve agravamento destas lesões. A maioria dos alu-
culdade de Odontologia de Araçatuba UNESP, e aler- nos afirmou ter conhecimento sobre os fundamentos
tar os futuros profissionais da importância da tomada da ergonomia (75%), no entanto, 70% praticam ‘visão
de medidas preventivas contra as doenças ocupacio- indireta’ às vezes, 15% em algumas especialidades,
nais que acometem o cirurgião dentista. 2% nunca, 9% sempre e 4% não responderam. No que
Métodos: O instrumento para quantificar o nível de tange à utilização de salto pela população feminina,
ruído foi um dosímetro modelo Q-400 marca Quest 60% afirmou positivamente.
Technologies, fixado em um aluno voluntário, durante Conclusão: Diante do exposto conclui-se que os alu-
o atendimento clínico. nos não estão praticando integralmente os fundamentos

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Resumos dos trabalhos: Temas Livres 100

de ergonomia, sendo de grande valia a reciclagem des- constitui subsídio para o aprimoramento do atendi-
ses conhecimentos, pois são profissionais jovens que mento na área de saúde no Brasil, em particular no
estão entrando no mercado de trabalho. Apoio: Capes. campo de atuação da saúde pública, na área de saúde
bucal. Muitas vezes o técnico em saúde pública pode
R048 - Tratamento odontológico para pacientes ter muita experiência ambulatorial, mas não consegue
com necessidades especiais. transferir seu saber na elaboração de propostas de
prevenção.
Any Aparecida de Carvalho (SMS-DO-P. M. de Artur
Métodos: A JICA (Japan International Cooperation
Nogueira-SP), Élcio Ferreira Trentin (SMS-DO-P. M.
Agency) – órgão governamental japonês, oferece um
de Artur Nogueira-SP), Jaime Luis Alonso (SMS-DO-
programa de estágio para seus descendentes. Neste
P. M. de Artur Nogueira-SP).
programa, são oferecidos estágios, concedendo bolsas
Introdução: A situação bucal em pacientes portado-
de estudo a descendentes e que desejam aprimorar
res de necessidades leves e moderadas é de acúmulo seus conhecimentos. O período do estágio foi de 6 de
de necessidades, devido à grande dificuldade destes agosto a 5 de novembro de 2005. Na Universidade de
pacientes em manter uma boa higiene oral (limitações Kyoto, Faculdade de Saúde Pública. Teve como obje-
físicas e psíquicas), além de alterações fisiológicas e to de estudo práticas preventivas em DST-HIV / Aids.
Resultados: No Japão estima-se a existência de a-
medicamentosas. A cárie dental e a doença periodon-
tal aparecem como os principais problemas. Diante de proximadamente 20.000 pessoas vivendo com HIV /
tais necessidades foi implantada, em 2005, uma parce- Aids. A prevalência do HIV / Aids é muito baixa e,
ria entre a SMS-PM de Artur Nogueira e a APAE do consequentemente, pouca atenção se dá à epidemia na
município, onde é realizado tratamento odontológico. sociedade japonesa. A Faculdade de saúde pública a
Métodos: O atendimento ambulatorial é realizado no
qual visitei contemplou 2 enfoques. Junto aos adoles-
consultório odontológico da APAE, onde o cirurgião- centes o governo japonês iniciou o programa preven-
dentista trabalha à quatro ou seis mãos, utilizando-se tivo em HIV / Aids a partir de 2004 e, atualmente,
da técnica de restrição física de movimentos voluntá- este programa está sendo implantado em todo o país.
rios e involuntários dos pacientes. Isto é realizado Trata-se do Projeto WYSH (well being in youth in
através de mecanismos como contenção manual, en- sexual health). Foi desenvolvido baseando-se em a-
velopamento com lençóis e calça de posicionamento. proximadamente 140.000 entrevistas aplicadas em
São realizados procedimentos preventivos, curativos e alunos da faixa etária de 13 a 16 anos, seus respecti-
cirúrgicos. Os procedimentos terapêutico-preventivos vos pais e professores, conforme modelo do marke-
são a escovação supervisionada, bochechos com fluor ting social. Relativamente à população de trabalhado-
e antissépticos bucais, estes dependendo do grau de res imigrantes no Japão, não existem programas pre-
severidade da síndrome do paciente. ventivos para este segmento populacional. No caso
Resultados: Após 15 meses de parceria observa-se
específico do imigrante latino americano tal hiato foi
uma queda da severidade de gengivite e periodondite, parcialmente atendido pela ONG Criativos, com a
como também da incidência da cárie dental. Isto re- proposta de disponibilizar treinamento de atendentes
sulta não só do tratamento curativo propriamente dito, visando o acompanhamento do paciente junto aos
mas também da conscientização e colaboração de pais órgãos de saúde japoneses. Trata-se de trabalho vo-
ou responsáveis quanto aos cuidados preventivos, já luntário, tendo recebido algum apoio, no ano de 2002,
que são medidas de eleição, principalmente em paci- do Ministério da Saúde, Programa Brasileiro de
entes com necessidades especiais. AIDS, pelo “Programa de Assistência e Prevenção em
Conclusão: A saúde bucal em controle é de extrema
DST e AIDS”.
Conclusão: O sucesso do programa brasileiro de
importância para a evolução destes pacientes como
um todo; eliminando assim o que poderia ser uma Aids deve-se, certamente, ao enfrentamento da epi-
barreira para a qualidade e participação na vida social. demia com uma visão de saúde pública, sem caracte-
rística de preconceito e exclusão. O Brasil, apesar de
R082 - Experiência em programa preventivo no ser um país de “eternos” conflitos políticos, tem uma
Japão. proposta de combate a Aids a apresentar ao mundo,
pois seu eixo principal é o respeito aos direitos huma-
Sonomi Miriam Yano Takita (CRT-DST Aids). nos. Tal postura, indiscriminatória, possibilita o aten-
dimento amplo da população brasileira no tocante à
Introdução: O conhecimento de métodos de preven- saúde pública. Como resultado da experiência acumu-
ção de doenças empregados em diferentes países lada nesta área, o Brasil se posiciona como elemento

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Temas Livres 101

de vanguarda para a transmissão de conhecimentos. R119 - Elaboração e execução de um projeto de


Em tal amplitude, acredito que o Japão possa absorver pesquisa acadêmico sobre saúde bucal em Pro-
e trabalhar tais conhecimentos para depois divulgar grama de Saúde da Família.
junto a países dentro de sua esfera de influência, na
Ásia, onde a Aids cresce de maneira assustadora. Jamyle Calencio Grigoletto (Escola de Enfermagem
R106 - Perfil pressórico de voluntários em uma de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-
campanha de saúde bucal. EERP / USP), Angela Maria Magosso Takayanagui
(Programa de PG em Enfermagem em Saúde Pública
Fernanda Rezende Gonçalves (FO-SLMandic), Joice do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e
Santin (FO-SLMandic), Flávia Martão Flório (FO- Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão
SLMandic), Daniela de Paula Silva(FO-SLMandic), Preto da Universidade de São Paulo-EERP / USP).
Juliana Cama Ramacciato (FO-SLMandic), Fernanda
Introdução: Os últimos anos no Brasil foram marca-
Lopez Cunha (FO-SLMandic), Vanessa Rocha Lima
Shcaira (FO-SLMandic). dos pelo aumento de cursos de nível superior princi-
palmente de Pós-Graduação (PG) Stricto e Lato Sensu.
Introdução: A Hipertensão Arterial é uma das doen- Os cursos de PG Lato Sensu são oferecidos aos gradu-
ças crônico-degenerativas que, se não tratada, resulta andos em curso superior, sendo direcionados ao trei-
em lesão progressiva de órgãos-alvo e conseqüente namento profissional ou científico, conferindo certifi-
limitação das funções vitais do indivíduo. O diagnós- cado de Especialista. Os cursos de PG Stricto Sensu
tico precoce muitas vezes é realizado pela aferição da (Mestrado e Doutorado) visam à formação de recursos
pressão arterial (PA) pelo cirurgião-dentista durante o humanos qualificados, com vistas ao ensino, pesquisa e
exame clínico de rotina. Este trabalho teve como obje- desenvolvimento científico e tecnológico. É indiscutí-
tivo avaliar a pressão arterial de voluntários da Cam- vel a participação que as universidades têm dado na
panha para Prevenção de Câncer Bucal e detecção de construção do conhecimento rumo à excelência da e-
Queilite Actínica, realizada na cidade de Campinas- ducação no plano nacional; entretanto, o compromisso
SP. com a sociedade, na divulgação dos resultados das pes-
Métodos: Participaram deste levantamento 366 indi- quisas, utilização de dados ou tecnologias pela comu-
víduos, que se submeteram a aferição da PA. nidade e produção do conhecimento necessário para
Resultados: Do total avaliado, 27% tinham entre 40 subsidiar ações em serviços públicos, tem sido pouco
e 50 anos, sendo que 20,8% destes apresentaram Hi- explorado. Na área de saúde bucal, as pesquisas são,
pertensão Arterial Sistólica Estágio 1 (HASE1) e em sua maioria, direcionadas a testes de materiais, pro-
7,1% Estágio 2 (HASE2). Dos indivíduos entre 60 e dutos e desenvolvimento de aparelhos odontológicos,
70 anos (16,9%), 32,5% apresentaram HASE1 e que são importantíssimos para o avanço tecnológico na
35,7% HASE2. Com relação à pressão diastólica, dos área, mas dificilmente são usados pela maioria das pes-
pacientes no Estágio 1, 58,3% tinham entre 40 e 70 soas; no entanto, a pesquisa na comunidade, feita para
anos enquanto dos classificados em Estágio 2, 97,8% colaborar no planejamento de ações odontológicas dos
estavam nesse intervalo de idade. Avaliando as pres- serviços é pouco realizada.
sões sistólica e diastólica, 24,3% eram hipertensos E1, Métodos: Esse trabalho objetivou relatar a trajetória
17,2% E2, 18,6% normotensos e 39,9% pré- percorrida para elaboração e execução de um projeto
hipertensos. O uso de antihipertensivos era feito por de investigação em saúde bucal em uma comunidade
21,6% da amostra, sendo que 64% dos usuários apre- cadastrada num Núcleo de Saúde da Família (NSF) de
sentavam no momento da coleta hipertensão E1 e E2. Ribeirão Preto-SP, colaborando para a produção aca-
Conclusão: Conclui-se com este trabalho que o nú- dêmica da área, auxiliando o planejamento político-
mero de pessoas que desconheciam alterações em sua administrativo e execução de ações odontológicas nos
pressão arterial foi relativamente significativo, pois o serviços públicos. O projeto foi realizado como parte
uso de antihipertensivos era feito por apenas 21,6% da das atividades desenvolvidas por uma aluna do Curso
amostra, sendo que 64% dos usuários apresentavam de Pós-Graduação (PG) multidisciplinar em Enferma-
no momento da coleta hipertensão E1 e E2. Assim, gem em Saúde Pública da EERP da USP de Ribeirão
percebe-se que é de grande importância esse fato, pois Preto-SP, nos anos de 2005 a 2006.
muitos medicamentos utilizados pelos profissionais da Resultados: O primeiro passo (fase decisória) foi a
área odontológica influenciam de certa maneira nos escolha do tema, a delimitação do problema de pes-
níveis pressóricos de seus pacientes. quisa, que ocorreu a partir da vivência de três meses
da aluna em um NSF de Ribeirão Preto, gerando a

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Resumos dos trabalhos: Temas Livres 102

motivação para se levantar dados sobre a percepção, o descritas na literatura estão as cirúrgicas e não-
conhecimento e as atitudes, em relação à saúde bucal cirúrgicas, sendo o fator determinante para a escolha
da comunidade cadastrada no programa. No segundo do tratamento as características clínicas e radiográfi-
passo, fase construtiva, foi realizada a construção do cas juntamente com a idade do individuo. O presente
projeto de pesquisa e sua execução; nesta etapa foi trabalho tem por objetivo mostrar o tratamento não-
feita a apresentação do projeto de pesquisa contendo a cirúrgico de uma fratura de côndilo mandibular dentro
revisão de literatura, justificativa do estudo, objetivos, do serviço de odontologia do município de Peruíbe.
local e população a ser pesquisada, ao comitê de ética Métodos: Paciente procurou a UBS referendado do mu-
da instituição de saúde, bem como para a Equipe do nicípio de Registro para avaliação pelo serviço de Cirur-
NSF. A elaboração e validação do conteúdo do ins- gia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) do mu-
trumento de pesquisa, a coleta de dados, realizada nicípio de Peruíbe dois dias passadas à agressão física. Na
pelo aluno de PG, a busca da colaboração de um esta- anamnese referiu agressão por soco na região mentual
ticista para a avaliação do instrumento, previamente com perda da consciência, tendo procurado o serviço
submetido à apreciação de 4 juízes, constituídos por médico local na manhã seguinte a ocorrência com dor à
docentes com experiência em saúde pública também mastigação e dificuldade para abrir a boca, recebeu avali-
ocorreram nessa fase. Na última fase (redacional) foi ação do médico de plantão que em seguida encaminhou o
realizada a análise dos dados e resultados obtidos, paciente para o serviço de CTBMF de Peruíbe com sus-
organizando-os para a elaboração do relatório final, a peita de fratura de mandíbula. Tendo a confirmação da
ser entregue à Comissão de PG e a Equipe do NSF. fratura de côndilo mandibular através do exame clínico e
Em todas as etapas houve a participação conjunta da radiográfico realizado na unidade hospitalar de Peruíbe,
orientadora da aluna foi instituído o tratamento ambulatorial não-cirúrgico
Conclusão: Considera-se como destaque, o aprofun- através do bloqueio maxilo-mandibular rígido com barras
damento da aluna nas questões metodológicas da de Erich e fio de aço n° 01 por 14 dias, seguido do blo-
investigação e no conteúdo teórico relacionado à queio semi-rígido com elástico por mais 14 dias, reali-
temática do estudo, o que propiciou uma base de zando controle semanal durante o período de tratamento
sustentação para se trabalhar os dados levantados, bem para avaliação da evolução da fratura.
como para a sua avaliação, de forma crítica e Resultados: Paciente apresentou evolução favorável
participante, propiciando uma melhor compreensão, após tratamento não-cirúrgico, recuperando a oclusão,
tanto do processo acadêmico, quanto do seu papel de abertura bucal satisfatória, sem dor ou disfunção na
futuro formador na sociedade. Essa vivência também articulação temporomandibular até o momento, se-
foi importante para a orientadora, no sentido de ampliar guindo sob controle clínico e radiográfico no ambula-
sua visão sobre os diferentes campos da investigação tório de CTBMF de Peruíbe passados 40 dias do iní-
da saúde pública, assim como na formação acadêmica cio do tratamento.
em pesquisas de campo. As autoras ressaltam a impor- Conclusão: Podemos concluir que é possível realizar
tância do papel das universidades e, principalmente, diagnóstico e instituir tratamento das fraturas ditas não-
dos cursos de pós-graduação, na colaboração com os cirúrgicas do esqueleto da face nos serviços municipais
serviços de saúde pública, auxiliando-os na busca da de odontologia, desde que tenham a atuação do profis-
melhoria das condições de vida das pessoas. sional na equipe especializado no diagnóstico e trata-
mento destas lesões, possibilitando assim aos serviços
R130 - Tratamento conservador de fratura de de saúde dos municípios médios e pequenos otimiza-
côndilo mandibular, apresentação de caso clínico. rem os recursos dispensados para transferência dos
pacientes acometidos para os grandes centros hospita-
Mauricio Flaminio Amato (Prefeitura Municipal da lares, onde encontramos a maior parte destes profissio-
Estância Balneária de Peruíbe). nais. Ficando reservados o encaminhamento e a trans-
ferência apenas aos casos que dispensam recursos tera-
Introdução: O traumatismo do esqueleto facial tem,
pêuticos de maior complexidade, existindo a necessi-
nos últimos anos, a incidência aumentada na popula- dade de intervenções cirúrgica em ambiente hospitalar
ção das pequenas e médias cidades. Dentre as causas sob anestesia geral para tratamento das lesões.
podemos destacar as agressões físicas, que após os
acidentes envolvendo veículos motorizados tem se
apresentado como motivos das fraturas dos ossos da
face, dentre estas lesões podemos citar as fraturas
simples da mandíbula. Entre as formas de tratamentos

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Resumos dos trabalhos: Temas Livres 103

R180 - Qualidade de vida: uma abordagem multi- como a auto-estima. Também foram explorados temas
profissional junto ao idoso. de interesse dos participantes através de dinâmicas.
Resultados: O interesse dos participantes aumentou
Tanira Peres de Freitas (Residência Multiprofissional gradativamente, assim como a disposição dos mesmos
em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce- para a realização de novas atividades. Os idosos rela-
lina / Faculdades Santa Marcelina / Ministério da taram melhora na capacidade de memória, expressão
Saúde), Aline Arcanjo Gomes (Residência Multipro- corporal e na socialização com outros indivíduos, ge-
fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde San- rando benefícios para a sua vida cotidiana.
ta Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Ministé- Conclusão: A estratégia de trabalho em grupo com
rio da Saúde), Angela Libert Alves (Residência Multi- idosos, visando a promoção de saúde, permitiu a in-
profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde serção social dos mesmos, além da melhora na quali-
Santa Marcelina / Faculdades Santa Marcelina / Mi- dade de vida. Também foi observado melhor desem-
nistério da Saúde), Adriana Almeida Jecks (Residên- penho em atividades motoras e cognitivas de todos os
cia Multiprofissional em Saúde da Família da Casa participantes.
de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce- R184 - Mutirão de saúde realizado por equipe mul-
lina / Ministério da Saúde), Julie Silvia Martins (Casa tiprofissional de Saúde da Família da UBS Vila
de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce- Nova Curuçá - zona leste do município de São Paulo.
lina)
Carolina Nunes de Oliveira Silva (Residência Multi-
Introdução: A proporção de idosos no Brasil repre-
profissional em Saúde da Família da Casa de Saúde
sentará 10% da população total ao terminar a primeira Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina / Mi-
década do século XXI. Isto significa que o país deve nistério da Saúde), Eloiza Helena da Silva Brandão
estar preparado para atender às demandas sociais, (Residência Multiprofissional em Saúde da Família
sanitárias, econômicas desta população. Os idosos têm da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa
características biológicas, sociais e psicológicas pecu- Marcelina / Ministério da Saúde), Juliana Mendes de
liares, que fazem com que a abordagem diagnóstica e Melo (Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-
terapêutica de tais indivíduos mereça especial aten- mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade
ção. Modificações em grande parte das estruturas e Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Paula Vartui
dos órgãos do corpo humano ocorrem durante toda a Eserian (Residência Multiprofissional em Saúde da
vida e são fisiológicas. Com o aumento da idade, estas Família da Casa de Saúde Santa Marcelina / Facul-
modificações podem resultar em distúrbios funcio- dade Santa Marcelina / Ministério da Saúde), Suzana
nais. A Equipe Multiprofissional da Residência em Maria Velloso Dutra (Residência Multiprofissional
Saúde da Família (composta por 1 fisioterapeuta, 1 em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-
fonoaudióloga e 2 cirurgiãs-dentistas) criou um grupo lina / Faculdade Santa Marcelina / Ministério da Sa-
de intervenção terapêutica com os idosos, com o obje- úde), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Mar-
tivo de desenvolver ações de promoção de saúde para celina / Faculdade Santa Marcelina).
a manutenção e / ou melhoria da qualidade de vida
desta população. Introdução: A Residência Multiprofissional em Saú-
Métodos: O presente trabalho foi desenvolvido na de da Família é financiada pelo Ministério da Saúde e
área de atuação da equipe multiprofissional em Saúde vem sendo desenvolvida na zona leste do município
da Família da UBS Dr. T hérsio Ventura, unidade de São Paulo em parceria com a Casa de Saúde Santa
esta, localizada no bairro de Vila Jacuí, zona leste do Marcelina / Faculdade Santa Marcelina. Por se multi-
município de São Paulo. A experiência teve início profissional, possibilita a interação de várias categori-
com a busca ativa de idosos funcionalmente indepen- as profissionais da área da saúde a trabalharem em
dentes cadastrados na área de atuação da equipe. A equipe e de um modo particularmente interessante,
partir da identificação dos mesmos, foi estruturado um pois os residentes são inseridos em uma equipe que
grupo com 10 indivíduos entre 55 e 70 anos de idade. desenvolve a estratégia Saúde da Família. Tal possibi-
O trabalho em grupo ocorreu semanalmente, com a lidade permite uma visão multifacetada da realidade,
duração de uma hora, pelo período de 4 meses. Foram onde cada categoria profissional, revela a realidade
abordados aspectos motores e cognitivos, através de sobre seu prisma, e este conjunto de saberes, trabalha-
atividades que estimulam o equilíbrio, coordenação dos em equipe, possibilita múltiplas opções de ação.
motora, organização corporal, atenção, memória, bem Em tais circunstâncias, uma equipe formada por 1

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Resumos dos trabalhos: Temas Livres 104

médica, 1 enfermeira, 2 auxiliares de enfermagem, 5 caso exigisse. No caso de vacinação em atraso, os pais
Agentes Comunitárias de Saúde e 2 residentes de / responsáveis foram orientados a levar a criança à
odontologia, 1 de nutrição, 1 de enfermagem e 1 de UBS para realizar a vacinação. Verificada alguma
medicina, a partir do diagnóstico da área propuseram situação considerada de urgência odontológica, a cri-
a realização de um mutirão, para envolver o maior ança era encaminhada imediatamente para a UBS. As
número de crianças residentes na área, que não fre- crianças classificadas como alto risco foram encami-
qüentavam a unidade de saúde de uma forma regular. nhadas para grupo de escovação, realizados na unida-
Métodos: Os Agentes Comunitários de Saúde convi- de, com aplicação de flúor (de acordo com a idade)
daram todos os pais ou responsáveis por crianças de 0 após o qual teria sua consulta odontológica agendada.
a 11 anos de idade, residentes na área de atuação da Resultados: Compareceram 69 crianças à atividade.
equipe, a comparecerem juntamente com seus filhos, Entre elas, 51 (75%) foram consideradas eutróficas
em data definida, com horário flexível (entre 9 e 16 em relação ao seu estado nutricional, 7 (10,3%) foram
horas) em um equipamento social, situado na área de consideradas em risco de desnutrição, 3 (4,4%) com
atuação da equipe, levando carteira de vacina. Os re- desnutrição leve e 7 (10,3%) com desnutrição mode-
gistros foram realizados em formulários próprios, ela- rada / severa. Em relação à cárie dentária, 48 (69,6%)
borados para o evento. Foram coletadas informações foram consideradas de baixo risco, 1 (1,4%) de médio
referentes ao estado nutricional (peso e altura), situa- risco e 20 (28,9%) de alto risco. Em relação à má-
ção de saúde bucal (risco à cárie, índice de má- oclusão 46 (66,7%) foram consideradas com oclusão
oclusão e índice de alteração gengival) e aspectos da normal, 10 (14,5%) com má-oclusão leve e 13
saúde geral da criança, de interesse comum da área (18,8%) com má-oclusão moderada / severa.
médica e de enfermagem (verminose, pediculose, es- Conclusão: A atividade foi válida, pois permitiu i-
cabiose e situação vacinal). Quando identificada al- dentificar situações de risco e de doença instalada que
guma situação de risco ou de doença instalada, os pais poderão receber atenção por parte da equipe multipro-
/ responsáveis receberam orientações de acordo com a fissional no decorrer do ano.
situação apresentada e prescrição medicamentosa se o

