0% acharam este documento útil (0 voto)
135 visualizações

Eletrônica de Potência: Felipe de Oliveira Balder

Este documento discute a conversão de energia elétrica entre corrente contínua e alternada usando dispositivos eletrônicos de potência. Apresenta os princípios básicos de operação de inversores monofásicos e trifásicos, que convertem CC em CA, e cicloconversores, que convertem CA em CA de frequência mais baixa.

Enviado por

Emanoel Ribeiro
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
135 visualizações

Eletrônica de Potência: Felipe de Oliveira Balder

Este documento discute a conversão de energia elétrica entre corrente contínua e alternada usando dispositivos eletrônicos de potência. Apresenta os princípios básicos de operação de inversores monofásicos e trifásicos, que convertem CC em CA, e cicloconversores, que convertem CA em CA de frequência mais baixa.

Enviado por

Emanoel Ribeiro
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 24

ELETRÔNICA

DE POTÊNCIA

Felipe de
Oliveira Balder
DC/CA - Inversor
monofásico, inversor
trifásico; CA/CA –
cicloconversor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar a operação dos inversores monofásicos.


„„ Descrever o princípio básico dos inversores trifásicos.
„„ Explicar a operação dos cicloinversores.

Introdução
Uma aplicação muito comum dos dispositivos da eletrônica de potência
é na conversão de corrente alternada (CA), fornecida pela concessionária
de energia, em corrente contínua (CC), para alimentar vários circuitos ele-
trônicos presentes no nosso dia a dia. Entretanto, a eletrônica de potência
permitiu que a conversão para corrente alternada, antes praticamente
inexistente, pudesse ser desenvolvida.
A conversão para corrente alternada está presente em diversos equi-
pamentos, como os inversores de frequência, atuando nas indústrias e
nos sistemas fotovoltaicos, permitindo a geração de energia em corrente
alternada a altas potências e podendo gerar sinais com altas frequências,
de modo a permitir o controle de velocidade de motores síncronos.
Dentre outras aplicações, podemos citar os nobreaks (do inglês, UPS,
uninterruptible power supply, fonte de energia ininterrupta), compensado-
res de tensão, sistemas de transmissão flexível em corrente alternada (do
inglês, FACTS, Flexible AC Transmission System). Outro dispositivo que gera
corrente alternada em sua saída é o cicloconversor, cuja energia terá uma
frequência menor que a da entrada, cuja aplicação está no acionamento
de grandes motores em baixa velocidade.
2 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Inversores monofásicos
A invenção dos motores elétricos no século XIX trouxe grandes inovações para
a indústria, alterando seus métodos de produção. No século XX, que viven-
ciou o nascimento e grande crescimento da eletrônica em geral, as formas de
acionamentos de motores foram se tornando cada vez mais eficientes, fazendo
com que os motores de corrente alternada pudessem ter um lugar de destaque
em conjunto com os inversores de frequência (SAWA; KUME, 2004). Em
todos os tipos de aplicação industrial, o controle de velocidade de um motor
é de extrema importância e as inovações que a eletrônica de potência trouxe
foram cruciais nesse ponto (BOSE, 1993).
Em termos gerais, um inversor de frequência converte energia em CC para
energia em CA. Essa energia é representada por uma forma de onda cujas
amplitude e frequência podem ser definidas de acordo com certos parâmetros
de controle para a aplicação. Tradicionalmente, a energia em CA é representada
por uma senoide e tem as seguintes características:

1. é periódica;
2. varia entre um valor positivo e um valor negativo;
3. tem valor médio nulo.

De acordo com essas características, várias outras formas de onda podem


também ser alternadas, mesmo não sendo senoidais. As formas de saída de um
inversor, em geral, não serão perfeitamente senoidais, mas sim aproximações
de ondas quadradas (como os inversores multiníveis) ou então pulsos de di-
ferentes larguras (como os inversores PWM). Todos esses circuitos utilizam
como base uma ponte H, mostrada genericamente com chaves na Figura 1(a),
e o chaveamento de cada componente determinará o tipo de saída (HART,
2012). Em geral, este circuito é construído utilizando IGBTs (Insulated-Gate
Bipolar Transistor), como mostra a Figura 1(b).
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 3

S1 S3 S1 S3
VO VO
VCC VCC

S4 S2 S4 S2

(a) (b)
Figura 1. Circuito ponte H.

