Relatorio004 2009
Relatorio004 2009
Vulnerabilidade Socioambiental
das Regiões Metropolitanas Brasileiras
Copyright © Marley Vanice Deschamps, 2009
Coordenação Geral
Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro
www.observatoriodasmetropoles.ufrj.br
O Observatório das Metrópoles tem como uma das suas principais características reunir Pro-
gramas de Pós-graduação em estágios distintos de consolidação, o que tem permitido virtuosa prá-
tica de cooperação e intercâmbio científico através da ampla circulação de práticas e experiências
acadêmicas. Por outro lado, o Observatório das Metrópoles procura aliar suas atividades de pesquisa
e ensino com a realização de atividades que contribuam para a atuação dos atores governamentais
e da sociedade civil no campo das políticas públicas voltadas para esta área.
APRESENTAÇÃO________________________________________________________________ 7
1 – INTRODUÇÃO_ ______________________________________________________________ 8
2 – ASPECTOS METODOLÓGICOS________________________________________________ 15
REFERÊNCIAS________________________________________________________________ 182
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho integra o projeto do Observatório das Metrópoles: Território, coesão social
e governança democrática, processo CNPq nº 420.272/2005-4, sob coordenação do Professor Dr.
Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro.
As atividades aqui desenvolvidas inserem-se na linha de pesquisa II - Dimensão socioespacial
da exclusão/integração nas metrópoles: estudos comparativos, no âmbito da sublinha “Análise da
relação entre a estruturação socioespacial e as desigualdades urbanas e ambientais”.
O presente relatório apresenta os procedimentos para a construção e aplicação de tipologias
de áreas intraurbanas nas Regiões Metropolitanas brasileiras, avançando na determinação de es-
paços marcados, por abrigar grupos populacionais socialmente vulneráveis e expostos a situações
de risco. Portanto, não só identifica desigualdades sociais, mas também verifica como estas se
associam com situações de desigualdade ambiental, ou seja, trata da questão mais específica de
vulnerabilidade socioambiental.
Nesse sentido, tem-se observado um crescimento diferenciado em determinados espaços
metropolitanos que marcam o aprofundamento da segregação socioespacial. Populações de baixa
renda têm ocupado, legal ou ilegalmente, áreas ambientalmente vulneráveis, estando, dessa forma,
expostas a um outro processo intraurbano: o da “segregação ambiental”.
Algumas indagações nortearam este estudo: a principal delas é se a degradação ambiental é
social e demograficamente seletiva ou se afeta de forma homogênea os diferentes grupos sociais;
quais seriam os elementos que mais contribuem na determinação da vulnerabilidade social; e ainda,
além da distribuição desigual dos diversos grupos sociais no espaço, se haveria uma distribuição
desigual dos danos ambientais.
O relatório está organizado em quatro seções, além desta apresentação. Na introdução são
abordadas questões específicas envolvendo aspectos conceituais acerca do termo vulnerabilidade
nas dimensões relativas ao presente estudo; a seção 2 apresenta a metodologia para a construção
das tipologias: vulnerabilidade social, risco ambiental e vulnerabilidade socioambiental, consideran-
do o conjunto de informações disponíveis para realização deste estudo.
Na terceira seção é realizada a análise dos resultados da aplicação da metodologia para cada
uma das dezessete Regiões Metropolitanas integrantes desse estudo, subdividindo cada análise em
três itens: a) vulnerabilidade social, b) risco ambiental, c) vulnerabilidade socioambiental. Finalmen-
te, a seção 4 traz uma síntese comparativa das condições de vulnerabilidade socioambiental para
as regiões estudadas.
Para a construção das tipologias, o estudo faz uso de uma base de informações organizada
por Áreas de Ponderação do Censo Demográfico de 2000 (AEDs), formadas por um agrupamento
mutuamente exclusivo de setores censitários, que permitiu a análise em um nível intraurbano, dife-
renciando assim, as populações mais ou menos afetadas dentro de cada área estudada, mostrando
que espaços supostamente homogêneos contêm em seu interior diferenças significativas.
... possibilitou o emprego da terminologia socioambiental, e este termo não explicita somente
a perspectiva de enfatizar o envolvimento da sociedade como elemento processual, mas é também
decorrente da busca de cientistas naturais a preceitos filosóficos e da ciência social para compreen-
der a realidade numa abordagem inovadora (MENDONÇA, F. 2002, p.126).
1 Entre eles destacam-se: Kaztman (1999, 2000 e 2001); Rodriguez (2000 e 2001); Pizarro (2001) e, Bustamante (2000).
2 Os eventos potencialmente danosos são distintos – fome, queda abrupta no comércio ou finanças, psicopatologias, inundações
- mas, em geral, possuem um aspecto comum: são relativamente limitados e específicos.
a) Estrutura familiar
No plano de formação das famílias, são assinalados dois fenômenos que tendem a acentuar
a vulnerabilidade demográfica: o incremento da uniparentalidade,6 (uma família formada por chefe
e cônjuge estaria em melhores condições para atender satisfatoriamente aos aspectos emocionais,
financeiros, de tempo, e de trabalho para a manutenção de um lar com dependentes menores); o
aumento na proporção de mulheres chefes de família7 (estas teriam maiores dificuldades para seu
desenvolvimento quotidiano).
b) Ciclo de vida
As famílias que se encontram nas etapas finais do ciclo (por restrições biológicas), e nas eta-
pas iniciais (pela falta de experiência) tenderiam a apresentar maiores dificuldade para dispor de
ativos. No caso das famílias de formação recente, as dificuldades seriam para manter e/ou manejar
os ativos e no caso das famílias nas etapas finais de seu ciclo, pelo esgotamento das reservas ou
pela perda de habilidade.
No caso dos chefes de família adolescentes ou muito jovens, o grau de vulnerabilidade pode
ser variado, dependendo do motivo da chefatura, se por paternidade, se por saída espontânea da
residência dos pais, ou ainda, por uma saída passageira, por motivos de estudo, por exemplo. Já, a
condição de chefes idosos pode estar relacionada à transição demográfica. Assim, áreas com gran-
de percentagem de idosos tendem a ter mais lares chefiados por idosos, e a renda desses chefes
pode ter níveis superiores à média, pois estariam colhendo frutos de uma trajetória laboral prévia.
Nesse sentido, Rocha (2003) afirma que no Brasil existem suficientes evidências empíricas de que
os idosos se beneficiam de uma série de mecanismos políticos que permitem que, como grupo etá-
rio, seja aquele para o qual a incidência de pobreza é baixa.
5 Organizados por Rodriguez (2000) em seu estudo para a América Latina: “Vulnerabilidad demográfica: una faceta de las des-
ventajas sociales”.
6 Tendência que vem aumentando, em especial nos países desenvolvidos, como reflexo do aumento no índice de divórcios.
7 Este aspecto, ao mesmo tempo em que reflete um fortalecimento da posição da mulher, pode ser tomado como um risco,
dependendo do tipo de chefatura. Por exemplo, a chefatura de mulheres idosas, por circunstância da morte do marido, é bem
distinta da chefatura de mulheres em idade reprodutiva e com filhos menores provocada pela dissolução do casamento.
Neste estudo, as unidades de referência são famílias ou pessoas morando numa mesma área,
e o risco é abordado em seu aspecto negativo, já que, combinado com adversidade, é causador de
danos a determinado segmento da sociedade (os riscos, na sociedade atual, podem tanto causar
danos como gerar novas oportunidades).
Para fins deste estudo são utilizados somente dados secundários disponibilizados pelo IBGE
no Censo Demográfico de 2000, possibilitando trabalhar as informações numa escala espacial me-
nor que o município: Áreas de Ponderação, que são unidades geográficas formadas por um agru-
pamento mutuamente exclusivo de setores censitários. O agrupamento foi realizado obedecendo a
alguns critérios, tais como tamanho, em termos de domicílios e de população, de forma que garan-
tisse a expansão da amostra sem perder sua representatividade; contiguidade, garantindo o senti-
do geográfico; e homogeneidade, em relação a um conjunto de características populacionais e de
infraestrutura conhecidas.8 As Áreas de Ponderação, ou Áreas de Expansão (AED), são portanto,
as unidades geográficas trabalhadas neste estudo, garantindo a utilização de todas as informações
levantadas pelo recenseamento de 2000.
8 Os detalhes sobre a conformação das Áreas de Ponderação podem ser consultados na Documentação dos Microdados da
Amostra - IBGE - nov. 2002.
Taxa de analfabetismo da população de 15 anos Razão entre o número de pessoas de 15 anos e mais que não
e mais (V14) sabem ler e o total de pessoas de 15 anos e mais de idade
A escolha das variáveis para a determinação do grau de vulnerabilidade social de cada uma
das áreas se deu em função das premissas conceituais descritas anteriormente. Nesse sentido, fo-
ram escolhidas algumas variáveis que indicam desvantagens sociais, relativas a grupos de pessoas
e unidades domésticas, que podem se referir tanto a famílias como a domicílios e, em alguns casos,
o agrupamento de pessoas. A importância dada às características sociodemográficas relativas à
unidade familiar tem por pressuposto que, na sociedade moderna, determinadas características das
famílias limitam a acumulação de recursos.
As variáveis com os componentes econômicos, sociais e demográficos, a escala de domicílios,
famílias ou grupos de pessoas foram traduzidos em vinte indicadores, apresentados no quadro 1.
Risco ambiental, para este estudo, está representado pela falta de saneamento básico ade-
quado, sendo que, quanto maior a proporção de domicílios nesta condição, dentro de cada AED,
maior o risco.
Considerou-se domicílio com inadequação geral aquele em que foi observada a ausência com-
binada dos três serviços básicos: água canalizada em pelo menos um cômodo, esgotamento sanitá-
rio por rede geral ou fossa séptica e coleta de lixo. Quanto ao abastecimento de água, considerou-se
como inadequado aquele domicílio servido por rede geral, mas canalizada só na propriedade ou
terreno, servido por poço, nascente ou outra forma. Quanto ao escoamento sanitário, considerou-se
como inadequado aquele domicílio cujo escoamento se dá em fossa rudimentar, vala, rio, lago, mar
ou outro escoadouro. Quanto à coleta de lixo, considerou-se como inadequado aquele domicílio que
não é atendido por serviço de limpeza ou caçamba.
As variáveis de saneamento constituem-se em uma boa proxy da qualidade do ambiente cons-
truído, no que se refere ao provimento de condições adequadas a uma vida humana saudável: por
um lado, sabe-se que a ausência de condições adequadas de saneamento tem importante reba-
9 A descrição exaustiva desses dois métodos encontra-se em: IGNÁCIO, Sérgio A. Tipologia dos municípios paranaenses, segun-
do indicadores socioeconômicos e sociodemográficos – uma análise estatística. Curitiba: PUCPR, 2002.
10 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
11 Valores próprios da matriz de correlação, raiz característica ou Eingevalue. (IGNÁCIO, 2002).
12 Rotação ortogonal que permite que os coeficientes de correlação entre as variáveis e os fatores comuns fiquem o mais próximo
possível de zero, 1 ou –1, facilitando, assim, sua interpretação (IGNÁCIO, 2002).
Dadas as limitações quanto à utilização da variável “risco ambiental”, principalmente por este
estudo necessitar de uma única variável para efeitos de comparabilidade, optou-se por determinar
o maior ou menor risco, dentro de cada área, de acordo com a maior ou menor concentração de
domicílios em condições inadequadas de saneamento. A construção das categorias encontra-se no
quadro 2 abaixo:
13 Segundo Anderberg (1973), este é o método mais usual e baseia-se em duas premissas básicas: coesão interna das unidades
observacionais e isolamento externo entre os grupos. O cálculo das distâncias entre as unidades observacionais baseia-se na
distância Euclidiana. Parte-se do princípio de que a similaridade entre uma unidade observacional e outra (em um plano, por
exemplo) é dada pela distância entre essas duas unidades observacionais, segundo a posição que cada uma ocupa nos dois ei-
xos, medida por qualquer variável considerada significativa para o processo de diferenciação entre as unidades observacionais
(Apud IGNÁCIO, 2002).
a) Vulnerabilidade social
A RM de São Paulo é composta por 39 municípios subdivididos em 812 AEDs, das quais 456
(56%) estão no município de São Paulo. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores
de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 1.1, A 1.2 e A 1.3
(anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de São Paulo aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de
cada variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de São Paulo.
Em relação aos indicadores de desvantagens sociodemográficas e socioeconômicas, a RM de
São Paulo apresenta resultados geralmente melhores do que a média das regiões metropolitanas
onsideradas neste estudo14. Dos três indicadores em relação aos quais a RM de São Paulo apre-
senta maior valor que a média15, dois (V2 e V9) se referem à sua estrutura demográfica, que, como
outras das regiões Sul e Sudeste do país, é marcada por um processo mais intenso de envelheci-
mento da população; entretanto, trata-se de um grupo cuja capacidade de fazer frente a certos riscos
é menor, principalmente quando à condição etária, aliam-se outras desvantagens sociais. Mas é em
relação à condição domiciliar (V20) que a situação desta RM mostra-se mais precária, com cerca de
1/3 de seus domicílios sendo considerados inadequados do ponto de vista da densidade por cômo-
dos (tabela 1.1).
Por outro lado, em relação à questão da chefatura de família por menores, geralmente asso-
ciada à questão da experiência reprodutiva de adolescentes (V6), a situação da RM de São Paulo
mostra-se mais favorável. O mesmo verifica-se em relação ao analfabetismo de jovens e adultos
(V14) e, principalmente, quanto aos rendimentos do trabalho (V12); enquanto nesta RM 7,2% dos
trabalhadores ganham até 1 salário mínimo, a média das RMs é de 20,6%. Na realidade, no que se
refere às variáveis V6, V7 e V12, São Paulo apresenta a melhor situação relativa entre as 17 RMs
consideradas neste estudo.
Em relação ao significado destes indicadores, há que se ressaltar que as taxas, mesmo que
pequenas, podem envolver milhões de pessoas em situação de precariedade, fato este, que vale
para todas as RMs, principalmente para aquelas mais populosas, particularmente a de São Paulo.
14 Vale lembrar que, além de São Paulo, 16 regiões metropolitanas são objeto deste estudo.
15 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM de São Paulo e a do conjunto de RMs.