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Resumos dos trabalhos 105

Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal


(Atenção Básica / PSF e PACS – Centros de Especialidades – Humanização e Acolhimento)

Conclusão: Apesar da evolução observada no perío-


P038 - Panorama da atenção em saúde bucal no do, é necessário ainda um esforço dos três níveis de
Sistema Único de Saúde do Estado de São Paulo de gestão do SUS, com a necessária participação da soci-
1995 a 2003, segundo Direção Regional de Saúde e edade, para que o direito constitucional de acesso in-
porte de municípios. tegral às ações e serviços de saúde bucal se efetive
para o conjunto da população residente no Estado de
Maria da Candelária Soares (Secretaria Municipal de São Paulo.
Saúde de São Paulo), Roberto A. C. Fernandez (Fa-
culdade de Saúde Pública da USP), Tania Izabel B. P042 - Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-
Forni, Vladen Vieira (Secretaria de Estado da Saúde dentistas sobre aspectos bioéticos do tratamento
de São Paulo) e Doralice Severo da Cruz (SMS-SP). odontológico.
Introdução: A Constituição Brasileira de 1988 reco- Patrícia Elaine Gonçalves (Programa Pós-graduação
nhece como inerente à condição do ser humano o di- em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de
reito à saúde e, portanto, à saúde bucal, que é parte Odontologia de Araçatuba-UNESP), Cléa Adas Sali-
indissociável da saúde geral, criando, para a realiza- ba Garbin (Programa Pós-graduação em Odontolo-
ção desse direito, o Sistema Único de Saúde (SUS). gia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia
Métodos: Assim, objetivou-se analisar como esse de Araçatuba-UNESP), Artênio José Isper Garbin
direito, no que tange à saúde bucal, foi realizado no (Programa Pós-graduação em Odontologia Preventi-
Estado de São Paulo no período de 1995 a 2003. Fo- va e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatu-
ram utilizados indicadores obtidos a partir de dados de ba-UNESP), Suzely Adas Saliba Moimaz (Programa
produção do Sistema de Informação Ambulatorial do Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social
SUS, dados informados por 525 municípios em res- da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP).
posta a questionário encaminhado aos 645 municípios
do estado, analisados segundo porte de município e Introdução: A relação profissional / paciente e sua
área de abrangência das Direções Regionais de Saúde importância para o bom andamento, e sucesso do tra-
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Indi- tamento odontológico devem ser refletidas mediante
cadores de qualidade foram obtidos por meio de dados seus aspectos bioéticos.
disponibilizados pelo Centro de Vigilância Sanitária Métodos: Nosso estudo teve como objetivo avaliar o
da Secretaria de Estado da Saúde e dados oficiais de conhecimento dos cirurgiões-dentistas (n=163) que
pesquisas epidemiológicas. realizam curso de especialização na Universidade
Resultados: Observou-se nesse período uma amplia- Estadual Paulista – UNESP, sobre esses aspectos.
ção dos procedimentos odontológicos da atenção bá- Resultados: Dentre os pesquisados, 88,1% mencio-
sica em relação ao total de procedimentos básicos e nam que a decisão do tratamento deve ser realizada
um índice médio de 0,65 procedimento individual em comum acordo entre o profissional e o paciente,
básico por habitante. Os procedimentos especializados porém, 26,4% relatam que a participação do paciente
representaram em média 5,59% do total de procedi- e / ou seu responsável legal na decisão pode interferir
mentos odontológicos, e um índice de 0,038 procedi- de maneira negativa. A atuação do profissional quan-
mento por habitante. Os índices foram mais desfavo- do o paciente opta por um tratamento menos conveni-
ráveis nos municípios e regiões de maior densidade ente, 95,6% tentam convencê-lo de que não é a me-
populacional. Segundo dados da pesquisa, aproxima- lhor opção e mude para a melhor, mantendo o modelo
damente 30% dos municípios não universalizaram a paternalístico. Foi observado que 20,3% não soube-
assistência odontológica. A relação cirurgião-dentista ram relacionar a importância da interação profissional
(CD) por habitante variou, do menor para o maior / paciente para o tratamento odontológico.
porte, de 1CD:1.003 para 1 CD: 8.548; a média do Conclusão: Conclui-se que muitos cirurgiões-
estado foi de 1CD:3.552 habitantes. 95% da popula- dentistas não estão levando em consideração esses
ção têm acesso à água tratada e fluoretada e o índice aspectos bioéticos na prática clínica.
CPO-D, aos 12 anos, foi de 2,75 em 2002.

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 106

P056 - Desempenho do cirurgião-dentista no pro- setor odontológico. Tal fato, restringiu o tratamento à
grama de saúde PAIDÉIA de Campinas – SP. minoria da população capaz de pagar pelos serviços
privados, demonstrando a precariedade de recursos
Maria Cristina Silveira Cerávolo (Faculdade de O- destinados à odontologia e a deficiência do sistema
dontologia de Piracicaba – UNICAMP); Dagmar de público em promover saúde bucal à população, fatos
Paula Queluz (Faculdade de Odontologia de Piraci- que comprovaram a necessidade de mudanças urgen-
caba – UNICAMP). tes no modelo de assistência odontológica brasileira.
A inclusão de Equipes de Saúde Bucal (ESB) ao Pro-
Introdução: O objetivo deste estudo é identificar o grama Saúde da Família (PSF) em 2001, ampliou o
desempenho do dentista inserido no programa de saú- acesso de toda a população à saúde pública. Desta
de PAIDÉIA, engajado na inversão do modelo assis- forma, o presente estudo tem por objetivo avaliar a
tencial. atuação dos dentistas pertencentes às cidades da regi-
Métodos: A coleta de dados foi realizada através de ão de Piracicaba (DIR XV) que adotaram o Programa
aplicação de questionário em 200 dentistas da Secre- Saúde da Família (PSF), com inclusão das Equipes de
taria Municipal de Campinas que integram o progra- Saúde Bucal (ESB), como forma de democratização
ma PAIDÉIA. do acesso da população à saúde.
Resultados: Após análise dos resultados observamos Métodos: A coleta de dados foi realizada através de
que os cirurgiões-dentistas desenvolvem seu trabalho aplicação de questionário sobre características gerais
em 47 distritos de saúde. São 76 cirurgiões-dentistas das equipes de saúde bucal (ESB) em vinte e seis den-
do sexo feminino e 45 do sexo masculino; na faixa tistas de seis cidades pertencentes à região de Piraci-
etária de 27 a 67 anos, com tempo de trabalho na pre- caba.
feitura de 6 meses a 42 anos (65% de 6 a 15 anos); Resultados: Após análise dos resultados observamos
com forma de contratação por concurso público que 69,2% eram do sexo feminino e 30,8% do sexo
(n=109); com jornada de trabalho de: 63 com 20 ho- masculino; com faixa etária de: 30,8% com 23-30
ras, 10 com 30 horas, 48 com 36 horas; sendo que 109 anos, 26,9% com 31-39 anos, 38,5% com 40-49 anos
participam das reuniões de equipes multidisciplinares e 3,8% com 50-59 anos; que apenas 6 cidades de 28
de sua unidade básica de saúde com periodicidade apresentam ESB, sendo que a maioria dos dentistas: é
semanal (72%); considerando a sua participação mui- clínico geral, não realizou curso de capacitação, foi
to importante (54%); estabelecendo vínculos com as contratado através de concurso público, gasta apenas
famílias cadastradas de sua área de abrangência 20% do tempo com ações preventivas, auxiliados por
(39%), a equipe trabalhando com critérios de risco ACDs e não oferece insumos odontológicos (dentifrí-
para a identificação dos indivíduos / famílias mais cios e escova dental) às famílias.
vulneráveis (88%); levando em consideração a classi- Conclusão: Assim, pode-se afirmar que a ESB / PSF
ficação de risco para efeito da organização do agen- visa transformar o modelo tradicional, enfatizando o
damento (86%). potencial de saúde física, mental, social e ambiental
Conclusão: Concluímos que a inserção do dentista do indivíduo inserido na família, porém falta a capaci-
no programa PAIDÉIA encontra muitos desafios que tação ainda da maioria dos dentistas que se julgam
deverão ser repensados. O novo modelo assistencial atrelados aos problemas do antigo modelo de assis-
em todo o Brasil está sendo lapidado e se torna inevi- tência, indicando a demanda excessiva como um dos
tável que se busque um grande aprofundamento nas impedimentos ao bom desenvolvimento do principal
transformações ocorridas na forma de se fazer saúde. foco do PSF: as ações preventivas.

P058 - Atuação dos cirurgiões-dentistas no Pro- P060 - Representação social do paciente que se
grama Saúde da Família na região de Piracicaba - beneficia da interação universidade pública e hos-
DIR XV. pitais gerais

Tatiana Bueno de Toledo (Faculdade de Odontologia Wanilda Maria Meira Costa Borghi (FOA - UNESP),
de Piracicaba – UNICAMP), Dagmar de Paula Que- Maria Lúcia Marçal Mazza Sundefeld (FOA -
luz (Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNI- UNESP), Nemre Adas Saliba (FOA - UNESP).
CAMP).
Introdução: Os hospitais, públicos ou privados, atra-
Introdução: No século XX, pouco se fez por parte do vés dos serviços de urgência, emergência e os seus
governo para que melhorias fossem conquistadas no ambulatórios, constituem-se em importante porta de

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 107

entrada para o sistema de saúde. Por outro lado, os da faculdade. [...] – [...] O pessoal me atende muito
acidentes de transporte terrestre constituem-se em bem, então, estou fazendo até hoje!”
importante causa de morbimortalidade. A Faculdade Conclusão: Com a análise das falas pode-se consta-
de Odontologia de Araçatuba - UNESP - possibilita tar que a interação: universidade pública e hospitais
ao estudante o atendimento do paciente desde o diag- gerais é de grande valia pois cidadãos da região pude-
nóstico até a completa execução do plano de trata- ram obter o benefício do ingresso ao tratamento odon-
mento estabelecido. Neste plano, também está incluí- tológico oferecido pela FOA que, segundo relato dos
do o serviço de trauma, ao qual os pacientes podem próprios pacientes, além de gratuito é de altíssima
ser encaminhados por pronto-socorros da região. A- qualidade e forma profissionais adaptados ao mercado
lém disso, a FOA funciona como referência para tra- de trabalho.
tamentos mais complexos.
Métodos: Foram ouvidos em entrevistas abertas, gra- P089 - Limites e possibilidades da abordagem fa-
vadas e transcritas, 105 pacientes que freqüentavam as miliar: práticas de saúde no Programa de Saúde
salas de espera da Clínica Integrada da Faculdade de da Família.
Odontologia de Araçatuba - FOA – UNESP, no 1o.
Helder Inocêncio Paulo de Sousa (Casa de Saúde
semestre de 2005. Foi construído o Discurso do Sujei-
Santa Marcelina), Astrid Farinazzo, Edna V. Rodri-
to Coletivo; a representação do campo que permite a
gues, Vera Lucia A. Miranda (Associação e Congre-
uma sociedade falar como se fosse um só indivíduo.
gação Santa Catarina),Profa Dra Cynthia Andersen
Resultados: Dos pacientes entrevistados, trinta e três
Sarti (UNIFESP).
salientaram a atuação de hospitais no encaminhamen-
to de pacientes, tendo discurso semelhante; tanto de Introdução: O modelo de saúde vigente no país tem
pessoas atendidas em hospitais de Araçatuba (13) que sido centrado prioritariamente na assistência individu-
vieram por necessidade de atendimento emergencial: al e curativa com ênfase no atendimento hospitalar e
“[...] Trombei com uma moto - Eles me procuraram com tecnologia altamente sofisticada, apresentando
na Santa Casa. Eu estava acidentado ... Eles foram lá e dificuldades na resolução efetiva dos problemas de
eu nem sabia. Eu nunca tinha andado aqui, então eles saúde da comunidade. Diante desse cenário, surge em
me procuraram e já me encaminharam, também. - [...] 1994, como uma estratégia para a implementação e a
Então eu vim para o trauma e depois disso, eu come- concretização dos princípios do SUS, o Programa de
cei tratar normalmente os outros dentes. - Eu estou Saúde da Família (PSF), com o objetivo de reestrutu-
sendo bem atendido!” Como encaminhadas por insti- rar a rede de serviços públicos em Atenção Primária e
tuições de outras cidades.(20). “Bom, eu estava lá no de ampliar a visão em saúde considerada como resul-
postinho da minha cidade, Buritama. - Tive um pro- tante de um conjunto de fatores, incluindo as relações
blema na boca e lá, não solucionaram. - A dentista do familiares e sociais que inegavelmente interferem na
Pronto Socorro de Avanhandava, me passou urgente saúde ou no modo de adoecer dos indivíduos. Dessa
para cá, porque deu traumatismo dental [...]e lá eles forma, o conhecimento e a proximidade com as pes-
não têm o aparelho próprio. - Eu procurei a UBS lá de soas, em seu contexto familiar, facilitam a identifica-
Pereira [...] – E o dentista de Ilha Solteira me encami- ção dos problemas a serem enfrentados pelo profis-
nhou [...] - Para Araçatuba, como a equipe da vacina sional de saúde, permitindo uma melhor assistência ao
da gripe, de Lins, que fez o exame da minha boca. - indivíduo nos diferentes ciclos de sua vida. Identifi-
[...] o dentista do Posto de Saúde de Guzolândia, - o camos, então, como problema a ser estudado, a atua-
centro odontológico lá da minha cidade, Ilha Solteira, ção dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros
– e também eu tive a informação, com uma senhora lá e cirurgiões-dentistas) no que diz respeito às suas prá-
de General Salgado. - [...] Lá em Franca eu tive pro- ticas e o que pensam de seu trabalho em abordagem
blema de dor de dente. - É que eu fui atendido no familiar, no cotidiano das Unidades Básicas de Saúde
Pronto Socorro de Birigui e eles chamaram o dentista (UBS) que implantam o PSF.
daqui [...] – Mas eu moro em Penápolis e vim de lá Métodos: Foi aplicado um questionário a oito profis-
prá cá, prá fazer o tratamento aqui [...] – Lá em Rubi- sionais inquirindo quanto a sua atuação em aborda-
ácea, eu queria arrancar os dentes, aí, a dentista [...] gem familiar e a relevância da prática para cada um,
falou se eu tinha condições de pagar ao menos a pas- com o intuito de investigar suas práticas em seu coti-
sagem, que o tratamento ela garantia, que não pagava diano de trabalho e a forma como concebem essas
nada aqui [...]- Então eu fui encaminhada de Valparaí- práticas, problemática que envolve dados de natureza
so, para cá. [...] - Lá, sempre é falado da Unesp, aqui, subjetiva, que não podem, portanto, ser quantificados.

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 108

Resultados: Obtiveram-se diversas respostas e per- relacioná-lo com o aspecto social e familiar do indiví-
cebeu-se a diversidade da atuação para cada um dos duo. A maior ou menor integração das equipes (bucal
profissionais. Isto muitas vezes difere do preconizado e família) ainda depende do papel exercido individu-
na literatura estudada. De qualquer maneira ficou cla- almente pelos profissionais.
ra a postura da dificuldade de operacionalizar tal prá- Conclusão: A integração da Equipe de Saúde Bucal
tica em serviço e uma das entrevistadas, inclusive, na Equipe de Saúde da Família é um desafio e uma
considerou desnecessária a realização de abordagem construção constante. Ademais se estivéssemos ver-
familiar na sua prática diária. dadeiramente integrados não existiria a diferença de
Conclusão: Não existe uniformidade em relação às nomenclatura e a Equipe de Saúde Bucal quando exis-
ações no PSF, mas a visão dos entrevistados se expli- tente no PSF não seria considerada "equipe amplia-
ca de diversas ordens, alem da inserção profissional da". Ou como afirmou uma ACS na entrevista "pra
ou de sexo. O Programa não explicita e é pouco claro mim existe saúde, não vejo diferença."
em relação ao que se entende por abordagem familiar.
Os profissionais trabalham com sua própria experiên- P099 - Planejamento para viabilizar ações de pro-
cia na dinâmica do serviço, nos horários e na cobrança moção, prevenção e tratamento em saúde bucal da
de atendimento. As exigências do cotidiano distanci- população idosa.
am os profissionais da abordagem familiar.
Talita Marconi, Andrezza Samaha Rabelo Lucchesi,
P096 - A inserção da Equipe de Saúde Bucal e sua Marcela Ferreira Machado, Marcela Maia Fialho
integração com a Equipe de Saúde da Família. Laia, Regina Maria Raffaele, Prof. ª Ms. Aglair Igle-
sias Duran e Prof. º Dr. Arnaldo Pomilio (FO-PUC-
Maria Aparecida de Oliveira (SMS-SP), Elaine Ro- Campinas).
drigues Giusti (PSF / F. Zerbini), Grace V. L. Chan
Rissato (PSF / Unifesp), Walterson M. Prado (PSF / Introdução: A sociedade brasileira está imersa em
F. Zerbini), Rosana M. Barbosa (Unifesp). um claro processo de envelhecimento. Os dados do
IBGE (1995) indicam que 10% da população residen-
Introdução: Desde o inicio do PSF em São Paulo, a te no Município de Campinas – SP está dentro da fai-
F.Zerbini além da equipe de saúde da família atua xa etária de 60 anos ou mais. Esta população deve
com a chamada equipe ampliada, com saúde bucal, merecer, cada vez mais, o interesse dos órgãos públi-
mental e ambulatório de especialidades. A proposta da cos, dos formuladores das políticas sociais e da socie-
ESB é atuar de maneira integrada a ESF. O objetivo dade em geral. Avaliando a atual situação da popula-
desta pesquisa foi conhecer como a ESF percebe a ção idosa crescente no Município de Campinas, os
inserção da saúde bucal e a sua integração e ao mes- autores deste projeto sentindo falta do contato com a
mo tempo, como o profissional de saúde bucal perce- Odontogeriatria no Currículo da F.O. PUC-Campinas,
be sua inserção na equipe. que enfoca o atendimento das necessidades de pre-
Métodos: A pesquisa realizada foi de natureza quali- venção, cuidado e tratamento das diversas estruturas
tativa com o uso de entrevistas semi estruturadas com do Sistema Estomatognático na população idosa, se
membros das equipes previamente definidas nas uni- interessaram por conhecer a prática da odontologia
dades de família onde os pesquisadores atuam, sendo geriátrica, adotada pela Secretaria de Saúde da Prefei-
3 unidades na zona norte de São Paulo e uma na zona tura Municipal de Campinas nos Centros de Saúde do
sudeste. A equipe escolhida foi a que está atuando há Distrito Noroeste, no Programa de Saúde da Família,
mais tempo em conjunto, não devendo ser a equipe de com o objetivo de elaborar um planejamento que via-
atuação do pesquisador. As entrevistas foram grava- bilize ações de promoção, prevenção e tratamento,
das e transcritas, foi realizado diário de campo e revi- para a população de 60 anos ou mais.
são bibliográfica. A pesquisa foi aprovada no comitê Métodos: O estudo é um levantamento das condições
de ética da Unifesp e PMSP. bucais dos pacientes idosos com 60 anos ou mais, e das
Resultados: Ao analisarmos as categorias concluí- necessidades de próteses parciais e / ou totais através de
mos que existe dificuldade no trabalho em equipe um questionário com anamnese e exame clínico, após
devido a diversos fatores, entre eles a formação aca- participarem de palestras e orientações sobre promoção
dêmica. No caso da ESF existe dificuldade em inte- de saúde bucal. Os pacientes foram informados dos ob-
grar as propostas de atenção a saúde bucal na comu- jetivos do trabalho e a sua inclusão dependeu do consen-
nidade. A própria ESB apresenta dificuldade em am- timento prévio, através da assinatura do termo de con-
pliar o olhar para além do objeto de trabalho em si e sentimento, sendo a pesquisa aprovada pelo Comitê de

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 109

Ética em Pesquisa da PUC-Campinas, com duração de discursos, conversas informais serviram de subsídio
dois semestres. Os materiais utilizados durante o exame para esta investigação.
clínico foram: o esfignomanômetro e estetoscópio para Resultados: Os Guarani têm entre suas formas de
aferir a pressão arterial; gaze para segurar a língua e atenção a utilização de rezas e as "boas palavras" onde
lábios e espátulas de madeira para afastar tecidos moles. nesta maneira discursiva os mais velhos aconselham
Os dados foram transcritos no questionário da ficha de os mais jovens da comunidade. Portanto os "conse-
anamnese e exame clínico. lhos" são entre outros modos, uma maneira de educar
Resultados: Após a análise dos dados obtidos, pu- e cuidar de si.
demos comparar com os trabalhos levantados na lite- Conclusão: Os resultados obtidos mostram que o
ratura e também fazer uma projeção da real necessi- povo guarani não separam os cuidados bucais do cor-
dade da população idosa residente no Distrito de Saú- po. Utilizam a assistência proposta pela sociedade
de Noroeste da Secretaria de Saúde da Prefeitura Mu- nacional, mas procuram manter sua visão de mundo.
nicipal de Campinas. Em conjunto com a assistência A visão de mundo que apresentam a importância que
(atenção, promoção e intervenção) à população idosa dão à palavra, são dados que qualquer profissional
do Centro de Apoio São Luis – Casa Amarela, plane- que pretenda trabalhar e planejar ações de saúde com
jamos e iniciamos atendimento para suprir as atuais eficácia, dirigidas a essas populações, precisa conhe-
necessidades protéticas da mesma e projetá-la também cer.
para a mesma região, visando proporcionar a esta po-
pulação uma melhoria na qualidade de vida e sua rein- P113 - Avaliação do teor de sensibilização por trei-
tegração no meio social. namento de profissionais da saúde para gestão
Conclusão: Após concluída a pesquisa os autores participativa e humanizante de equipes e comuni-
acreditam ser razoável afirmar que: (1) conheceram a dades: “ASSIST-SUS, atenção humana para a
real situação da população idosa do Centro de Apoio qualidade de vida”.
São Luiz e projetaram as necessidades dos idosos do
Cristina Ramos da Silva (CIOP-UNESP-Araçatuba),
Distrito de Saúde Noroeste da Secretaria de Saúde da
Renato Salviato fajardo (CIOP-UNESP-Araçatuba,
Prefeitura Municipal de Campinas; (2) levantaram as
Adriana Cristina Zavanelli (CIOP-UNESP-
necessidades de próteses parciais e totais da popula-
Araçatuba), Daniela Atili Brandini (CIOP-UNESP-
ção estudada; (3) ofereceram condições para os aca-
Araçatuba), Mirella Martins Justi (CIOP-UNESP-
dêmicos de Odontologia da PUC-Campinas desenvol-
Araçatuba), João Henrique Borin Fabrice (CIOP-
verem atividades assistenciais à população idosa de
UNESP-Araçatuba), Aretusa de Paula Rodrigues
acordo com o modelo do PSF.
(CIOP-UNESP-Araçatuba).
P100 - Cuidados bucais entre os Guarani Mbyá:
um estudo etnográfico com os Guarani da aldeia Introdução: O projeto de pesquisa visa desenvolver
Boa Vista na cidade de Ubatuba- SP. metodologia para sensibilizar profissionais do SUS
para humanização da atenção e descentralização de
Maria Aparecida de Oliveira (SMS / SP), Carlos Bo- gestão. Para tanto, foi desenvolvida uma capacitação
tazzo (Instituto de Saúde / CCD - SES-SP). (ASSIST-SUS), feita em três blocos de quatro horas
cada. Espera-se com o trabalho, alinhavar-se modelo
Introdução: Com a mudança no sistema de saúde dos de co-participação ativa dos diversos segmentos en-
povos indígenas e a transferência da responsabilidade volvidos nas atividades da saúde, inserindo a Univer-
para a Fundação Nacional de Saúde / MS observamos sidade neste processo.
um crescente interesse por parte dos profissionais de Métodos: Foi constituída a Equipe de Desenvolvi-
saúde e de entidades que atuam com essas populações mento (ED) e dela as Equipes de Treinamento (ET),
em conhecer a diversidade dos cuidados com a saúde Equipe de Interpretação (EI) e Equipe de Apoio (EA),
e doença. A proposta deste estudo é conhecer e ouvir compostas de profissionais e acadêmicos de áreas
dos Guarani quais são seus cuidados com a boca. distintas do saber com conhecimentos em temas da
Métodos: Para efetuar este estudo foi realizado o tra- saúde. Estas equipes reuniram-se para interagir com
balho de campo na aldeia, utilizando o método etno- os textos e pressupostos indicados pelos coordenado-
gráfico com observação participante, convívio com a res do projeto, que em constante supervisão e orienta-
comunidade, realização de entrevistas semi- ção, produziram a capacitação denominada “Assist-
estruturadas além do diário de campo. Durante o perí- SUS”. Seu material de apoio consistiu de apostila,
odo em que as viagens à aldeia foram efetuadas, os apresentações didáticas, dinâmicas inter-relacionais e