Inversores monofásicos multiníveis


Os inversores multinível geram formas de onda quadradas em uma carga de
acordo com as chaves que são fechadas, sempre em pares. A Figura 2 mostra
um circuito ponte H de um nível e a forma de onda associada, sendo que quando
as chaves S1 e S2 estão fechadas, a carga recebe uma tensão + VCC e quando
as chaves S3 e S4 estão fechadas, recebe uma tensão − VCC (HART, 2012).

S1 S3 S1 S3
VO VO
VCC VCC

S4 S2 S4 S2

VO
+ VCC S1 e S2 S1 e S2

– VCC S3 e S4 S3 e S4

Figura 2. Inversor em um nível.


4 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Considerando que a carga tem natureza indutiva (por exemplo, um motor),


a corrente que circula por ela, a cada semiciclo, é dada pela equação (1).

{
VCC VCC –Rt/L T
+ (Imin – )e , 0<t<
R R 2
iL (t) = (1)
V V T
– CC + (I + CC ) e–R(t – T/2), <t<T
R max R 2

Onde a amplitude de corrente é dada pela equação (2).

( )
VCC 1 – e–RT/2L
Imax = –Imin = (2)
R 1 + e–RT/2L

O valor eficaz da corrente, IRMS (RMS vem do inglês, root mean square),
pode ser obtido utilizando a equação (3), e, como a forma de onda é simétrica,
pode-se considerar apenas metade do período.

2
2 T/2 VCC V
IRMS = ∫ + (Imin – CC ) e–RT/L dt (3)
T 0 R R

A potência absorvida pela carga pode ser determinada utilizando a equação


(4):

PL = R ∙ IRMS2 (4)

É possível observar por essas equações que os dispositivos de chaveamento


têm que ser capazes de conduzir correntes positivas e negativas. Na prática,
entretanto, os componentes eletrônicos apenas conduzem em uma direção,
podendo ser danificados se submetidos a correntes reversas de valores muito
elevados. Essa situação é resolvida com diodos conectados em paralelo (co-
nhecidos como diodos de freewheeling ou diodos de feedback), como mostra
a Figura 3(a). Na situação onde há a troca de polaridade súbita de tensão, os
diodos conduzem enquanto os IGBTs são chaveados, como pode ser observado
no gráfico da Figura 3(b) (HART, 2012).
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 5

VO

S1 D1 D3 S3
VO
t
VCC
IO

S4 D4 D2 S2 S1 e S2 S3 e S4

D1 e D2 D3 e D4

Figura 3. Atuação dos diodos de feedback.

De acordo com a temporização no chaveamento, é possível fazer com que


a forma da onda de saída tenha uma amplitude menor, controlando as chaves
agora em outras duas posições, que forçarão a carga a ter tensão zero, como
pode ser visto na Figura 4 (HART, 2012).

S1 S3 S1 S3
VO = 0 VO = 0
VCC VCC

S4 S2 S4 S2

Figura 4. Condições de chaveamento para forçar tensão zero na carga.

Assim, é possível, variando o estado de apenas uma chave, forçar uma


condição de tensão zero na carga, diminuindo a largura do pulso, retirando
um intervalo 2α de cada semiciclo (um no início e outro no fim), como pode
ser visto na Figura 5 (HART, 2012).
6 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

VCC

T/2 T
0 t
α α α α

VCC

S1 fechada
t
S2 fechada
t
S3 fechada
t
S4 fechada
t

Figura 5. Controle de amplitude.

Nessa condição, a tensão eficaz na carga é dada pela equação (5).



VRMS = VCC 1–
T (5)

Para tornar a forma de onda mais próxima de uma senoide, várias pontes
H podem ser associadas, onde cada circuito terá um controle de amplitude
diferente, gerando sinais mais complexos, como pode ser visto na Figura 6.