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,642 0,504 -0,096 0,598 0,616 0,600 0,364 0,527 0,610 0,623
V2 -0,774 -0,497 0,413 -0,727 -0,762 -0,762 -0,377 -0,556 -0,826 -0,840
V3 -0,650 -0,525 0,156 -0,656 -0,682 -0,684 -0,249 -0,398 -0,644 -0,696
V4 0,929 0,697 -0,136 0,875 0,904 0,899 0,482 0,629 0,876 0,905
V5 0,877 0,656 -0,083 0,831 0,857 0,845 0,514 0,622 0,808 0,840
V6 0,714 0,512 -0,203 0,710 0,740 0,730 0,442 0,646 0,728 0,758
V7 0,923 0,697 -0,206 0,892 0,924 0,912 0,500 0,687 0,906 0,940
V8 0,921 0,662 -0,255 0,871 0,906 0,902 0,449 0,643 0,917 0,947
V9 -0,788 -0,527 0,408 -0,749 -0,790 -0,798 -0,387 -0,571 -0,846 -0,866
V10 0,939 0,686 -0,208 0,885 0,915 0,906 0,462 0,649 0,911 0,943
V11 1,000 0,740 -0,128 0,895 0,915 0,899 0,505 0,645 0,880 0,900
V12 0,740 1,000 0,190 0,714 0,700 0,680 0,301 0,429 0,627 0,608
V13 -0,128 0,190 1,000 -0,081 -0,125 -0,144 -0,005 -0,102 -0,286 -0,276
V14 0,895 0,714 -0,081 1,000 0,958 0,939 0,510 0,675 0,833 0,868
V15 0,915 0,700 -0,125 0,958 1,000 0,986 0,529 0,695 0,882 0,920
V16 0,899 0,680 -0,144 0,939 0,986 1,000 0,499 0,670 0,879 0,922
V17 0,505 0,301 -0,005 0,510 0,529 0,499 1,000 0,575 0,433 0,466
V18 0,645 0,429 -0,102 0,675 0,695 0,670 0,575 1,000 0,618 0,650
V19 0,880 0,627 -0,286 0,833 0,882 0,879 0,433 0,618 1,000 0,931
V20 0,900 0,608 -0,276 0,868 0,920 0,922 0,466 0,650 0,931 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos fatores e entre si são apresentadas na
tabela 1.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que com-
põem cada fator.
17 No caso da RM de São Paulo, quatro variáveis (V1, V3, V17 e V18) não foram consideradas na determinação dos fatores devido
à sua comunalidade ser abaixo de 60% (tabela A.1.4).
FATOR COMUM
VARIÁVEL
1 2
V2 -0,794 0,493
V4 0,952 -0,104
V5 0,908 -0,041
V6 0,762 -0,219
V7 0,955 -0,189
V8 0,947 -0,265
V9 -0,820 0,475
V10 0,959 -0,203
V11 0,956 -0,069
V12 0,797 0,333
V13 -0,036 0,936
V14 0,941 -0,013
V15 0,961 -0,072
V16 0,949 -0,096
V19 0,900 -0,275
V20 0,926 -0,272
FONTE: Dados da pesquisa
O fator 1 reúne 15 das 16 variáveis utilizadas para a determinação dos fatores, todas com
elevado grau de correlação. Com exceção das duas variáveis relacionadas à presença de idosos,
cujo sentido da correlação é negativo, as demais apontam para uma conjunção de componentes de
desvantagem social: famílias numerosas, com filhos menores e, em alguns casos, com adolescentes
com experiência reprodutiva, geralmente estão relacionadas com pobreza, déficits educacionais e
condição domiciliar inadequada.
O segundo fator isolou a variável correspondente à informalidade do trabalho, a qual, porém,
não apresenta correlação expressiva com nenhuma das demais variáveis.
O resultado final da análise fatorial encontra-se resumido na tabela A 1.5, a qual apresenta os
valores dos escores fatoriais para cada área estudada, estimados pelo método de regressão, bem
como o escore fatorial final e o índice final que informa a posição de cada uma das áreas em relação
à área com índice final máximo (AED 3550308999016, correspondente a uma parte da Bela Vista,
localizada na área central do município de São Paulo), a qual apresenta a melhor situação em rela-
ção à vulnerabilidade. A AED 3545001001001, localizada em Salesópolis, apresenta a pior situação
em termos de vulnerabilidade social.
A partir do índice de classificação de cada uma das áreas, procedeu-se à análise de agrupa-
mentos das mesmas, identificando-se grupos os mais homogêneos possíveis dentro da RM de São
Paulo. O resultado do agrupamento é apresentado no quadro 1.1 e a tabela A 1.6 exibe o índice final
e os respectivos grupos em que foram alocadas as 812 áreas.
1 11 Altíssima vulnerabilidade
2 48 Alta vulnerabilidade
A maioria das áreas da RM de São Paulo enquadra-se nos grupos de melhor condição social;
o grupo de média para baixa vulnerabilidade reúne o maior número de áreas, representando 28,8%
do total, e os de baixa e baixíssima, juntos, agregam 45,1%. A distribuição geográfica dos grupos
pode ser visualizada na figura 1.1, abaixo.
Apenas 59 foram classificadas como de alta ou altíssima vulnerabilidade, 7,3% do total de
áreas. Em boa medida, essas áreas se encontram em municípios que compõem o anel externo da
região metropolitana. Porém, na cidade de São Paulo estão localizadas duas áreas de altíssima
vulnerabilidade (parte da Vila Jacuí, na zona leste, e Marsilac, no extremo sul da cidade) e 10 de
alta vulnerabilidade, a maioria destas, também, nas zonas lestes (Jardim Helena, Itaim Paulista, Vila
Curuça e Cidade Tiradentes) e sul (Jardim Ângela, Parelheiros e Grajaú).
As áreas classificadas como média baixa estão distribuídas por 24 municípios, sendo que
55% delas localizam-se no polo metropolitano. Em relação às áreas de baixa e baixíssima vulnera-
bilidade, sua distribuição geográfica é mais restrita, encontrando-se em apenas 14 e 9 municípios,
respectivamente. A concentração na cidade de São Paulo é ainda maior, ultrapassando 2/3 do total
das áreas desses dois grupos. Fora de São Paulo, essas áreas estão concentradas na região do
ABC paulista.
Essa distribuição espacial das áreas concentradoras de população, de acordo com sua condi-
ção em relação à vulnerabilidade social, mostra claramente um processo excludente, em que aquela
população em condições de mais alta vulnerabilidade social reside em áreas mais afastadas do
centro metropolitano ou em áreas periféricas deste.
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expressa pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento18, implicando uma situação de risco, observa-se uma situação mais des-
favorável comparativamente àquela observada no item anterior, pois aumenta o número de áreas
classificadas nos grupos de médio alto até altíssimo risco ambiental, os quais reúnem quase 40%
do total de áreas. Verifica-se, inclusive, que mesmo em São Paulo, há um maior número de áreas
classificadas nesses grupos de maior risco ambiental. Estas estão concentradas nas zonas leste e
sul, mas também estão presentes em espaços mais centrais (quadro 1.2 e figura 1.2). Em São Paulo,
as duas áreas consideradas de altíssimo risco ambiental são o Grajaú e a Vila Jacuí.
18 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
1 21 Altíssimo risco
2 95 Alto risco
6 94 Baixíssimo risco
0 10 Sem denominação
No outro extremo, quase 60% das áreas foram classificadas na condição de média baixa até
baixíssima vulnerabilidade. A grande maioria delas (327, num total de 481), localizada no município
de São Paulo. E nesse caso, também esse tipo de área, além do município polo, está concentrado
no ABC, Osasco e Guarulhos.
Na leitura espacial desse fenômeno, observa-se uma clara situação de segregação socioespa-
cial, em que, mais uma vez, são as áreas centrais do município polo que reúnem as condições de mais
baixo risco ambiental e a situação fica mais crítica à medida que as áreas se afastam desse ponto.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de São Paulo em relação à vulnerabilidade socioambiental:
As piores situações, aquelas classificadas no quarto quadrante somam a segunda maior con-
centração de áreas, 24,7% do total, sendo que das 198 áreas ali inseridas, 1/3 está em São Paulo.
As áreas em situação mais crítica, aquelas com altíssima vulnerabilidade social e altíssimo risco
ambiental, são: Vila Jacuí, em São Paulo, Salesópolis e parte de Moji das Cruzes, envolvendo sua
área rural.
Um total de 123 áreas (15,3%) estão no segundo quadrante, ou seja, famílias ou pessoas em
situação de baixa vulnerabilidade social residindo em áreas com falta de infraestrutura de saneamen-
to, a maior parte localizada no polo metropolitano. Apenas 6 áreas foram classificadas no terceiro
quadrante.
a) Vulnerabilidade social
A RM do Rio de Janeiro é composta por 20 municípios subdivididos em 412 AEDs, das quais
170 (41%) estão no município do Rio de Janeiro. Para cada uma das áreas foram calculados os
indicadores de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 2.1, A
2.2 e A 2.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de vul-
nerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à RM do
Rio de Janeiro aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM do Rio de Janeiro.
Por outro lado, as AEDs são mais homogêneas (menor CV) principalmente quanto à informa-
lidade das ocupações (V13), situação de .metade dos ocupados desta RM, chefatura feminina sem
cônjuge (V3) e participação de crianças na população total (V8).
19 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM do Rio de Janeiro e a do conjunto de RMs.
20 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,589 0,460 0,253 0,557 0,564 0,563 0,407 0,567 0,538 0,585
V2 -0,724 -0,659 -0,397 -0,671 -0,719 -0,726 -0,479 -0,597 -0,741 -0,795
V3 -0,612 -0,648 -0,570 -0,657 -0,686 -0,687 -0,386 -0,524 -0,611 -0,612
V4 0,895 0,740 0,507 0,823 0,820 0,815 0,614 0,692 0,793 0,849
V5 0,814 0,675 0,486 0,781 0,775 0,770 0,597 0,640 0,732 0,779
V6 0,729 0,606 0,329 0,700 0,723 0,722 0,515 0,656 0,718 0,739
V7M 0,921 0,849 0,539 0,874 0,911 0,916 0,606 0,759 0,910 0,922
V8 0,931 0,816 0,494 0,851 0,881 0,890 0,600 0,738 0,894 0,940
V9 -0,764 -0,700 -0,391 -0,687 -0,740 -0,754 -0,476 -0,610 -0,785 -0,840
V10 0,946 0,819 0,510 0,869 0,889 0,896 0,616 0,745 0,889 0,933
V11 1,000 0,867 0,544 0,875 0,906 0,906 0,639 0,729 0,891 0,907
V12 0,867 1,000 0,708 0,796 0,844 0,837 0,471 0,611 0,835 0,787
V13 0,544 0,708 1,000 0,593 0,606 0,582 0,364 0,393 0,489 0,430
V14 0,875 0,796 0,593 1,000 0,966 0,952 0,647 0,773 0,797 0,791
V15 0,906 0,844 0,606 0,966 1,000 0,987 0,658 0,788 0,858 0,845
V16 0,906 0,837 0,582 0,952 0,987 1,000 0,646 0,788 0,859 0,854
V17 0,639 0,471 0,364 0,647 0,658 0,646 1,000 0,640 0,553 0,618
V18 0,729 0,611 0,393 0,773 0,788 0,788 0,640 1,000 0,687 0,728
V19 0,891 0,835 0,489 0,797 0,858 0,859 0,553 0,687 1,000 0,916
V20 0,907 0,787 0,430 0,791 0,845 0,854 0,618 0,728 0,916 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 2.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
21 No caso da RM do Rio de Janeiro, todas as variáveis apresentaram comunalidade acima de 60%, não havendo necessidade de
retirada de nenhuma delas para a determinação dos fatores (ver tabela A 2.4).
O resultado final pode ser visualizado na figura 2.1 abaixo. Antes de verificar a distribuição
geográfica desses agrupamentos, cabe uma comparação desse resultado com o verificado na RM
de São Paulo, por se tratar das duas maiores regiões metropolitanas brasileiras. Enquanto no Rio de
Janeiro 35% das áreas enquadram-se nos grupos de alta e altíssima vulnerabilidade, este percentual
foi, na RM de São Paulo, de apenas 7%; o contrário ocorre em relação às áreas de menor vulne-
rabilidade (baixa e baixíssima), respectivamente 24% e 50%. Considerando-se os componentes da
vulnerabilidade social, a principal desvantagem da RM do Rio de Janeiro relaciona-se aos dois indi-
cadores de renda (familiar e do trabalho); há que se considerar, também, a maior presença relativa,
nesta RM, de adolescentes com experiência reprodutiva e de idosos na população total, apesar de,
no caso desta última variável, os resultados da análise fatorial (ver tabela 2.3) não apontarem para a
associação com os componentes de desvantagem socioeconômica.
As 65 áreas classificadas como de altíssima vulnerabilidade social estão distribuídas em 12
dos 20 municípios da RM do Rio de Janeiro, em um arco que vai de Tanguá, a leste da região, até
Itaguaí, a oeste. Na cidade do Rio de Janeiro estão localizadas 11 dessas áreas, dentre as quais
as favelas da Rocinha, Acari, Complexo do Alemão e o da Maré. Niterói não possui nenhuma área
nesse grupo. Outras 79 áreas foram classificadas como de alta vulnerabilidade social, sendo 16 lo-
calizadas na cidade do Rio (Campo Grande, Guaratiba, Jacarepaguá/Cidade de Deus, Jacarezinho,
Vigário Geral, entre outras) e duas em Niterói (Cafuba/Cantagalo/Jacaré e Viradouro/Ititioca/Sape).
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento22, implicando uma situação de risco, 54% das áreas foram classificadas
como de médio baixo até baixíssimo risco ambiental (quadro 2.2), um quadro mais favorável do que
o observado em relação à vulnerabilidade social – 45% do total de áreas. Entretanto, esse melhor
desempenho deve-se basicamente aos resultados verificados na cidade do Rio de Janeiro, que pos-
suí aproximadamente 90% de suas áreas classificadas nos grupos de menor risco ambiental (tabela
A 2.7, em anexo).
22 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
No outro extremo, quase 46% das áreas foram classificadas na condição de médio alto até al-
tíssimo risco. Das 189 áreas nessas condições, apenas 20 estão na cidade do Rio de Janeiro, sendo
que nenhuma foi enquadrada como de altíssimo risco e apenas 4 como de alto risco ambiental: Se-
petiba, Rocinha, Jacarepaguá, Camorim/Vargem Pequena/Vargem Grande e Guaratiba (figura 2.2).
Na leitura espacial desse fenômeno, observa-se uma clara situação de segregação socioespa-
cial, em que, mais uma vez, são as áreas centrais do município polo que reúnem as condições de mais
baixo risco ambiental e a situação fica mais crítica à medida que as áreas se afastam desse ponto.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 2.8 em anexo e resumidas no quadro 2.3.
VULNERABILIDADE SOCIAL
RISCO AMBIENTAL
Baixíssima Baixa Média baixa Média alta Alta Altíssima
Baixíssimo 32 2
Baixo 5 51 26
Médio baixo 8 51 34 10 3
Médio alto 2 33 27 8
Alto 1 2 10 26 23
Altíssimo 2 2 7 16 30
FONTE: Dados da pesquisa
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situações
das áreas da região metropolitana do Rio de Janeiro em relação à vulnerabilidade socioambiental:
Apenas 12% das 180 áreas do último quadrante localizam-se no município polo, mas dentre elas
há grandes favelas como a da Rocinha, Complexo do Alemão, Vigário Geral e Parada de Lucas.
Um aspecto importante refere-se ao enquadramento de 47 áreas no terceiro quadrante. São
áreas que foram consideradas de alta vulnerabilidade social, mas que apresentam um quadro mais
favorável quanto à infraestrutura de saneamento. Mais da metade delas (26) está no polo metro-
politano, incluindo algumas áreas do subúrbio carioca, mas também importantes favelas, como o
Complexo da Maré.
a) Vulnerabilidade social
A RM de Belo Horizonte é composta por 33 municípios subdivididos em 147 AEDs, das quais
58 (39,5%) estão no município de Belo Horizonte. Para cada uma das áreas foram calculados os
indicadores de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 3.1, A
3.2 e A 3.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de vul-
nerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à RM de
Belo Horizonte aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Belo Horizonte.