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 110

correlatos, como instrumentos de avaliação com ques- Introdução: As agressões domésticas contra mulhe-
tões abertas e fechadas, softwares para manipulação res, especialmente as físicas podem ser diagnosticadas
dos dados coletados na pesquisa, contatos com as ins- pelos profissionais de saúde, já que suas conseqüên-
tituições parceiras e organização dos diversos passos cias são evidentes. No entanto, esta identificação ge-
para a efetivação do plano de trabalho. Considerando- ralmente é negligenciada, mesmo quando relatada
se o envolvimento de 109 profissionais do SUS das explicitamente, motivo pelo qual a mulher sente-se
cidades de Bilac, Lourdes, Santópolis do Aguapei, desamparada e muitas vezes desiste de procurar auxí-
Piacatu e Gabriel Monteiro para a capacitação com o lio. Foi objetivo deste estudo verificar se mulheres
“Assist-SUS”, foram desenvolvidas as seguintes ati- agredidas fisicamente procuraram por atendimento de
vidades: aplicação do instrumento de avaliação, capa- saúde após a violência; qual o perfil das vítimas quan-
citação com os temas: porquê e para que humanização to à idade, escolaridade, ocupação; e a opinião delas
na assistência à saúde, vínculo profissional / paciente sobre a postura que devem assumir os profissionais de
e sua repercussão na evolução da promoção da saúde, saúde durante o atendimento.
desenvolvimento humano, dinâmicas de sensibiliza- Métodos: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Éti-
ção para atividade grupal e discutiu-se sobre a descen- ca em Pesquisa da FOA-UNESP, sob o processo n°
tralização da Gestão. Por fim, houve a re-aplicação do 2005/0186. O estudo foi realizado na Delegacia de
instrumento de avaliação. Após estudo dos dados re- Defesa da Mulher de Araçatuba-SP, com as usuárias
gistrados, procurou-se analisar o impacto que o conte- que se apresentaram para registrar ocorrência referen-
údo do treinamento teria provocado na cognição dos te à lesão corporal no período de 02 a 13 de janeiro de
participantes. Consideramos as variáveis qualitativas 2006. Foram feitas entrevistas semi-estruturadas com
como sendo as de maior representatividade, tendo 10 mulheres, após consentimento livre e esclarecido
possibilidade de ocorrência favorável de 50%, erro das mesmas.
amostral de 3% e nível de confiança de 95%. A análi- Resultados: Foram entrevistadas 10 mulheres, sendo
se dos dados foi realizada através do parâmetro esta- 4 na faixa etária de 15-25 anos, 4 entre 25 e 35 anos e
tístico moda, devido à natureza principal das variáveis 2 com mais de 55 anos de idade. Quanto à escolarida-
ser quantitativa. de, 1 não completou o ensino básico, 6 não termina-
Resultados: Segundo o instrumento de avaliação, ram o fundamental, e apenas 3 concluíram o ensino
podemos observar que a qualificação profissional para médio. Seis estão desempregadas e quatro trabalham
um atendimento humanizado, que se apresentava com eventualmente. Sete mulheres, mesmo agredidas, não
valor de 35% antes do treinamento, mostrou um a- procuraram o serviço de saúde, sendo 4 por não con-
créscimo de 7%, totalizando 42%, o que significa que siderarem o caso grave; 2 porque foram impedidas
imediatamente após a capacitação os treinandos se pelo agressor e 1 por dificuldade de acesso. Das que
sentiram mais aptos profissionalmente para um aten- buscaram auxílio, duas optaram pelo médico e uma
dimento humanizado. Quanto à valorização profissio- pelo farmacêutico. Nove consideram importante que o
nal, após o treinamento, o participante se sentiu bem profissional, diante de tais casos, oriente-nas a procu-
valorizado. Quanto à importância da relação Profis- rar ajuda policial e uma entende ser este um problema
sional–Usuário no sucesso do tratamento, antes do íntimo, e gostaria de ser tratada sem questionamentos.
treinamento 59% dos profissionais acharam que tinha As mulheres que recorreram ao atendimento médico
grande importância e após o treinamento houve um relataram ser mal-atendidas e mesmo mencionando a
acréscimo de 18%. violência ao profissional, este não se envolveu, se
Conclusão: As respostas elencadas antes e após a atendo apenas às lesões.
capacitação do Assist-SUS demonstram a revisão de Conclusão: Podemos concluir que a maioria das en-
valores dos participantes com a influência da metodo- trevistadas é de mulheres jovens, com baixo nível de
logia favorável a um atendimento mais humanizado. escolaridade e desempregadas. Quanto ao atendimen-
to pelo setor de saúde, buscam o serviço, porém gos-
P121 - Vítimas de violência doméstica: o que se tariam que o profissional apresentasse uma postura
espera do profissional de saúde? diferente, mais empenhada em orientá-las, e não so-
mente em tratar as conseqüências.
Ana Paula Dossi (FO Araçatuba - UNESP); Orlando
Saliba (FO Araçatuba - UNESP); Cléa Adas Saliba
Garbin; Artênio José Isper Garbin (FO Araçatuba -
UNESP).

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 111

P122 - Violência doméstica: qual a responsabilida- P123 - Autonomia e consentimento livre e esclare-
de dos profissionais de saúde? cido: avaliação no atendimento odontológico de
crianças especiais.
Orlando Saliba (FO Araçatuba-UNESP); Cléa Adas
Saliba Garbin (FO Araçatuba-UNESP); Artênio José Cléa Adas Saliba Garbin(Programa de pós-
Isper Garbin (FO Araçatuba-UNESP); Ana Paula graduação em Odontologia Preventiva e Social FOA-
Dossi (FO Araçatuba-UNESP). UNESP), Sandra M. H. C. Ávila de Aguiar (Fac. O-
dontol. Araçatuba-UNESP), Ana Carolina da Graça
Introdução: A violência doméstica é reconhecida- Fagundes (Fac. Odontol. Araçatuba-UNESP), Caro-
mente um problema social e de saúde pública, que lina Pedrosa Brito (Fac. Odontol. Araçatuba-
cada vez mais vem merecendo atenção desse setor. UNESP), Marcelle Danelon (Fac. Odontol. Araçatu-
Assim, a notificação pelos profissionais de saúde é de ba-UNESP).
suma importância, já que contribui para o dimensio-
namento epidemiológico do problema, permitindo, a Introdução: O consentimento informado dos pacien-
partir dessas informações, o desenvolvimento de pro- tes ou responsáveis legais deve ser respeitado na prá-
gramas e ações específicas nesta área. O objetivo des- tica odontológica, não apenas como uma doutrina
te trabalho foi verificar a responsabilidade do profis- legal, mas como direito moral dos pacientes que gera
sional de saúde em notificar a violência doméstica obrigações morais para os Cirurgiões Dentistas. A
contra crianças, mulheres e idosos e as possíveis im- busca pela humanização dos serviços na odontologia e
plicações legais e éticas a que estão sujeitos caso não a promoção dos direitos dos pacientes deve ser uma
o façam. constante na prática odontológica. O objetivo da pes-
Métodos: Foi realizada ampla pesquisa bibliográfica quisa foi avaliar o consentimento livre e esclarecido
na Legislação Civil e Penal brasileira, além dos Códi- dado pelos pais ou responsáveis de pacientes especiais
gos de Ética Profissional da Medicina, Odontologia, atendidos no Centro de Atendimento Odontológico a
Enfermagem e Psicologia. Pacientes Especiais (CAOE) da Faculdade de Odonto-
Resultados: No que se refere à legislação civil e pe- logia de Araçatuba-UNESP.
nal, as sanções estão representadas por multas, dispos- Métodos: Foram utilizados questionários com ques-
tas no Estatuto da Criança e Adolescente (Lei tões abertas e de múltipla escolha relacionadas ao
8.069/90 – Art.245), Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03 tema. Participaram da pesquisa 58 pais ou responsá-
– Art.57), na Lei 10.778/03 (Art. 5°) que trata da noti- veis de crianças especiais, com idade que varia de 3 a
ficação compulsória pelo profissional de saúde de 12 anos, atendidos no CAOE. Cada questionário era
qualquer tipo de violência contra a mulher, bem como acompanhado de um termo de consentimento dos par-
na Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei ticipantes da pesquisa, sendo esta submetida à aprova-
3.688/41 – Art.66), que também é explícita quanto à ção do Comitê de Ética em Pesquisa.
obrigatoriedade e às punições que podem sofrer os Resultados: De acordo com os resultados obtidos
omissos. As penalidades administrativas estão dispos- pudemos constatar que 79% foram informados sobre
tas em todos os Códigos de Ética analisados e variam o tipo de tratamento que seria realizado na criança,
de simples advertências verbais até a cassação do enquanto 21% não tiveram informação sobre o trata-
direto de exercer a profissão. A obrigatoriedade de mento. A informação foi considerada satisfatória por
comunicação dos casos de violência aparece de 84% dos responsáveis, sendo que 14% consideraram
maneira mais explícita nos Códigos de Enfermagem e insatisfatória e 2% não opinaram. Participaram da
de Psicologia. decisão do tratamento odontológico 90% dos respon-
Conclusão: Os resultados encontrados nos permitem sáveis.
concluir que os profissionais de saúde têm o dever de Conclusão: Conclui-se que apesar de uma grande
notificar os casos de violência doméstica que tiverem parcela ter recebido informação sobre o tratamento,
conhecimento, estejam eles envolvendo crianças, ido- alguns profissionais apresentam comportamento ina-
sos ou mulheres, podendo inclusive responder civil, dequado, deixando de esclarecer o paciente ou seu
penal e administrativamente pela omissão. responsável, não permitindo assim que os mesmos
participem da decisão do tratamento.

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 112

P124 - A importância do cirurgião dentista no a- nica, em 16,82%, a infecção pelo HBV em 4,42%
tendimento odontológico para pacientes com indi- pacientes e outras causas relacionadas em 4,42%. Ta-
cação de transplante hepático. bagismo: 52,21% abandonaram o hábito de fumar e
47,79% não apresentaram o vício. Consumo de bebi-
Lídia Santarsiere (Conjunto Hospitalar de Sorocaba e das alcoólicas: não alcoolistas – 48,67% e observou-
Fundação do Desenvolvimento Admnistrativo- se que 51,32% abandonaram o vício. Episódios he-
Fundap), Perla Porto Leite Shitara (CHS-Fundap), morrágicos durante a progressão da doença (33 paci-
Tomio Iwata (CHS-Fundap), Máira Crstina de Oli- entes). Causas: hemorragia digestiva alta (78,78%),
veira Barros (CHS-Fundap), Juliana de Oliveira Lo- origem odontológica (18,18%), e outras causas
pes (CHS-Fundap). (18,18%). Higiene oral insatisfatória 84,96%. Índices
satisfatórios de higiene oral: 15,04%. Pacientes que
Introdução: A eliminação de qualquer foco infeccio- necessitavam de tratamento odontológico invasivo,
so, prevenção de hemorragias e manutenção de uma isto é, cirúrgico, periodontal e restaurador – 77,87%.
higiene oral satisfatória são alguns dos cuidados espe- Pacientes que requeriam apenas tratamento odontoló-
ciais no pré-operatório que devem ser levados em gico preventivo: 18,58%. Pacientes que não necessi-
consideração quando na elaboração de um plano de tavam de assistência odontológica, 3,53%.
tratamento odontológico para pacientes hepatopatas. Conclusão: O Conselho Federal de Odontologia –
Devido ao uso de terapia imunossupressora após o CFO, em 2005, contabilizou 192.122 dentistas inscri-
transplante do fígado, a manutenção da saúde oral e o tos no Brasil. Levando-se em conta que atualmente o
tratamento odontológico preventivo e curativo tor- ministério da saúde estima que existam cerca de três
nam-se indispensáveis para o sucesso desse tratamen- milhões de pessoas contaminadas pela hepatite C,
to. Devido a esses e outros fatores, a presença do ci- cada cirurgião-dentista tem a possibilidade matemáti-
rurgião-dentista inserido na equipe de transplante he- ca de atender 15,61 pacientes infectados. Sabendo-se
pático torna-se indispensável para o sucesso no trata- que o índice de cronicidade da hepatite C atinge 85%,
mento desses pacientes. então, cada cirurgião-dentista deverá atender, em mé-
Métodos: O levantamento foi realizado no período de dia 13,27 pacientes com alterações hepáticas impor-
outubro de 2003 a outubro de 2005 no Conjunto Hos- tantes e que requerem cuidados odontológicos especi-
pitalar de Sorocaba – CHS, setor de odontologia para ais. Dessa amostragem citada acima (13,27 pacientes),
pacientes especiais, onde foram avaliados 113 pacien- 20 % tem a possibilidade de apresentar a cirrose hepá-
tes com doença hepática avançada e que aguardam na tica e necessitar de transplante hepático. Os dados
fila para o transplante. Primeiramente, a equipe médi- citados acima evidenciam que o cirurgião-dentista
ca do Centro de Transplante do Hospital Unimed – deve estar apto para abordar e tratar pacientes hepato-
Sorocaba avaliava os pacientes candidatos ao trans- patas de forma eficiente visando eliminar os riscos
plante hepático e agilizava posteriormente o encami- que possam comprometer as condutas médicas e con-
nhamento para o setor de odontologia do CHS. A ava- seqüentemente o quadro clínico dos mesmos. Não é
liação odontológica compreendia fichas de anamnese da alçada do cirurgião-dentista diagnosticar, tampou-
caracterizadas com perguntas relacionadas especifi- co tratar, qualquer manifestação hepática de que o
camente com a patologia em questão para que fossem paciente possa ser portador, mas, é importante saber
obtidos dados relevantes a respeito do estado geral de reconhecer e encaminhar os indivíduos suspeitos para
saúde e história médica completa dos pacientes. Mi- o médico responsável. Desta forma torna-se indispen-
nuciosamente, exames clínicos intra e extra-oral fo- sável a presença do cirurgião-dentista no ambiente
ram realizados abrangendo a palpação de nódulos hospitalar e equipes de transplante hepático.
cervicais e submandibulares e inspeção de mucosa
jugal, gengivas, palato duro e mole, assoalho bucal,
lábios, língua, tonsilas, rebordo alveolar e dentes. So-
licitou-se radiografias panorâmicas para a coleta dos
dados, visando pesquisa de focos infecciosos e anor-
malidades patológicas.
Resultados: Foram examinados 77 pacientes do sexo
masculino e 36 do sexo feminino, na faixa etária de
17 a 69 anos. As causas da instalação da doença hepá-
tica foram: o uso abusivo do etanol, 32,75% pacien-
tes, a infecção pelo HCV, 41,59%, a cirrose criptogê-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 113

P135 - Perfil dos agentes comunitários de saúde tanto, há necessidade de capacitação, já que são eles
que atuam em municípios de pequeno porte do que mantêm o contato estreito com os usuários dos
noroeste paulista. Sistemas Locais de Saúde.
P136 - Tratamento Restaurador Atraumático: um
Maria de Lourdes Carvalho (Programa de Pós- procedimento viável em saúde pública.
graduação em Odontologia Preventiva e Social da Fa-
culdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Rena- Daniela Coêlho de Lima (Faculdade de Odontologia
to Moreira Arcieri (Programa de Pós-graduação em de Araçatuba – UNESP), Nemre Adas Saliba (Facul-
Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de dade de Odontologia de Araçatuba – UNESP), Rena-
Odontologia de Araçatuba – UNESP), Suzely Adas Sa- to Herman Sundfeld (Faculdade de Odontologia de
liba Moimaz (Programa de Pós-graduação em Odonto- Araçatuba – UNESP), Karina Tonini dos Santos (Fa-
logia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia culdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP).
de Araçatuba – UNESP), Karina Tonini dos Santos
(Programa de Pós-graduação em Odontologia Preven- Introdução: Em muitos países, inclusive no Brasil, a
tiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatu- Odontologia convencional tem dificuldades em se
ba – UNESP), Daniela Coêlho de Lima (Programa de estabelecer, pois além da prevalência da cárie dentária
Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da ser elevada, faltam recursos humanos e financeiros
Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP). para a aquisição de equipamentos. Buscando solucio-
nar esses problemas, foi desenvolvido um tratamento
Introdução: Os profissionais que compõem o Pro- simplificado, denominado Tratamento Restaurador
grama de Saúde da Família (PSF) assumem um papel Atraumático (ART). Este trabalho tem a finalidade de
importante na geração de práticas que possibilitam a expor e discutir os principais aspectos relacionados
melhoria da qualidade de vida da população, sendo os com esse método de tratamento restaurador, bem co-
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) elementos mo descrever a técnica de aplicação desse procedi-
fundamentais dentro da equipe. O objetivo deste estu- mento.
do foi avaliar o perfil dos ACS que atuam em três Métodos: Foi realizado um levantamento bibliográfi-
municípios de pequeno porte do noroeste paulista. co sistematizado nas principais bases de dados dispo-
Métodos: A pesquisa é descritiva e a coleta das infor- níveis, tais como, BBO, Lilacs e Medline. Os traba-
mações foi realizada por meio de entrevistas, utilizando lhos selecionados foram realizados no período de
questionário semi-estruturado, com questões abertas e 1991 a 2006. Os temas abordados para a seleção dos
fechadas. artigos científicos foram: tipos de materiais preconi-
Resultados: Foram entrevistados vinte e três profis- zados, tempo de acompanhamento clínico, abrangên-
sionais, dos quais vinte e dois do gênero feminino. A cia social e comparação entre as técnicas convencio-
média da renda pessoal é de R$ 305,60 e grande parte nais e a do ART.
dos profissionais, 43,5%, trabalha há menos de um Resultados: Foi observado que o ART não atende as
ano no PSF, 39,1% de 3 a 4 anos e 17,4% há mais de necessidades restauradoras de todos os tipos de cavi-
4 anos. Do total, 78,26% nunca haviam trabalhado em dades. A realização da técnica, o treinamento do ope-
serviços de saúde antes de atuar nesse trabalho e rador, a atenção nos detalhes do preparo da cavidade e
47,3% não fizeram curso de capacitação ou qualquer colocação do cimento são de suma importância. Nos
outro treinamento. Os ACS são responsáveis por 150 estudos analisados, o tempo de avaliação clínica varia
famílias em média, 78,3% trabalham no bairro onde de seis meses a três anos. Nas pesquisas onde o tempo
residem e 87% conhecem os usuários de suas áreas de de avaliação foi de um ano, o índice de sucesso das
atuação. A maioria dos profissionais não estão satis- restaurações de ART, em dentes permanentes com
feitos com o PSF, embora 78,26% sentem-se seguros cavidades tipo classe I, foi de aproximadamente 93%.
para atuar no programa. Os pontos positivos mais Já em estudos onde esse tempo foi de dois e três anos,
apontados por eles em relação ao trabalho no PSF os índices de sobrevivência das restaurações, variaram
foram: poder solucionar os problemas dos usuários e de 86% a 93% e 62% a 93%, respectivamente. Com
atuar na prevenção de doenças. Já os pontos negativos relação ao material empregado na técnica, os cimentos
mais citados foram: baixos salários e dificuldade de ionômero de vidro alcançaram bons resultados. Os
trabalhar em equipe. resultados de algumas dessas pesquisas revelam índi-
Conclusão: Conclui-se que há falta de motivação e ces de sucesso semelhantes com o emprego do ART e
experiência por parte desses profissionais, o que com- restaurações convencionais de amálgama. Esse méto-
promete a qualidade da atuação na comunidade. Por-