Figura 6. Inversor multinível.


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 7

Análise de harmônicos
Como o objetivo é gerar um sinal mais próximo de uma senoide, a forma
de onda de corrente entregue à carga pode ser decomposta em uma série de
Fourier para análise, como mostra a equação (6). Por ser um sinal CA, seu
valor médio deve ser zero; logo, há apenas componentes senoidais na série
de Fourier (HART, 2012).

iL (t) = ∑ Insen(nω0t + n) (6)
n=1

A potência dissipada na carga é dada pela equação (7), onde o valor eficaz
de corrente para o n-ésimo harmônico é dado pela equação (8), que depende da
impedância Z n, na frequência desse harmônico. A corrente eficaz total é dada
pela equação (9), sendo o somatório dos valores eficazes dos n harmônicos.

PL = ∑ R ∙ In(RMS)2 (7)
n=1

In Vn
In(RMS) = = (8)
√2 √2Zn

√∑ I

IRMS = n(RMS)
2
(9)
n=1

A distorção harmônica total (THD, do inglês Total Harmonic Distortion)


indica a qualidade do sinal gerado, tanto em tensão quanto em corrente. Ele
também indica o valor percentual que as harmônicas representam em relação
ao sinal desejado, ou seja, o da primeira harmônica. A THD da corrente pode
ser calculada pela equação (10) (HART, 2012).


√∑ n = 2 In(RMS)2
THDI = (10)
I1(RMS)

Inversores monofásicos PWM


A utilização de sinais quadrados é responsável pela geração de muitas com-
ponentes harmônicas devido à sua baixa similaridade a uma senoide pura,
8 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

representada pelo termo no denominador da equação (8). Uma forma de


gerar um sinal CA gerando menos harmônicos consiste em dividir o sinal de
saída em pequenos pulsos e chavear a ponte H de forma a modular a largura
destes pulsos. Essa forma de acionamento é chamada de PWM (Pulse Width
Modulation, Modulação por Largura de Pulso) e gera, em cada pulso, valores
médios que se aproximarão de uma senoide quanto mais pulsos houver em
um período. Entretanto, essa é uma técnica que exige melhores circuitos e
algoritmos de controle da ponte H (HART, 2012).
A técnica PWM consiste na utilização de dois sinais, um que seja uma
referência do sinal de saída, ou seja, uma senoide, chamado de sinal de refe-
rência ou sinal modulador, e um sinal adicional que controlará a frequência
de chaveamento da ponte, representado por uma onda triangular, chamado de
sinal portador. O controle de chaveamento da ponte H pode ocorrer de forma
bipolar, com o sinal variando de −VCC a +VCC ou de forma unipolar, variando
de 0 a −VCC ou de 0 a +VCC (HART, 2012). No chaveamento unipolar, a tensão
de saída é dada pela diferença entre a tensão na chave S4 e a tensão na chave
S2. O chaveamento bipolar é representado pelo Quadro 1, e o unipolar pelo
Quadro 2.

Quadro 1. Condições para o chaveamento bipolar

Tensão
Condição S1 S2 S3 S4
de saída

vsen > vtri Fechada Fechada Aberta Aberta +VCC

vsen < vtri Aberta Aberta Fechada Fechada −VCC

Quadro 2. Condições para o chaveamento unipolar

Condição S1 S2 S3 S4 VS4 VS2

vsen > vtri Fechada - - Aberta VCC -

vsen < vtri Aberta - - Fechada 0 -

vsen > 0 - Fechada Aberta - - 0

vsen < 0 - Aberta Fechada - - VCC


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 9

No controle bipolar, os dois estados são controlados de forma a gerar pulsos


com larguras diferentes, variando as larguras de tempo em que a tensão na
saída é +VCC com larguras de tempo em que a tensão na saída é −VCC, como
pode ser visto na Figura 7.
Nesse esquema unipolar do Quadro 2, a tensão de saída é dada pela tensão
na chave S4 menos a tensão na chave S2. Dessa forma, quando a chave S2 está
fechada, a tensão de saída será positiva, enquanto quando S3 estiver fechada,
a tensão de saída será negativa, como pode ser visto na Figura 8. Nesse es-
quema, as chaves S1 e S4 têm chaveamento em alta frequência (na frequência
do sinal portador), e as chaves S2 e S3 têm chaveamento em baixa frequência
(na frequência do sinal de referência) (HART, 2012).