23 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM de Belo Horizonte e a do conjunto de RMs.
24 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,587 0,340 -0,098 0,493 0,453 0,440 0,275 0,462 0,460 0,615
V2 -0,407 -0,023 0,463 -0,251 -0,266 -0,268 -0,240 -0,308 -0,545 -0,653
V3 -0,555 -0,465 -0,085 -0,531 -0,567 -0,565 -0,381 -0,513 -0,625 -0,503
V4 0,912 0,772 0,171 0,868 0,880 0,888 0,662 0,773 0,840 0,847
V5 0,874 0,806 0,270 0,853 0,871 0,879 0,661 0,739 0,791 0,776
V6 0,658 0,409 -0,133 0,577 0,561 0,554 0,297 0,490 0,640 0,716
V7 0,906 0,666 -0,027 0,806 0,825 0,823 0,580 0,785 0,903 0,909
V8 0,884 0,610 -0,098 0,775 0,781 0,786 0,545 0,735 0,895 0,917
V9 -0,525 -0,184 0,392 -0,377 -0,395 -0,408 -0,313 -0,409 -0,667 -0,734
V10 0,915 0,654 -0,041 0,815 0,816 0,815 0,565 0,761 0,891 0,910
V11 1,000 0,824 0,207 0,931 0,928 0,921 0,656 0,800 0,859 0,853
V12 0,824 1,000 0,601 0,881 0,917 0,920 0,620 0,734 0,695 0,537
V13 0,207 0,601 1,000 0,366 0,415 0,401 0,333 0,279 0,006 -0,140
V14 0,931 0,881 0,366 1,000 0,964 0,960 0,615 0,767 0,780 0,730
V15 0,928 0,917 0,415 0,964 1,000 0,992 0,677 0,815 0,819 0,731
V16 0,921 0,920 0,401 0,960 0,992 1,000 0,659 0,799 0,832 0,739
V17 0,656 0,620 0,333 0,615 0,677 0,659 1,000 0,725 0,528 0,537
V18 0,800 0,734 0,279 0,767 0,815 0,799 0,725 1,000 0,693 0,678
V19 0,859 0,695 0,006 0,780 0,819 0,832 0,528 0,693 1,000 0,878
V20 0,853 0,537 -0,140 0,730 0,731 0,739 0,537 0,678 0,878 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 3.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
O fator 1 combina fundamentalmente o tamanho da família com nove dos dez indicadores
socioeconômicos relacionados com pobreza e desvantagens educacionais. No que se refere aos
componentes demográficos, destacam-se três variáveis: famílias marcadas pelo elevado número de
filhos e de membros e a parturição entre mulheres jovens.
Os fatores 2 e 3 especificam a situação de famílias chefiadas por idosos, por mulheres sem o
cônjuge ou por menores, que não se encontram, necessariamente, em desvantagem socioeconômica.
O resultado final da análise fatorial encontra-se resumido na tabela A 3.5, a qual apresenta os va-
lores dos escores fatoriais para cada área estudada, estimados pelo método de regressão, bem como
o escore fatorial final e o índice final que informa a posição de cada uma das áreas em relação à área
com índice final máximo (AED 3106200999006 localizada em Belo Horizonte, na área Centro/Barro
Preto), a qual apresenta a melhor situação em relação à vulnerabilidade. A AED 3136603001001, mu-
nicípio de Nova União, apresenta a pior situação em termos de vulnerabilidade social.
A partir do índice de classificação de cada uma das áreas, procedeu-se à análise de agrupa-
mentos das mesmas, identificando-se grupos os mais homogêneos possíveis dentro da RM de Belo
Horizonte. O resultado do agrupamento é apresentado no quadro 3.1 e a tabela A 3.6 exibe o índice
final e os respectivos grupos em que foram alocadas as 147 áreas.
1 29 Altíssima vulnerabilidade
2 51 Alta vulnerabilidade
3 31 Média para alta vulnerabilidade
4 26 Média para baixa vulnerabilidade
5 8 Baixa vulnerabilidade
6 2 Baixíssima vulnerabilidade
FONTE: Dados da pesquisa
O resultado final pode ser visualizado na figura 3.1 abaixo. A maioria dos municípios da RM de
Belo Horizonte encontra-se em condições de média alta até altíssima vulnerabilidade social, perfa-
zendo um total de 111 áreas (75,5%).
Os municípios de Belo Horizonte e Contagem são os únicos que apresentam áreas de média
baixa à baixíssima vulnerabilidade, perfazendo um total de apenas 36 áreas (24,5%). Das áreas em
condições de média baixa vulnerabilidade, 19 encontram-se no município de Belo Horizonte e 9,
no município de Contagem, mais especificamente na porção sudeste, limítrofe com Belo Horizonte
(Riacho Velho, Contagem-Centro/Conj. Bernardo Monteiro, Amazonas/Inconfidentes/Bairro Indus-
trial, Novo Eldorado/Industrial, Eldorado/JK, Santa Cruz/Glória, Eldorado).
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento25, implicando uma situação de risco, a situação da RM de Belo Horizonte é
mais favorável, pois 61% das áreas foram classificadas como de médio baixo até baixíssimo risco
ambiental, conforme quadro 3.2 e tabela A 3.7, em anexo.
1 9 Altíssimo risco
2 20 Alto risco
5 34 Baixo risco
6 19 Baixíssimo risco
0 0 Sem denominação
No outro extremo, 39% das áreas foram classificadas na condição de médio alto até altíssimo
risco, a grande maioria localizada fora do município Belo Horizonte. No caso do polo, apenas seis
áreas não foram incluídas entre os grupos de menor risco, tendo sido classificadas como médio para
alto risco: Taquaril/Saudade, Vila Cafezal, Gorduras, Solimões/Jardim Felicidade, Engenho Noguei-
ra/Jardim Montanhês e Mantiqueira/Comerciários (figura 3.2).
As nove áreas consideradas de altíssimo risco ambiental, onde mais de 80% dos domicílios
apresentavam condições inadequadas de saneamento, estão distribuídas em sete municípios: Be-
tim (Alterosas/Inconfidência/Pilões), Confins, Contagem (Rural-Contagem e Nova Contagem/Retiro),
Esmeraldas, Mário Campos, Ribeirão das Neves (Rural da BR-040/Veneza e Vale das Acácias/Vale
do Ouro/Florença) e Rio Manso.
25 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 3.8, em anexo, e resumidas no quadro 3.3.
Baixo 17 15 2
Médio baixo 1 14 19 3
Médio alto 19 9
Alto 1 10 9
Altíssimo 1 8
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas
situações das áreas da região metropolitana de Belo Horizonte em relação à vulnerabilidade
socioambiental:
a) Vulnerabilidade social
A RM de Porto Alegre é composta por 31 municípios subdivididos em 164 AEDs, das quais 49
(30%) estão no município de Porto Alegre. Para cada uma das áreas foram calculados os indicado-
res de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 4.1, A 4.2 e A
4.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à RM
de Porto Alegre aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Porto Alegre.
A RM de Porto Alegre apresenta uma situação sociodemográfica e socioeconômica relati-
vamente favorável. Em relação aos indicadores demográficos, o único em que ela apresenta valor
maior comparativamente à média das RMs26 refere-se ao percentual de famílias chefiadas por idosos
(V2), característica que se relaciona, em boa medida, ao já avançado processo de envelhecimento
populacional nessa RM. Quanto às variáveis socioeconômicas, apenas no que se refere aos adoles-
centes fora da escola, a posição da RM de Porto Alegre é mais crítica, com cerca de 22 em cada 100
adolescentes encontrando-se fora da escola (tabela 4.1).
26 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM de Porto Alegre e a do conjunto de RMs.
27 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,635 0,216 -0,222 0,377 0,435 0,397 0,448 0,469 0,544 0,716
V2 -0,594 -0,198 0,425 -0,401 -0,508 -0,492 -0,367 -0,565 -0,737 -0,728
V3 -0,561 -0,546 0,076 -0,642 -0,726 -0,745 -0,280 -0,661 -0,677 -0,500
V4 0,869 0,443 -0,097 0,624 0,680 0,652 0,666 0,683 0,797 0,929
V5 0,815 0,427 -0,065 0,574 0,626 0,589 0,692 0,608 0,721 0,893
V6 0,791 0,478 -0,047 0,633 0,707 0,683 0,498 0,680 0,728 0,777
V7M 0,893 0,590 -0,093 0,761 0,847 0,823 0,600 0,801 0,893 0,904
V8 0,859 0,490 -0,199 0,686 0,780 0,763 0,578 0,764 0,886 0,916
V9 -0,663 -0,305 0,374 -0,500 -0,611 -0,603 -0,408 -0,618 -0,785 -0,774
V10 0,883 0,508 -0,154 0,700 0,787 0,767 0,613 0,776 0,881 0,930
V11 1,000 0,698 0,139 0,785 0,823 0,811 0,612 0,670 0,817 0,880
V12 0,698 1,000 0,446 0,865 0,822 0,820 0,357 0,561 0,563 0,441
V13 0,139 0,446 1,000 0,213 0,126 0,137 0,083 -0,101 -0,171 -0,128
V14 0,785 0,865 0,213 1,000 0,954 0,942 0,500 0,741 0,720 0,624
V15 0,823 0,822 0,126 0,954 1,000 0,983 0,536 0,808 0,797 0,692
V16 0,811 0,820 0,137 0,942 0,983 1,000 0,511 0,785 0,781 0,662
V17 0,612 0,357 0,083 0,500 0,536 0,511 1,000 0,560 0,490 0,635
V18 0,670 0,561 -0,101 0,741 0,808 0,785 0,560 1,000 0,711 0,652
V19 0,817 0,563 -0,171 0,720 0,797 0,781 0,490 0,711 1,000 0,814
V20 0,880 0,441 -0,128 0,624 0,692 0,662 0,635 0,652 0,814 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 4.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
Os fatores 1 e 2 combinam determinadas características da estrutura familiar e pobreza. No
primeiro fator, destacam-se aqueles componentes demográficos que correspondem a situações fa-
miliares marcadas pelo elevado número de membros, chefes menores, presença de crianças, baixa
renda e condição domiciliar inadequada. O fator 2 especifica a situação de famílias chefiadas por
28 No caso da RM Porto Alegre, todas as variáveis apresentaram comunalidade acima de 60%, não havendo necessidade da reti-
rada de nenhuma delas para a determinação dos fatores (ver tabela A 4.4).
1 5 Altíssima vulnerabilidade
2 29 Alta vulnerabilidade
5 32 Baixa vulnerabilidade
6 23 Baixíssima vulnerabilidade
O resultado final pode ser visualizado na figura 4.1 acima. Das cinco áreas classificadas
como de altíssima vulnerabilidade social, duas se encontram no município de Alvorada, sendo uma
rural (Distrito Estância Grande) e outra de expansão urbana (Chácara do Tordilho/Formosa/Três
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento29, implicando uma situação de risco, a situação da RM de Porto Alegre é
ainda mais favorável, pois 79% das áreas foram classificadas como de médio baixo até baixíssimo
risco ambiental, conforme quadro 4.2 e tabela A 4.7, em anexo.
1 6 Altíssimo risco
2 7 Alto risco
3 21 Médio para alto risco
4 49 Médio para baixo risco
5 53 Baixo risco
6 27 Baixíssimo risco
0 1 Sem denominação
29 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
No outro extremo, 21% das áreas foram classificadas na condição de médio alto até altíssimo
risco, a grande maioria localizada fora do município de Porto Alegre. No caso do polo, apenas três áre-
as não foram incluídas entre os grupos de menor risco, tendo sido classificadas como médio para alto
risco: Lomba do Pinheiro, Mário Quintana e Ponta Grossa/Chapéu do Sol/Lageado/Lami (figura 4.2).
As seis áreas classificadas como de altísssimo risco, ou seja, onde mais de 80% dos domicí-
lios apresentavam condições inadequadas de saneamento e densidade, estão distribuídas em cinco
municípios: Araricá, Gravataí, Nova Hartz, Nova Santa Rita e Novo Hamburgo.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 4.8, em anexo, e resumidas no quadro 4.3.
Baixíssimo 22 5
Baixo 1 25 19 8
Médio baixo 2 16 19 11 1
Médio alto 1 5 11 4
Alto 1 1 5
Altíssimo 1 4 1
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de Porto Alegre em relação à vulnerabilidade socioambiental:
a) Vulnerabilidade social
A Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) de Brasília inclui o Distrito Federal e 21 muni-
cípios, sendo dois do estado de Minas Gerais e os demais, de Goiás. A RIDE foi subdividida em 144
AEDs, das quais 106 (74%) estão no território do Distrito Federal. Para cada uma das áreas foram
calculados os indicadores de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas ta-
belas A 5.1, A 5.2 e A 5.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RIDE de Brasília aos da média das 17 Regiões Metropolitanas estudadas, bem como o nível de
heterogeneidade de cada variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da
RIDE de Brasília.
Em relação aos indicadores de desvantagens sociodemográficas e socioeconômicas, a RIDE
de Brasília apresenta resultados geralmente próximos à média das regiões metropolitanas conside-
radas neste estudo. Os três indicadores em relação aos quais a RIDE de Brasília apresenta maior
distância relativa da média das regiões30 referem-se à sua estrutura demográfica: o percentual de
famílias chefiadas por menores (V1) é maior em Brasília, enquanto é menor a participação de idosos
na população total (V9) e no total de chefes de família (V2). Com relação aos indicadores socio-
econômicos (V11 a V20), nenhum apresenta diferença relativa expressiva em relação à média do
conjunto das RMs (tabela 5.1).
30 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RIDE de Brasília e a do conjunto de RMs.
31 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
32 Na RM de São Paulo, a taxa de informalidade, nas AEDs, varia de 30,3% a 69,5%.
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos fatores e entre si são apresentadas na
tabela 5.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que de-
terminam cada fator.
1 12 Altíssima vulnerabilidade
2 23 Alta vulnerabilidade
3 35 Média para alta vulnerabilidade
4 39 Média para baixa vulnerabilidade
5 20 Baixa vulnerabilidade
6 15 Baixíssima vulnerabilidade
FONTE: Dados da pesquisa
A maioria das áreas da RIDE de Brasília enquadra-se nos dois grupos de média vulnerabili-
dade, os quais reúnem metade das áreas. As demais áreas estão igualmente repartidas entre os
grupos de maior e os de menor vulnerabilidade. A distribuição geográfica dos grupos pode ser visu-
alizada na figura 5.1, abaixo.
Apenas 12 foram classificadas como de altíssima vulnerabilidade, 8,3% do total de áreas, sen-
do que duas delas localizam no Distrito Federal: no Guará (RA10 Estrutural) e no Recanto das Emas
(RA15_C). Esta última regional foi criada nos anos 1990 para reassentar famílias que viviam em
ocupações na RA1, Brasília, e nela localiza-se, também, uma das cinco áreas do DF classificadas
como de alta vulnerabilidade; as demais estão localizadas na porção leste do DF, em Planaltina - RA
6 (Arapoanga, Vale do Amanhecer e Rural) e em Paranoá - RA 7 (Rural).