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 114

do possibilita que os acadêmicos e profissionais pos- 72,91±19,28 e 88,53±7,63 p=0,068, nem piora da xe-
sam deixar a clínica e visitar as pessoas em seus pró- rostomia 37,49±33,03 e 54,16 ±30,53 p= 0,46, e da
prios ambientes, como por exemplo, em instituições qualidade da saliva 41,66±42,72 e 37,49±27,81
para deficientes mentais, vilas em áreas rurais ou eco- p=0,58. Houve melhora da dor 20,82±14,77 e
nomicamente menos desenvolvidas, que de outro mo- 8,33±12,59 p=0,034, do quadro emocional
do talvez não tivessem acesso ao tratamento dentário. 60,41±13,90 e 79,16±16,66 p=0,046.
Conclusão: O ART é uma alternativa viável para Conclusão: Não houve perda de QV, em contraste
proporcionar assistência odontológica àqueles grupos com a piora de índices odontológicos objetivos, ilus-
que não a possuem de maneira convencional. Contu- trando o caráter subjetivo da QV. Uma relação direta
do, deve ficar claro que esse tratamento somente é entre perda de fluxo salivar e aumento de índice de
eficaz quando for indicado de maneira correta e se placa bacteriana foi comprovada em todos os pacien-
fizer parte de um programa que contemple ações de tes, além de se notar nestes dados preliminares que a
promoção de saúde bucal, buscando o efetivo controle presença dentária não necessariamente aumenta a
da doença cárie. Mais pesquisas clínicas, laboratori- morbidade bucal durante a radioterapia em pacientes
ais, comportamentais, e econômicas devem ser reali- com CECP.
zadas, buscando o aprimoramento do método.
P151 - Acolhimento no processo de formação dos
P137 - Impacto da adequação odontológica na qua- odontólogos: uma análise no contexto do SUS.
lidade de vida (QV) em pacientes portadores de
carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço Fabiano Jeremias (FOAr / UNESP), Aylton Valsecki
(CECP) submetidos à radioterapia. Junior (FOAr / UNESP), Fernanda Lopez Rosell
(FOAr / UNESP), Flávia Cristina Volpato (FOAr /
Claudio Massami Suzuki (Clínica Odontológica Es- UNESP).
pecializada Visconde de Itaúna - COEVI-SES), Mo-
rettini MS (COEVI / SES), Snitcovsky I (Faculdade de Introdução: A integralidade do cuidado na atenção às
Medicina DA USP), Federico MHH (Hospital das pessoas deve ser entendida como fundamento de uma
Clínicas-USP), Martins L. política de saúde coletiva que preconize saúde como
serviço e como direito. Quando se traz tal reflexão
Introdução: A radioterapia, associada ou não a qui- para a Odontologia, identifica-se nos processos de
mioterapia, é usada como tratamento curativo em trabalho e de formação, em especial, um modelo den-
CECP. Apresenta, no entanto, efeitos adversos impor- tista-centrado, que separa e polariza clínica e saúde
tantes na cavidade oral. O objetivo é mensurar o im- coletiva. A questão que se apresenta para reflexão
pacto das medidas preventivas odontológicas na QV refere-se à forma como vêm se dando os processos de
dos pacientes com CECP submetidos à radioterapia formação do odontólogo e se os mesmos têm conside-
(RT) e / ou quimioterapia (QT) e correlacionar esses rado direta ou indiretamente a integralidade na aten-
dados com achados clínicos odontológicos. ção à saúde das pessoas. Neste estudo, a proposta de
Métodos: Após a assinatura do termo de consenti- definir os perfis dos acadêmicos em Odontologia no
mento informado, pacientes portadores de CECP e âmbito das diretrizes do SUS é um exercício necessá-
com indicação de RT e / ou QT foram submetidos a rio de avaliação desse processo na formação profis-
tratamento odontológico. A qualidade de vida foi ava- sional, em busca de configurar novas metodologias de
liada por questionário EORTC-1999, QLQ-C30 mais atuação segundo um novo modelo de atenção à saúde.
QLQ-HN35, validados anteriormente em Português Métodos: A investigação realizada contou com a a-
do Brasil pelo nosso grupo, antes (1 semana) e após (1 plicação de questionário e entrevista em acadêmicos
semana) a RT.Além disso, foram comparados os índi- voluntários que desenvolviam atividades clínicas re-
ces de placa bacteriana (IP) da OMS e fluxo salivar gulares. As informações coletadas tiveram por propó-
(FS) antes (1 semana) e depois do tratamento (1 se- sito apreender a globalidade da situação e estimular o
mana). Estatística de Wilcoxon, com p<0,05 significa- debate ligado à integralidade no processo formativo.
tivo. Resultados: Foi possível observar que a relação pro-
Resultados: Dados preliminares de 8 pacientes mos- fissional-usuário quase sempre se faz de maneira me-
tram diminuição do fluxo salivar 0,529±9,5 e cânica, o que é uma contradição entre a representação
0,200±0,1 ml / min p=0,016 e aumento da placa bac- do profissional e sua prática no contexto do SUS. Faz-
teriana 15,29±10,91 e 26,31±17,42; p=0,028. Quanto se necessário tomar a clínica em sua dimensão ampli-
aos dados do QV, não houve queda da QV global ada, qualificando a escuta sobre os relatos do paciente

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 115

e ir além do diagnóstico da doença, auscultando as o dentista, dos que responderam, 25% se disseram
subjetividades, elementos primordiais para a compre- muito satisfeitos, 54,17% satisfeitos, 7,14% mais ou
ensão de condições objetivas da vida. Essa prática menos e 10,71% não satisfeitos. Quando questionados
deve estar voltada para o cotidiano dos serviços, dos sobre a necessidade de atendimento de urgência,
processos de trabalho em saúde e também dos proces- 47,37% disseram que já precisaram e 52,63% não.
sos formativos. Dos que precisaram, 11,11% se disseram muito satis-
Conclusão: Embora a formação tradicional do odon- feitos, 55,56% satisfeitos, 5,56% mais ou menos,
tólogo já venha passando por algumas transforma- 5,56% não satisfeitos e 22,22% não foram atendidos.
ções, ainda são necessários esforços para a implanta- Quando questionados sobre se já precisaram de algum
ção de práticas relacionadas à humanização de suas tratamento que não foi oferecido pelo dentista da
ações, em resposta a uma qualificação mais abrangen- UBS, 75,75% responderam que sim. Dos que precisa-
te e integral para o trabalho em saúde nos princípios ram, 52% relataram necessidade endodôntica, 44%
do SUS. prótese, tratamento periodontal 4%, extração de ter-
ceiro molar 4% e disfunção temporomandibular 8%.
P155 - O atendimento odontológico nas unidades Ao serem questionados sobre como resolveram estas
básicas de saúde da região central de São José dos necessidades, dos que responderam, 45,85% pagaram,
Campos: a satisfação dos usuários. 29,17% não conseguiram resolver, 20,83% foram en-
caminhados para a Faculdade de Odontologia de S. J.
Letícia Carvalho Coutinho Costa (Faculdade de O- Campos-UNESP e 4,17% para regional da Associação
dontologia de São José dos Campos – UNESP, aca- Paulista dos Cirurgiões Dentistas.
dêmica bolsista FAPESP), Symone Cristina Teixeira Conclusão: Embora o usuário encontre alguma difi-
(Faculdade de Odontologia de São José dos Campos
culdade de acesso ao serviço, a satisfação com o pro-
– UNESP).
fissional, é grande. As principais queixas dos usuários
Introdução: Mesmo com seu sistema local de saúde
são sobre a falta de tratamento especializado, princi-
organizado segundo a visão do gestor e das equipes palmente endodontia. Essa percepção do usuário e sua
profissionais que atuam nesta área, sentiu-se a neces- manifestação poderão apontar caminhos para melho-
sidade de buscar a visão do usuário, uma vez que o rar a prestação dos serviços, diminuindo o descrédito
sistema foi desenvolvido para ele, e onde muitas pos- e aumentando a confiança da população de São José
sibilidades de melhorias no atendimento se abriram no dos Campos.
sentido não só de ampliar o acesso, como também de P163 - Grau de satisfação de usuários do SUS em
implantar atendimento especializado em várias áreas. municípios de pequeno porte da região noroeste do
Este trabalho é parte da pesquisa em andamento “O Estado de São Paulo
atendimento odontológico nas Unidades Básicas de
Saúde do Município de São José dos Campos: a satis- Jeidson Antônio Morais Marques (FOA / UNESP –
fação do usuário”, apoiada pela FAPESP. Araçatuba), Nemre Adas Saliba (FOA / UNESP –
Métodos: A população estudada foi constituída por Araçatuba), Suzely Adas Saliba Moimaz (FOA /
uma amostra representativa de adultos residentes na UNESP – Araçatuba), Lívia Guimarães Zina (FOA /
cidade de São José dos Campos-SP, selecionados ale- UNESP – Araçatuba).
atoriamente nas quatro Unidades Básicas de Saúde
(UBS) da região central, e que responderam afirmati- Introdução: A avaliação do grau de satisfação dos
vamente à pergunta “Você já procurou o atendimento usuários do sistema de saúde é um importante indica-
do dentista de alguma UBS?”. Os participantes foram dor que deve ser considerado no planejamento das
entrevistados por meio de um questionário estruturado ações. Esse estudo faz parte das políticas públicas de
com perguntas fechadas. As entrevistas foram realiza- saúde da UNESP-FAPESP, auxiliando na consolida-
das em janeiro de 2006. Os dados coletados foram ção do SUS. O objetivo deste estudo foi avaliar o grau
lançados no programa Excel 2000, para análise esta- de satisfação de usuários do SUS de municípios de
tística. pequeno porte do Estado de São Paulo.
Resultados: Dos 38 usuários entrevistados, 44,74% Métodos: Foram realizadas 150 entrevistas domicilia-
responderam que são atendidos quando procuram a- res com os usuários selecionados aleatoriamente, por
tendimento odontológico, 21,05% responderam que meio de sorteios das quadras, sendo entrevistados os
não, 34,21% às vezes ou esperam pelo atendimento. chefes de família ou cônjugues de cada residência.
Quando questionados sobre o grau de satisfação com

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 116

Resultados: De acordo com os resultados, 63,3% consolidação do SUS. Infelizmente esse processo de
sabe o significado da palavra SUS. Do total, 89,3% reorganização não contemplou naquele momento a
utiliza o serviço municipal. A respeito do Programa saúde bucal. Somente em dezembro do ano 2000, por
Saúde da Família, 25% sabe seu significado. Em rela- intermédio da Portaria n. 1.444 do Ministério da Saú-
ção às visitas domiciliares, 78% já recebeu o Agente de, foi regulamentada a inserção de equipes de saúde
Comunitário de Saúde, 7,3% os enfermeiros e 11,3% bucal no PSF. Este estudo teve como objetivo analisar
médicos, sendo que não foi relatada nenhuma visista a evolução da Odontologia no Programa Saúde da
por parte do cirurgião-dentista. Para 63,7% dos sujei- Família no Estado do Paraná, desde a sua implantação
tos, os serviços prestados estão resolvendo as necessi- até o presente momento.
dades da população. Mais da metade (68,6%) afirmou Métodos: Para esta análise utilizaram-se as informa-
ter confiança na equipe de saúde. Apenas 2,7% já par- ções disponíveis no site do Ministério da Saúde –
ticipou de Conselhos Municipais de Saúde. Na avalia- www. s aude. p r. g ov. b r / saudebucal / Saudefami-
ção dos serviços de odontologia do município, 38% lia, acessadas em 2002 e 2006.
considerou bom, sendo que 45,6% nunca utilizou. Em Resultados: Até o início do ano 2002, 303 dos 399
relação aos serviços de saúde, 57,7% qualificou como municípios do Estado do Paraná haviam implantado o
ótimo ou bom, 27,5% como regular e 8,7% como pés- PSF, sendo que, desses, 136 incorporaram equipes de
simo ou ruim. Muitos relatos demonstraram saúde bucal ao programa. Analisando-se os dados
desrespeito com o cidadão, violação de seus direitos e disponíveis até o momento, podemos vislumbrar a
a carência de uma atendimento humanizado por parte passagem desses números para 365 municípios com
dos profissionais de saúde. PSF implantado e 275 municípios que contam com
Conclusão: Observou-se que a maioria dos usuários equipes de saúde bucal. Analisando-se esta distribui-
está satisfeita com os serviços de saúde municipais, ção segundo o porte demográfico, observa-se que a
entretanto, grande parte nunca utilizou os serviços adesão às equipes de saúde bucal praticamente dobrou
odontológicos municipais. Os profissionais de saúde em todos os municípios: de 93 para 175; de 33 para
não estão realizando as visitas domiciliares, conforme 79; de 10 para 21 equipes nos municípios de pequeno,
os princípios do PSF. O presente estudo identificou médio e grande porte, respectivamente. Houve tam-
aspectos fundamentais que, embora presentes na sub- bém aumento no número de programas (PSF) implan-
jetividade, não encontram canais de expressão, princi- tados, mas não de forma significativa.
palmente no plano concreto das práticas. Conclusão: Apesar das dificuldades para a implanta-
ção do PSF e das equipes de saúde bucal, as quais
P171 - Evolução da implantação da Odontologia no permeiam todos os estados brasileiros, o Estado do
Programa Saúde da Família no estado do Paraná. Paraná vem mantendo-se como multiplicador desta
nova estratégia, principalmente no que se refere ao
Cristina Berger Fadel (Programa de pós-graduação
âmbito da saúde bucal.
em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP),
Nemre Adas Saliba (Programa de pós-graduação em P173 - Avaliação do perfil e grau de satisfação da
Odontologia Preventiva e Social / NEPESCO / FOA- população atendida pelas equipes de saúde bucal
UNESP). na estratégia saúde da família no município de
Casto / PR.
Introdução: O grande desafio para a saúde pública
consiste em propor programas de intervenção cultu- Cristina Berger Fadel (Programa de pós-graduação
ralmente sensíveis e adaptados ao contexto no qual em Odontologia Preventiva e Social FOA-UNESP),
vivem as populações às quais são destinados. O reco- Júlio César Sandrini (Secretaria da Saúde de Castro /
nhecimento da crise do modelo assistencial predomi- PR), Lígia Nadal Zardo (Universidade Estadual de
nante no Brasil, no âmbito da saúde coletiva, vem Ponta Grossa-UEPG / PR).
suscitando a emergência de propostas que visam à
transformação do sistema de atenção em saúde e de Introdução: A Estratégia Saúde da Família (ESF)
suas práticas. Os anos 90 testemunharam grandes mu- "propõe uma nova dinâmica para a estruturação dos
danças nas políticas de saúde no Brasil, norteadas pela serviços de saúde, bem como para a sua relação com a
necessidade de rupturas com as formas de organiza- comunidade e entre os diversos níveis de complexida-
ção do sistema de saúde, que teve seu ápice em 1994, de assistencial" (SOUZA, 1999). A assistência deve
quando o Ministério da Saúde (MS) apresentou o Pro- ser universal, integral, equânime, contínua e resoluti-
grama Saúde da Família (PSF) como estratégia para va. Ainda, visando finalmente colocar em prática os

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 117

princípios doutrinários e organizacionais do Sistema devido ao pouco tempo de sua inserção, as ESB, ainda
Único de Saúde (SUS), esta estratégia tem como fun- não contemplem todas as atividades propostas para
damentos importantes a humanização das práticas de este novo modelo de atenção.
saúde, a busca pela satisfação do usuário, o estreita-
mento do relacionamento entre profissionais e comu- P181 - Prescrição de medicamentos em odontologia
nidade e o estímulo pelo reconhecimento da saúde durante a gravidez: revista de literatura.
como um direito de cidadania e da qualidade de vida.
Maria Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multipro-
Com o objetivo de criar uma oportunidade para me-
fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa
lhor conhecer e ouvir a população beneficiada com a
Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Maria Caro-
nova estratégia, desenvolvendo assim uma importante
lina Ribeiro da Silva (Residência Multiprofissional em
ferramenta para avaliação das ações, conduziu-se esta
Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marcelina /
pesquisa sobre o perfil e grau de satisfação da popula-
Faculdade Santa Marcelina), Julie Silvia Martins (Ca-
ção atendida pelas equipes de saúde bucal (ESB) em
sa de Saúde Santa Marcelina / Faculdade Santa Mar-
Castro / PR.
Métodos: A metodologia empregada visou estabele-
celina), Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Casa de Saúde
cer o perfil e grau de satisfação da população rural Santa Marcelina / Faculdade Santa Marcelina), Mar-
(cálculo amostral) adscrita pelas ESB no município de cus Vinícius Diniz Grigoletto (Casa de Saúde Santa
Castro / PR, trinta meses após a implantação da nova Marcelina / Faculdade Santa Marcelina)
estratégia (período: janeiro de 2001 a julho de 2003). Introdução: A gravidez representa um processo bio-
Para tanto elaborou-se um questionário semi- lógico natural, no qual o organismo da mulher sofre
estruturado, abordando questões relativas às caracte- inúmeras alterações fisiológicas e psicológicas. Mui-
rísticas socioeconômicas e culturais do usuário, ao seu tas vezes, durante este período, a gestante fica muito
conhecimento e satisfação a respeito das ESB na ESF apreensiva em relação ao tratamento odontológico,
e à sua opinião sobre as ações desenvolvidas pela e- com receio deste causar alguma anormalidade congê-
quipe. Este instrumento de pesquisa foi previamente nita ou aborto, principalmente quando são prescritos
validado e aplicado por agentes comunitários de saúde ou administrados fármacos durante o tratamento.
do município e por acadêmicos de Odontologia da Considerando o potencial teratogênico e abortivo de
UEPG / PR, todos perfeitamente treinados para a en- alguns medicamentos, o cirurgião-dentista deve ter
trevista. Os dados foram coletados durante os meses pleno conhecimento dos efeitos benéficos e indesejá-
de julho e agosto de 2003, por intermédio de visitas veis dos fármacos ao receita-los à gestante, garantindo
domiciliares aos usuários cadastrados no programa uma atenção adequada.
(fonte de informação: PACS). Fizeram parte da amos- Métodos: Considerando o cuidado que deve ser to-
tra 184 usuários pertencentes a quatro distritos rurais mado no uso ou prescrição de medicamentos durante
de Castro / PR, escolhidos aleatoriamente, de acordo o período gestacional, o presente trabalho foi condu-
com a sua disponibilidade em participar da pesquisa zido a partir de uma revista à literatura sobre o assun-
(presença no domicílio e / ou interesse em responder to, identificando os grupos de medicamentos mais
ao questionário). O difícil acesso a algumas casas utilizados em odontologia, suas indicações e contra-
também se constituiu em fator de exclusão para o es- indicações em gestantes.
tudo. Os resultados obtidos através das questões fe- Resultados: Foi identificado que os grupos de medi-
chadas foram expressos em tabelas contendo valores camentos mais utilizados em odontologia são: anesté-
absolutos e relativos. Os dados de cunho qualitativo sicos locais, antiinflamatórios, analgésicos e antibióti-
(“a fala” do usuário) foram transcritos na íntegra. cos. De acordo com a maioria dos autores revistos, o
Resultados: Os resultados mostraram, a maioria dos
grupo de antibióticos de primeira escolha para uso em
entrevistados, mulheres, com baixa renda e pouca gestantes é o grupo das penicilinas. Os antiinflamató-
escolaridade. Quanto à melhoria no atendimento, a- rios devem ser evitados, porém, caso os benefícios
pontaram a questão da oportunidade de realizar o tra- superem os riscos, a escolha deveria recair sobre os
tamento como a principal, ainda que muitos não se corticosteróides em dose única. O analgésico mais
considerem satisfeitos com o dentista. Vale ressaltar, indicado é o paracetamol. Entre os anestésicos, a op-
que 12% dos usuários, não tinham conhecimento da ção seria a lidocaína com vasoconstritor. O segundo
presença das ESB. trimestre deve ser o período de escolha para o trata-
Conclusão: Pode-se concluir que, os anseios do usu-
mento odontológico.
ário, ainda remetem às mesmas questões do sistema
tradicional de atenção em saúde bucal e que, talvez,

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 118

Conclusão: Mesmo a gravidez sendo uma fase de para identificação dos indivíduos que preenchem os
muitas modificações, tanto fisiológicas como psicoló- requisitos de inclusão, elaboração do questionário,
gicas, o tratamento odontológico não está contra- teste do questionário, visitas domiciliares para coleta
indicado, devendo o profissional ponderar a necessi- de dados; (2) análise estatística dos dados e (3) elabo-
dade e a oportunidade de realizar os procedimentos ração e aplicação de propostas de ação. Ressalta-se
durante este período, os cuidados a serem tomados em que a proposta, no momento atual, encontra-se em sua
cada caso, os riscos e benefícios na utilização dos 3.ª etapa.
medicamentos de forma a oferecer um atendimento Resultados: De acordo com os critérios propostos, os
seguro para a gestante e o bebê. Agentes Comunitários de Saúde identificaram 15 in-
divíduos, porém verificou-se que 3 deles não preen-
P182 - Projeto de desenvolvimento de estratégias chiam os critério de inclusão. A partir dos dados cole-
de atenção à saúde dos pacientes com necessidades tados observou-se que os indivíduos que necessitam
de cuidados domiciliares e seus cuidadores na UBS de cuidados domiciliares são em sua maioria, do gê-
A.E. Carvalho. nero masculino (58%), e têm alguma fonte de renda
(66,7%), sendo que 41,6% são casados e metade é
Maria Carolina Ribeiro da Silva (Residência Multipro-
analfabeto. Em 41% dos casos, a situação atual do
fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa
paciente é atribuída a complicações de doenças sistê-
Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Maria
micas crônicas como hipertensão e diabetes e 33,3%
Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multiprofissional
decorrentes de acidente vascular cerebral. Entre os
em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-
cuidadores, observou-se que a maioria é do gênero
lina / Faculdades Santa Marcelina), Paula Andréa
feminino (83,3%), casado (58,3%), não possui outro
Massa (Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-
emprego (75%) e apenas um recebe por cuidar. A
mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades
maior parte mora com o paciente (75%) e tem algum
Santa Marcelina), José Magno Alves dos Santos (Resi-
grau de parentesco (91,7%). A dedicação ao cuidar é,
dência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa em média, realizada por 16 horas / dia e 91,7% rela-
de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-
tam dispor de pessoas para fazer revezamento. Práti-
lina), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Mar- cas religiosas e realizar visitas são as atividades mais
celina / Faculdades Santa Marcelina). freqüentemente realizadas. Doenças sistêmicas são
Introdução: O Programa de Saúde da Família foi
referidas por 75% dos cuidadores.
Conclusão: O perfil dos indivíduos que necessitam
implantado como uma estratégia para reorientar a a-
tenção básica à saúde, segundo os princípios e diretri- de cuidados domiciliares e de seus cuidadores permite
zes do SUS. Uma das formas de realizar o cuidado à planejar estratégias que possibilitem melhorar a quali-
saúde da família, unidade de ação do programa, é a- dade de vida de ambos, porém salienta-se que é preo-
través da assistência domiciliar, que visa melhorar a cupante entre outras questões a alta incidência de alte-
qualidade de vida do paciente, seus cuidadores e / ou rações físicas e isolamento social identificados entre
familiares por meio da inclusão social, promoção, os cuidadores, que provavelmente estão relacionadas
preservação e / ou recuperação da saúde, capacitação à sobrecarga de horas dispensadas ao cuidar.
dos atores envolvidos e disponibilização de recursos R004 - Proposta de protocolo de índice de biofilme
necessários. para sessões de orientação de higiene oral no servi-
Métodos: Esse estudo, com o objetivo de desenvolver ço público.
estratégias que viabilizem e contribuam para melhorar
a atenção domiciliar, definiu como critério de inclu- Marcelo Bonjuani Pagan (SMS-CEO II-Periodontia-
são: os pacientes se enquadrarem na definição de ne- Amparo-SP).
cessidade de cuidados domiciliares da OMS, indepen-
dente de realizarem atividades básicas da vida diária Introdução: Com o aparecimento, no final dos anos
(como alimentar-se, vestir-se, tomar banho etc) e resi- 90, do conceito da Medicina Periodontal, os cirurgi-
direm na área cadastrada à equipe de saúde da família ões-dentistas (CDs) estão, de certa forma, obrigados a
(1) da UBS A.E. Carvalho. Foram excluídos do estu- reverem seus conceitos quanto à qualidade das ses-
do aqueles que realizam mais de uma atividade ins- sões de Orientação de Higiene Bucal (OHB) dispen-
trumental da vida diária (como dirigir, telefonar, fazer sadas aos seus pacientes. O principal objetivo da OHB
compras etc). A proposta foi construída em 3 etapas: é dar ao paciente capacidade de promover um controle
(1) capacitação das Agentes Comunitárias de Saúde do biofilme dentário de forma a gerar uma situação de