Vsen Vtri

+VCC

–VCC

Figura 7. Chaveamento PWM bipolar.


10 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

+VCC

VS4

+VCC
VS2

+VCC

V0

–VCC

Figura 8. Chaveamento PWM unipolar.

Para o inversor PWM, alguns parâmetros de projeto podem ser definidos.


Um desses é a taxa de modulação de frequência, mf, dada pela equação (11).
Esse parâmetro define a relação entre a frequência do sinal portador e a fre-
quência do sinal de referência. Assim, quanto maior for esse número, maiores
são as frequências onde ocorrem os harmônicos, permitindo uma distância
maior para o projeto do filtro de saída (HART, 2012).

fportadora
mf =
freferência (11)

A taxa de modulação de amplitude, ma, mostrada na equação (12), determina


a razão entre as amplitudes dos sinais de referência e portador. A partir dessa
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 11

relação, se essa taxa for menor que 1, isso implica que a amplitude da n-ésima
frequência é linearmente proporcional ao valor da fonte de tensão VCC, como
mostra a equação (13). Assim, o parâmetro ma é utilizado para controlar a tensão
de saída do inversor caso haja variações na tensão de entrada (HART, 2012).

Vreferência
ma =
Vportadora (12)

Vn = maVCC (13)

Adicionalmente, para o projeto do inversor, devem ser considerados os


componentes de chaveamento a serem usados (geralmente IGBTs), acompa-
nhados dos diodos de proteção (como visto na Figura 3). Esses componentes
devem ter tempo de resposta compatível com as frequências de chaveamento
determinadas pelos sinais de referência e portador. No circuito de controle,
devem ser geradas as formas de onda triangular e senoidal para os sinais
portador e de referência, lembrando que esses são apenas sinais de tensão,
e que a ponte H é que chaveará a fonte CC que fornecerá toda a potência à
carga. (HART, 2012).
O cálculo do THD de corrente para o inversor PWM utiliza a mesma
equação (10) mencionada anteriormente para o inversor multinível. No entanto,
a análise agora é feita juntamente com a taxa de modulação de frequência
(equação (11)) e a taxa de modulação de amplitude (equações (12) e (13)).
Analisando a equação (11), é possível ver que, para uma frequência de
saída, representada por freferencia, o primeiro harmônico estará ao redor de uma
frequência múltipla de mf. Os Quadros 3 e 4 mostram, respectivamente, os
coeficientes ma normalizados do chaveamento bipolar e unipolar, baseados
na série de Fourier destes sinais (HART, 2012).

Quadro 3. Coeficientes ma para frequências de harmônicos em chaveamento bipolar

ma

n=1 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10

n = mf 0,60 0,71 0,82 0,92 1,01 1,08 1,15 1,20 1,24 1,27

n = mf 0,32 0,27 0,22 0,17 0,13 0,09 0,06 0,03 0,02 0,00
±2
12 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Quadro 4. Coeficientes ma para frequências de harmônicos em chaveamento unipolar

ma

n=1 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10

n = mf 0,18 0,25 0,31 0,35 0,37 0,36 0,33 0,27 0,19 0,10

n = mf 0,21 0,18 0,14 0,10 0,07 0,04 0,02 0,01 0,00 0,00
±2

Um inversor em ponte completa deve produzir uma tensão alternada em 60 Hz para
uma carga RL, com R =  10 Ω e L = 20 mH, a partir de uma fonte CC de 100 V. Como
parâmetros de projeto temos ma = 0,8 e mf = 21. A partir desses dados, temos que:
„„ A frequência da onda portadora pode ser calculada utilizando a equação (14):

fportadora = mf freferência = (21)(60Hz) ∴ fportadora = 1260Hz

„„ A amplitude da componente na frequência fundamental, 60 Hz, é dada pela equa-


ção (15) para n = 1:

V1 = ma VCC = (0,8)(100V) ∴ V1 = 80V

„„ Para a carga em questão, a corrente na frequência fundamental é dada pela lei


de Ohm:

V1 80V
I1 = = ∴ I1 = 6,39A
Z1 √(10Ω)2 + [2π(60Hz)(20mH)]2

As primeiras harmônicas estão em torno de mf = 21. Assim a amplitude para as


harmônicas 19, 21 e 23 devem ser determinadas utilizando o coeficiente ma do Quadro
3 aplicado à equação (11) para os respectivos valores de n.

V21 = (0,82)(100V) ∴ V21 = 82V

V19 = V23 = (0,22)(100V) ∴ V19 = V23 = 22V


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 13

„„ A corrente na carga deve ser calculada, para cada frequência:

V19 22V
I19 = = ∴ I = 0,15A
Z19 √(10Ω)2 + [2π(19)(60Hz)(20mH)]2 19

V21 82V
I21 = = ∴ I = 0,52A
Z21 √(10Ω)2 + [2π(21)(60Hz)(20mH)]2 21

V23 22V
I23 = = ∴ I = 0,13A
Z23 √(10Ω)2 + [2π(23)(60Hz)(20mH)]2 23

„„ A potência total dissipada pela carga, para os harmônicos 1, 19, 21 e 23 é dada


pela equação (19):

P = R ∙ I1(RMS)2 + R ∙ I19(RMS)2 + R ∙ I21(RMS)2 + R ∙ I23(RMS)2

( ) ( ) ( ) ( )
2 2 2 2
6,39A 0,15A 0,52A 0,13A
P = (10Ω) ∙ + + +
√2 √2 √2 √2

P = 205,5W

„„ E o THD de corrente é dado pela equação (20):

( ) ( ) ( )
2 2 2
0,15A 0,52A 0,13A
+ +
√I19(RMS)2 + I21(RMS)2 + I23(RMS)2 √2 √2 √2
THDI = =
I1(RMS) 6,39A
√2

THDI = 8,7%

Inversores trifásicos
Os inversores trifásicos têm a função de gerar as tensões alternadas de um
sistema trifásico equilibrado a partir de uma fonte CC. Uma forma de obter
um inversor trifásico seria utilizando três circuitos monofásicos, garantindo
a defasagem entre a saída em CA de cada um deles. Uma alternativa consiste
no circuito em ponte H trifásico mostrado na Figura 9.
14 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

S1 S3 S5

VA
VCC VB
VC

S4 S6 S2

Figura 9. Ponte H trifásica.

Inversores trifásicos de seis pulsos


A ponte H trifásica da Figura 9 pode ser controlada pulsando os dispositivos
de chaveamento em pares. O circuito de controle faz com que cada chave
fique fechada durante T/2 e que uma mudança de chaveamento ocorra a cada
intervalo T/6, sendo que as duas chaves de um mesmo ramo não podem nunca
ser fechadas ao mesmo tempo. A Figura 10 mostra uma possível ordem de
chaveamento e as tensões de linha geradas (HART, 2012).

+VCC
VAB
S1
–VCC
S2
S3 +VCC
VBC
S4 –VCC
S5 +VCC
VCA
S6
–VCC

Figura 10. Sequência de chaveamento de um inversor trifásico e suas tensões de linha.


DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 15

A decomposição do sinal de saída em uma série de Fourier mostra que não


existe a terceira harmônica e nem as harmônicas pares, apenas a fundamen-
tal (na frequência de chaveamento) e aquelas múltiplas de n = 6k ± 1 (para
k =1, 2, 3,...). A amplitude da n-ésima harmônica da tensão de linha é dada pela
equação (22). Considerando uma carga conectada em estrela, a amplitude da
n-ésima harmônica da tensão de fase é dada pela equação (23) (HART, 2012).