Em relação às 35 áreas de menor vulnerabilidade, pode-se constatar que todas estão localiza-
das no Distrito Federal, sendo que as de baixíssima vulnerabilidade estão concentradas nas Regiões
Administrativas de Brasília, Lago Sul, Cruzeiro, Guará e Taquatinga.
Essa distribuição espacial das áreas concentradoras de população, de acordo com sua condi-
ção em relação à vulnerabilidade social, mostra claramente um processo excludente, em que aquela
população em condições de mais alta vulnerabilidade social reside em áreas mais afastadas do
centro metropolitano ou em áreas periféricas a este.
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inadequa-
das de saneamento33, implicando uma situação de risco, observa-se uma situação mais desfavorável
comparativamente àquela observada no item anterior, pois aumenta em muito o número de áreas
classificadas no grupo de altíssimo risco ambiental, o qual reúne 26% do total de áreas. Verifica-se,
inclusive, que mesmo em Brasília há um maior número de áreas classificadas no grupo de maior
risco ambiental, em Planaltina - RA 6 (Arapoanga, Mestre D’Armas e Rural), Taguatinga, Sobradinho
e Guará (quadro 5.2 e figura 5.2).
33 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
Por outro lado, houve um aumento do número de áreas nos grupos de baixo e baixíssimo risco
ambiental, todas localizadas no Distrito Federal, o qual concentra, também, as áreas de médio baixo
risco, com exceção de uma área em Unaí – MG. Na realidade, em relação à questão da vulnerabi-
lidade percebe-se certa polarização das áreas nos dois extremos do nível de risco, em detrimento
dos grupos médios.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A.5.8, em anexo, e resumidas no quadro 5.3.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de Brasília em relação à vulnerabilidade socioambiental:
a) Vulnerabilidade social
A RM de Curitiba em 2000 era composta por 25 municípios34 subdivididos em 112 AEDs, das
quais 59 (53%) estão no município de Curitiba. Para cada uma das áreas foram calculados os indi-
cadores de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A6.1, A6.2 e
A6.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à RM
de Curitiba aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada va-
riável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Curitiba (tabela 6.1)
De um modo geral, a RM de Curitiba apresenta situação favorável em relação à média das
RMs, ou seja, em relação à maioria das variáveis, a RM de Curitiba apresenta média inferior à média
do conjunto das RMs estudadas, destacando-se 5 delas35: V5 – famílias com elevado número de
componentes; V11 – famílias pobres; V12 – ocupados com baixo rendimento; V14 – jovens e adultos
analfabetos e, a V20 – densidade domiciliar inadequada. Entretanto, a variável com maior distância
relativa positiva, ou seja, com proporção superior à média das RMs, se refere aos adolescentes fora
da escola, cuja posição da RM de Curitiba é mais crítica, com cerca de 25 em cada 100 adolescentes
encontrando-se fora da escola (tabela 4.1).
34 O município da Lapa foi incluído na RMC em 2001 portanto, não faz parte deste estudo.
35 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM de Curitiba e a do conjunto de RMs.
36 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos dois fatores e entre si são apresentadas
na tabela 6.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
compõem cada fator.
TABELA 6.4 - CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS COM OS DOIS FATORES COMUNS ROTACIONADOS
PELO MÉTODO VARIMAX COM NORMALIZAÇÃO DE KAISER - RM CURITIBA - 2000
FATOR COMUM
VARIÁVEL
1 2
V2 0,183 -0,944
V3 -0,504 -0,732
V4 0,813 0,533
V5 0,863 0,392
V6 0,368 0,821
V7 0,461 0,865
V8 0,451 0,883
V9 0,002 -0,962
V10 0,536 0,830
V11 0,867 0,446
V12 0,942 0,043
V13 0,896 -0,266
V14 0,867 0,339
V15 0,851 0,496
V16 0,864 0,472
V17 0,721 0,447
V18 0,688 0,648
V19 0,516 0,799
V20 0,480 0,842
FONTE: Dados da pesquisa
1 13 Altíssima vulnerabilidade
2 11 Alta vulnerabilidade
5 31 Baixa vulnerabilidade
6 19 Baixíssima vulnerabilidade
O resultado final pode ser visualizado na figura 6.1 abaixo. Das 13 áreas classificadas como de
altíssima vulnerabilidade social, 10 se encontram em municípios considerados rurais (Adrianópolis,
Agudos do Sul, Bocaiúva do Sul, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Itaperuçu, Quitandinha, Rio Branco do
Sul, Tijucas do Sul e Tunas do Paraná); também é rural a área do município de Piraquara enquadra-
da nessa categoria. As outras duas AEDs, assim classificadas, estão localizadas em Curitiba, mais
especificamente na área leste da cidade, parte do bairro de Uberaba e parte do bairro Cajuru.
Entre as 11 áreas classificadas como de alta vulnerabilidade social, destacam-se os municípios
ao norte de Curitiba com cinco áreas distribuídas nos municípios de Almirante Tamandaré (AEDs
001 e 003), Campo Largo (distritos), Campo Magro e Colombo (AED009). Além desses, aparecem
na parte sul da RM todo o município de Mandirituba, as AED 003 e 007 do município de São José
dos Pinhais, AED 002 de Araucária e o bairro do Tatuquara em Curitiba.
As áreas consideradas de média vulnerabilidade perfazem 38 AEDS, sendo que 13 são consi-
deradas de média alta vulnerabilidade e 25, de média baixa vulnerabilidade. Campina Grande do Sul,
Colombo e Almirante Tamandaré, na porção norte da RM, concentram cinco das áreas de média alta
vulnerabilidade, outras seis áreas encontram-se ao sul da região compreendendo toda extensão dos
municípios de Contenda e Fazenda Rio Grande e grande parte de Araucária (AEDS 004 e 005), além
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento37, implicando uma situação de risco, aproximadamente 67% das áreas foram
classificadas como de médio baixo até baixíssimo risco ambiental, conforme tabela A 6.7 em anexo.
1 5 Altíssimo risco
2 8 Alto risco
3 23 Médio para alto risco
4 20 Médio para baixo risco
5 29 Baixo risco
6 26 Baixíssimo risco
0 1 Sem denominação
FONTE: Dados da pesquisa
NOTA: (0) Sem classificação quanto ao risco ambiental
As áreas com baixíssimo risco ambiental estão localizadas basicamente no município de Curi-
tiba, a exceção de uma área localizada em São José dos Pinhais. As 29 áreas de baixo risco
ambiental também estão, na sua grande maioria, concentradas no município de Curitiba (22). Os
demais municípios em que o baixo risco está presente são: São José dos Pinhais, Araucária, Pinhais
e Colombo. (tabela A 6.8).
37 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
a) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 6.9, em anexo, e resumidas no quadro 6.3.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de Curitiba em relação à vulnerabilidade socioambiental:
a) Vulnerabilidade social
A Região Metropolitana de Salvador é composta por 10 municípios subdivididos em 108 AEDs,
das quais mais de 80% (88 áreas) estão no município de Salvador. Para cada uma das áreas foram
calculados os indicadores de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas ta-
belas A 7.1, A 7.2 e A 7.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Salvador aos da média das 17 Regiões Metropolitanas estudadas, bem como o nível de hete-
rogeneidade de cada variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM
de Salvador.
De um modo geral, os indicadores referentes à RM de Salvador apresentam valores relativa-
mente próximos à média do conjunto das RMs38 exceto para cinco deles em que a situação é bem
mais desfavorável em Salvador, os quais sejam: mulheres sem cônjuge (V3), famílias numerosas
(V4 e V5) e, índice de dependência infantil (V10) e famílias pobres (V11), cuja diferença superou
os 40%. Cabe ressaltar que a RM de Salvador apresenta o maior valor médio entre as RMs para a
V3, ou seja em cada 100 famílias cerca de 30 são chefiadas por mulheres sem cônjuge. O destaque
dentre as variáveis é relativo a adolescentes fora da escola (V18), que nesse caso apresenta um
valor quase 30% menor que a média do conjunto das RMs, colocando a RM de Salvador em situação
favorável em relação a esse indicador (tabela 7.1).
39 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,695 0,667 0,483 0,614 0,664 0,660 0,489 0,590 0,627 0,651
V2 -0,572 -0,424 -0,151 -0,393 -0,490 -0,513 -0,526 -0,499 -0,593 -0,613
V3 -0,532 -0,445 -0,460 -0,596 -0,611 -0,607 -0,529 -0,620 -0,429 -0,478
V4 0,930 0,850 0,569 0,849 0,889 0,908 0,604 0,746 0,827 0,875
V5 0,827 0,784 0,579 0,842 0,849 0,852 0,548 0,742 0,707 0,758
V6 0,806 0,798 0,498 0,703 0,762 0,771 0,582 0,676 0,766 0,819
V7M 0,933 0,873 0,632 0,880 0,930 0,926 0,707 0,844 0,829 0,900
V8 0,935 0,843 0,535 0,830 0,896 0,902 0,713 0,811 0,861 0,921
V9 -0,678 -0,535 -0,215 -0,490 -0,587 -0,617 -0,565 -0,563 -0,694 -0,710
V10 0,940 0,862 0,596 0,876 0,926 0,923 0,721 0,840 0,833 0,910
V11 1,000 0,930 0,571 0,843 0,914 0,926 0,657 0,771 0,905 0,953
V12 0,930 1,000 0,709 0,869 0,906 0,908 0,593 0,728 0,832 0,884
V13 0,571 0,709 1,000 0,770 0,727 0,688 0,495 0,645 0,353 0,467
V14 0,843 0,869 0,770 1,000 0,971 0,956 0,656 0,837 0,672 0,758
V15 0,914 0,906 0,727 0,971 1,000 0,991 0,695 0,853 0,772 0,848
V16 0,926 0,908 0,688 0,956 0,991 1,000 0,668 0,832 0,805 0,867
V17 0,657 0,593 0,495 0,656 0,695 0,668 1,000 0,696 0,542 0,657
V18 0,771 0,728 0,645 0,837 0,853 0,832 0,696 1,000 0,608 0,721
V19 0,905 0,832 0,353 0,672 0,772 0,805 0,542 0,608 1,000 0,931
V20 0,953 0,884 0,467 0,758 0,848 0,867 0,657 0,721 0,931 1,000
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 7.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
1 3 Altíssima vulnerabilidade
2 22 Alta vulnerabilidade
5 18 Baixa vulnerabilidade
6 8 Baixíssima vulnerabilidade
O resultado final pode ser visualizado na figura 7.1 abaixo. As três áreas classificadas como de
altíssima vulnerabilidade social estão distribuídas por três municípios: porção norte do município de
Camaçari (Monte Gordo), a área rural do município de Simões Filho e Bairro da Paz em Salvador. As
áreas de alta vulnerabilidade, num total de 22, estão concentradas nos municípios de Salvador (10):
Periperi, Fazenda Coutos, Jardim das Margaridas, Praia Grande, Alagados, Valéria, Águas Claras/
Cajazeiras, São João, Mata Escura/Calabetão e São Cristóvão; de Camaçari (4): Parafuso, Abran-
tes, Parque Verde e Camaçari de Dentro; de Lauro Freitas (2): Areia Branca e Av. Gerino de Souza
Filho; área urbana de Simões Filho e ainda os municípios de Candeias, Dias D´Ávilla, Itaparica, São
Francisco do Conde e Vera Cruz. O município de Salvador concentra, aproximadamente, 89% das
áreas de média alta e média baixa vulnerabilidade e tem todas as AEDs classificadas como de baixa
e baixíssima vulnerabilidade social.
A distribuição espacial das AEDs na RM de Salvador, de acordo com sua condição de vulne-
rabilidade social, demonstra o processo excludente dos grandes centros, onde a população em con-
dições de mais alta vulnerabilidade social reside em áreas mais afastadas do centro metropolitano
ou em áreas periféricas a este.
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento40, implicando em uma situação de risco ambiental, a RM de Salvador apre-
senta condição desfavorável na maioria das AEDs, sendo que apenas 46% das áreas foram clas-
sificadas como de médio baixo até baixíssimo risco ambiental, conforme quadro 7.2 e tabela A 7.7,
em anexo.
1 6 Altíssimo risco
2 21 Alto risco
3 30 Médio para alto risco
4 27 Médio para baixo risco
5 14 Baixo risco
6 9 Baixíssimo risco
0 1 Sem denominação
FONTE: Dados da pesquisa
NOTA: (0) Sem classificação quanto ao risco ambiental
40 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 7.8, em anexo, e resumidas no quadro 7.3.
Baixíssimo 8 1
Baixo 13 1
Médio baixo 4 20 3
Médio alto 6 20 4
Alto 1 5 15
Altíssimo 1 3 2
FONTE: Dados da pesquisa
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de Salvador em relação à vulnerabilidade socioambiental:
O quarto quadrante, alta vulnerabilidade socioambiental, concentra cerca de 47% das AEDs
da RM de Salvador, sendo que das 50 áreas que o compõem, 34 estão no município polo. As outras
16 áreas englobam a totalidade dos municípios de Vera Cruz, Itaparica, São Francisco do Conde,
Candeias, Dias D´Ávila e parte de Lauro de Freitas (Lauro de Freitas, Av. Gerino de Souza Filho e
Areia Branca) e Camaçari (Candeias, Alto da Cruz, Parque Verde, Camaçari de Dentro, Parafuso,
Abrantes e Monte Gordo). As piores situações socioambientais, ou seja, combinação de altíssima
vulnerabilidade social e altíssimo risco ambiental, foram encontradas em duas áreas: uma em Salva-
dor, Bairro da Paz e outra em Camaçari, Monte Gordo.
Das demais áreas, sete (6,5%) estão no segundo quadrante, ou seja, envolvem famílias ou
pessoas em situação de baixa vulnerabilidade social residindo em áreas com falta de infraestrutura
de saneamento, e três foram classificadas no terceiro quadrante.
a) Vulnerabilidade social
A RM do Recife é composta por 14 municípios subdivididos em 128 AEDs, das quais 53 (41%)
estão no município de Recife. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores de desvan-
tagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 8.1, A 8.2 e A 8.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM do Recife aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Recife.
De um modo geral, essa região metropolitana apresenta indicadores acima da média do con-
junto das 17 RMs, indicativo de um nível mais elevado de desvantagens sociodemográficas (tabela
8.1). Essa condição é mais acentuada41 em relação à chefatura por mulheres sem cônjuge (V3), à
insuficiência de renda (V11 e V12) e a déficits educacionais – analfabetismo entre jovens e adultos
(V14 e V16) e crianças fora da escola (V17).
É possível verificar que para 13 das 20 variáveis o coeficiente de variação42 é superior a 30%,
indicativo de que entre as AEDs há forte variabilidade da situação social. Quanto às variáveis demo-
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,562 0,591 0,407 0,503 0,512 0,506 0,374 0,506 0,442 0,588
V2 -0,426 -0,308 -0,162 -0,261 -0,318 -0,294 -0,347 -0,487 -0,477 -0,502
V3 -0,517 -0,356 -0,246 -0,502 -0,519 -0,502 -0,430 -0,439 -0,446 -0,410
V4 0,877 0,805 0,433 0,898 0,905 0,899 0,788 0,696 0,692 0,779
V5 0,783 0,720 0,381 0,837 0,838 0,821 0,809 0,690 0,596 0,706
V6 0,701 0,699 0,407 0,597 0,641 0,639 0,569 0,697 0,611 0,752
V7 0,921 0,840 0,492 0,825 0,865 0,853 0,781 0,818 0,792 0,912
V8 0,922 0,820 0,445 0,835 0,872 0,863 0,776 0,809 0,787 0,893
V9 -0,623 -0,507 -0,240 -0,465 -0,525 -0,514 -0,480 -0,583 -0,654 -0,666
V10 0,930 0,833 0,466 0,873 0,900 0,889 0,806 0,813 0,763 0,883
V11 1,000 0,917 0,445 0,907 0,938 0,942 0,750 0,768 0,868 0,914
V12 0,917 1,000 0,579 0,882 0,903 0,899 0,664 0,687 0,777 0,871
V13 0,445 0,579 1,000 0,492 0,511 0,467 0,441 0,470 0,256 0,447
V14 0,907 0,882 0,492 1,000 0,982 0,974 0,754 0,717 0,701 0,770
V15 0,938 0,903 0,511 0,982 1,000 0,990 0,780 0,749 0,759 0,816
V16 0,942 0,899 0,467 0,974 0,990 1,000 0,751 0,728 0,784 0,821
V17 0,750 0,664 0,441 0,754 0,780 0,751 1,000 0,770 0,550 0,691
V18 0,768 0,687 0,470 0,717 0,749 0,728 0,770 1,000 0,630 0,754
V19 0,868 0,777 0,256 0,701 0,759 0,784 0,550 0,630 1,000 0,863
V20 0,914 0,871 0,447 0,770 0,816 0,821 0,691 0,754 0,863 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 8.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
43 No caso da RM do Recife, todas as variáveis apresentaram comunalidade acima de 60%, não havendo necessidade de retirada
de nenhuma delas para a determinação dos fatores (ver tabela A.2.4).
1 6 Altíssima vulnerabilidade
2 12 Alta vulnerabilidade
5 27 Baixa vulnerabilidade
6 10 Baixíssima vulnerabilidade
Pouco mais de 1/3 das áreas intraurbanas na RM do Recife foram classificadas nos grupos
de altíssima a média alta vulnerabilidade social. Das 48 áreas incluídas nesses grupos, dez estão
localizadas na cidade do Recife, sendo que este município não apresenta nenhuma área de altís-
sima vulnerabilidade social. Dentre as áreas mais críticas nesse município, destaca-se aquela que
envolve os bairros de Santo Antônio, São José, Cabanga, Coelhos e Ilha Joana Bezerra. O município
de Jaboatão dos Guararapes reúne o maior número (12) de áreas de maior vulnerabilidade social
(figura 8.1).
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento44, implicando uma situação de risco, apenas 18% das áreas foram classifi-
44 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofere-
1 50 Altíssimo risco
2 31 Alto risco
5 10 Baixo risco
6 0 Baixíssimo risco
0 0 Sem denominação
No outro extremo, quase 2/3 das áreas foram classificadas nos dois itens de maior risco am-
biental; ou seja, são áreas onde mais de 60% dos domicílios apresentam inadequação em termos das
condições de saneamento. Das 81 áreas nessas condições, apenas 28 estão na cidade do Recife,
sendo 15 enquadradas como de altíssimo risco e as demais como alto risco ambiental (figura 8.2).
Na leitura espacial desse fenômeno observa-se uma clara situação de segregação socioespa-
cial, em que, mais uma vez, são algumas áreas centrais do município polo que reúnem as condições
de mais baixo risco ambiental e, a situação fica mais crítica à medida que as áreas se afastam desse
ponto.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 8.8 em anexo e resumidas no quadro 8.3.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de Recife em relação à vulnerabilidade socioambiental:
Dada a precariedade da infraestrutura de saneamento, a maioria das áreas foi classificada nos
quadrantes 2 e 4, que têm em comum o maior risco ambiental. A maior concentração de áreas (45%)
se deu no quadrante 2, no qual está inserida mais da metade das áreas do Recife. Este quadrante,
como indicado acima, reúne populações que, mesmo que em condições sociais mais favoráveis, tem
seu hábitat em condição precária.
A situação socioambiental mais desfavorável é vivenciada pela população residente em áreas
incluídas no quarto quadrante, as quais representam 37% do total da RM. A maioria das áreas desse
quadrante é do município de Jaboatão dos Guararapes, enquanto a mais precária encontra-se em
São Lourenço da Mata (Nossa Senhora da Luz, Muribara). No Recife, as piores situações estão nas
áreas Guabiraba/Passarinho e Santo Antônio/São José/Cabanga/Coelhos/Ilha Joana Bezerra.
a) Vulnerabilidade social
A RM de Fortaleza é composta por 13 municípios subdivididos em 98 AEDs, das quais 71 (71%)
estão no município de Fortaleza. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores de desvan-
tagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 9.1, A 9.2 e A 9.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Fortaleza aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de
cada variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Fortaleza.
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,580 0,506 0,379 0,569 0,584 0,585 0,568 0,618 0,473 0,563
V2 -0,415 -0,106 0,065 -0,204 -0,244 -0,258 -0,402 -0,428 -0,539 -0,645
V3 -0,795 -0,682 -0,606 -0,780 -0,790 -0,786 -0,504 -0,644 -0,681 -0,675
V4 0,937 0,862 0,674 0,889 0,900 0,908 0,585 0,736 0,815 0,821
V5 0,857 0,836 0,704 0,862 0,859 0,860 0,529 0,655 0,695 0,702
V6 0,728 0,621 0,449 0,675 0,707 0,711 0,632 0,758 0,669 0,746
V7 0,933 0,770 0,543 0,819 0,849 0,855 0,652 0,804 0,868 0,924
V8 0,929 0,747 0,493 0,792 0,821 0,832 0,630 0,773 0,892 0,927
V9 -0,573 -0,296 -0,107 -0,376 -0,416 -0,433 -0,477 -0,545 -0,664 -0,752
V10 0,952 0,796 0,552 0,837 0,861 0,867 0,630 0,780 0,885 0,911
V11 1,000 0,918 0,660 0,927 0,942 0,949 0,606 0,776 0,891 0,881
V12 0,918 1,000 0,780 0,949 0,943 0,945 0,515 0,677 0,750 0,690
V13 0,660 0,780 1,000 0,810 0,792 0,775 0,516 0,611 0,372 0,382
V14 0,927 0,949 0,810 1,000 0,991 0,984 0,553 0,744 0,738 0,704
V15 0,942 0,943 0,792 0,991 1,000 0,994 0,589 0,765 0,773 0,744
V16 0,949 0,945 0,775 0,984 0,994 1,000 0,583 0,764 0,803 0,768
V17 0,606 0,515 0,516 0,553 0,589 0,583 1,000 0,702 0,481 0,604
V18 0,776 0,677 0,611 0,744 0,765 0,764 0,702 1,000 0,678 0,746
V19 0,891 0,750 0,372 0,738 0,773 0,803 0,481 0,678 1,000 0,897
V20 0,881 0,690 0,382 0,704 0,744 0,768 0,604 0,746 0,897 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 9.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
47 No caso da RM do Fortaleza, todas as variáveis apresentaram comunalidade acima de 60%, não havendo necessidade de reti-
rada de nenhuma delas para a determinação dos fatores (ver tabela A.9.4).
1 7 Altíssima vulnerabilidade
2 14 Alta vulnerabilidade
5 24 Baixa vulnerabilidade
6 13 Baixíssima vulnerabilidade
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inadequa-
das de saneamento48, implicando uma situação de risco, a RM de Fortaleza apresenta situação bas-
tante crítica, com quase 2/3 das AEDs incluídas nos grupos de maior risco, sendo que a maior parcela
dessas áreas situa-se no município polo – 39 de um total de 61 áreas de alto e altíssimo risco.
1 28 Altíssimo risco
2 33 Alto risco
5 9 Baixo risco
6 2 Baixíssimo risco
0 0 Sem denominação
São poucas as áreas que apresentam condições mais adequadas de saneamento -- 11% das
AEDs da RM de Fortaleza. Sua distribuição geográfica é similar à apontada acima quanto ao quadro
social, sendo que apenas os bairros Cocó/Dionísio Torres e Meireles registraram situação de baixís-
simo risco ambiental. Chama atenção a situação dos conjuntos Ceará I e II, os quais se destacam na
porção oeste da cidade de Fortaleza por apresentar condição social e ambiental bastante diferencia-
da relativamente ao seu entorno (figura 9.2).
48 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
Na leitura espacial desse fenômeno observa-se uma clara situação de segregação socioespa-
cial, em que, mais uma vez, são as áreas centrais do município polo que reúnem as condições de mais
baixo risco ambiental. A situação fica mais crítica à medida que as áreas se afastam desse ponto.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 9.8 em anexo e resumidas no quadro 9.3.
Baixíssimo 2
Baixo 7 2
Médio baixo 4 5 2
Médio alto 11 4
Alto 4 12 13 4
Altíssimo 2 1 8 10 7
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de Fortaleza em relação à vulnerabilidade socioambiental:
O terceiro quadrante reúne 34 AEDs e evidencia que um número expressivo das áreas social-
mente menos vulneráveis, apresentam um quadro ambiental crítico, com parcela expressiva de seus
domicílios não dispondo de condições adequadas de saneamento. Apenas duas áreas estão fora do
município polo: uma em Caucaia e outra em Maracanaú.
O primeiro quadrante, que expressa a melhor situação socioambiental, reúne apenas 22% das
AEDs da RM de Fortaleza, e, novamente, apenas duas áreas localizam-se fora do polo. Em Forta-
leza, além dos bairros da porção central/orla, apenas os conjuntos Ceará I e II foram classificados
nesse quadrante.
a) Vulnerabilidade social
A RM de Campinas é composta por 19 municípios subdivididos em 108 AEDs, das quais 49
(45%) estão no município de Campinas. Para cada uma das áreas, foram calculados os indicadores
de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 10.1, A 10.2 e A 10.3
(anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
Por outro lado, apenas em relação ao grau de informalização das ocupações, a distribuição
pode ser considerada mais homogênea.
A matriz a seguir apresenta as inter-relações existentes entre as variáveis em estudo, desta-
cando-se as correlações maiores ou iguais a 60% (tabela 10.2).
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 10.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
O fator 1 está associado à presença de famílias numerosas que vivenciam desvantagens so-
ciais ligadas à pobreza, déficits educacionais e condições domiciliares inadequadas; entretanto, tais
condições estão negativamente relacionadas com a presença de idosos, chefatura feminina sem
cônjuge e informalidade do trabalho.
51 No caso da RM de Campinas, todas as variáveis apresentaram comunalidade acima de 60%, não havendo necessidade de reti-
rada de nenhuma delas para a determinação dos fatores (ver tabela A 10.4).
1 3 Altíssima vulnerabilidade
2 16 Alta vulnerabilidade
5 21 Baixa vulnerabilidade
6 11 Baixíssima vulnerabilidade
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expressa pela proporção de domicílios em condições inadequa-
das de saneamento52, implicando numa situação de risco ambiental, a situação da RM de Campinas
é ainda mais favorável, pois 82% das áreas foram classificadas como de médio baixo até baixíssimo
risco ambiental, conforme quadro 10.2 e tabela A 10.7, em anexo.
1 2 Altíssimo risco
2 4 Alto risco
5 36 Baixo risco
6 20 Baixíssimo risco
0 0 Sem denominação
No outro extremo, 18% das áreas foram classificadas na condição de médio alto até altíssimo
risco, sendo 7 das 19 áreas localizadas no município de Campinas, inclusive as duas de altíssimo
risco: uma que compreende as ocupações entre o aeroporto e a rodovia SP073 e outra na zona oes-
te, compreendendo uma parcela rural, na divisa com Hortolândia e Monte Mor, e ocupações urbanas
no Jd. Monte Alto e Campo Grande/Florence (figura 10.2).
52 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 10.8, em anexo, e resumidas no quadro 10.3.
a) Vulnerabilidade social
A RM de Manaus é composta, neste estudo, somente por um município, Manaus, subdividido
em 39 AEDs53. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores de desvantagens demo-
gráficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 11.1, A 11.2 e A 11.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Manaus aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Manaus.
De um modo geral, esta região metropolitana apresenta indicadores acima da média do con-
junto das 17 RMs, indicativo de um nível mais elevado de desvantagens sociodemográficas (tabela
11.1). Na realidade, em 9 dos 20 indicadores analisados, a posição de Manaus é a mais desfavorável
dentre todas as RMs54: chefatura familiar por menores (V1), família numerosa (V4 e V5), nível de par-
turição (V7), participação das crianças na população total (V8), índice de dependência infantil (V10),
53 Em 2007, foi instituída a Região Metropolitana de Manaus, composta por 8 municípios: Manaus, Careiro da Várzea, Iranduba,
Itacoatiara, Manacapuru, Novo Airão, Presidente Figueiredo, Rio Preta da Eva. Entretanto, neste trabalho destaca-se apenas a
metrópole Manaus, a qual concentra aproximadamente 85% da população da atual RM.
54 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM de Manaus e a do conjunto de RMs.
É possível verificar que para 13 das 20 variáveis, o coeficiente de variação55 é superior a 30%,
indicativo de que entre as AEDs há forte variabilidade da situação social. Quanto às variáveis demo-
gráficas, as áreas apresentam maior diferenciação quanto à participação de idosos (V2 e V9). Na
dimensão socioeconômica, a heterogeneidade das áreas mostra-se mais acentuada quanto à taxa
de analfabetismo (V14 e V15) e à não frequência à escola (V17 e V18).
Por outro lado, as áreas são mais homogêneas (menor CV) principalmente quanto à partici-
pação de crianças na população total (V8), à informalidade das ocupações (V13) e à inadequação
escolar entre os jovens.
A matriz a seguir apresenta as inter-relações existentes entre as variáveis em estudo, desta-
cando-se as correlações maiores ou iguais a 60% (tabela 11.2).