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 119

salubridade gengival e dentária evitando a formação para uma reeducação e, principalmente, a motivação
de cavitações no esmalte e controlar o aparecimento e necessária para criar um novo hábito de higiene bucal.
evolução de algumas patologias do tecido mole bucal. Importante salientar que o fato de serem registrados
Para ser eficiente, a sessão de OHB deve contemplar a dados referentes à apenas 06 dentes não altera a moti-
instrução, reeducação e motivação do paciente. Estu- vação do paciente. Esse registro tem o objetivo de
dos demonstraram que a utilização de métodos visuais apresentar um parâmetro de avaliação para o CD. Por-
no próprio paciente através de evidenciadores é um tanto, consideramos esse índice um excelente protoco-
grande motivador do paciente para uma reavaliação lo de OHB.
dos métodos de higiene por ele adotado antes do tra-
tamento e para enfatizar a recomendação da utilização R018 - Aplicações de laser V e I.V. em pacientes
de novos métodos de higiene se necessário. A aplica- imunossuprimidos no serviço público de Mogi Mi-
ção de evidenciadores pode produzir um efeito positi- rim.
vo na terapia, porém deve ser acompanhada de um
Anamaria Rímoli, Márcia Bueno de Carvalho Maret-
registro da quantidade de biofilme encontrado nas
ti, Marcelo Souto Dante, Nadja Almeida Ayres, Ro-
superfícies dentárias de cada paciente. Vários índices
semary Fátima Silva (Prefeitura Municipal de Mogi
foram propostos para o registro e quantificação de
Mirim).
biofilme dentário. Grande parte desses índices tem
uma complexidade e detalhamento que os tornam in- Introdução: O laser terapêutico tem uma série de
viáveis para o uso no serviço público, por exigir gran- indicações, podendo ser usado isoladamente ou como
de tempo para a sua execução. Como o objetivo da coadjuvante de outros tratamentos, sempre que se
OHB nesses serviços é a avaliação da saúde bucal e a necessite efeito local, ou ainda quando da necessidade
motivação do paciente e tendo em vista a otimização de efeito terapêutico geral. Este trabalho visa apresen-
do tempo para uma boa avaliação, optamos pela utili- tar as indicações do Laser e suas aplicações no serviço
zação do componente placa do Índice de Higiene Oral público, buscando uma integração das terapias con-
Simplificado (IOH-S) de Greene e Vermillion. Tal vencionais com a laserterapia, no atendimento odon-
índice avalia as superfícies de seis dentes de acordo tológico dos pacientes imunossuprimidos.
com a cobertura de biofilme aderido sobre cada uma Métodos: Foram utilizados: laser vermelho com po-
das superfícies selecionadas. tência óptica total de 50mW, diâmetro do feixe óptico
Métodos: Para o registro do índice IHO-S na sessão
1,5 mm., de doses de 2 ou 4 Joules e banda de com-
de OHB são utilizados evidenciador violeta de genci- primento de onda de 660 + / - 3 nm.; laser infra-
ana, almotolia, espelho clínico nº 5 e espelho (mão ou vermelho com potência óptica total de 100 mW,
parede). A evidenciação pode ser executada na pia ou diâmetro do feixe óptico 1,5 mm, de doses de 2 ou 4
na cadeira. O paciente faz o bochecho com o eviden- Joules e bandas de comprimento de onda de 790 + / - 3
ciador e depois com água para retirada do excesso. A nm.
observação do acúmulo de biofilme é feita com um Resultados: Melhor e mais rápida reparação tecidual,
espelho clínico nº 5 e os valores registrados são ano- alívio imediato da dor, redução de edema e de hipe-
tados em impresso próprio. São avaliadas as faces remia em curto espaço de tempo. Com isso, diminuí-
Vestibulares dos dentes 16, 11, 26 e 31 e as Linguais mos o uso de medicamentos e conseqüentemente os
dos 36 e 46, sendo divididas em terços cervical, mé- efeitos colaterais e intermedicamentais nesses pacien-
dio e oclusal (incisal). Para cada terço evidenciado, é tes, tendo aumento da adesão e freqüência dos pacien-
damos o valor de 1 ponto e dividimos o total de pon- tes ao tratamento.
tos pela quantidade de superfícies registradas. É con- Conclusão: A indicação da laserterapia e suas aplica-
siderado índice bom valores entre 0,0 e 0,5. ções no serviço público, principalmente em pacientes
Resultados: O tempo gasto para o registro do índice
imunossuprimidos, é mais uma opção terapêutica efe-
IHO-S é menor e sem perda de motivação visual tiva, rápida e que não apresenta efeitos indesejáveis,
quando comparado com outros índices de biofilme, proporcionando assim, benefícios aos pacientes e aos
simples ou complexos, como o Índice de O’Leary ou profissionais.
o Índice de Desempenho da Higiene do Paciente
(DHP) de Podshadley e Haley.
Conclusão: O IHO-S é um índice rápido e seguro de
ser aplicado, podendo ser rapidamente compreendido
pelo CD. Assim, os pacientes têm a oportunidade de
receberem as técnicas de higiene, os conhecimentos

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 120

R029 - Endodontia: estratégias para agilizar o a- R032 - Implantação do CEO em Amparo.


tendimento – experiência de Amparo.
Célia Regina Sinkoç, Marcelo Bacci Coimbra (Secre-
Fernanda Barbosa Soukef (dentista do CEO da Pre- taria Municipal de Amparo – SP).
feitura Municipal de Amparo-SP), Célia Regina Sin-
koç (dentista coordenadora do CEO da Prefeitura Introdução: Amparo possui cerca de 66000 habitan-
Municipal de Amparo-SP). tes (2005). O investimento em saúde corresponde a
21,5% do orçamento próprio. O Município implantou
Introdução: A endodontia no atendimento municipal PSF (Programa de Saúde da Família) em 1995. As
de Amparo iniciou-se em 1994. Um projeto que, sem equipes de saúde bucal só entraram em 2001, numa
condições de atender a todos, priorizava dentes anterio- relação de 01 ESB – equipe de saúde bucal 40 horas
res e crianças (uma especialista, três horas semanais). semanais para cada USF. Algumas especialidades já
Em 2001, com a implantação das Equipes de Saúde vinham sendo ofertadas (ainda que com pouca carga
Bucal no PSF, houve também o aumento da carga ho- horária) desde 1994 (endodontia anterior em pacientes
rária na especialidade, permitindo a ampliação do pro- jovens e cirurgia de 3os molares). Quando em 2001
grama endodôntico. Aumentou o atendimento em adul- (julho) foram implantadas as equipes de saúde bucal
tos e o tratamento de dentes posteriores a partir de (ESB) no PSF com a proposta de organizar a assistên-
2002. Estabeleceram-se critérios para o encaminha- cia ao adulto, surgiu na rede municipal a necessidade
mento à especialidade e este somente aconteceria após de se reestruturar a atenção secundária em função da
o término da atenção básica. A lista de pacientes a- nova demanda daquela ocasião – ou seja o adulto.
guardando endodontia chegou a dois anos. O desafio Métodos: Como em 2005 o município já dispunha de
era diminuir o tempo entre o término da atenção primá- cerca de 30 CD e optou-se pelo aumento da carga
ria e o início da endodontia para evitar a perda dentária. horária de alguns CD da rede. Buscamos então dentro
Métodos: Em 2003, com dois especialistas (40 horas do próprio grupo a experiência, afinidade e especiali-
semanais), decidiu-se: retriar a lista de espera; zação que cada um tinha. Há na rede profissionais
estabelecer critérios de encaminhamento mais especialistas em algumas áreas – 2 endodontistas, 2
rigorosos; rever o protocolo de atendimento junto aos periodontistas e um protesista. Na cirurgia e patologia
colegas da atenção básica; conscientizar os pacientes não há especialistas na rede. Entre junho de 2001 e
sobre faltas às consultas; agendar o paciente junho de 2005 (antes do cadastro do CEO tipo II pelo
primeiramente para uma pré-consulta com avaliação Ministério da Saúde – MS) o município investiu para
radiográfica. Em 2005, houve o cadastramento do que pudesse ser ofertada a atenção secundária. Como
CEO tipo II e a carga horária de endodontia passou o investimento em saúde já tem sido maior que o pro-
para 48 horas Houve
Resultados: uma maior agilidade no atendi-
semanais. posto pela Emenda Constitucional nº 29 de 2000 (mí-
mento; menor número de pacientes faltosos; tempo de nimo 15% do orçamento próprio) os aumentos das
consulta conforme a dificuldade do caso (planejamento ofertas estavam vinculados a novos recursos. Por isso
de ações); diminuição do tempo de espera após o tér- a habilitação deste serviço como CEO possibilitou a
mino da atenção básica (três meses); trabalho com con- vinda de mais recursos financeiros para o serviço (R$
ceito de risco, identificando as prioridades; Melhor 50.000,00 para a implantação e reforma e mais R$
controle sobre as referências e contra-referências. 8.800,00 mensais para custeio).
Conclusão: Trabalhar com conceito de risco melhora o Resultados: Tomando o ano de 2000 como ponto de
planejamento do trabalho assistencial, esclarecendo as prio- partida (último ano em que houve quase que exclusi-
ridades das atenções básicas (PSF) e secundária (CEO). As vamente o atendimento de pessoas de 0 a 14 anos),
conquistas surgem aos poucos, há um longo caminho a per- pode-se dizer que de lá para cá (2005) tem havido um
correr. Por exemplo, há falhas nas indicações de tratamento incremento nos procedimentos de atenção secundária
(conforme os critérios estabelecidos), pacientes são encami- (códigos 08 e 10) mesmo que pequeno, mas está au-
nhados diretamente pelo atendimento de urgência para a mentando. A seguir, o ano e a percentagem de proce-
especialidade. Ainda não há consenso sobre o que é um dimentos na atenção secundária: 2000 – 10,7%,2001 –
dente possível de ser restaurado no próprio serviço. Apren- 10,5%,2002 – 11,1%, 2003 – 11,5%, 2004 –
der a lidar com as limitações do serviço e construir uma 12,6%,2005 – 14,5%. Percebemos aumentos expres-
relação positiva com os colegas do PSF requerem tempo e sivos entre 2004 e 2005 (ano da habilitação do CEO)
vontade. Estabelecer a colaboração entre toda a equipe é nas especialidades: Periodontia de 329 procedimentos
crucial para a obtenção de bons resultados. em 2004 para 843 procedimentos em 2005. Endodon-
tia (123 para 268 endodontias concluídas, incluindo

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 121

molares), Cirurgia de 247 para 476 dentes inclusos e tra antes de terem alta da maternidade. 97,75% das
semi-inclusos extraídos. A Prótese se manteve cons- crianças entre os 12 e os 36 meses estão livres de cá-
tante. Aumentou também o nº de consultas na atenção rie. 11% das crianças na mesma idade apresentam
secundária: em 2003 – 1923 consultas, em 2004 – indícios de má oclusão. O ceo é de 0,1. A procura
3070 consultas e em 2005 – 3959 consultas. A resolu- pelo serviço oferecida pela odontopediatria aumentou
tividade nas especialidades também melhorou se for de 138 pacientes em 2001 para 2033 pacientes em
levado em conta o nº de consultas por TC: em 2004 2003. Dados relativos a 2002/2003.
era 2,4 e em 2005 passou a 2,1, ou seja, mais resoluti- Conclusão: O projeto de Odontologia para bebês é
va. uma semente plantada a cada nascimento, que vem
Conclusão: Levando-se em conta a histórica falta de obtendo bons frutos quando nota a procura do serviço
assistência pela qual o adulto passou em Amparo, não só por pais movidos pela dor de seus filhos, mas
pode-se dizer que ele requer procedimentos de maior por pais que querem esclarecimentos e uma odontolo-
complexidade que a criança. O fato do município de gia preventiva. A primeira consulta odontológica deve
Amparo já gastar com saúde mais do que o que está ser antes do nascimento do primeiro decíduo, a fim de
proposto na EC nº 29 de 2000, todo novo recurso vai que os pais possam ser orientados em relação à higie-
possibilitar a melhoria dos serviços prestados à popu- ne e dieta, e aconselhados a levar os filhos ao dentista
lação. Pensando que o SUS em Amparo está inserido assim como levam ao pediatra, a fim de acompanhar o
em um contexto de constante construção em busca da desenvolvimento destes na tentativa de erradicar a
integralidade, eqüidade e universalidade, pode-se di- cárie, prevenir contra as doenças periodontais e a má
zer que estamos colocando mais alguns tijolos... Por oclusão.
fim, podemos dizer que a gestão em Amparo trabalha
sempre com base no que o SUS preconiza e a implan- R039 - A campanha de educação e prevenção do
tação do CEO favorece mais um princípio do SUS – a câncer bucal realizada em 2005. e a implementação
integralidade. da atenção à saúde bucal do idoso em Cidade Ti-
radentes.
R034 - Odontologia e aleitamento materno no mu-
nicípio de Peruíbe – orientação e estímulo. José Carlos Alves, Silmara Regina da Silva, Flávia
Chammas (Secretaria Municipal de Saúde de São
Ângela Cristina Nunes Calaça (PMEB Peruíbe), Ma- Paulo - SMS SP – supervisão Cidade Tiradentes),
riângela Rodrigues Leal (PMEB Peruíbe). Alexandre Takeshita (SMS SP- Coordenadoria Regi-
onal de Saúde Leste);. Maria da Candelária Soares
Introdução: A amamentação é incentivada por ser o (SMS SP – Área Técnica de Saúde Bucal).
leite materno um alimento completo e imunizante,
além de gerar um melhor desenvolvimento mental e Introdução: Cidade Tiradentes, distrito situado no
maior equilíbrio emocional. O exercício feito durante extremo-leste da cidade de São Paulo, com uma popu-
a amamentação estimula tanto a parte óssea quanto a lação estimada de mais de 250.000 habitantes. Sua
musculatura levando a um crescimento harmonioso da rede de saúde é composta por 12 Unidades Básicas de
face. Observada a desinformação das gestantes e pu- Saúde, das quais apenas duas contavam com equipes
érperes em relação à odontologia para os bebês e os de saúde bucal em Programa de Saúde da Família,
benefícios do aleitamento, criou-se o Programa de além de um Cirurgião-Dentista (CD) atendendo crian-
Odontologia para bebês dentro do município, desen- ças de 7 a 14 anos. Em novembro de 2004 a região
volvido junto ao banco de leite humano da prefeitura passou a contar com 27 CD, o que possibilitou a im-
de Peruíbe. plementação das ações de saúde bucal em conformi-
Métodos: Orientação às mães sobre higiene oral e dade com os princípios do SUS, assim como a inser-
maus hábitos dos bebês, assim como incentivo ao ção da região no projeto Diagnóstico Precoce e Pre-
aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de ida- venção do Câncer Bucal durante a Campanha de Va-
de: na maternidade e no retorno para a imunização cinação dos Idosos, proposto pela Secretaria Munici-
com a vacina BCG. Atendimento preventivo e curati- pal de Saúde em 2005, que serviu como ponto de par-
vo para crianças até os 3 anos. Distribuição de solução tida para a implementação rotineira de ações de saúde
fluorada a partir do nascimento dos primeiros decí- bucal direcionadas a essa população.
duos até os 3 anos. Métodos: Em fevereiro de 2005 ocorreu uma capaci-
Resultados: 100%das mães dos bebês nascidos a tação dos cirurgiões-dentistas em semiologia como
nível hospitalar recebem orientações da odontopedia- preparação não apenas à Campanha de Prevenção e

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 122

Diagnóstico Precoce de Câncer Bucal, mas também a iniciou-se a avaliação de risco em Amparo, utilizando
implementação da avaliação rotineira de tecidos mo- como base o Documento da Secretaria Estadual de
les nas ações de atenção ao idoso. Essa capacitação Saúde (SES) “A organização das ações de saúde bucal
constou de 8 horas de aula teórica, ministrada por uma na atenção básica: uma proposta para o SUS São Pau-
CD da rede, especialista em Estomatologia e uma ca- lo”. Alguns instrumentos de coletas de dados foram
pacitação prática realizada em março e abril, na qual modificados, anualmente, de acordo com as necessi-
foram realizadas triagens de pessoas acima de 60 anos dades e sugestões coletadas em reuniões de equipe,
em cinco UBS. Na seqüência, ocorreram os exames objetivando agilizar a coleta de dados, porém sem
durante a Campanha de Prevenção e Diagnóstico Pre- descaracterizá-los de modo que se possa compará-los
coce de Câncer Bucal associada à Campanha Nacio- com outras avaliações.
nal de Vacinação do Idoso, realizada de 25 de abril a Métodos: O Município de Amparo possui cerca de
06 de maio de 2005. Os idosos com alguma suspeita 66.000 habitantes (2005), faz procedimento coletivo
de patologia em tecidos moles foram agendados para (PC) em escolares desde 1990. Atualmente, 13.000
retriagem; para os faltosos foram realizadas duas con- crianças estão matriculadas no programa. A Avaliação
vocações para novo agendamento de retriagem em de risco é realizada em alunos do ensino infantil e
julho e agosto de 2005. Na seqüência, efetuou-se visi- fundamental de todas as escolas da rede pública de
ta domiciliar àqueles que, pelas anotações constantes ensino no Município. A freqüência é anual nos pri-
da planilha de retriagem, apresentaram lesões mais meiros meses do ano e na medida do possível, cada
preocupantes ou encontravam-se acamados. Todos os Equipe de Saúde Bucal (ESB) faz os exames nas suas
idosos triados e retriados tiveram as necessidades de áreas de abrangência. O Exame é realizado em ambi-
tratamento atendidas. ente externo, luz natural, com espátulas de madeira.
Resultados: Foram triados 532 idosos nas UBS na Usamos os impressos: Apostila de orientações, plani-
fase de capacitação prática; destes, 59 necessitaram de lha de: avaliação de risco (por sala de aula), de resu-
algum tipo de intervenção em tecidos moles, realizada mo da avaliação de risco (por escola), de controle do
com a participação de um CD clínico geral e da semi- Cirurgião Dentista para tratamento dos classificados
ologista; outras necessidades de tratamento identifica- em E (cárie aguda) e F (relato de dor) e de controle
das foram também atendidas. Dos 5376 idosos vaci- das ações das equipes do PC (por escola) para os clas-
nados durante a Campanha de Vacinação, 2544 sificados em D (biofilme e gengivite).
(47,32%) foram examinados pelos CD. Destes, 328 Resultados: A digitação de todas as planilhas de
(12,89%) foram agendados para retriagem, dos quais resumo da avaliação identifica as escolas com alunos
53 % compareceram. Nas duas convocações seguintes de maior e menor risco de cárie. O preenchimento da
logrou-se o comparecimento de mais pessoas, elevan- planilha de controle do Cirurgião Dentista (para os
do para 77,74% o número de recreados. A cobertura classificados em E e F) facilita a convocação para
de 47,32% de idosos examinados durante a Campanha tratamento curativo e levantamento sobre tratamentos
de Prevenção e Diagnóstico Precoce de Câncer Bucal completados e a planilha das ações do PC facilita o
foi superior a da região leste (32,13%) e de todo o controle da freqüência (dos classificados em D) nas
município de São Paulo (16,39%) quatro seções semanais de escovação supervisionada e
Conclusão: Esses resultados confirmaram a necessi- fluorterapia, se necessário. Os alunos classificados em
dade da atenção em saúde bucal a esse grupo etário, A (ausência de lesão de cárie), B (história de dente
de forma rotineira, o que vem sendo realizado desde restaurado) e C (lesão de cárie crônica) são inseridos
então. nos trabalhos bimestrais pelas equipes do PC (de edu-
cação em saúde e escovação supervisionada e aplica-
R047 - Avaliação de risco em escolares no Municí- ção tópica de flúor). Em 2005, foram examinados
pio de Amparo – SP. 7723 escolares, classificados em: A: 42,5%, B:
19,6%, C: 7,0%, D: 8,0%, E: 22,3% e F: 0,6% . Os
Célia Regina Sinkoç, Marcelo Bacci Coimbra, Sidnei
dados referentes a 2002 a 2005 mostram que o médio
Piccoli Alves, Antonio Marcos Araújo (Secretaria
e o alto risco têm diminuído e o baixo risco está au-
Municipal de Saúde de Amparo – SP).
mentando. A percentagem de livres de cárie (geral)
Introdução: Em 1999, a Resol. SS-39 (16/3) sugeriu
também tem aumentado bastante (20,8% em 2003
a avaliação de risco de todos os matriculados no pro- para 45,4% em 2005). O baixo risco e livres de cárie
cedimento coletivo (PC), objetivando identificar os diminuem com a idade. Para compreender melhor o
indivíduos com diferentes riscos da doença. Em 2002, significado destas alterações, há que se fazer um estu-
do mais específico para este fim. Um outro aspecto da