4VCC
VnL =
n
cos
n
6 ( )
(22)

2VCC n 2n
VnF = 3n 2 + cos 3 – cos 3 (23)

Inversores trifásicos PWM


Com as mesmas vantagens apresentadas para o inversor monofásico, a ponte H
trifásica da Figura 9 também pode ser controlada por PWM. O funcionamento
segue o mesmo princípio, com um sinal de referência e um sinal portador, assim
como os parâmetros ma e mf. Uma diferença é que, devido à saída agora ser
trifásica, devem haver três sinais de referência, cada um defasado de 120° do
outro (HART, 2012). Os estados de cada chave podem ser vistos no Quadro 5.

Quadro 5. Condições de chaveamento para o inversor trifásico PWM

Condição S1 S2 S3 S4 S5 S6

vref(a) > v tri Fechada - - Aberta - -

vref(b) > v tri - Fechada - - Aberta -

vref(c) > v tri - - Fechada - - Aberta

vref(a) < v tri Aberta - - Fechada - -

vref(b) < v tri - Aberta - - Fechada -

vref(c) < v tri - - Aberta - - Fechada


16 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

Cicloconversores
Com os inversores, é possível obter tensão CA a partir de uma fonte de tensão
CC. Como a alimentação da distribuidora de energia elétrica é em CA, ela
deve ser primeiro retificada, gerando tensão CC, para então ser invertida e
ter a tensão CA desejada em uma frequência múltipla daquela fornecida, em
geral 50 Hz ou 60 Hz. A tensão CA gerada por um inversor tem diversas
componentes harmônicas devido ao fato de ser uma aproximação de uma
tensão senoidal (HART, 2012).
Em máquinas elétricas de alta potência, as velocidades necessárias po-
dem ser tais que a frequência necessária seja uma fração da frequência da
tensão de entrada. Os cicloconversores são capazes de gerar esta tensão CA
em frequência inferior diretamente a partir da tensão CA de entrada, sem a
necessidade de um estágio intermediário em que a tensão é convertida para
CC (BARBI, 2005; RASHID, 1999; RASHID, 2011).
Um cicloconversor monofásico de três pulsos utiliza uma entrada senoidal
e dois circuitos de disparo em antiparalelo, onde um será responsável pelo
chaveamento dos ciclos positivos (ponte P) e outro pelos negativos (ponte N),
como pode ser visto na Figura 11. As duas pontes operam simultaneamente,
com a ponte P disparando em um ângulo αP e, em seguida, a ponte N dispa-
rando em um ângulo αN, de forma que a soma destes disparos seja sempre
igual à 180°. Cada ponte ficará estará durante um período T0, fazendo com
que a frequência da tensão de saída seja dada pela equação (16).
A tensão eficaz de saída VO é dada a partir da tensão eficaz de entrada VS,
um número de pulsos m que deve ser múltiplo de 3 e do ângulo de disparo αP,
como visto na equação (17) (BARBI, 2005).

1
f0 = (16)
T0

m 
V0 = VS sen cos(αP) (17)
 m
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 17

Grupo P Grupo N
VA
VB
VC

S1 S2 S3 S4 S5 S6

Figura 11. Circuito de um cicloconversor monofásico.

Cicloconversor trifásico
Os cicloconversores trifásicos seguem o mesmo princípio de funcionamento
que os monofásicos, com circuito de disparo de três pulsos, como pode ser
visto no circuito da Figura 12, onde o controle de cada fase de saída deve ser
feito considerando a defasagem adequada (BARBI, 2005).

VA
VB
VC

ZA ZB ZC
N

Figura 12. Circuito de um cicloconversor trifásico.