55 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V1 V2 V3 V4 V5 V6 V7 V8 V9 V10
V1 1,000 -0,560 -0,480 0,742 0,609 0,735 0,766 0,789 -0,613 0,784
V2 -0,560 1,000 0,680 -0,528 -0,388 -0,481 -0,655 -0,721 0,985 -0,672
V3 -0,480 0,680 1,000 -0,702 -0,699 -0,714 -0,751 -0,766 0,720 -0,756
V4 0,742 -0,528 -0,702 1,000 0,888 0,800 0,897 0,922 -0,609 0,934
V5 0,609 -0,388 -0,699 0,888 1,000 0,803 0,772 0,776 -0,461 0,790
V6 0,735 -0,481 -0,714 0,800 0,803 1,000 0,845 0,817 -0,556 0,816
V7 0,766 -0,655 -0,751 0,897 0,772 0,845 1,000 0,981 -0,729 0,984
V8 0,789 -0,721 -0,766 0,922 0,776 0,817 0,981 1,000 -0,792 0,996
V9 -0,613 0,985 0,720 -0,609 -0,461 -0,556 -0,729 -0,792 1,000 -0,744
V10 0,784 -0,672 -0,756 0,934 0,790 0,816 0,984 0,996 -0,744 1,000
V11 0,717 -0,478 -0,722 0,947 0,831 0,852 0,918 0,915 -0,573 0,925
V12 0,558 -0,292 -0,681 0,847 0,803 0,805 0,730 0,728 -0,384 0,741
V13 0,509 -0,328 -0,747 0,794 0,813 0,825 0,717 0,696 -0,400 0,710
V14 0,555 -0,322 -0,740 0,853 0,834 0,843 0,764 0,746 -0,413 0,763
V15 0,551 -0,307 -0,714 0,867 0,814 0,830 0,784 0,762 -0,399 0,782
V16 0,538 -0,266 -0,641 0,854 0,808 0,813 0,753 0,731 -0,363 0,748
V17 0,479 -0,283 -0,687 0,629 0,576 0,779 0,711 0,658 -0,349 0,676
V18 0,518 -0,365 -0,680 0,698 0,624 0,819 0,667 0,662 -0,431 0,669
V19 0,669 -0,419 -0,362 0,766 0,555 0,624 0,762 0,780 -0,510 0,769
V20 0,789 -0,564 -0,612 0,917 0,764 0,805 0,935 0,943 -0,657 0,940
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,717 0,558 0,509 0,555 0,551 0,538 0,479 0,518 0,669 0,789
V2 -0,478 -0,292 -0,328 -0,322 -0,307 -0,266 -0,283 -0,365 -0,419 -0,564
V3 -0,722 -0,681 -0,747 -0,740 -0,714 -0,641 -0,687 -0,680 -0,362 -0,612
V4 0,947 0,847 0,794 0,853 0,867 0,854 0,629 0,698 0,766 0,917
V5 0,831 0,803 0,813 0,834 0,814 0,808 0,576 0,624 0,555 0,764
V6 0,852 0,805 0,825 0,843 0,830 0,813 0,779 0,819 0,624 0,805
V7 0,918 0,730 0,717 0,764 0,784 0,753 0,711 0,667 0,762 0,935
V8 0,915 0,728 0,696 0,746 0,762 0,731 0,658 0,662 0,780 0,943
V9 -0,573 -0,384 -0,400 -0,413 -0,399 -0,363 -0,349 -0,431 -0,510 -0,657
V10 0,925 0,741 0,710 0,763 0,782 0,748 0,676 0,669 0,769 0,940
V11 1,000 0,904 0,828 0,900 0,924 0,914 0,768 0,757 0,815 0,932
V12 0,904 1,000 0,931 0,943 0,960 0,948 0,785 0,831 0,644 0,749
V13 0,828 0,931 1,000 0,919 0,931 0,908 0,792 0,875 0,518 0,672
V14 0,900 0,943 0,919 1,000 0,986 0,970 0,779 0,822 0,600 0,729
V15 0,924 0,960 0,931 0,986 1,000 0,985 0,818 0,845 0,647 0,759
V16 0,914 0,948 0,908 0,970 0,985 1,000 0,772 0,811 0,689 0,767
V17 0,768 0,785 0,792 0,779 0,818 0,772 1,000 0,870 0,497 0,623
V18 0,757 0,831 0,875 0,822 0,845 0,811 0,870 1,000 0,490 0,615
V19 0,815 0,644 0,518 0,600 0,647 0,689 0,497 0,490 1,000 0,906
V20 0,932 0,749 0,672 0,729 0,759 0,767 0,623 0,615 0,906 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 11.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
56 No caso da RM de Manaus, todas as variáveis apresentaram comunalidade acima de 60%, não havendo necessidade de retirada
de nenhuma delas para a determinação dos fatores (ver tabela A.11.4).
1 1 Altíssima vulnerabilidade
2 8 Alta vulnerabilidade
3 7 Média para alta vulnerabilidade
4 10 Média para baixa vulnerabilidade
5 7 Baixa vulnerabilidade
6 6 Baixíssima vulnerabilidade
FONTE: Dados da pesquisa
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, a situação expressa pela proporção de domicílios em condi-
ções inadequadas de saneamento57 configura-se como de risco. Nenhuma das áreas foi classificada
como de médio baixo ou baixo risco ambiental, fato único entre todas as RMs estudadas (quadro
11.2). Apenas duas áreas foram consideradas de baixo risco ambiental: Japiim e Chapada/São Ge-
raldo/Dom Pedro I (tabela A.11.7, em anexo).
1 14 Altíssimo risco
2 9 Alto risco
5 0 Baixo risco
6 0 Baixíssimo risco
0 0 Sem denominação
No outro extremo, tem-se que 23 áreas foram classificadas nos dois grupos de maior risco
ambiental; ou seja, são áreas onde mais de 60% dos domicílios apresentam inadequação em termos
das condições de saneamento. As piores situações são encontradas na Área Expansão/Zona Rural,
Jorge Teixeira/Norte, Col. Terra Nova, Tarumã/Ponta Negra, Santa Etelvina/Monte das Oliveiras e
Cidade Nova/Invasões/Leste (figura 11.2).
57 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
Na leitura espacial desse fenômeno, mesmo observando uma intensificação das situações
mais precárias, conforme as áreas se distanciam da porção central, o que chama atenção é a enor-
me carência de condições mínimas de infraestrutura de saneamento por toda a cidade.
Baixíssimo
Baixo
Médio baixo 2
Médio alto 4 5 5
Alto 2 4 3
Altíssimo 1 4 8 1
a) Vulnerabilidade social
A RM de Vitória é composta por 6 municípios subdivididos em 60 AEDs, das quais 8 (13%)
estão no município de Vitória. Nesse caso é o município de Vila Velha, e não o município polo, que
contém o maior número de AEDs, quase 1/3 do total. Para cada uma das áreas foram calculados os
indicadores de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 12.1, A
12.2 e A 12.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Vitória aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV) no conjunto de AEDs da RM de Vitória.
De um modo geral, os indicadores referentes à RM de Vitória apresentam valores muito próxi-
mos da média do conjunto das RMs. Entretanto, para três deles, a situação é bem mais desfavorável
em Vitória58, que possui o maior percentual de adolescentes com experiência reprodutiva (V6) dentre
todas as RMs; além disso, o percentual de famílias com muitos membros (V5) só é inferior ao ob-
servado em Manaus. A proporção de trabalhadores com baixo rendimento é também uma das mais
elevadas (tabela 12.1).
59 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,830 0,811 0,517 0,791 0,780 0,755 0,696 0,791 0,631 0,790
V2 -0,483 -0,444 -0,112 -0,412 -0,425 -0,417 -0,322 -0,306 -0,532 -0,541
V3 -0,573 -0,586 -0,469 -0,569 -0,601 -0,586 -0,538 -0,482 -0,494 -0,536
V4 0,948 0,928 0,528 0,921 0,915 0,910 0,775 0,863 0,837 0,916
V5 0,952 0,933 0,523 0,926 0,921 0,916 0,786 0,870 0,849 0,925
V6 0,931 0,923 0,515 0,909 0,925 0,918 0,789 0,885 0,873 0,914
V7 0,954 0,953 0,559 0,941 0,943 0,934 0,768 0,881 0,893 0,963
V8 0,954 0,924 0,473 0,907 0,902 0,890 0,760 0,842 0,877 0,973
V9 -0,607 -0,561 -0,165 -0,538 -0,548 -0,540 -0,452 -0,428 -0,613 -0,660
V10 0,966 0,935 0,506 0,922 0,911 0,898 0,774 0,864 0,859 0,975
V11 1,000 0,973 0,565 0,957 0,953 0,941 0,776 0,899 0,852 0,951
V12 0,973 1,000 0,648 0,962 0,968 0,958 0,796 0,910 0,856 0,927
V13 0,565 0,648 1,000 0,579 0,615 0,599 0,541 0,589 0,378 0,467
V14 0,957 0,962 0,579 1,000 0,980 0,976 0,795 0,926 0,840 0,912
V15 0,953 0,968 0,615 0,980 1,000 0,995 0,803 0,911 0,858 0,909
V16 0,941 0,958 0,599 0,976 0,995 1,000 0,778 0,901 0,859 0,899
V17 0,776 0,796 0,541 0,795 0,803 0,778 1,000 0,822 0,647 0,757
V18 0,899 0,910 0,589 0,926 0,911 0,901 0,822 1,000 0,768 0,850
V19 0,852 0,856 0,378 0,840 0,858 0,859 0,647 0,768 1,000 0,891
V20 0,951 0,927 0,467 0,912 0,909 0,899 0,757 0,850 0,891 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 12.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
60 Devido à baixa comunalidade, inferior a 60%, as variáveis V3 e V13 não foram consideradas na determinação dos fatores (ta-
bela A 12.4).
O fator 1 reúne 16 variáveis com alta correlação e todas positivamente associadas, o que
indica que a ocorrência de cada uma é acompanhada pela ocorrência das demais componentes de
desvantagem demográfica e socioeconômica. Fundamentalmente, esse fator refere-se à conjunção
das diversas dimensões de desvantagem social (pobreza, déficits educacionais e condição domi-
ciliar inadequada) com a presença de famílias numerosas e com predominância de filhos menores
de 14 anos. Adiciona-se a isso a situação de menores que, precocemente, apresentam experiência
reprodutiva, muitas vezes com o ônus de assumir a chefia familiar. Como mencionado antes, Vitória
apresenta o maior percentual de adolescentes com experiência reprodutiva.
O fator 2 especifica a situação da população idosa, cujas correlações negativas indicam que
as áreas onde esta população tem maior presença não são, necessariamente, aquelas com maiores
desvantagens socioeconômicas.
O resultado final da análise fatorial encontra-se resumido na tabela A 12.5, a qual apresenta
os valores dos escores fatoriais para cada área estudada, estimados pelo método de regressão, bem
como o escore fatorial final e o índice final que informa a posição de cada uma das áreas em relação
à área com índice final máximo (AED 3205200999001, localizada em Vila Velha, na Praia da Costa),
a qual apresenta a melhor situação em relação à vulnerabilidade. A AED 3201308001005, que cor-
responde à área rural de Cariacica, apresenta a pior situação em termos de vulnerabilidade social.
A partir do índice de classificação de cada uma das áreas, procedeu-se à análise de agru-
pamentos das mesmas, identificando-se grupos os mais homogêneos possíveis dentro da RM de
Vitória. O resultado do agrupamento é apresentado no quadro 12.1 e a tabela A 12.6 exibe o índice
final e os respectivos grupos em que foram alocadas as 60 áreas.
Das 12 áreas classificadas como de alta ou altíssima vulnerabilidade social, a metade está
localizada no município de Cariacica. No município de Vitória há uma única área na condição de alta
vulnerabilidade, a qual se estende da Resistência até os bairros de São Pedro e Comdusa. Em Vila
Velha há uma área, ao sul do município, de altíssima vulnerabilidade, e outra área na bacia do Rio
Aribiri (Pedra dos Búzios/Ilha da Conceição/Primeiro de Maio/Santa Rita/Zumbi dos Palmares), de
alta vulnerabilidade (figura 12.1).
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inadequa-
das de saneamento61, implicando uma situação de risco, verifica-se que quase 2/3 das áreas foram
classificadas como de médio baixo até baixíssimo risco, conforme quadro 12.2 e tabela A 12.7, em
anexo. A principal diferença em relação ao quadro social visto no item anterior é o aumento verificado
no número de áreas classificadas como de baixo risco ambiental, mudança verificada basicamente
nos municípios de Vila Velha e Vitória.
1 5 Altíssimo risco
2 5 Alto risco
5 16 Baixo risco
6 9 Baixíssimo risco
0 0 Sem denominação
No outro extremo, as áreas classificadas na condição de médio alto até altíssimo risco repre-
sentam 37% das AEDs da região metropolitana, a maioria delas localizada em Cariacica e Serra; em
Vitória, nenhuma das áreas foi classificada nesse grupo de maior risco ambiental (figura 12.2).
61 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
Na leitura espacial desse fenômeno, observa-se uma clara situação de segregação socioes-
pacial, em que, mais uma vez, as condições de mais baixo risco ambiental estão restritas a deter-
minadas porções do território metropolitano e a situação fica mais crítica à medida que as áreas se
afastam desse ponto.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 12.8, em anexo, e resumidas no quadro 12.3.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções das áreas da região metropolitana de Vitória em relação à vulnerabilidade socioambiental:
a) Vulnerabilidade social
A RM de Goiânia é composta por 11 municípios subdivididos em 66 AEDs, das quais 39
(59%) estão no município de Goiânia. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores de
desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 13.1, A 13.2 e A 13.3
(anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Goiânia aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Goiânia.
De modo geral, os valores médios da RM de Goiânia são muito próximos aos valores para o
conjunto das RMs estudadas. Apenas para quatro variáveis a distância relativa62 da RM de Goiânia
é maior: famílias com elevado número de filhos (V4) e/ou com muitos membros (V5), presença de
63 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,333 0,369 0,038 0,345 0,351 0,364 0,231 0,391 0,282 0,357
V2 -0,401 -0,246 0,277 -0,215 -0,333 -0,348 -0,332 -0,437 -0,613 -0,620
V3 -0,711 -0,660 -0,305 -0,699 -0,721 -0,725 -0,590 -0,755 -0,755 -0,685
V4 0,873 0,724 0,173 0,761 0,815 0,786 0,654 0,706 0,771 0,850
V5 0,778 0,624 0,146 0,703 0,731 0,707 0,699 0,634 0,676 0,737
V6 0,691 0,654 0,183 0,685 0,724 0,749 0,517 0,732 0,696 0,737
V7 -0,909 -0,839 -0,244 -0,818 -0,901 -0,893 -0,669 -0,854 -0,946 -0,941
V8 0,869 0,758 0,129 0,731 0,833 0,832 0,649 0,809 0,934 0,944
V9 -0,521 -0,390 0,145 -0,359 -0,470 -0,488 -0,401 -0,546 -0,706 -0,705
V10 0,897 0,781 0,165 0,755 0,855 0,847 0,666 0,815 0,928 0,953
V11 1,000 0,908 0,351 0,913 0,949 0,931 0,720 0,830 0,856 0,884
V12 0,908 1,000 0,528 0,925 0,925 0,928 0,577 0,810 0,803 0,783
V13 0,351 0,528 1,000 0,468 0,401 0,405 0,130 0,423 0,173 0,167
V14 0,913 0,925 0,468 1,000 0,964 0,958 0,685 0,809 0,776 0,746
V15 0,949 0,925 0,401 0,964 1,000 0,993 0,718 0,851 0,865 0,849
V16 0,931 0,928 0,405 0,958 0,993 1,000 0,697 0,846 0,868 0,840
V17 0,720 0,577 0,130 0,685 0,718 0,697 1,000 0,618 0,633 0,656
V18 0,830 0,810 0,423 0,809 0,851 0,846 0,618 1,000 0,815 0,829
V19 0,856 0,803 0,173 0,776 0,865 0,868 0,633 0,815 1,000 0,923
V20 0,884 0,783 0,167 0,746 0,849 0,840 0,656 0,829 0,923 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
Os três fatores retidos explicaram quase 87% da variância total das 19 variáveis originais,
a partir da diversidade encontrada nas 66 áreas internas da RM de Goiânia. O primeiro fator, que
possui um autovalor 6 vezes superior ao primeiro e quase 12 vezes superior ao terceiro, explica
aproximadamente 70% da variância total, enquanto o segundo explica aproximadamente 11% e o
terceiro, somente 6%.
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 13.4, destacando-se as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis
que compõem cada fator.
TABELA 13.4 -CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS COM OS TRÊS FATORES COMUNS ROTACIONA-
DOS PELO MÉTODO VARIMAX COM NORMALIZAÇÃO DE KAISER – RM GOIÂNIA – 2000
FATOR COMUM
VARIÁVEL 1 2 3
1 4 Altíssima vulnerabilidade
2 3 Alta vulnerabilidade
5 21 Baixa vulnerabilidade
6 8 Baixíssima vulnerabilidade
O resultado final pode ser visualizado na figura 13.1 abaixo. Das 4 áreas classificadas como de
altíssima vulnerabilidade social, duas se encontram no município de Aparecida de Goiânia. Mesmo
fazendo divisa com Goiânia, encontram-se mais afastadas da área central, no entanto, aparecem
juntas com uma área ao sul desse município e classificada como de alta vulnerabilidade social. As
Quanto às áreas classificadas como média baixa até baixíssima vulnerabilidade social, 43
no total, observa-se que a grande maioria da categoria média está localizada fora do município de
Goiânia e das demais, a maioria está dentro do município polo. Destaca-se a existência de áreas
classificadas como de baixa e baixíssima vulnerabilidade localizadas em Aparecida de Goiânia, con-
tíguas à área central de Goiânia.
Essa distribuição espacial das áreas concentradoras de população de acordo com sua condi-
ção em relação à vulnerabilidade social, mostra claramente um processo excludente, em que aquela
população em condições de mais alta vulnerabilidade social reside em áreas mais afastadas do
centro metropolitano ou em áreas periféricas a este. A Região Metropolitana de Goiânia apresenta
somente 35% de suas áreas em condições de média alta até altíssima vulnerabilidade social.
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento64, implicando uma situação de risco, tem-se situação praticamente inversa
àquela observada no item anterior, ou seja, pouco mais de 40% das áreas foram classificadas como
64 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofere-
cidos somente nas áreas urbanas.
No outro extremo, quase 60% das áreas foram classificadas na condição de médio alto até
altíssimo risco, com a grande maioria localizada fora do município de Goiânia. Das 38 áreas nessas
condições, 12 estão em Goiânia e destas, 6 foram classificadas como de altíssimo risco ambiental:
Goianira, Caravelas/Parque Santa Rita, Jardim Balneário Meia Ponte, Parque João Braz/Bom Jesus,
São Domingos/Jardim Primavera e Vila Finsocial (figura 13.2).
Na leitura espacial desse fenômeno, observa-se uma clara situação de segregação socioes-
pacial, em que, mais uma vez, são as áreas centrais do município polo que reúnem as condições
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 13.8, em anexo, e resumidas no quadro 13.3.
Baixíssimo 5 1
Baixo 3 10
Médio baixo 8 1
Médio alto 6 1
Alto 2 1
Altíssimo 6 15 3 4
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes nos quais se observam as diversas situa-
ções internas da região metropolitana de Goiânia em relação à vulnerabilidade socioambiental:
As piores situações, aquelas classificadas no quarto quadrante, somam a segunda maior con-
centração de áreas, 34,8% do total, sendo que das 23 áreas ali inseridas, somente 5 estão em
Goiânia. A maioria está localizada em outros municípios da região. As áreas em situação mais crí-
tica, aquelas com altíssima vulnerabilidade social e altíssimo risco ambiental, são: Aparecida de
Goiânia_002, Aparecida de Goiânia_003, Goianápolis e Trindade_003.
As demais áreas, 15 no total (22,7%) estão no segundo quadrante, ou seja, famílias ou pes-
soas em situação de baixa vulnerabilidade social residindo em áreas com falta de infraestrutura de
saneamento. Nenhuma das áreas foi classificada no terceiro quadrante.
a) Vulnerabilidade social
A RM do Belém é composta por 5 municípios subdivididos em 56 AEDs, das quais 38 (67,9%)
estão no município de Belém. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores de desvan-
tagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 14.1, A 14.2 e A 14.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM do Belém aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Belém.
De um modo geral, esta região metropolitana apresenta indicadores acima da média do con-
É possível verificar que para 12 das 20 variáveis, o coeficiente de variação66 é superior a 30%,
indicativo de que entre as AEDs há forte variabilidade da situação social. Quanto às variáveis demo-
gráficas, as áreas apresentam maior diferenciação quanto à chefatura familiar por menores, além
da participação de idosos na população e na chefia das famílias. Na dimensão socioeconômica, a
heterogeneidade das áreas mostra-se mais acentuada para o conjunto de variáveis educacionais,
particularmente em relação ao analfabetismo de jovens e adultos e dos chefes de família (V14 e V16)
e à participação de crianças e adolescentes fora da escola (V17 e V18).
Por outro lado, as áreas são mais homogêneas (menor CV) principalmente quanto à chefatura
por mulheres sem cônjuge (V3), à participação de crianças na população total (V8), à informalidade
das ocupações (V13) e à escolaridade inadequada de jovens adultos (V19).
65 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM de Belém e a do conjunto de RMs.
66 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
67 No caso da RM de Belém, todas as variáveis apresentaram comunalidade acima de 60%, não havendo necessidade de retirada
de nenhuma delas para a determinação dos fatores (ver tabela A 14.4).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,733 0,692 0,639 0,737 0,717 0,677 0,702 0,748 0,662 0,707
V2 -0,774 -0,644 -0,563 -0,576 -0,638 -0,612 -0,587 -0,610 -0,824 -0,821
V3 -0,836 -0,757 -0,712 -0,777 -0,796 -0,766 -0,663 -0,763 -0,800 -0,766
V4 0,908 0,861 0,759 0,857 0,908 0,915 0,585 0,695 0,861 0,832
V5 0,710 0,695 0,612 0,715 0,756 0,773 0,347 0,519 0,666 0,637
V6 0,874 0,820 0,748 0,859 0,852 0,820 0,766 0,881 0,827 0,837
V7 0,938 0,881 0,823 0,877 0,891 0,852 0,791 0,858 0,906 0,893
V8 0,943 0,865 0,798 0,851 0,882 0,852 0,750 0,836 0,919 0,903
V9 -0,822 -0,700 -0,608 -0,629 -0,692 -0,679 -0,593 -0,644 -0,863 -0,863
V10 0,935 0,869 0,811 0,872 0,892 0,857 0,766 0,855 0,894 0,877
V11 1,000 0,921 0,822 0,917 0,951 0,935 0,722 0,803 0,953 0,950
V12 0,921 1,000 0,926 0,910 0,929 0,921 0,626 0,697 0,905 0,863
V13 0,822 0,926 1,000 0,839 0,846 0,833 0,625 0,669 0,804 0,773
V14 0,917 0,910 0,839 1,000 0,965 0,945 0,679 0,748 0,851 0,825
V15 0,951 0,929 0,846 0,965 1,000 0,986 0,681 0,768 0,895 0,888
V16 0,935 0,921 0,833 0,945 0,986 1,000 0,618 0,718 0,887 0,873
V17 0,722 0,626 0,625 0,679 0,681 0,618 1,000 0,847 0,639 0,700
V18 0,803 0,697 0,669 0,748 0,768 0,718 0,847 1,000 0,707 0,785
V19 0,953 0,905 0,804 0,851 0,895 0,887 0,639 0,707 1,000 0,941
V20 0,950 0,863 0,773 0,825 0,888 0,873 0,700 0,785 0,941 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 14.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
TABELA 14.4 - CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS COM OS DOIS FATORES COMUNS ROTACIONA-
DOS PELO MÉTODO VARIMAX COM NORMALIZAÇÃO DE KAISER – RM BELÉM – 2000
FATOR COMUM
VARIÁVEL
1 2
V1 0,666 0,413
V2 -0,879 -0,226
V3 -0,723 -0,530
V4 0,472 0,816
V5 0,139 0,881
V6 0,764 0,535
V7 0,802 0,569
V8 0,806 0,563
V9 -0,860 -0,306
1 6 Altíssima vulnerabilidade
2 15 Alta vulnerabilidade
5 3 Baixa vulnerabilidade
6 2 Baixíssima vulnerabilidade
A maior parcela (68%) das áreas intraurbanas na RM de Belém foi classificada nos grupos de
maior vulnerabilidade social - média alta a altíssima. Das 38 áreas incluídas nesses grupos, seis foram
consideradas de altíssima vulnerabilidade, das quais duas estão localizadas em Belém (Parque do
Guajará e Ilha do Outeiro). Em Belém, outras nove áreas foram classificadas como de alta vulnerabili-
dade, concentradas nas porções norte e leste da cidade, além da ilha do Mosqueiro (figura 14.1).
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento68, implicando uma situação de risco, apenas 12,5% das áreas foram classifi-
cadas como de médio baixo ou baixo risco ambiental, sendo nenhuma enquadrada como baixíssimo
(quadro 14.2). Das sete áreas classificadas nesses grupos de risco, apenas uma está fora do polo
metropolitano, em Ananindeua (tabela A.14.7, em anexo).
68 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
No outro extremo, quase 70% das áreas foram classificadas nos dois grupos de maior risco
ambiental; ou seja, são áreas onde mais de 60% dos domicílios apresentam inadequação em termos
das condições de saneamento. Das 39 áreas nessa condição, 22 estão na cidade de Belém, sendo
11 enquadradas como de altíssimo risco e as demais como alto risco ambiental (figura 14.2).
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 14.8, em anexo, e resumidas no quadro 14.3.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes, nos quais se observam as diversas situ-
ações das áreas da região metropolitana de Belém em relação à vulnerabilidade socioambiental:
a) Vulnerabilidade social
A RM de Florianópolis é composta por 09 municípios subdivididos em 39 AEDs, das quais 20
(51%) estão no município de Florianópolis. Para cada uma das áreas foram calculados os indicado-
res de desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 15.1, A 15.2 e A
15.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Florianópolis aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de
70 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 15.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
1 2 Altíssima vulnerabilidade
2 5 Alta vulnerabilidade
5 10 Baixa vulnerabilidade
6 2 Baixíssima vulnerabilidade
O resultado final pode ser visualizado na figura 15.1 abaixo. A maioria das AEDs da RM de
Florianópolis, 23 (59%), encontra-se nas condições de média baixa até baixíssima vulnerabilidade
social. Contudo, os municípios de Florianópolis, com 18 áreas, e São José, com cinco, concentram
as AEDs assim classificadas. As duas únicas áreas de baixíssima vulnerabilidade situam-se no cen-
tro do município de Florianópolis.
As áreas de média alta a altíssima vulnerabilidade, perfazendo um total de 16 áreas (41%)
englobam os municípios de Águas Mornas, Antônio Carlos, Biguaçu, Governador Celso Ramos,
Santo Amaro da Imperatriz, São Pedro de Alcântara, Palhoça, São José (Skater de Distrito São
José - AED 002, Skater de Distrito Barreiros - AED 004 e AED 003) e Florianópolis (Monte Cristo/
Coloninha e João Paulo/Monte Verde/Saco Grande). As duas áreas classificadas como de altíssima
vulnerabilidade social estão localizadas nos municípios de Águas Mornas e Palhoça (Distrito Ense-
ada do Brito).
A distribuição espacial da população na RM de Florianópolis, de acordo com sua condição em
relação à vulnerabilidade social, mostra claramente um processo excludente, em que aquela popu-
lação em condições de mais alta vulnerabilidade social reside em áreas mais afastadas do centro
metropolitano ou em áreas periféricas a este.
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento72, implicando uma situação de risco, a situação da RM de Florianópolis é
mais favorável, pois 82% das áreas foram classificadas como de médio baixo até baixíssimo risco
ambiental, conforme quadro 15.2 e tabela A.15.7, em anexo.
72 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
No outro extremo, apenas 18% das áreas foram classificadas na condição de médio alto até
altíssimo risco, a grande maioria localizada fora do município Florianópolis: Águas Mornas, Palhoça
(Distrito Enseada de Brito), São Pedro de Alcântara, Biguaçu, Florianópolis (João Paulo/Monte Ver-
de/Saco Grande), Governador Celso Ramos e São José (Skater de Distrito São José – AED 002)
(figura 15.2).
A única área considerada de altíssimo risco ambiental, onde mais de 80% dos domicílios apre-
sentavam condições inadequadas de saneamento, está no município de Águas Mornas.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes, nos quais se observam as diversas
situações das áreas da região metropolitana de Florianópolis em relação à vulnerabilidade socioam-
biental:
Nenhuma área foi classificada no segundo quadrante, baixa vulnerabilidade social com alto
risco ambiental.
a) Vulnerabilidade social
A RM de Natal é composta por seis municípios73 subdivididos em 33 AEDs, das quais 21 (64%)
estão no município de Natal. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores de desvanta-
gens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 16.1, A 16.2 e A 16.3 (anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Natal aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Natal.
De um modo geral, essa região metropolitana apresenta indicadores acima da média do con-
73 Não foram considerados os municípios de Nísia Floresta e São José de Mipibu, incluídos na região metropolitana a partir de
2002.
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,691 0,655 0,556 0,684 0,702 0,695 0,717 0,677 0,621 0,666
V2 -0,082 0,102 0,202 0,067 0,016 0,033 -0,141 -0,217 -0,179 -0,185
V3 -0,613 -0,573 -0,518 -0,594 -0,600 -0,587 -0,560 -0,682 -0,518 -0,479
V4 0,942 0,944 0,846 0,953 0,957 0,950 0,828 0,807 0,809 0,797
V5 0,873 0,917 0,888 0,923 0,906 0,897 0,820 0,756 0,714 0,713
V6 0,855 0,763 0,569 0,783 0,824 0,808 0,776 0,865 0,891 0,885
V7 0,932 0,840 0,686 0,859 0,884 0,874 0,861 0,922 0,908 0,920
V8 0,923 0,822 0,656 0,840 0,873 0,862 0,855 0,900 0,903 0,907
V9 -0,302 -0,127 -0,005 -0,156 -0,205 -0,191 -0,316 -0,390 -0,359 -0,372
V10 0,953 0,875 0,726 0,892 0,917 0,907 0,879 0,910 0,904 0,906
V11 1,000 0,956 0,787 0,961 0,973 0,974 0,861 0,872 0,918 0,905
V12 0,956 1,000 0,882 0,984 0,980 0,980 0,797 0,818 0,830 0,795
V13 0,787 0,882 1,000 0,885 0,855 0,849 0,719 0,747 0,567 0,587
V14 0,961 0,984 0,885 1,000 0,994 0,991 0,820 0,852 0,820 0,802
V15 0,973 0,980 0,855 0,994 1,000 0,996 0,827 0,863 0,862 0,845
V16 0,974 0,980 0,849 0,991 0,996 1,000 0,810 0,841 0,867 0,847
V17 0,861 0,797 0,719 0,820 0,827 0,810 1,000 0,892 0,799 0,846
V18 0,872 0,818 0,747 0,852 0,863 0,841 0,892 1,000 0,796 0,822
V19 0,918 0,830 0,567 0,820 0,862 0,867 0,799 0,796 1,000 0,965
V20 0,905 0,795 0,587 0,802 0,845 0,847 0,846 0,822 0,965 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 16.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
76 No caso da RM de Natal, a variável V1 não foi considerada na determinação dos fatores devido à sua comunalidade ser abaixo
de 60% (tabela A.16.4).
1 2 Altíssima vulnerabilidade
2 3 Alta vulnerabilidade
5 6 Baixa vulnerabilidade
6 8 Baixíssima vulnerabilidade
As duas áreas classificadas como de altíssima vulnerabilidade social são porções rurais dos
municípios de Ceará-Mirim e Macaíba. Das três áreas de alta vulnerabilidade, apenas uma está loca-
lizada em Natal (Cidade Nova, Guarapes e Planalto) e as demais estão nos municípios de Extremoz
e São Gonçalo do Amarante. Interessante observar que, neste município, é a porção urbana que se
encontra em condição de maior vulnerabilidade social (figura 16.1).
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inade-
quadas de saneamento77, implicando uma situação de risco, a situação da RM de Natal é mais críti-
ca, uma vez que aumenta o número de áreas classificadas nos dois grupos de maior vulnerabilidade,
representando mais de 1/3 do total de AEDs. As áreas em condição de altíssimo risco são: Cidade
Nova/Guarapes/Planalto e Felipe Camarão, no município de Natal, a porção rural de São Gonçalo do
Amarante e a parte urbana de Macaíba (quadro 16.2 e tabela A 16.7, em anexo).
No outro extremo, apenas nove áreas foram consideradas de baixo ou baixíssimo risco am-
biental, com apenas uma delas localizada em Parnamirim (Centro / BR 101). No caso do polo, ape-
nas as áreas Parque das Dunas /Capim Macio e Candelária foram consideradas de baixíssimo risco
ambiental (figura 16.2).
77 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 16.8, em anexo, e resumidas no quadro 16.3.
a) Vulnerabilidade social
A RM de Maringá é composta por oito municípios78 subdivididos em 24 AEDs, das quais 14
(58%) estão no município de Maringá. Para cada uma das áreas foram calculados os indicadores de
desvantagens demográficas e socioeconômicas apresentados nas tabelas A 17.1, A 17.2 e A 17.3
(anexo).
Antes de verificar a contribuição das variáveis selecionadas para a definição dos grupos de
vulnerabilidade social, cabe uma apreciação de ordem geral, comparando os valores referentes à
RM de Maringá aos da média das 17 RMs estudadas, bem como o nível de heterogeneidade de cada
variável, dado pelo coeficiente de variação (CV), no conjunto de AEDs da RM de Maringá.
A RM de Maringá apresenta uma situação sociodemográfica e socioeconômica relativamente
favorável. Em relação aos indicadores demográficos, os valores são maiores, comparativamente à
média das RMs79, no que se refere à participação de idosos (V2 e V9), característica que se rela-
ciona, em boa medida, ao já avançado processo de envelhecimento populacional nessa RM. Além
disso, seu quadro demográfico mostra-se mais favorável no que concerne à chefatura familiar por
menores, ao tamanho das famílias e à experiência reprodutiva entre adolescentes.
Quanto às variáveis socioeconômicas, a posição de Maringá, relativamente à média das RMs
estudadas, é muito favorável quanto ao indicador de pobreza (V11), às condições domiciliares (V20)
e ao percentual de crianças fora da escola (V17); quanto a este último indicador, a RM de Maringá
apresenta a melhor situação dentre todas as RMs estudadas. Porém, ela possui um passivo maior
no que se refere à taxa de analfabetismo funcional (V16 e V16) e ao percentual de adolescentes fora
da escola (tabela 17.1)
78 Foram considerados apenas os municípios que integravam a região no ano censitário; posteriormente, foram incluídos outros
oito municípios.
79 Consideraram-se as variações superiores a 20% entre a média da RM de Maringá e a do conjunto de RMs.
80 Em termos práticos, se (C.V.(%) < 20%), a distribuição é dita homogênea e os dados estão bastante concentrados em torno
da média; se (20% < C.V.(%) < 30%), a distribuição é dita mais ou menos homogênea; e finalmente, se (C.V.(%) > 30%), a
distribuição é dita heterogênea, e os dados estão bastante dispersos em torno da média. (IGNÁCIO, 2002).
VARIÁVEIS V11 V12 V13 V14 V15 V16 V17 V18 V19 V20
V1 0,515 0,277 0,014 0,504 0,464 0,441 0,656 0,634 0,301 0,477
V2 -0,176 0,255 0,680 0,116 0,025 0,058 -0,041 -0,178 -0,423 -0,467
V3 -0,715 -0,687 -0,193 -0,719 -0,781 -0,789 -0,545 -0,646 -0,687 -0,596
V4 0,847 0,563 0,070 0,741 0,773 0,754 0,774 0,818 0,694 0,720
V5 0,642 0,457 0,248 0,611 0,620 0,587 0,666 0,695 0,422 0,500
V6 0,695 0,607 0,210 0,775 0,727 0,727 0,714 0,805 0,480 0,540
V7 0,886 0,668 -0,048 0,824 0,854 0,835 0,725 0,898 0,829 0,868
V8 0,874 0,502 -0,238 0,693 0,733 0,710 0,694 0,862 0,853 0,912
V9 -0,497 -0,040 0,593 -0,233 -0,298 -0,272 -0,339 -0,471 -0,645 -0,702
V10 0,899 0,536 -0,192 0,726 0,760 0,739 0,727 0,887 0,846 0,910
V11 1,000 0,776 0,053 0,878 0,906 0,889 0,808 0,892 0,803 0,841
V12 0,776 1,000 0,499 0,840 0,818 0,827 0,603 0,661 0,442 0,448
V13 0,053 0,499 1,000 0,301 0,238 0,241 0,212 0,101 -0,286 -0,281
V14 0,878 0,840 0,301 1,000 0,960 0,947 0,835 0,868 0,598 0,637
V15 0,906 0,818 0,238 0,960 1,000 0,991 0,804 0,877 0,746 0,729
V16 0,889 0,827 0,241 0,947 0,991 1,000 0,790 0,861 0,736 0,708
V17 0,808 0,603 0,212 0,835 0,804 0,790 1,000 0,848 0,564 0,597
V18 0,892 0,661 0,101 0,868 0,877 0,861 0,848 1,000 0,736 0,829
V19 0,803 0,442 -0,286 0,598 0,746 0,736 0,564 0,736 1,000 0,919
V20 0,841 0,448 -0,281 0,637 0,729 0,708 0,597 0,829 0,919 1,000
FONTE: Dados da pesquisa
As variáveis mais correlacionadas com cada um dos três fatores e entre si são apresentadas
na tabela 17.4, destacando as correlações acima de 60%, as quais correspondem às variáveis que
determinam cada fator.
81 A variável V5 não foi considerada na determinação dos fatores devido à sua comunalidade ser abaixo de 60% (tabela A
17.4).
O fator 1 está associado à presença de famílias numerosas que vivenciam desvantagens so-
ciais ligadas à pobreza, déficits educacionais e condições domiciliares inadequadas; entretanto, tais
condições estão negativamente relacionadas com a presença de chefatura feminina sem cônjuge.
O fator 2 particulariza a diferenciação espacial vinculada à presença de população idosa e
informalidade da ocupação. Por fim, o terceiro fator destaca a chefia familiar por menores associada
com gravidez na adolescência e crianças fora da escola.
O resultado final da análise fatorial encontra-se resumido na tabela A 17.5, a qual apresenta
os valores dos escores fatoriais para cada área estudada, estimados pelo método de regressão, bem
como o escore fatorial final e o índice final que informa a posição de cada uma das áreas em relação
à área com índice final máximo (AED 4115200001003, localizada em Maringá, na região da UEM).
Esta apresenta a melhor situação em relação à vulnerabilidade. A AED 4101150001001, referente ao
município de Iguaraçu, apresenta a pior situação em termos de vulnerabilidade social.
A partir do índice de classificação de cada uma das áreas, procedeu-se à análise de agru-
pamentos das mesmas, identificando-se grupos os mais homogêneos possíveis dentro da RM de
Maringá. O resultado do agrupamento é apresentado no quadro 17.1 e a tabela A 17.6 exibe o índice
final e os respectivos grupos em que foram alocadas as 24 áreas.
1 1 Altíssima vulnerabilidade
2 2 Alta vulnerabilidade
3 4 Média para alta vulnerabilidade
4 5 Média para baixa vulnerabilidade
5 11 Baixa vulnerabilidade
6 1 Baixíssima vulnerabilidade
A maior parcela (71%) das AEDs foram classificadas nos três grupos de menor vulnerabilidade
social, particularmente no grupo de baixa vulnerabilidade. Na realidade, esse resultado decorre da
situação de Maringá, que possui 14 das 17 áreas desses grupos. As outras três, na condição média
baixa, estão localizadas no município de Sarandi, nas áreas Jardim Independência, Centro Norte e
Linha do Trem. Em Maringá, a única área de baixíssima vulnerabilidade corresponde à área UEM e
as duas na condição média baixa são Olímpico/Zona Norte e Jardim Alvorada (figura 17.1).
b) Risco ambiental
Em relação ao risco ambiental, expresso pela proporção de domicílios em condições inadequa-
das de saneamento82, implicando uma situação de risco, há uma inversão, relativamente ao quadro
social, pois 2/3 das áreas são classificadas nos três grupos de maior risco, principalmente no nível
altíssimo, no qual estão enquadradas as áreas em que mais de 80% dos domicílios não possuem
condições adequadas de saneamento (quadro 17.2 e tabela A 17.7, em anexo).
1 8 Altíssimo risco
2 3 Alto risco
5 6 Baixo risco
6 0 Baixíssimo risco
0 0 Sem denominação
82 Relacionada à falta de acesso a esgoto adequado, água canalizada e coleta de lixo, destacando-se que esses serviços são ofereci-
dos somente nas áreas urbanas.
Nenhuma área foi classificada como de baixíssima vulnerabilidade ambiental e todas que fo-
ram incluídas na condição média baixa e baixa encontram-se em Maringá, com a melhor situação
verificada na área Jardim São Jorge e Mandacaru.
c) Vulnerabilidade socioambiental
A seguir, procede-se a análise da vulnerabilidade socioambiental por meio da leitura cruzada
das duas situações anteriores: vulnerabilidade social e risco ambiental. Essas informações foram
sistematizadas na tabela A 17.8, em anexo, e resumidas no quadro 17.3.
A leitura do quadro acima foi dividida em quadrantes, nos quais se observam as diversas situ-
ações das áreas da região metropolitana de Maringá em relação à vulnerabilidade socioambiental:
As sete áreas classificadas no quarto quadrante, que constituem a situação de maior vulnera-
bilidade socioambiental, representam cerca de 29% das AEDS da RM de Maringá e todas situam-se
fora do município polo. Dentre as RMs da região Sul, este é o maior percentual de áreas no quadran-
te 4, pior situação de vulnerabilidade socioambiental.
Uma outra forma de verificar essa polarização é investigar em que medida, áreas de menor
ou maior vulnerabilidade social tinham acesso a infraestrutura adequada de saneamento. De um
total de 1.037 AEDs com maior vulnerabilidade social (quadrantes 3 e 4), apenas 20% tinham nível
expressivo de acesso a esse tipo de infraestrutura. No outro extremo, dentre as áreas com menor
vulnerabilidade social (quadrantes 1 e 2), quase 80% tinham acesso a infraestrutura adequada de
saneamento. Entretanto, mesmo nesse caso, havia, em 2000, 310 áreas com problemas de risco
ambiental associado à deficiência de saneamento, sendo que 40% dessas áreas estavam na RM de
São Paulo e as demais se distribuíam fundamentalmente pelas regiões metropolitanas do Norte e
Nordeste.
Entretanto, considerando-se as 1.137 áreas com maior risco ambiental (quadrantes 2 e 4), per-
cebe-se que mais de 1/3 destas estão localizadas nas cidades polos das regiões metropolitanas.
Há importante diferenciação entre as regiões metropolitanas no que diz respeito à vulnerabilidade
socioambiental. Considerando-se, na tabela 1, o percentual de áreas no quadrante 1, verifica-se que em
seis regiões esse percentual é superior a 55%: Campinas, Florianópolis, Porto Alegre, que podem ser
consideradas as com melhores situações, pois além do elevado percentual no quadrante 1, têm parcela
pequena das áreas no quadrante 4. As outras RMs são: Curitiba, São Paulo e Vitória, as quais, porém,
têm pelo menos 1/3 de suas AEDs em situação de maior risco ambiental (quadrantes 2 e 4).
No outro extremo, as RMs de Manaus, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador e Belém se dis-
tinguem pelo elevado percentual (mais de 40%) de áreas no quadrante 4. Adicionando-se as áreas
incluídas no quadrante 2, Manaus, Fortaleza e Belém passam a ter mais de ¾ de suas AEDs em
situação de maior risco ambiental, tornando-se as regiões com a situação mais desfavorável em
termos socioambientais.
Uma vez que na definição da vulnerabilidade social foi considerado o contexto de cada região
metropolitana, é importante verificar o quanto uma área situada, por exemplo, no quadrante 1 em
uma região de baixa vulnerabilidade socioambiental, difere de outra, no mesmo quadrante, em uma
região de alta vulnerabilidade.
Para este fim, tomaram-se duas regiões em posição extrema em termos de vulnerabilidade
socioambiental, Campinas e Belém, e compararam-se os valores médios das 20 variáveis sociode-
mográficas das AEDs, para os quadrantes 1 e 4 (tabela 3).
Apesar das diferenças, como esperado, serem mais acentuadas internamente nas regiões -
entre áreas do quadrante 1 e do quadrante 4 -, há algumas diferenças relevantes quanto ao perfil
sociodemográfico das áreas de um mesmo quadrante, entre as duas regiões. Observa-se que Belém
apresenta percentuais mais elevados em relação a alguns indicadores: chefia familiar por menores
ou por mulheres sem cônjuge, famílias numerosas, pobreza, informalidade das ocupações e condi-
ção do domicílio. Por sua vez, em Campinas, a situação relativa ao conjunto de indicadores educa-
cionais é bem mais favorável do que em Belém, embora a diferenciação entre regiões, neste caso,
seja mais expressiva para as áreas situadas no quadrante 1.
Por último, vale ressaltar que o estudo aqui desenvolvido é apenas o início de uma discussão
maior acerca do processo de segregação socioambiental. Cada Região Metropolitana deve utilizar
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