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 123

avaliação de risco é que as informações coletadas do exame radiográfico e seu agendamento é feito pela
também podem ser usadas para planejar as ações tanto assistente social. No Programa de Prevenção a Molo-
no âmbito do PSF quanto para os equipamentos trans- clusão há a participação do serviço de fonoaudiologia.
portáveis (cálculo de nº estimado de períodos para São usados ainda recursos como: mantenedores de
tratar determinada população). espaços, planos inclinados, aparelhos móveis, botões
Conclusão: Considera-se a importância do planeja- linguais e elásticos e Pista Direta de Planas(PDP) A
mento prévio, através de reuniões das equipes, objeti- correção de mordidas cruzadas funcionais foi o pro-
vando a simplificação da execução da avaliação de cedimento mais executado e nelas as PDP apresenta-
risco, bem como, das ações preventivas ou curativas a ram o melhor resultado final no tratamento, tanto pela
serem executadas anualmente nos escolares da rede eficácia da técnica quanto por exigir menor colabora-
pública de ensino do Município. Os impressos utiliza- ção da criança e do responsável. As PDP se baseiam
dos podem ser modificados de modo a melhorar a na substituição temporária do plano oclusal alterado
sistemática da coleta de dados, de acordo com suges- por um artificial. São platôs de resina composta colo-
tões, facilidades, dificuldades, etc. durante a realiza- cadas sobre a superfície oclusal dos dentes decíduos,
ção da avaliação Outro ponto importante é que se o individualmente, de forma a modificar a inclinação do
grupo vai fazer sugestões, quem coordena deve estar plano oclusal.
aberto a receber estas sugestões e conversar sobre Resultados: Durante estes cinco anos foi possível
elas, e em algumas situações acatar as mudanças su- verificar a viabilidade do Programa de Prevenção a
geridas pelo grupo. É importante mostrar ao grupo o Maloclusão com resultados positivos nos tratamentos
resultado condensado do trabalho de anos anteriores efetuados, que podem ser executados pelo CD no a-
(feedback da informação a quem realizou o exame). A tendimento de crianças após treinamento nos conhe-
cada ano a equipe se qualifica quando se prepara para cimentos de ortopedia funcional. T écnicas que não
fazer os exames, e se capacita inclusive para aprimo- dependem da colaboração das crianças e seus respon-
rar a avaliação de risco. sáveis apresentaram melhores resultados finais.
Conclusão: Programas de prevenção da má oclusão
R050 - Experiência na prevenção de má oclusão na rede de serviços públicos de saúde, são viáveis
em pré escolares na rede pública de Vinhedo. bastando para isso, capacitar os profissionais da rede
pública, para que haja atuação satisfatória na inter-
Claudia P. D. Santos Mattos (SMS Vinhedo,SP), Zu- venção precoce de alterações oclusais.
leika Milazzo Santos (SMS Vinhedo,SP).
R075 - Grupo de saúde bucal: otimizando o aten-
Introdução: A má-oclusão é considerada pela OMS dimento odontológico no CR DST / AIDS Penha.
como o principal problema de saúde publica depois da
cárie e da doença periodontal. Deve-se buscar alterna- Priscilla Yumi Nishimura (CR DST / AIDS Penha),
tivas de intervencão simples, de fácil aplicação e cus- Sonia Cristina Serpico Fernandes (CR DST / AIDS
to reduzido que possam ser usadas sempre que um Penha).
desvio do correto desenvolvimento seja diagnosticado
e que atuem num período em que as deformidades não Introdução: A procura pelo tratamento odontológico
estão totalmente sedimentadas, facilitando a sua cor- nas unidades de saúde é crescente. A dificuldade em
reção. Comprovar a viabilidade clínica e econômica oferecer atendimento imediato a toda essa demanda
de tais procedimentos, no atendimento à população levou-nos à reformulação do Grupo de Saúde Bucal.
infantil, foram os desafios que nos moveram, moti- Buscamos, através dessa ação, sistematizar um fluxo
vando-nos a estabelecer o padrão de atenção praticado de atendimento na unidade focando o acolhimento e a
hoje na rede pública municipal, culminando com a humanização, na medida em que oferecemos informa-
implantação do Programa de Prevenção a Maloclusão. ções em saúde que “empondera” o usuário e invoca
Métodos: Critérios adotados: ausência de cárie ou responsabilidade perante sua saúde bucal.
com tratamento restaurador completado e ausência de Métodos: O Grupo de Saúde Bucal existe na unidade
hábitos deletérios, dentição decídua ou mista em está- há aproximadamente 5 anos e há 1 ano foi reformula-
gio inicial de erupção e autorização do responsável do de forma a atender as necessidades da população e
para a realização do tratamento. Solicitamos ainda, implementar o funcionamento da unidade de saúde.
radiografia panorâmica através de um convênio do Definimos um fluxo de atendimento e compartilha-
município com a PUC Campinas. A Secretaria Muni- mos com a gerência e toda equipe multidisciplinar.
cipal de Saúde fornece meio de transporte para o local Assim, todo paciente que é matriculado no CR é ori-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 124

entado a passar pelo grupo antes dar seqüência ao complexidade no SUS (Sistema Único de Saúde), a
tratamento odontológico propriamente dito. O grupo criação de Centros de Especialidades Odontológicas
ocorre quinzenalmente e é uma oportunidade de co- (CEO). Em agosto de 2005, a implantação da Perio-
nhecer o usuário, dirimir dúvidas, diminuir angústias dontia no CEO de Embu, para pacientes oriundos da
e incitar um maior comprometimento com o segui- rede básica do SUS, se tornou um marco no Serviço
mento do tratamento odontológico. A atividade evolui de Saúde Pública da cidade.
de forma informal com a participação ativa dos usuá- Métodos: O conceito de atendimento à demanda com
rios, que, ao final, se sentem mais seguros e próximos tratamentos especializados no serviço público não é
ao profissional. novo. A atenção integral à saúde começa pela organi-
Resultados: Infelizmente não coletamos dados para zação do processo de trabalho na rede básica de saúde
compilarmos indicadores. Porém, não temos receio juntamente com ações em outros níveis, em um pro-
em conjeturar os benefícios adquiridos com a refor- cesso multiprofissional e interdisciplinar. Com a i-
mulação da atividade, pois são de fácil constatação na nauguração deste centro especializado foram observa-
rotina diária do atendimento. Observamos um maior dos vários aspectos relacionados a antigos conceitos
comprometimento, com diminuição da abstenção e do paradigma individualista e também foi possível
aumento dos retornos para controle após finalização implantar novas práticas em relação à saúde bucal,
do tratamento. Além disso, os retornos reduziram-se como parte integrante e inseparável da saúde geral do
basicamente à realização de profilaxia, sendo pratica- indivíduo. Todo cidadão tem direito ao atendimento
mente suprimida a necessidade de intervenção restau- público e gratuito na rede pública de saúde. O CEO–
radora ou cirúrgica. As consultas de emergência de- Periodontia teve início após análise prévia da disponi-
correntes de dor espontânea foram reduzidas, permi- bilidade de material existente. Várias questões foram
tindo que o atendimento flua sem intercorrência. O debatidas até a decisão dos critérios para inclusão. O
diálogo com o paciente também ficou facilitado, já primeiro passo foi elaborar um documento com a
que este já possui um entendimento prévio das doen- normatização dos critérios de referência e contra-
ças bucais e de suas implicações. A agilidade do aten- referência dos pacientes identificados para tratamento
dimento do pacientes “antigos” e o comprometimento periodontal especializado. A periodontia praticada é
dos novos estão permitindo o atendimento de uma integralizada do ponto de vista de abrangência de ca-
gama maior de pacientes, praticamente anulando a sos clínicos, ampliando o conjunto de ações desenvol-
demanda reprimida. vidas para obter maior qualidade e resolutividade.
Conclusão: O Grupo de Saúde Bucal é norteado pe- Como primeiro modelo de atenção especializada em
los princípios e diretrizes do SUS e conhecimento pPeriodontia da rede, a unidade conta com dois pro-
científico, contribuindo para a redução da vulnerabili- fissionais CD (20h) e um THD (30h) semanais.
dade da população às doenças bucais. Esta ação busca Resultados: A idéia inicial de que a atenção integral
a promoção à saúde, a garantia dos direitos humanos, à saúde, objetivo do SUS, é formada pela organização
respeitando as diversidades sexual, racial, étnica, so- do processo de trabalho na rede básica, e neste nível
cial, econômica e cultural e a melhoria da qualidade de atenção, necessita esgotar os limites de suas possi-
de vida das pessoas vivendo com HIV / AIDS. bilidades dando uma resposta eficaz aos munícipes,
nos leva a reflexão do quanto os paradigmas são difí-
R078 - Cidadania Total – Saúde Bucal Especiali- ceis de serem superados. Nossa experiência tem mos-
zada. trado que o serviço além de ser viável, apesar de apre-
sentar-se de forma modesta, tem atendido com resul-
Patrícia Paulino Pelegrini (Prefeitura da Estância
tados altamente eficientes aos propósitos iniciais.
Turística de Embu).
Desde a sua implantação até o último levantamento
Introdução: Desde a década de 80, a política de aten-
(dezembro / 2005) o serviço computou 120 tratamen-
ção odontológica do município da Estância Turística tos iniciados com 977 atividades realizadas.
Conclusão: Com isso, o Ministério da Saúde rompe
de Embu, é direcionada à reorientação e expansão dos
serviços, tanto da atenção básica em saúde bucal com a lógica de que a saúde bucal na área pública
quanto das especialidades de Endodontia, Pacientes deva se restringir à atenção básica. Um dos eixos es-
Especiais e Cirurgia Buco-Maxilo-Facial. Com o Pro- truturantes do “Brasil Sorridente” é a busca ao acesso
grama de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Brasil universal e a integralidade na assistência odontológi-
Sorridente, um grande passo foi dado para a amplia- ca. O amadurecimento do serviço público no Municí-
ção da oferta de atendimento odontológico de média pio da Estância Turística de Embu trouxe resultados
positivos em todos os setores, como mostram indica-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 125

dores de saúde, servindo de modelo para outras cida- às necessidades, tendo como objetivo a humanização
des. O ótimo exemplo de Embu só confirma que a do atendimento por parte dos profissionais envolvidos
saúde bucal na área pública não deve se restringir a- e respeitando os preceitos do SUS de integralidade e
penas à atenção básica, e sim a outras áreas especiali- universalidade, suprindo as necessidades em saúde
zadas da odontologia, como a Periodontia. bucal visando a melhoria de qualidade de vida.
R085 - Ações de saúde bucal no ambulatório do R091 - Unidade Básica de Saúde A.E. Carvalho e
Hospital Maternidade Interlagos, São Paulo, 2005. Centro de Educação Infantil Artur Alvim: a inter-
setorialidade como um dos eixos estruturantes da
Alessandra Tavares Souza (FOUSP-FUNDECTO) atenção à saúde.
Antonio Carlos Frias (FOUSP).
Maria Carolina Ribeiro da Silva (Residência Multipro-
Introdução: O programa de atendimento odontológi- fissional em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa
co às gestantes foi desenvolvido pelo ambulatório do Marcelina / Faculdades Santa Marcelina), Maria
Hospital Maternidade Interlagos com base na obser- Claudia Galbiatti Abreu (Residência Multiprofissional
vação das parturientes que relatavam carência de co- em Saúde da Família da Casa de Saúde Santa Marce-
nhecimento em auto-cuidado bucal e a presença de lina / Faculdades Santa Marcelina), Paula Andréa
agravos bucais e deficiência no acesso ao atendimento Massa (Residência Multiprofissional em Saúde da Fa-
pelos serviços de saúde durante o período pré-natal. O mília da Casa de Saúde Santa Marcelina / Faculdades
objetivo do programa é oferecer atenção em saúde Santa Marcelina), José Magno Alves dos Santos (Resi-
bucal a todas as gestantes inclusive durante o período dência Multiprofissional em Saúde da Família da Casa
de internação desenvolvendo ações de educação em de Saúde Santa Marcelina / Faculdades Santa Marce-
saúde bucal e ações de assistência às necessidades lina), Julie Silvia Martins (Casa de Saúde Santa Mar-
acumuladas tanto em serviços de atenção básica como celina / Faculdades Santa Marcelina).
especializada.
Métodos: Através da observação e análise dos relató- Introdução: Um dos objetivos da Estratégia Saúde da
rios de produção do ambulatório do Hospital Materni- Família é buscar renovar vínculos de co-
dade Interlagos no período de janeiro a dezembro de responsabilidade entre os serviços e a população assis-
2005 descreveremos o modelo de atenção adotado, os tida, uma vez que a responsabilidade pela saúde trans-
recursos humanos disponíveis e os serviços prestados cende o setor saúde e implica ações e alianças que
às gestantes. comprometam outros setores institucionais e atores
Resultados: No período gestacional, a mulher sofre sociais. A Residência Multiprofissional em Saúde da
alterações orgânicas que associadas à mudança de Família tem, assim, como um de seus objetivos, o re-
hábitos e dieta que podem levar ao aparecimento de conhecimento da necessidade e importância das ações
problemas dentários como cárie e problemas perio- intersetoriais para melhoria da qualidade de vida da
dontais. Das parturientes que adentraram ao ambula- população. Com este propósito, os residentes que atu-
tório do Hospital Maternidade Interlagos, todas parti- am na UBS A.E. Carvalho propuseram uma parceria
ciparam das atividades de educação em saúde bucal. com o Centro de Educação Infantil (CEI) Artur Alvim,
1.468 foram atendidas no serviço de triagem odonto- que atende crianças de 0 a 5 anos de idade.
lógica. Destas, 263 (17%) eram pacientes de baixo Métodos: A atuação no CEI iniciou-se com um diag-
risco, 83% foram classificadas como de médio risco, nóstico situacional, realizado em três etapas: 1. Entre-
assim sendo foram encaminhadas para o serviço de vistas com os responsáveis pelas crianças; 2. Reunião
atenção básica e especializada do mesmo ambulatório. com funcionários do CEI; 3. Avaliação do crescimen-
Os serviços oferecidos no ambulatório são: clínica de to (peso, altura e cálculo do percentil) e da saúde bu-
dentística, periodontia, endodontia, cirurgia e atendi- cal (risco de cárie e tecidos moles). A partir dos dados
mento às gestantes internadas. As necessidades de levantados, elaborou-se um objetivo geral de ação, ou
diagnóstico e semiologia são encaminhadas para seja, a melhoria da qualidade de vida de todos os ato-
FOUSP, UNISA, e os ambulatórios de especialidades res sociais envolvidos, e cada categoria profissional
do SUS. elaborou objetivos específicos, estabelecendo os te-
Conclusão: Para suprir a carência de acesso em aten- mas a serem trabalhados. Para cada tema foi determi-
ção básica das parturientes que procuravam o serviço nado um período de ação trimestral, com intervenções
do hospital, foi desenvolvido este programa de saúde mensais de 40 minutos. Na perspectiva trimestral, no
bucal com ações de educação em saúde e assistência primeiro mês a ação é com os funcionários da institui-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 126

ção; no segundo, com os responsáveis e, no terceiro, por meio da Lei 8.342, a política de atenção às doen-
com as crianças. A técnica pedagógica escolhida é a ças da boca e da face, decretada pela Assembléia Le-
da problematização, buscado criar condições para as gislativa e sancionada pelo Governador do Estado no
pessoas tornarem-se críticas, questionadoras e capazes dia 30 de junho de 2005. Com a promulgação da
de contribuir para a construção de uma sociedade mesma o Estado de Mato Grosso implementou um
mais justa e democrática. sistema de atenção que inicia nas unidades básicas de
Resultados: O primeiro tema, abordado no período saúde, com a retaguarda de uma unidade de referência
de julho a outubro de 2005 foi “Saúde Bucal”. Os e o respaldo do laboratório público de anatomia-
encontros com os educadores e com os responsáveis patológica. Estas ações de saúde pública propiciam o
proporcionaram diversas trocas de saberes, esclareci- diagnóstico precoce das lesões malignas, benignas e
mentos de dúvidas e, acima de tudo, o estabelecimen- infecciosas intervindo precocemente em indivíduos
to de uma parceria entre estes e os profissionais de com lesões graves, como o câncer de boca, diminuin-
saúde, para que as ações tenham continuidade. Com do os índices de morbidade e mortalidade gerados por
as crianças, além de uma atividade de educação em estas doenças. Este trabalho tem o objetivo de divul-
saúde bucal, realizou-se orientação de higiene, na pre- gar e discutir junto à comunidade científica às ações e
sença das educadoras, e tratamento restaurador atrau- resultados da implantação desta lei desde sua criação
mático (ART), quando necessário. Na necessidade de até o presente momento.
outros tratamentos, a criança foi encaminhada para a Métodos: Foi realizado uma análise da lei 8.342 e
unidade de saúde. No segundo trimestre o tema abor- feito um levantamento dos resultados da sua implan-
dado foi “Infecções respiratórias agudas”, com educa- tação, por meio de um estudo descritivo dos laudos
dores e pais. A partir da avaliação das ações, foram histo-patológicos do laboratório público de referência
realizadas adequações ao planejamento e outros temas do estado de Mato Grosso.
serão desenvolvidos durante o ano de 2006, como Resultados: A lei 8.342 é um marco regulatório na
“Sexualidade e Infância”. As crianças têm sido reava- atenção das doenças buco-faciais, pois interioriza os
liadas trimestralmente e nota-se uma melhora nas serviços de diagnóstico bucal nas unidades básicas de
condições de saúde, além de um maior envolvimento saúde, com treinamentos dos cirurgiões dentistas da
de familiares e educadores. rede básica de saúde, a implantação de um serviço de
Conclusão: O trabalho intersetorial favorece a efeti- referência em diagnóstico para os municípios e a im-
vação da promoção da saúde e, conseqüentemente, a plementação de um serviço de anatomia patológica
melhoria das condições de vida e ampliação do exer- bucal no laboratório público do estado de Mato Gros-
cício da cidadania. No espaço escolar, estas ações são so. No primeiro ano de funcionamento foram encami-
de extrema importância, pois colaboram com todos os nhadas 354 biópsias pelas unidades básicas de saúde
participantes de seu universo: alunos, educadores, para o laboratório, das quais 12 casos eram de câncer
funcionários e responsáveis. de boca (3,3%) e 14 de paracococidioidomicose
(3,9%), lesões essas com alto grau de morbidade e
R118 - Lei Estadual 8.342: um instrumento para a que podem levar à morte.
atenção às doenças da boca e da face no Estado de Conclusão: Conclui-se que a utilização do projeto lei
Mato Grosso. para consolidar as políticas públicas tem se mostrado
eficaz no que diz respeito à validade, aplicabilidade e
Cléa Adas Saliba Garbin (FOA / UNESP); Artênio
legalidade da política implementada, onde os primei-
José Isper Garbin (FOA / UNESP); Artur Aburad de
ros resultados mostram que houve assimilação dos
Carvalhosa (Secretária de Estado de Saúde de Mato
municípios quanto à responsabilidade de realizar os
Grosso); Fabiano Tonaco Borges (FOA / UNESP e
exames necessários para o diagnóstico das lesões da
Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso); Fer-
mucosa bucal, num sistema estritamente público.
nanda Vieira Bezerra (Universidade de Cuiabá /
UNIC) R127 - Atendimento a pacientes com Dores Orofa-
ciais e Disfunções de ATM (DTM) no serviço pú-
Introdução: A Lei 8.080/90 determina que é da com- blico da Prefeitura de Cosmópolis – SP.
petência dos estados a elaboração de políticas públi-
cas para garantir a universalidade e a integralidade da Rafael Morais Bersan (C. D. SMS Cosmópolis – SP).
assistência, como também a descentralização para os
municípios das ações e dos serviços de saúde. A Se- Introdução: As dores orofaciais e as DTM são condi-
cretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso elaborou, ções cada vez mais presentes no cotidiano da popula-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 127

ção. Advinda dentre vários fatores, do desequilíbrio de trabalho do C. D. para áreas ainda pouco explora-
morfo-funcional músculo-esquelético-dentário, asso- das pelos mesmos.
ciado na maioria das vezes a distúrbios de ordem e-
mocional. Tendo como base estas condições etiológi- R143 - Descritivo das atividades realizadas nos 6
cas, e avaliando as condições de vida impostas à primeiros meses de funcionamento do Centro de
grande parte das pessoas, não é difícil perceber que o Especialidades Odontológicos (CEO) no município
número de portadores de alterações cresce exponenci- de Santana de Parnaíba.
almente assim como a busca por tratamento das mes-
Rosana Lappo (SMS – Santana de Parnaíba), Alexan-
mas.
dra Cristina Pitol de Lara Basso (SMS – Santana de
Métodos: O atendimento é iniciado com uma extensa
Parnaíba).
anamnese não padronizada que adaptamos a cada ca-
so. É realizado então o exame clínico, que além da Introdução: O município de Santana de Parnaíba
inspeção intra-oral consta de palpação muscular cer- possui uma população de 98.065 habitantes (IBGE –
vico-crânio-facial, medição de abertura da boca, ob- 2005) e conta com 30 cirurgiões-dentistas distribuídos
servação de movimentos de abertura e fechamento da em 3 segmentos: preventivo, que atua em todas as
boca além de seus movimentos excursivos, manipula- unidades escolares municipais desde 1997; ambulato-
ções mandibulares, dentre outros. De acordo com a rial presente em todas as UBS’s e equipe PSF, que
necessidade, e não como protocolo, são requisitados oferece tratamento completo em ações básicas, sem
exames complementares como: radiografias panorâ- restrição de faixa etária e especializado. Com a estru-
micas, radiografias de ATM em 3 posições (transcra- tura de atenção básica implantada, foi possível orga-
niana). Exames estes limitados para o diagnóstico ou nizar as especialidades odontológicas, algumas já ofe-
sua complementação. Assim percebe-se a importância recidas pelo município desde 1997 como prótese total
da avaliação clínica em todas as suas instâncias, pois e parcial confeccionadas em laboratório próprio, ci-
os exames complementares que realmente ajudariam rurgia oral menor e pacientes especiais. Com o incen-
como a Ressonância Magnética ou a Tomografia tivo proporcionado pelo Programa Brasil Sorridente
Computadorizada (como roga a literatura científica), do Ministério da Saúde, foi possível solicitarmos o
são extremamente difíceis de se conseguir no serviço credenciamento de um Centro de Especialidades O-
público, ainda mais quando são requisitados por um dontológicos (CEO) tipo I e um Laboratório Regional
C. D. Pelo fato das patologias ou alterações trabalha- de Prótese Dentária (LRPD) no ano de 2005. Às espe-
das possuírem etiologia multifatorial, é também exi- cialidades já existentes, foram acrescidas periodontia,
gido um trabalho multidisciplinar que visa a integra- semiologia e distúrbios da articulação têmporo–
ção de duas ou mais especialidades como: Fonoaudio- mandibular (ATM).
logia, Otorrinolaringologia, Neurologia, Fisioterapia, Métodos: Foram os seguintes: contratação de
Psicologia e Psiquiatria. especialistas, contratação de ACD (Auxiliar de
Resultados: Anteriormente ao início desta modalida-
Consultório Dentário), aquisição de equipamentos e
de de atendimento no serviço de Cosmópolis, os paci- instrumentais específicos para o atendimento das
entes eram encaminhados a serviços de referência da especialidades, elaboração de protocolos de
região, o que além de dificultar o acesso aos tratamen- encaminhamento das UBS para o CEO,
tos, colaborava com a sobrecarga destas unidades. estabelecimento de fluxos de referência e contra-
Com grande parte dos casos sendo resolvidos dentro referência, consulta ao banco de dados municipal.
do próprio município, os fatos acima mencionados Resultados: Nos seis primeiros meses de funciona-
foram minimizados e a população dispõe de acesso a mento do Centro de especialidade Odontológico (CEO)
este tipo de serviço de forma mais rápida, fácil e me- foram realizados os seguintes procedimentos: 1.125 em
nos morosa. pacientes com necessidades especiais; 644 de cirurgia
Conclusão: Conclui-se desta forma que existe a pos-
oral, 517 de periodontia, 492 de prótese total, 182 de
sibilidade de se realizar este tipo de atendimento nos endodontia, e 169 placas de mordida para distúrbios de
Serviços Públicos Municipais, absorvendo uma de- ATM. Isso representou respectivamente 35%, 21%,
manda relativa ao tema cada vez maior e alertando a 17%, 6%, 6% e 5% do total de procedimentos.
necessidade de capacitação de mais Cirurgiões Den- Conclusão: A organização das especialidades na
tistas dos serviços públicos para que estes tenham a estrutura do CEO e LRPD proporcionou vazão à de-
condição de se não tratar, pelo menos identificar e manda por especialidades gerada pelo atendimento da
saber encaminhar de forma correta os pacientes com atenção básica nas UBS’s. O monitoramento mensal
os problemas em questão. Abrindo também o campo

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 128

da produção por agrupamento de procedimentos, nos mentais, neurológicos, sindrômicos, pacientes


permite alterações na organização do serviço com crônicos, fóbicos e com doenças infecto contagiosas
implementação de novas atividades. do município de Santana de Parnaíba, integrando-se
com outros equipamentos de saúde da rede municipal.
R144 - O perfil do ambulatório de pacientes com
necessidades especiais do Município de Santana de R145 - A implementação de serviços de saúde bu-
Parnaíba. cal para pacientes com necessidades especiais em
Cidade Tiradentes
Simone Augusta Marques Monteaperto (SMS – San-
tana de Parnaíba), Alexandra Cristina Pitol de Lara José Carlos Alves (Secretaria Municipal de Saúde de
Basso (SMS – Santana de Parnaíba), Raquel Zaicaner São Paulo - SMS SP – supervisão Cidade Tiradentes),
(SMS – Santana de Parnaíba) Ediane Moutinho - SMS SP – supervisão Cidade Ti-
radentes Alexandre Takeshita (SMS SP- Coordenado-
Introdução: O município de Santana de Parnaíba ria Regional de Saúde Leste).
localiza-se na região metropolitana da Grande São
Paulo e possui 98.056 habitantes (IBGE – 2005). A Introdução: A Organização Mundial da Saúde estima
saúde bucal está organizada no município no segmen- que 10% da população mundial é constituída de pes-
to preventivo, ambulatorial e especializado. O ambu- soas com algum tipo de deficiência. Em países em
latório de pacientes especiais teve início em agosto de desenvolvimento a Organização Pan-americana de
2004, em resposta à demanda existente oriunda dos Saúde associa, em geral, a condição de deficiência às
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Saúde precárias condições de vida-trabalho, educação, trans-
Mental: CAPS Infantil, CAPS Adulto e CAPS Álcool porte, moradia e acessibilidade aos serviços e infor-
e Drogas; dos pacientes portadores de hanseníase, mações. Cidade Tiradentes, distrito situado no extre-
tuberculose e HIV acompanhados pela Vigilância mo-leste da cidade de São Paulo, com uma população
Epidemiológica municipal e pacientes fóbicos e por- estimada de mais de 250.000 habitantes, tornou-se um
tadores de doenças crônicas degenerativas encami- local de exclusão social devido às precárias condições
nhados pelos cirurgiões dentistas da rede. de vida e as altas taxas de desemprego. Até novembro
Métodos: Foram os seguintes: sensibilização dos pro- de 2004 sua rede de saúde era composta por 12 Uni-
fissionais do Centro de Especialidades Odontológicas dades Básicas de Saúde, das quais apenas uma conta-
(CEO) para recepção dos pacientes portadores de ne- va com equipes de saúde bucal em Programa de Saú-
cessidades especiais; capacitação da Auxiliar de Con- de da Família, além de outra unidade com um cirurgi-
sultório Dentário (ACD); elaboração de protocolos de ão-dentista (CD) atendendo crianças de 7 a 14 anos. A
encaminhamento ao ambulatório de pacientes especi- partir de então, a região passou a contar com 27 CD, o
ais. e estabelecimento do fluxo de referência dos e- que possibilitou a ampliação das ações de saúde bu-
quipamentos / serviços da rede ao ambulatório cal. A região recebeu também um profissional especi-
Resultados: O ambulatório de pacientes especiais alizado no atendimento a pacientes especiais, que in-
cadastrou 372 pacientes desde seu início e distribui- tegrará a equipe do Centro de Especialidades Odonto-
ção de acordo com sua origem / patologia da seguinte lógicas a ser inaugurado, integrando também o projeto
maneira: 242 encaminhados pelos CAPS, 92 encami- Brasil Sorridente.
nhados pela Vigilância Epidemiológica e 38 com Métodos: Realizou-se inicialmente um reconheci-
comprometimento sistêmico encaminhados pelos ci- mento da área de abrangência, da demanda reprimida
rurgiões-dentistas da atenção básica. Nota-se que 65% e possibilidades de locomoção por meio de visitas
dos pacientes atendidos no Ambulatório de Pacientes domiciliares à pacientes acamados, deficientes físicos
Especiais são oriundos dos CAPS, 35% possuem e mentais, sindrômicos ou com doenças psíquicas que
comprometimento sistêmico e foram encaminhados os impediam de sair de casa (depressão, síndrome do
pela rede básica e 10% são pacientes acompanhados pânico). Durante a visita era feita uma anamnese deta-
pela Vigilância Epidemiológica. Ressaltamos que o lhada, triagem de risco e educação em saúde para os
atendimento de todos os pacientes foi realizado a ní- pacientes e cuidadores. Também foi criado um fluxo
vel ambulatorial, não sendo necessária sedação / in- de atendimento para a procura espontânea. Constatada
ternação dos mesmos. a necessidade de intervenção clínica a consulta foi
Conclusão: A implantação do ambulatório de pacien- marcada e um carro disponibilizado para o transporte
tes especiais proporcionou integralidade nas ações de do paciente.
saúde oferecidas aos pacientes portadores de transtor-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 129

Resultados: Foram visitados 165 pacientes e 39 pro- pos de gestantes, bebês, hipertensos e diabéticos;
curaram o serviço espontaneamente. Encontramos 29 Campanha de prevenção de câncer de boca e os pro-
pacientes com doenças sistêmicas e AVC; 74 com cedimentos coletivos em escolas. O trabalho em equi-
hipertensão ou diabetes; 14 com doenças cardíacas; pe modular com THD e ACD e a integração com os
17 com doenças congênitas ou hereditárias; 16 com médicos e enfermeiros. A capacitação dos agentes
deficiência mental; 6 com esquizofrenia; 5 com de- comunitários de saúde; a participação popular e os
pressão / pânico; 3 com câncer; 1 com HIV; 17 com resultados alcançados de 06 anos de experiência.
deficiência física e 22 com outras deficiências. Encon- Resultados: Durante esses 06 anos de atendimentos
tramos 78% dos pacientes examinados com necessi- odontológicos, foram realizadas 46.254 consultas a-
dades de tratamento restaurador, 87% com necessida- gendadas, 10.043 consultas de urgência, 111.760 pro-
de de tratamento periodontal e 12,5 com necessidade cedimentos odontológicos sendo 59.619 procedimen-
de tratamento em tecidos moles. tos curativos e 43.712 procedimentos preventivos, 494
Conclusão: O relato feito pelos cuidadores de que grupos de bebês, 221 grupos de HA / DIA / Gestantes,
não conseguiam atendimento para seus familiares 203 grupos de câncer bucal, 255 visitas domiciliares e
portadores de necessidades especiais no serviço pri- 31.375 escovações supervisionadas. Em média, foram
vado ou que aguardavam já há muitos anos uma vaga realizados 3,52 procedimentos por consulta e percen-
em serviços públicos distantes, bem como as condi- tual de período em clínica foi de 61%.
ções epidemiológicas e sociais encontradas confirma- Conclusão: Através deste trabalho, percebemos a
ram a necessidade da atenção em saúde bucal a esse importância dos dados da produtividade odontológica
grupo populacional, de forma rotineira, o que vem para podermos planejar, gerenciar e avaliar as ações
sendo realizado desde então. de saúde bucal no serviço público.
R149 - A saúde bucal no programa de saúde da R150 - Campanha de prevenção e diagnóstico pre-
família (PSF) – 06 anos de experiência – UBS Jd. coce do câncer bucal no Centro de Referência do
Campos – Distrito de Itaim Paulista – São Paulo – Idoso – CRI José Ermírio de Moraes, no município
SP. de São Paulo 2005. “Alta cobertura de exames ga-
rantida pelas estratégias de captação”.
Henri Menezes Kobayashi (Casa de Saúde Santa
Marcelina), João Francisco Franzé (Casa de Saúde Sílvio Carlos Coelho de Abreu (Centro de Referência
Santa Marcelina), Marisa Santini (Casa de Saúde do Idoso / SES-SP), Marcello Luis Bitencourt Baraldi
Santa Marcelina), Ir. Monique Bourget (Casa de Sa- (Centro de Referência do Idoso / SES-SP), Maria Isa-
úde Santa Marcelina). bel Aguilar (Centro de Referência do Idoso / SES-SP).

Introdução: A saúde bucal é parte integrante e insepa- Introdução: Para o ano de 2000 a Organização Mun-
rável da saúde geral do indivíduo e está relacionada com dial de Saúde estimou que no mundo todo, ocorreriam
as condições de vida (saneamento, alimentação, moradi- mais de 10 milhões de casos novos de câncer. A aná-
a, trabalho, educação, renda, transporte, lazer, liberdade, lise da distribuição proporcional das causas de morte
acesso e posse de terra). Considerando a necessidade de no Brasil mostra que, desde a década de 30, com a
ampliação do acesso da população brasileira às ações de queda da mortalidade causada pelas doenças infeccio-
promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal e, sas e parasitárias, as neoplasias, juntamente com as
sendo o Programa de Saúde da Família uma importante doenças do aparelho circulatório, vem sendo respon-
estratégia para a consolidação do Sistema Único de Sa- sáveis por um número cada vez maior de óbitos, apon-
úde, o Ministério da Saúde estabeleceu, pela Portaria- tando para uma mudança no perfil de mortalidade
MS 1.444, de 28/12/2000, regulamentada pela Portaria semelhante àquela observada nos países desenvolvi-
267 de 06/03/2001, um incentivo financeiro para a reor- dos. O quadro epidemiológico de saúde bucal no Bra-
ganização da atenção à saúde bucal prestada nos muni- sil continua apresentando a cárie ocupando o lugar de
cípios por meio do Programa de Saúde da Família. maior destaque na escala dos problemas bucais, con-
Métodos: O objetivo deste trabalho é mostrar a inclu- siderados como Problemas de Saúde Pública, atingin-
são da equipe de Saúde Bucal no Programa de Saúde do 99% da população do nosso país. Ocupando o úl-
da Família, a estratégia usada para o atendimento à timo lugar na escala dos problemas bucais, considera-
população em uma UBS no Distrito de Saúde do Itaim dos como Problema de Saúde Pública, atrás da cárie,
Paulista, São Paulo: a triagem, a classificação de risco doença periodontal, má-oclusão e fendas labiopala-
de cárie, doença periodontal e tecidos moles; os gru- tais, está o câncer bucal, sendo de todos, o potencial-

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 130

mente capaz de levar o indivíduo a óbito. O câncer de R166 - Observatório de Saúde Bucal Coletiva:
boca é doença de alta incidência. Estima-se que 7% da construindo a cidadania na saúde.
população mundial portadora de câncer esteja acome-
tida por câncer de boca. O Brasil está em quarto lugar, Carlos Botazzo (Instituto de Saúde – SES / SP), Fabi-
em incidência, no mundo. ana Schneider Pires (CRT – SES / SP), Patrícia Nieri
Métodos: Como fase preparatória para a campanha, Martins (Instituto de Saúde – SES / SP), Rebeca Silva
durante os meses de fevereiro e março de 2005, foram de Barros (Instituto de Saúde – SES / SP), Luiz Vicen-
disparadas pelo setor de Odontologia, algumas discus- te Martino (Instituto de Saúde – SES / SP), Luis Anto-
sões com a Diretoria Geral e com a direção dos setores, nio Cherubini Carvalho (Instituto de Saúde –SES / SP).
no sentido de traçar o planejamento de ação para o refe-
rido momento. A partir desta etapa cumprida, ficou a- Introdução: O desenvolvimento de programas de
cordado o Plano de Trabalho que constituiu-se basica- saúde bucal encontrou forte razão tecnológica ao iní-
mente de: Profissionais no acolhimento efetivo do idoso cio dos anos 90, a partir de 2 eventos fulcrais: o marco
na porta de entrada da instituição dando as orientações teórico da Saúde Bucal Coletiva, desenvolvido em
necessárias sobre a vacina e exame da boca e organizan- 1988, e a introdução, na atenção básica, dos procedi-
do o fluxo de entrada dos pacientes aos setores; inversão mentos coletivos em saúde bucal (PC). OBJETIVO.
do fluxo de atendimento, onde o idoso primeiramente Assim, este projeto visa instalar um "Observatório de
submetia-se ao exame da cavidade bucal para depois ser Saúde Bucal Coletiva" em cidades situadas a oeste da
vacinado, evitando evasão do exame e prejuízo na co- Região Metropolitana de São Paulo, com intervenção
bertura de vacinas; disponibilização de 2 Auxiliares de quanto aos modelos de atenção, capacitação de recur-
Consultório Odontológico para o Dentista que examina- sos humanos, instalação local de competência diag-
va, favorecendo a otimização do atendimento, pois en- nóstico-terapêutica e gerencial em saúde.
quanto uma auxiliar preenchia as planilhas a outra esta- Métodos: 1- Mobilização das equipes locais de saúde
va junto ao profissional; atendimento no sábado subse- bucal, pesquisadores e colaboradores, incluindo entre
qüente ao início da campanha com 2 Dentistas e 6 auxi- estes conselheiros usuários, visando o estabelecimento
liares; atendimento com posto avançado na entrada do e o desenvolvimento de rede de interesses comuns; 2-
baile que acontece todas as sextas-feiras na instituição, e Promoção de reuniões técnicas com a equipe regional
que conta com a participação em massa dos usuários da de saúde, incluindo os secretários municipais, por
áreas de convivência, chegando por vezes ao número de meio da Comissão Intergestora Regional (CIR), expli-
mais de 500 idosos; disponibilização de sala extra du- citando o interesse institucional; 3- Organização de
rante todo o período da campanha, para realização dos seminários teórico-metodológicos, visando o desen-
exames e finalmente a manutenção das agendas de aten- volvimento e a consolidação do coletivo, com a agre-
dimento sem alteração da programação de atendimento gação de novos meios de trabalho e de linguagem
normal o que favoreceu também a captação de pacientes comum e identitária; 4- Organização do trabalho em
que compareceram ao serviço para dar continuidade ao saúde bucal em todos os níveis, consoante a capacida-
seu tratamento planejado. de operativa alcançada pelo coletivo, com base nas
Resultados: Ao final da campanha de 2005 na insti- práticas de co-gestão.
tuição, foram vacinadas 2.868 pessoas, sendo que Resultados: A atenção em saúde bucal vem se res-
deste total, 2.613 passaram também pelo exame da sentindo de inovações. Avolumam-se evidências de
cavidade bucal, perfazendo um total de mais de 91 % que novas tecnologias, quando se trata da saúde pú-
de cobertura de exames sobre a população vacinada, blica, devem ser alvo da atenção dos formuladores de
atendida no serviço. políticas de saúde.
Conclusão: O planejamento prévio e o desenvolvi- Conclusão: A atenção em saúde bucal vem se ressen-
mento de estratégias para captação de pacientes para tindo de inovações. Avolumam-se evidências de que
este tipo de atividade, usando criatividade e exploran- novas tecnologias, quando se trata da saúde pública,
do ao máximo o potencial de recursos oferecidos pe- devem ser alvo da atenção dos formuladores de políti-
los serviços à população, favorece a efetividade das cas de saúde.
propostas em saúde, aumentando a resolutividade e
assistência em nível local.

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 131

R177 - “Acompanhamento dos serviços de atenção R186 - Programa Permanente de Prevenção do


em saúde bucal no PSF da Unidade de Saúde Vila Câncer de Boca: CEO - Pederneiras
Espanhola / Fundação Zerbini: o desafio para equi-
librar as ações de natureza coletiva e assistenciais” Emílio Carlos Souto (Cirurgião dentista – CEO-
Pederneiras), Iula Maria Bertolini (Coordenadora
Antonio Carlos Frias (FOUSP / UNIBAN); Maristela Saúde Bucal – Pederneiras), Regina Haddad Barrach
Vilas Boas Fratucci (UMC / FUNDECTO / CD- (Cirurgiã dentista – CEO-Pederneiras), Tatiana Ra-
PMSP); Equipe de Saúde Bucal US Vila Espanhola zuk Beltramini (Cirurgiã dentista – CEO-
(Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo). Pederneiras)

Introdução: Os serviços em seu percurso de implanta- Introdução: No Centro de Especialidades Odontoló-


ção se preocupam em usar indicadores de quantidade e gicas (CEO) é desenvolvido o Programa Permanente
qualidade para avaliar a eficácia e efetividade dos pro- de Prevenção do Câncer de Boca (PPPCB), que con-
gramas a serem implementados e desenvolvidos. Mui- siste em triagens com anamneses, tratamentos, cirur-
tos programas que adotaram a construção conjunta da gias e biópsias de todas as lesões bucais detectadas no
equipe de PSF e saúde bucal têm vivenciado resultados Município.
bastante satisfatórios com relação à cobertura, acesso, Métodos: São realizadas triagens de todos os pacien-
discussão e encaminhamento de casos; outros pontos tes diariamente encaminhados para as especialidades
suscitam maiores discussões relativas ao equaciona- (prótese, endo, entre outras), quando detectada a lesão
mento entre as ações de natureza coletiva e assistenci- e imediatamente realizada a cirurgia de biópsia, exa-
ais, as práticas democráticas de devolutiva desses da- me anatomopatológico como o método de diagnósti-
dos e o respeito ao processo por vezes exaustivo dos co.
trabalhadores da saúde e suas atribuições. Contudo o Resultados: O caso clínico apresentado neste traba-
respeito e a humanização aos usuários tem sido um lho é de um paciente de 95 anos que tinha uma lesão
processo compartilhado entre equipe e população. na região da papila incisiva. Foi submetido à biópsia
Métodos: Os dados foram sendo coletados dos bole- incisional, tendo como diagnóstico carcinoma espino-
tins de produção mensal dos profissionais da equipe celular e também a biópsia excisional, no qual foi
de saúde bucal no período de 1998 a 2005. Sendo ela- removido o tumor e margens neoplásicas. Após 15
borados alguns indicadores, tabelas, gráficos e relató- dias, o paciente foi encaminhado para a radioterapia,
rios que por vezes norteavam as discussões e o plane- seguindo-se melhora significativa do quadro clínico.
jamento anual. Conclusão: Concluímos que as cirurgias de C.A. são
Resultados: No período de 1998 a 2005 foram reali- mutiladoras. O pós-operatório é difícil e muitas vezes
zados 57.712 atendimentos, com média de 633 aten- comprometem as funções mastigadora, fala e estética.
dimentos / mês. Esses atendimentos resultaram Portanto, a prevenção diária como método de trabalho
165.275 procedimentos com média de 1.808 procedi- no CEO é a opção utilizada para a prevenção das do-
mentos / mês. Os indicadores básicos foram inseridos enças bucais.
em 2001 na prática mensal como instrumento de con-
trole e avaliação das ações de saúde. Assim sendo a R187 - Universalidade e Integralidade no PSF de
taxa de urgência foi em média de 29,1%, a taxa de Santana de Parnaíba – A experiência da Equipe de
freqüência às consultas foi de 78,3%, o índice de ren- Saúde Bucal na Unidade Móvel.
dimento foi de 5,7 procedimentos / consultas e o nú-
Juliana Vasilian Alti Barmakian (SMS – Santana de
mero médio de consultas por TC foi de 3,7%. Com
Parnaíba), Alexandra Cristina Pitol de Lara Basso
relação as ações coletivas de 1999 a 2005 foram co-
(SMS – Santana de Parnaíba).
bertos em média anual 1912 escolares e 2977 usuários
de grupos programáticos. Foram realizadas aproxima- Introdução: A portaria que institui a Equipe de Saúde
damente 100 visitas domiciliares / ano. Sendo ainda Bucal no PSF foi publicada no ano 2002, Santana de
referência para os serviços especializados. Parnaíba preocupada com a integralidade das ações de
Conclusão: Os dados epidemiológicos são imprescindí-
saúde ofertadas, implantou sua equipe PSF em março
veis pra avaliar e reposicionar propostas de atenção em de 2000 com um Cirurgião – Dentista em período
saúde bucal, aliadas aos fatores de co-responsabilidade integral como membro da equipe. Num formato dife-
com equipes, usuários, comunidades organizada e conse- rente, através de uma Unidade Móvel de Saúde, solu-
lhos gestores na busca de uma real atitude de exercício ção encontrada para levar atenção médica / odontoló-
pleno de planejamento e de democracia.

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Resumos dos trabalhos: Universalidade e Integralidade das Ações em Saúde Bucal 132

gica dentro dos pressupostos do modelo PSF a uma


grande região do município com população dispersa e R188 - Abordagem diferenciado aos pacientes do
características rurais, com dificuldade de acessar bens PSF, pela Equipe de Saúde Bucal.
e serviços, acentuando-se a desigualdade social desta
Juliana Vasilian Alti Barmakian (SMS – Santana de
região em relação a outras áreas municipais. A área
Parnaíba), Raquel Zaicaner (SMS – Santana de Par-
coberta pela Unidade Móvel de Saúde “Amigos da
naíba).
Família” compreende uma área geográfica de aproxi-
madamente 1/3 da extensão territorial do município e Introdução: O programa de Saúde da Família pressu-
5% da população. põe a incorporação da equipe de saúde bucal e envol-
Métodos: Foram os seguintes: implantação da Equipe
vimento da equipe de saúde com a comunidade pela
de Saúde Bucal (ESB) no Programa de Saúde da Fa- qual é responsável. Em Santana de Parnaíba o pro-
mília (PSF), contratação de cirurgião-dentista com grama de Saúde da Família existe desde março de
carga horária de 40h / semanais e de auxiliar de 2000 estruturado em equipe móvel que atua em ôni-
consultório dentário, além de assegurar espaço físico bus adaptado. No ano de 2005 foi implantada unidade
na unidade de saúde móvel para o consultório fixa de PSF. A grande extensão territorial e dispersão
odontológico. da população fizeram com que esta alternativa se
Resultados: O programa abrange uma região, dividi-
mostra a mais viável. O sucesso das ações do PSF, em
da em 10 micro-áreas, com 1.152 famílias cadastradas especial atuando em unidade móvel depende em mui-
e 4.608 habitantes. A ESB desenvolve ações como to, de envolvimento de todos os membros da equipe e
cadastramento das famílias adscritas; promoção e pro- em especial do agente comunitário de saúde.
teção de saúde; procedimentos coletivos educativos – Métodos: Foram os seguintes: sensibilização da e-
preventivos para idosos, hipertensos, diabéticos, ges- quipe de PSF, treinamento dos Agentes Comunitários
tantes, adolescentes e crianças; atendimento de urgên- de Saúde (ACS), captação dos usuários para as ofici-
cias odontológicas; diagnóstico precoce do câncer- nas, realização de oficinas e incorporação dos pacien-
bucal; referência para as especialidades do Centro de tes à rotina do serviço.
especialidades odontológicas (CEO); inquéritos epi- Resultados: A equipe de saúde da família é compos-
demiológicos de cárie dental periódicos. A produtivi- ta por 15 profissionais que passam por reuniões sema-
dade da Equipe de Saúde Bucal no PSF de foi de 600 nais onde recebem atualização permanente. Foram
procedimentos odontológicos em 2000, 2177 em realizadas 4 reuniões especificas com 4 horas de trei-
2001, 2191 em 2002, 2734 em 2003, 3193 em 2004 e namento por membro da equipe. Realizadas ativida-
3350 em 2005. Observa-se a tendência crescente da des culturais para promoção da saúde como: baile de
produção. carnaval, dia internacional da mulher e dia do adoles-
Conclusão: A inclusão da Equipe de Saúde Bucal
cente. Foi também estabelecido cronograma de ativi-
(ESB) no PSF assegurou integralidade nas ações de dades mobilização da comunidade, a saber: caminha-
saúde, articulando o individual com o coletivo, a pro- da no bairro do Ingaí, no dia mundial da saúde, baile
moção e a prevenção com tratamento e a recuperação nostalgia, para idosos, durante a campanha de vacina-
da população adscrita. Durante 2000-2005 foram rea- ção e exame de câncer bucal; cine PSF para crianças e
lizados 14.246 procedimentos odontológicos pra a semana das mães e futuras mães, com oficina de biscuit.
população adscrita. Conclusão: Estas atividades culturas estão produzido
mobilização da comunidade, conhecimento do pro-
grama de Saúde da Família, maior envolvimento da
equipe, motivação para trabalho e adesão dos pacien-
tes aos programas propostos. Foi possível realizar
ações coletivas preventivas com equipe multiprofis-
sional e obter uma maior adesão ao tratamento odon-
tológico, de forma a diminuir o índice de cárie dental,
através da utilização ferramentas leves.

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Biografia do Professor Ney Moares

Nasceu em: Santos (SP) no dia 28 de maio de 1934 e era filho de Ernesto Moraes e Luisa Moraes. Casou-se
com Elisabeth Moraes e teve dois filhos: Ruy Moraes e Ney Moraes Filho. Graduou-se em 18/12/1956 em O-
dontologia pela Faculdade de Odontologia de Campinas. Iniciou curso de medicina em 1957 e interrompeu em
1959 por razões particulares. Nesse período atuou como monitor durante as aulas de bioestatística na Escola
Paulista de Medicina. Em 07 de junho 1960 ingressou na carreira universitária assumindo a cadeira de Bioesta-
tística da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da USP. Suas primeiras publicações datam do período entre
1960 e 1963, como autor e co-autor. Em 1963 ingressou no curso de pós-graduação em Saúde Pública para Ci-
rurgiões-Dentistas. Interrompido por motivo de bolsa da Organização Mundial da Saúde para estudos na Stan-
ford University, California, EUA, posteriormente reconhecido pela Faculdade de Saúde Pública da Universida-
de de São Paulo (FSP-USP) com de pós-graduação. P ermaneceu junto a FSP-USP até 1966. Em 01/06/1966 foi
admitido na Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) para reger a cátedra
junto à cadeira de Odontologia Preventiva, onde instalou a cadeira de Higiene e Odontologia Preventiva (Odon-
to. Preventiva, Odonto. Sanitária e Bioestatística). Ministrou curso de pós-graduação em Bioestatística na FOB-
USP no mesmo ano. Em 1967 com auxílio de colegas implantou o Centro de Pesquisa e Reabilitação das Le-
sões Lábio-Palatais, origem do atual Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC). Em 1968
retornou a FSP-USP para concluir o mestrado. Em 1969 obteve o título de mestre em Saúde Pública. Em 1970
participou da criação dos cursos de pós-graduação da FOB-USP, inclusive ministrando aulas. Em 1971 obteve
seu título de Doutor em Ciências (Odontologia Sanitária). Em 1974 novamente como bolsista da OMS cursou
Epidemiologia na Universidade de Minnesota – EUA. Atuou em: Faculdade de Odontologia da Universidade
de Zulia – Venezuela; Escola de Saúde Pública, Universidade de Minessota – EUA e Universidade de Illinois –
Chicago – EUA e Departamento de Estomatologia da Universidade de Valle, Cali, Colômbia. Em 1977 (05/04)
tornou-se livre-docente lotado no Departamento. de Odontologia Social FOB-USP. Em 18/08/1978 passou a
exercer a função de Professor Adjunto no Departamento. de Odontologia Social da FOB-USP. De 05/02/1981 a
04/02/1983 foi afastado da FOB-USP para atuar como colaborador junto à Faculdade de Odontologia de Per-
nambuco em Camaragibe-PE. Findo o prazo, prorrogou-se este por mais cinco meses. Retornou à FOB-USP
ainda em 1983 reassumindo atividades regulares junto ao Departamento. de Odontologia Social. Em 1984 co-
ordenou a comissão de coordenação didática e colaborou na criação da FUNBEO. Em 1985 elaborou e apresen-
tou projeto de Curso de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Odontologia Preventiva e Social da FOB-
USP. Sendo aprovado, foi seu coordenador. Em 1986 participou de intensas ações comunitárias em nível regio-
nal. Em 1987 assessorou o ERSA 23 Bauru, da Secretaria Estadual da Saúde planejando e prestando consultoria
técnica em projetos. Em 1988 passou a integrar o Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário como
membro fundador e foi eleito para o Conselho desse centro. Em 25 de Janeiro de 1990 foi nomeado Professor
Titular do Depto. de Odontologia Social da FOB-USP. Faleceu em 06/04/1990 no Pronto Socorro Municipal de
Bauru em conseqüência de insuficiência respiratória causada por neoplasia maligna pulmonar.

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Instruções aos autores

Odontologia e Sociedade destina-se à divulgação de artigos originais que contribuam para o estudo e desenvolvimento da Odontologia Social,
Odontologia em Saúde Coletiva;Odontologia Legal, Bioética, Deontologia e áreas afins.

Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções:

Artigo: revisão crítica sobre temas pertinentes às áreas de abrangência ou resultado de pesquisa de natureza empírica, experimental ou
conceitual (máximo 8.000 palavras).

Opinião: parecer qualificado sobre tópico de interesse, a convite do Editor.

Nota Prévia: relato de resultados parciais ou preliminares de pesquisa (máximo: 2.000).

Resenha: apresentação crítica de livro relacionado ao campo temático da Revista, publicado recentemente e revisão de redes de comunica-
ção “on-line” de interesse.

Tese: resumo de tese ou dissertação de interesse, defendida no ultimo ano (máximo 200 palavras).

Carta: crítica a artigo publicado em fascículo anterior da Revista ou nota curta, relatando observações de campo ou laboratório (máximo
1.000).

Documentos: fotos, textos (máximo 2.000 palavras) e outros documentos de interesse para a história da Odontologia no Brasil.

Apresentação dos originais: Serão aceitas contribuições em português ou inglês. Os originais devem ser apresentados em espaço duplo e
submetidos em 3 vias. Devem ser enviados com uma página de rosto, na qual constará o título completo do artigo, nome (s) do (s) autor
(es) e de sua (s) respectiva (s) instituição (ões). Após a aprovação dos artigos, os autores devem enviar a versão final em disquete e uma
cópia impressa. O disquete deverá conter em sua etiqueta o nome do artigo, o autor principal e o (s) programa (s) usado (s) no trabalho
(somente programas compatíveis com DOS ou Windows). Fotos: não mande fotos digitalizadas em seu arquivo de texto. Anexe os originais,
em papel fotográfico, ao seu artigo. Fotos cujos originais estejam impressos em jato de tinta ou laser não serão aceitas pra publicação.

Resumo e palavra-chave: Artigos, Opinião e Nota Prévia deverão conter título, resumo e palavras-chave (máximo 200 palavras) em portu-
guês e em inglês.

Referências: Deverão ser organizadas de acordo com os exemplos abaixo. No texto, citar sobrenomes do autor e ano de publicação, como
em Diamond (1997) ou Bailey and Gatrell (1995). No caso de citações com mais de dois autores, somente o sobrenome do primeiro deverá
aparecer, seguido de et al. As referências citadas deverão ser listadas ao final do artigo, em ordem alfabética, de acordo com o sobrenome do
primeiro autor. Não devem ser abreviados títulos de periódicos, livros, editoras ou outros, podendo ser utilizadas as abreviações de títulos de
periódicos estabelecidas pelo MEDLINE. Devem constar os nomes de todos os autores.

Exemplos:

Artigo
Grembowski, D.; Milgron, P.; Fiset, L. (1991) Dental decision making and variations dentist service rates. Soc. Sc. Med. 32, 287-94.

Livro
Bailey, T.C.; Gatrell, A. C. (1995) Interactive Spatial Data Analysis. Essex: Longman. 413 p.

Tese
Gonçalves, A. C. S. (1998) Estimativa da idade em crianças baseada nos estágios de mineralizaçao dos dentes permanentes, com finalidade
odontolegal. Dissertação de Mestrado, São Paulo, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

Capítulo de livro
Diamond, I. (1997) Population conunts in small áreas. In Geographical & Environmental Epidemiology, eds. Elliott, P.: Cuzick, J.; English, D.;
Stern, R. p.96-105, Oxford: World Health Organization / Oxford University Press.

Endereço para correspondência: Odontologia e Sociedade, Faculdade de Odontologia da USP, Departamento de Odontologia Social, Av.
Prof. Lineu Prestes, 2227 - CEP: 05508-000 - São Paulo – SP, Brasil.

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Índice de autores
Antonio Carlos Frias, R046, R177, P178
Adilmo Henrique do Nascimento, R090 Antonio Carlos Pereira, P016
Adilson de Castro, R066 Antônio Franscisco Ton, P147
Adriana Almeida Jecks, R185, R180, R168 Antonio Marcos Araújo, R047, R031
Adriana Delboni Barreto, R002 Antonio Robles Junior, P041
Adriana Fernandes, R087 Any Aparecida de Carvalho, R048
Adriana Leandra Pianca, R070 Aracélie Mayerhoffer, P160, P174
Adriana Néri, R107 Aretusa de Paula Rodrigues, P113
Aglair Iglesias Duran, P099 Arnaldo Pomilio, P099
Aglair Iglesias Duran & Edgard Del Passo, R120 Arsenio Sales Peres, P148
Agnaldo Antonio da Silva, P003 Artênio José Isper Garbin, P172, P128, R044,
Albina Dolores Herbas Zapata, R176 R133, P117, P132, P157, P161, P042, P121,
P122, R118
Alessandra Fernandes Gonçalves Pavan, R044
Artur Aburad de Carvalhosa, R118
Alessandra Tavares Souza Antonio Carlos Frias,
R085 Artur Cerri, R081
Alexandra Cristina Pitol de Lara Basso, R142, Astrid Farinazzo, P089
R143, R144, R187 Avrum Koltiarenko, P073
Alexandre Avancine Giovelli, R170 Aylton Valseck Junior, P189, P151
Alexandre Takeshita, R039 Beatriz Balduino Ferraz da Silva, R059
Aline Arcanjo Gomes, R185, R180 Caio Marcio Fillippos, R037
Amélia Keiko Samoto, P011 Camila Benedini Martelli, R134
Ana Carolina da Graça Fagundes, P128, P132, Camila Vasconcelos Santana Prado, P189
P123 Camilo Anauatte Neto, R176
Ana Claudia Moutella Pimenta Giudice, R021 Carla Tambara, R108
Ana Karolina Zampronio Bassi, P147, P158 Carlos Botazzo, R111, P001, R104, P083, P167,
Ana Lucia Figueiredo Pessoa de Barros, R069 P100, R166
Ana Paula D. Libório, R087 Carlos Roberto Tencarte, R027
Ana Paula Dossi, P121, P122 Carolina Nunes de Oliveira Silva, R184
Ana Paula Martins de Freitas Tafner, P016 Carolina Pedrosa Brito, P123
Ana Valéria Pagliari, P154, P156, R165 Cássia Liberato Muniz Ribeiro, R036, R037
Anamaria Rímoli, R018 Catalina Riera Costa, R062, R077
Anderson Gomes Mota, R107 Ceci Queluz Venturini Nicolai, R175
André Luiz Menato, P178, R066 Célia Aparecida Ducci Fernandes Chaer, R002
Andréa Bruschi, R141 Célia Regina Sinkoç, R029, R032, R047
Andrezza Samaha Rabelo Lucchesi, P099 Celso Aquiles, R066
Ângela Cristina Nunes Calaça, R034 Celso Zilbovicius, P083
Angela Eloisa Rausch, P147 César Lopes Junior, P148
Angela Libert Alves, R168, R180, R185 Cézar Augusto Casotti, P156
Angela Maria Magosso Takayanagui, R119 Cíntia Garcia Mesquita, R087
Anna Letícia M. de O. Beck, R120 Clarice Sumie Ide, R170
Antonio Bento Alves de Moraes, P025 Claudia da S. Cora, P112

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Índice de autores 136

Claudia de Oliveira Ferreira, R126 Érica Ferrazzoli Devienne Leite, R170


Claudia P. D. Santos Mattos, R050 Eugênia Vereiski, R141
Claudio Massami Suzuki, P137 Fabiana Schneider Pires, R062, R077, R111, R104,
Cléa Adas Saliba Garbin, P128, P114, P152, R044, P167, R166
R133 Fabiano Jeremias, P151
Cléa Adas Saliba Garbin, R165, P117, P132, P157, Fabiano Tonaco Borges, R118
P161, P042, P121, P122, P123, R118 Fabiano Vieira Vilhena, P017
Clícia de Oliveira, P088 Fabio Antonio Villa Nova, P007, R006
Cristina Aparecida Ferreira, R120 Fábio Luiz Mialhe, P088
Cristina Berger Fadel, P171, P173 Fabio Masuko Carrion Alvarado, R081
Cristina Ramos da Silva, P113 Fabio Mialhe, R021
Cristine Alves Paz de Carvalho, P147 Fábio Moraes Moryiama, P102
Cynthia Andersen Sarti, P089 Fábio Renato Pereira Robles, P041
Dagmar de Paula Queluz, R059, P057, P067, P056, Fábio Silva de Carvalho, P147
P058
Fábio Silveira, R066
Dalila Aparecida Nogueira, R036, R037
Fabrício Lourenço Gebrin, P007, R006
Daniel Malagoli, R066, R080
Fausto Souza Martino, R141, R111, P167
Daniela Atili Brandini, P113
Federico MHH, P137
Daniela Coelho de Lima, P117, R133, P135, P136
Felipe Magalhães Bastos, R024
Daniela de Paula Silva, R106
Fernanda Barbosa Soukef, R029
Debora Sueli Correia Marques, P190
Fernanda Lopez Cunha, R106
Deborah Queiroz Freitas, P067
Fernanda Lopez Rosell, P151
Décio Masini, R062, R077
Fernanda Lúcia de Campos, R036, R037
Denise Maria de Oliveira, R071
Fernanda Rezende Gonçalves, R106
Dirce Sato Shimada, R035
Fernanda Vallim Leão, P138
Doralice Severo da Cruz, R036, R037, P038
Fernanda Vieira Bezerra, R118
Edgard Michel Crosato, P073, P008, P009
Flávia Chammas, R039
Ediane Moutinho, R145
Flávia Cristina Volpato, P151
Edna V. Rodrigues, P089
Flávia Maria Ramos, P067
Eduardo Roberto Montel, P026
Flávia Martão Flório, R064, R106
Edvane Aparecida Gonçalves Panegassi, R031
Grace V. L. Chan Rissato, P096
Edward Toshiyuki Midorikawa, R068
Gustavo Alexandre, R037
Elaine Cristina DiBlasio, R170
Gustavo Nicolini Fernandes, R120
Elaine Maria Sgavioli Massucato, R070
Helder Inocêncio Paulo de Sousa, P089
Elaine Pereira da Silva Tagliaferro, P105
Henri Menezes Kobayashi, R108, R149
Elaine Rodrigues Giusti, P096
Henrique Mendes Silva, P101, P148
Élcio Ferreira Trentin, R048
Hugo França, R066
Eleonora Cristina Albertin Scavassini, R081
I. Snitcovsky, P137
Eliana Aparecida dos Santos, R031
Iula Maria Bertolini, R186
Eliana Tikami de Lima Carvalho, R005
Jaime Luis Alonso, R048
Elisabeth Aparecida Salvador, P147
Jamyle Calencio Grigoletto, P065, R119
Eloiza Helena da Silva Brandão, P019, P139, R184
Janete Cinira Bregagnolo, P065
Emilia Beatriz Pires Mastrorosa, R069
Jaqueline Alves Lopes Sartori, P116
Emílio Carlos Souto, R186

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Índice de autores 137

Jeidson Antônio Morais Marques, P114, R165, Luciane Regina Gava Simioni, R074
P163 Luciano Martins, P026
João Francisco Franzé, R108, R149 Lucimary M. Silva, R046
João Henrique Borin Fabrice, P113 Luis Antonio Cherubini Carvalho, R111, R104,
João Paulo Coque, P147 P167, R166
Joice Santin, R064, R106 Luís Fernando Nogueira Tofani, P003
Joildo Guimarães Santos, R165 Luiz Antonio Corsi, R087
José Alberto Hatem Beneton, R024 Luiz Fabiano Bortolo, P088
José Carlos Alves, R068, R039, R145 Luiz Vicente Martino, R104, P167, R166
José Humberto de Melo Bezerra, R176 Luiz Vicente Souza Martino, R111
José Magno Alves dos Santos, P182, R091 Magali de Lourdes Caldana, P017, P084, P158
José Roberto de Magalhães Bastos, P147, P148, Máira Crstina de Oliveira Barros, P124
P158 Marcela Alessandra Bozzella, P014, P015, R013
José Roberto M Bastos, P017 Marcela Ferreira Machado, P099
José Roberto Pereira Lauris, P084, P101 Marcela Maia Fialho Laia, P099
Juliana Cama Ramacciato, R106 Marcelle Danelon, P123
Juliana de Oliveira Lopes, P124 Marcello Luis Bitencourt Baraldi, R150
Juliana Gobbo, P088 Marcelo Bacci Coimbra, R032, R047
Juliana Julianelli de Araújo, P084 Marcelo Bonjuani Pagan, R004
Juliana Mendes de Melo, R184 Marcelo Braga de Carvalho, R176
Juliana Vasilian Alti Barmakian, R187, R188 Marcelo de Castro Meneghim, P016
Julie Silvia Martins, P019, P093, P095, P139, Marcelo Meneghin, R021
P162, R090, R185, P138, P092, P102, R179,
R180, R184, P181, P182, R091, R168
Marcelo Souto Dante, R018
Júlio César Sandrini, P173 Márcia Bueno de Carvalho Maretti, R018
Karina Camillo Carrascoza, P025 Marco Antonio Manfredini, R024, P001
Karina Tonini dos Santos, R133, P135, P136 Marcus Vinicius Diniz Grigoletto, P093, P095,
P139, P162, R090, R168, P138, P092, P102,
Laerte Idal Sznelwar, R068 R179, P181
Laura Mendes Tomita, P025 Maria Aparecida de Oliveira, P096, P100
Laura Pereira Robles, P041 Maria Carolina Ribeiro da Silva, P092, P181,
Leandra F. Leitão, P112 P182, R091
Leila Amorim Mendes, P008, P009 Maria Claudia Galbiatti Abreu, P092, P181, P182,
Leila Aparecida Cheachire, R002 R091
Letícia Carvalho Coutinho Costa, P155 Maria Cristina Silveira Cerávolo, P056
Lídia Regina da Costa Hidalgo, P117 Maria da Candelária Soares, R036, R037, P038,
R039
Lídia Santarsiere, P124
Maria da Luz Rosário de Sousa, P105, R071
Lígia Nadal Zardo, P173
Maria de Lourdes Carvalho, R133, R165, P135
Lívia da Silva Bino, P169
Maria Ercilia de Araujo, P083
Lívia Guimarães Zina, P152, P163
Maria Gabriela Haye Biazevic, P008, P009, P073
Lorena Alves Coutinho, P088
Maria Helena Miguel Gonzalez, P014, P015, R013
Lourdes Cecília Ferreira de Freitas, R079
Maria Inêz F. Assis Bertachini, R070
Luciana H. Isuka, R046
Maria Isabel Aguilar, R150
Luciana Longo Zanella Alves, R031
Maria Lúcia Marçal Mazza Sundefeld, P060
Luciane Maria Pezzato, R120
Maria Odete Amorim Mendes, P008, P009

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Índice de autores 138

Mariângela Aparecida Pace, P065 Regina Auxiliadora Amorim Marques, R036, R037,
Mariângela Rodrigues Leal, R034 P020
Maricene Cerávolo de Melo Ferreira, R081 Regina Haddad Barrach, R186
Marisa Santini, R149 Regina Léa França de Held, R035
Maristela Vilas Boas Fratucci, R176, R177 Regina Maria Raffaele, P099
Marlívia Gonçalves de Carvalho Watanabe, P065, Renata de Almeida Pernambuco, P011
R134 Renata Regina Rissotto, P008, P009
Marta Tiemi Omuro, P178 Renata Reis dos Santos, P128, P132
Martino Carlo Mondeli, P147 Renato Herman Sundfeld, P136
Martins L, P137 Renato Maurício da Cruz, R141
Mauricio Flaminio Amato, R130 Renato Moreira Arcieri, R165, P135
Mayara Previdelli, P083 Renato Salviato fajardo, P113
Michele A. de Carvalho Moraes, P057, P057 Renato Sérgio Quintela, R176
Mirella Martins Justi, P113 Ricardo Féder Capello, P178
Monique Bourget, R108, R149 Ricardo Pianta Rodrigues da Silva, P147, P101,
Morettini MS, P137 P148
Nadja Almeida Ayres, R018 Ricardo Silveira, R066
Najara Barbosa da Rocha, P169, P172 Roberto A. C. Fernandez, P038
Nelly Foster Ferreira, P157, P161 Roberto Augusto Castellanos Fernandez, P020,
P041
Nemre Adas Saliba, P154, P156, P114, P152,
P169, R165, P060, P136, P163, P171 Rodrigo Rostodella, R120
Newton Luiz Ferreira, P157, P161 Ronald Jefferson Martins, P117, P132
Nidia Martinelli, R069 Rosana de Fátima Possobon, P025
Nilva T. Kitani, R098 Rosana Lappo, R143
Odaílton Corrêa, R062, R077 Rosana Leal do Prado, P114
Odete Pinto Scapolan, P112 Rosana M. Barbosa, P096
Olga Maria Agostinho Dias, R111 Rosângela Zanetti, R064
Olga Maria D. Pires, R098, P167 Rosemary Fátima Silva, R018
Orlando Saliba, P154, R165, P121, P122 Rui Barbosa de Brito Júnior, R064
Palmira Maria Marques Costa, R074 Rute Moreira de Freitas Sant'Anna, P084
Pascoal Almeida Gonçalves, R066 Sabrina Kuraoka Oda, P093
Patrícia Elaine Gonçalves, R044, P042 Sandra M. H. C. Ávila de Aguiar, P123
Patrícia Nieri Martins, R111, R104, P167, R166 Sérgio Donha Yarid, P158
Patrícia Paulino Pelegrini, R078 Sérgio Luiz de Souza, R027
Paula Andréa Massa, P182, R091 Sidnei Piccoli Alves, R047
Paula Vartui Eserian, R184 Silmara Regina da Silva, R039
Paulo Frazão, P190 Silvana Scaff Geraldes, R141
Perla Porto Leite Shitara, P124 Silvia Cypriano, P105, R120
Priscilla Torres Tagawa, P025 Silvia Helena de Carvalho Sales Peres, P147, P101,
P158, P084
Priscilla Yumi Nishimura, R075
Silvia Helena S. Peres, P017
Rafael Morais Bersan, R127
Sílvio Carlos Coelho de Abreu, P093, P095, P139,
Raquel Zaicaner, R142, R144, R188 P162, R090, R168, P138, P092, P102, R179,
Rebeca Silva de Barros, R111, R104, P083, P167, P181, R150
R166
Simone Augusta Marques Monteaperto, R144

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006


Índice de autores 139

Solange Almeida, P067 Tatiane Martins Jorge, P084, P158


Sonia Cristina Serpico Fernandes, R075 Tatyana Guedes Lugli, R120
Sonomi Miriam Yano Takita, R082, R062, R077 Teresa Martins, R107
Suzana Goya, P084, P101 Thiago Vidal Vianna, P112
Suzana Maria Velloso Dutra, P019, P139, R184 Tomio Iwata, P124
Suzely Adas Saliba Moimaz, P154, P156, P114, Valquíria C. Tinnelo Mainente, P112
P152, P169, P172, R165, P042, P135, P163 Vanessa Rocha Lima Shcaira, R106
Sylvia Lavinia Martini Ferreira, R081 Vera Lucia A. Miranda, P089
Symone Cristina Teixeira, P155 Viles da Silva Euzébio, R066
Talita Marconi, R120, P099 Viviane Azenha, R071
Tania Izabel B. Forni, P038 Vladen Vieira, P178, P038
Tanira Peres de Freitas, R185, R180 Walterson M.Prado, P096
Tatiana Bueno de Toledo, P058 Wanilda Maria Meira Costa Borghi, P060
Tatiana Razuk Beltramini, R186 Yara Janaina Viana Lima Lido, R059
Tatiane de França Santos, P095 Zuleika Milazzo Santos, R050

Revista Odontologia e Sociedade Maio de 2006

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