18 DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor

1. Os inversores multinível consistem d) Da comparação entre os valores


no chaveamento em uma eficazes das componentes
determinada ordem para gerar, da série de Fourier e da
na saída, uma tensão alternada. componente fundamental.
Qual o nível de tensão na saída, e) Da comparação entre o valor
respectivamente, para as condições médio das componentes da
onde as seguintes chaves estão série de Fourier e do valor
fechadas: S1 e S2; S1 e S3; S3 e S4; S2 e S4; médio da tensão de saída.
a) +VCC; 0; −VCC; 0 4. O valor do THD da saída de um
b) 0; +VCC; 0; −VCC inversor indica, percentualmente,
c) +VCC; +VCC; −VCC; −VCC quanto as harmônicas distorcem
d) −VCC; −VCC; +VCC; +VCC a energia de saída. Uma ponte H,
e) +VCC; −VCC; +VCC; −VCC alimentada a partir de uma fonte
2. Associando várias pontes H é CC de 50 V, fornece energia para
possível criar uma forma de onda uma carga RL, com R =  10 Ω e
alternada com degraus de tensão. L = 10 mH em uma frequência de
Deseja-se projetar um inversor 100 MHz. Considerando uma taxa de
multinível cuja tensão de pico modulação de frequência 33 e uma
na saída é 100 V associando mais taxa de modulação de amplitude
de uma ponte H em série. Qual 0,8, determine o THD de corrente
das opções abaixo fornece a apenas para a maior harmônica.
condição de saída desejada? a) 0,0311%.
a) 10 pontes H e VCC = 20 V b) 0,311%.
b) 10 pontes H e VCC = 100 V c) 3,11%.
c) 5 pontes H e VCC = 20 V d) 31,1%.
d) 5 pontes H e VCC = 10 V e) 311%.
e) 2 pontes H e VCC = 100 V 5. Um inversor trifásico de seis pulsos
3. O cálculo da distorção harmônica é construído utilizando uma ponte
total indica quão próximo H trifásica, composta por seis
o sinal gerado está do sinal dispositivos de chaveamento, como
senoidal CA desejado. Essa mostra a Figura 9. A quantidade
comparação é feita a partir: de chaves fechadas é sempre a
a) Do somatório de todos os mesma em todos os instantes,
valores de amplitude das havendo apenas a alternância entre
componentes de Fourier. quais chaves abrem e fecham.
b) Do somatório de todos os valores Qual é a quantidade de chaves
eficazes das componentes fechadas em um dado intervalo
da série de Fourier. e, de um intervalo para o outro,
c) Da comparação entre a quantas chaves se alternam?
amplitude de saída e a a) 2 chaves sempre fechadas,
amplitude desejada. alternando as 2 chaves.
DC/CA - Inversor monofásico, inversor trifásico; CA/CA – cicloconversor 19

b) 3 chaves sempre fechadas, d) 3 chaves sempre fechadas,


alternando 2 chaves. alternando 1 chave.
c) 2 chaves sempre fechadas, e) 3 chaves sempre fechadas,
alternando 1 chave. alternando as 3 chaves.

BARBI, I. Eletrônica de potência. 6. ed. Florianópolis: Ed. do Autor, 2005.


BOSE, B. K. Power electronics and motion control-technology status and recent
trends. IEEE Transactions on Industry Applications, v. 29, n. 5, p. 902-909, set./out 1993.
doi: 10.1109/28.245713
HART, D. W. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. Porto Alegre: AMGH,
2012.
RASHID, M. H. Eletrônica de potência: circuitos, dispositivos e aplicações. São Paulo:
Makron Books, 1999.
RASHID, M. H. Power electronics handbook. 3. ed. Oxford: Elsevier, 2011.
SAWA, T.; KUME, T. Motor drive technology: history and visions for the future. In: IEEE
ANNUAL POWER ELECTRONICS SPECIALISTS CONFERENCE, 35., 2004. Proceedings…
[s.l.]: IEEE, 2004. v.1, p. 2-9. doi: 10.1109/PESC.2004.1355703

Leituras recomendadas
ERICKSON, R. W.; MAKSIMOVIC, D. Fundamentals of power electronics. 2. ed. New York:
Kluwer Academic Publishers, 2004.
SKVARENINA, T. L. The power electronics handbook. Florida: CRC Press, 2002.
TRZYNADLOWSKI, A. M. Introduction to modern power electronics. 3. ed. New Jersey:
John Wiley & Sons, 2016.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy