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Introducao A Demonstracoes

O documento introduz conceitos fundamentais de demonstrações matemáticas, incluindo: 1) Axiomas, teoremas, proposições, lemas e corolários; 2) Tipos de demonstrações como direta, contraposição e redução ao absurdo; 3) Exemplos detalhados ilustram cada tipo de demonstração.

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Introducao A Demonstracoes

O documento introduz conceitos fundamentais de demonstrações matemáticas, incluindo: 1) Axiomas, teoremas, proposições, lemas e corolários; 2) Tipos de demonstrações como direta, contraposição e redução ao absurdo; 3) Exemplos detalhados ilustram cada tipo de demonstração.

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Introdução a Demonstrações

André Rodrigues da Cruz


andre@decom.cefetmg.br

Departamento de Computação
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Matemática Discreta

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 1 / 29


Introdução

Axioma: sentença assumida como verdadeira (postulado);


Teorema: afirmação que é demonstrável;
I Proposição: menos importante (fato ou resultado);
I Lema: usado na demonstração de um teorema mais importante;
I Corolário: resultado direto de outro teorema já demonstrado.
Demonstração: argumentos válidos validam um teorema;
I Usa-se hipóteses, definições, axiomas, teoremas provados e regras de
inferência;
I Formal: mais explı́cita, uma regra de inferência por vez;
I Informal: menos explı́cita, várias regras por vez.
I Requer perspicácia e astúcia matemática.
Conjectura: afirmação aparentemente verdeira que não há prova;
I Baseado em evidências, argumento heurı́stico ou intuição;
I Se provado, torna-se em teorema;
I Se houver contra-exemplo, a conjectura é falsa.

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Métodos de Demonstrações

Direto;
Contraposição;
Vacuidade;
Trivialização;
Contradição;
Equivalência;
Contra-exemplo;
Exaustão;
Por casos;
Existência;
Unicidade;
Indução matemática.

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Demonstração Direta

Uma demonstração direta de uma sentença p → q é construı́da quando


o primeiro passo é assumir que p é verdadeira; os passos subsequentes são
construı́dos utilizando-se regras de inferência, com o passo final mostrando
que q deve ser também verdadeira.

Se p é verdadeira, então q deve ser verdadeira também;


Passos:
I Assume-se que p é verdadeira;
I Constrói-se, de maneira direta, uma sequência de passos (deduções)
que levam da hipótese à conclusão.

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Demonstração Direta

Definição
O inteiro n é par se existe um inteiro k tal que n = 2k, e n é ı́mpar se
existe um inteiro k tal que n = 2k + 1.

Exemplo
Demonstre “Se n é um número inteiro ı́mpar, então n2 é ı́mpar”.
O teorema diz que ∀n(P(n) → Q(n)), em que P(n) é “n é um número ı́mpar” e Q(n) é “n2 é
ı́mpar”. Vamos assumir que a hipótese desta condicional seja verdadeira. Pela definição de
número ı́mpar, temos que n = 2k + 1, em que k é algum inteiro. Elevando ao quadrado os
membros da equação n = 2k + 1, obtemos n2 = (2k + 1)2 = 4k 2 + 4k + 1 = 2(2k 2 + 2k) + 1.
Como 2k 2 + 2k é um número inteiro e usando a definição de número ı́mpar, concluı́mos que n2
é ı́mpar.

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Demonstração por Contraposição

Uma demonstração por contraposição de uma sentença p → q faz uso


do fato de que a sentença condicional é equivalente à sua contrapositiva,
¬q → ¬p; isto significa que uma sentença condicional p → q pode ser
demonstrada mostrando que sua contrapositiva, ¬q → ¬p, é verdadeira.

Demonstração indireta;
Passos:
I Toma-se ¬q como hipótese;
I Sequência de passos da hipótese à conclusão ¬p.
Pode ser bem sucedida quando não há uma prova direta fácil.

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Demonstração por Contraposição

Exemplo
Demonstre que se n é um inteiro e 3n + 2 é ı́mpar, então n é ı́mpar.
Tentemos uma demonstração direta. Assuma que 3n + 2 é ı́mpar. Isto significa que
3n + 2 = 2k + 1 para algum inteiro k. Vemos que 3n + 1 = 2k ou n = (2k − 1)/3. Este fato
não nos permite concluir de forma direta que n é ı́mpar. Vamos usar então, uma demonstração
por contraposição.

Considere a condicional equivalente “Se n ∈ Z é n é par, então 3n + 2 é par”. Assumimos então


que n é par, o que implica, n = 2k, para algum k inteiro. Substituindo 2k em n, temos
3n + 2 = 3(2k) + 2 = 6k + 2 = 2(3k + 1). Isto leva a conclusão de que 3n + 2 é par (múltiplo
de 2). Pela contrapositiva, se n é um inteiro e 3n + 2 ı́mpar, então n é ı́mpar.

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Demonstração por Vacuidade

Demonstramos que p → q é verdadeira quando p é falsa. Ao provar que p


é falsa, demonstra-se por vacuidade a condicional p → q. Este tipo de
demonstração é empregado para estabelecer casos especiais de teoremas
que dizem que uma condicional é verdadeira para todos os números
inteiros positivos.

Exemplo
Mostre que a proposição P(0) é verdadeira, em que P(n) é “Se n > 1,
então n2 > n” e o domı́nio consiste de todos os inteiros.
Como P(0) é “Se 0 > 1, então 02 > 0”, temos que a hipótese 0 > 1 é falsa. Portanto, por
vacuidade P(0) é automaticamente verdadeira.

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Demonstração por Trivialização

Demonstramos que p → q é verdadeira quando q é verdadeira,


independentemente de p. Ao provar que q é verdadeira, demonstra-se por
trivialização a condicional p → q é verdadeira. Este tipo de
demonstração é empregado para estabelecer casos especiais de teoremas e
em indução matemática.

Exemplo
Seja P(n) a proposição “Se a e b são inteiros positivos com a ≥ b, então
an ≥ b n ”, em que o domı́nio consiste de todos os inteiros. Mostre que
P(0) é verdadeira.
A proposição P(0) é “Se a e b são inteiros positivos com a ≥ b, então a0 ≥ b 0 ”. Como
a0 = b 0 = 1, a conclusão da condicional “Se a e b são inteiros positivos com a ≥ b, então
a0 ≥ b 0 ” é sempre verdadeira. Portanto, a sentença condicional P(0) é verdadeira.

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Demonstração por Contradição

Uma demonstração por contradição (redução ao absurdo) baseia-se


na equivalência lógica entre p → q e (p ∧ ¬q) → F. Para provar a
afirmação p → q, supomos que tanto a hipótese p quanto a negação da
conclusão ¬q são verdadeiras, e executa-se uma sequência de deduções
lógicas que termina com uma contradição. Isto prova que (p ∧ ¬q) → F,
que é logicamente equivalente à p → q.

Demonstração indireta;
Passos:
I Toma-se p e ¬q como hipóteses;
I Sequência de passos determina uma contradição.
Pode ser bem sucedida quando não há uma prova direta fácil.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 10 / 29


Demonstração por Contradição

Exemplo
Dê uma demonstração por contradição do teorema “Se 3n + 2 é ı́mpar,
então n é ı́mpar”.
Seja p a proposição “3n + 2 é ı́mpar” e q a proposição “n é ı́mpar”. Assuma que ambas p e ¬q
são verdadeiras. Como n é par, então existe um inteiro k tal que n = 2k. Assim,
3n + 2 = 3(2k) + 2 = 6k + 2 = 2(3k + 1), que é um número par. Como ambas p e ¬p são
verdadeiras, chegamos a uma contradição. Portanto, se 3n + 2 é ı́mpar, então n é ı́mpar.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 11 / 29


Demonstração por Contradição

Exemplo

Demonstre que 2 é irracional por meio de uma demonstração por
contradição.
√ √
Seja p a proposição “ 2 é irracional”. Supomos que ¬p seja verdadeira, ou seja, 2 é racional.
Assumindo
√ ¬p como verdadeira devemos chegar a uma contradição.

Se 2 é racional, então existem inteiros a e b 6= 0 tais que 2 = a/b (fração irredutı́vel).
2 2
Elevando ambos os lados da equação, temos 2 = a /b . Portanto,
2b 2 = a2 .
Segue que a2 é um número par. Podemos usar o fato de que se a2 é par então a é par
(exercı́cio). Logo, existe um inteiro c tal que a = 2c. Então,
2b 2 = 4c 2
b2 = 2c 2 .
Observando a igualdade, e usando o fato de que se o quadrado de um número inteiro é par
então o inteiro também é par, conclui-se que b também
√ é par.
Mostramos que ao assumir ¬p nos levou à equação 2 = a/b, em que a e b não tem fator em
comum; mas a e b são pares, ou seja, 2 divide ambos os números
√ a e b, o que é uma
contradição. Logo, ¬p deve ser falsa, ou seja, a sentença “ 2 é irracional” é verdadeira.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 12 / 29


Demonstração de Equivalências

Para demonstrar um teorema que é uma sentença bicondicional, p ↔ q,


mostramos que p → q e q → p são ambas verdadeiras. A validade se
baseia na tautologia (p ↔ q) ↔ [(p → q) ∧ (q → p)].

Muitas proposições podem ser equivalentes;


Todas proposições possuem o mesmo valor-verdade;
p1 ↔ p2 ↔ . . . ↔ pn ;
[p1 ↔ p2 ↔ . . . ↔ pn ] ↔ [(p1 → p2 ) ∧ (p2 → p3 ) ∧ . . . ∧ (pn → p1 )]

Exemplo
Podemos mostrar que p1 , p2 e p3 são equivalentes mostrando p1 → p3 ,
p3 → p2 e p2 → p1 .

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 13 / 29


Demonstração de Equivalências

Exemplo
Prove o teorema “Se n é um número positivo, então n é ı́mpar se e
somente se n2 for ı́mpar”.
Este teorema possui a forma “p se somente se q” em que p é “n é ı́mpar” e q é “n2 é ı́mpar”.
Precisamos mostrar que p → q e q → p são verdadeiras. Como já provamos ambas as
condicionais em exemplos anteriores, segue que se n é um número positivo, então n é ı́mpar se e
somente se n2 for ı́mpar.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 14 / 29


Demonstração de Equivalências

Exemplo
Demonstre que as sentenças abaixo sobre o inteiro n são equivalentes:
p1 : n é par.
p2 : n − 1 é ı́mpar.
p3 : n2 é par.
Vamos demonstrar a equivalência mostrando que p1 → p2 , p2 → p3 e p3 → p1 são verdadeiras.
Vamos usar a demonstração direta para provar que p1 → p2 . Suponha que n é par. Então existe
k inteiro, tal que n = 2k. Segue que n − 1 = 2k − 1 = 2(k − 1) + 1. Sendo t = k − 1 um
inteiro, segue que n − 1 = 2t + 1, que é um número ı́mpar.
Vamos usar a demonstração direta para provar que p2 → p3 . Suponha que n − 1 seja ı́mpar.
Então existe um inteiro k tal que n − 1 = 2k + 1. Segue que
n2 = (2k + 1 + 1)2 = (2k + 2)2 = 4k 2 + 8k + 4 = 2(2k 2 + 4k + 2). Logo, n2 é um número par.
Vamos usar a demonstração por contraposição para provar que p3 → p1 . Suponha que n seja
ı́mpar. Então existe um inteiro k tal que n = 2k + 1. Elevando ambas as partes ao quadrado
temos n2 = (2k + 1)2 = 4k 2 + 4k + 1 = 2(2k 2 + 2k) + 1, que é um número ı́mpar. Provamos
então que se n é ı́mpar então n2 é ı́mpar. Portanto, se n2 é par então n é par.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 15 / 29


Contra-Exemplos

Um elemento x do domı́nio para o qual ∀xP(x) é falsa é um


contra-exemplo. Quando uma sentença da forma ∀xP(x), a qual
acreditamos ser falsa ou não conseguimos demonstrar por nenhum outro
método, procuramos por contra-exemplos.

Exemplo
Mostre que a sentença “Todo inteiro positivo é a soma dos quadrados de
dois inteiros” é falsa.
Para mostrar que a sentença é falsa, procuramos um contra-exemplo, que será um inteiro que
não é a soma dos quadrados de dois inteiros. Por exemplo, 3 não pode ser escrito como a soma
de dois quadrados de dois inteiros. Os únicos quadrados que não excedem 3 são 02 = 0 e
12 = 1, e a soma dos mesmos não é 3. Portanto é falso que todo inteiro positivo é a soma dos
quadrados de dois inteiros.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 16 / 29


Erros em Demonstrações
Erros de aritmética;
Erros de álgebra;
Regras de inferência incorretas;
Falácias;
Raciocı́nio circular.
Exemplo
O que está errado com a demonstração de que “1 = 2”?
Sejam a e b dois inteiros positivos iguais,
1. a = b Dado
2. a2 = ab Multiplicando ambos os membros de 1 por a
3. a2 − b 2 = ab − b 2 Subtraindo b 2 de ambos os lados de 2
4. (a − b)(a + b) = b(a − b) Fatorando ambos os lados de 3
5. a + b = b Dividindo ambos os lados de 4 por a − b
6. 2b = b Substituindo a por b em 5, pois a = b
7. 2 = 1 Dividindo ambos os membros de 6 por b

Todos os passos estão corretos, exceto o 5. Pois não se pode dividir uma quantidade por 0.
Logo, a demonstração está errada.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 17 / 29


Demonstração por Casos

A demonstração por casos é baseada na condicional


(p1 ∨ p2 ∨ . . . ∨ pn ) → q, que usa a tautologia
[(p1 ∨ p2 ∨ . . . ∨ pn ) → q] ↔ [(p1 → q) ∧ (p2 → q) ∧ . . . ∧ (pn → q)] como
regra de inferência. A condicional original pode ser comprovada
verificando-se cada uma das n condicionais pi → q, i = 1, 2, . . . , n,
individualmente.

Quando p e p1 , p2 , . . . pn são equivalentes, é conveniente usar a


disjunção como hipótese e demonstrar p → q;
Deve cobrir todas as possibilidades que aparecem no teorema.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 18 / 29


Demonstração por Casos

Exemplo
Demonstre que se n é um inteiro, então n2 ≥ n.
Demonstraremos que n2 ≥ n para todos os inteiros considerando três casos, quando n é
negativo, zero e positivo.
(i) Suponha n ≤ −1. No entanto, sabe-se n2 ≥ 0. Segue que n2 ≥ n.
(ii) Suponha n = 0. Temos que 02 ≥ 0, o que implica n2 ≥ n.
(iii) Suponha n ≥ 1. Multipliquemos ambos os lados por n e teremos n · n ≥ n · 1. Isto implica
que n2 ≥ n.
Como a inequação é verdadeira nos três casos, podemos concluir que se n é um inteiro, então
n2 ≥ n.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 19 / 29


Demonstração por Exaustão

Uma demonstração por exaustão pode ser comprovada examinando-se


um número finito de exemplos. Ela procede pela exaustão de todas as
possibilidades. Este é um tipo especial de demonstração por caso, pois
cada caso envolve uma demonstração de um simples exemplo.

Humanos: número pequeno de instâncias da sentença;


Computador: número maior, porém finito pode ser verificado;
É impossı́vel verificar um número muito alto ou infinito.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 20 / 29


Demonstração por Exaustão

Exemplo
Comprove que (n + 1)3 ≥ 3n se n é um inteiro positivo com n ≤ 4.
As possibilidades são n = 1, 2, 3 e 4. Assim temos,
(i) n = 1, (1 + 1)3 = 8 ≥ 31 = 3.
(ii) n = 2, (2 + 1)3 = 27 ≥ 32 = 9.
(iii) n = 3, (3 + 1)3 = 64 ≥ 33 = 27.
(iv) n = 4, (4 + 1)3 = 125 ≥ 34 = 81.
Pela demonstração por exaustão, (n + 1)3 ≥ 3n se n é um inteiro positivo com n ≤ 4.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 21 / 29


Comentários

Sem perda de generalidade:


I Termo usado em demonstração por casos:
I Quando um mesmo argumento é aplicado novamente em outro caso;
I Erro: considerar que um caso substancialmente diferente é o mesmo.
Erros comum: Tirar conclusões incorretas dos exemplos;
Um teorema não é demonstrado considerando-se exemplos, a não ser
que todos os possı́veis casos sejam cobertos;
Provar um teorema é análogo a validar que um programa está correto.

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Demonstração de Existência

Em uma demonstração de existência mostra-se que existe um x no


domı́nio de tal forma que ∃xP(x) é verdadeira. Pode ser uma
demonstração construtiva, em que encontra-se um elemento a do
domı́nio tal que P(a) seja verdadeira. Ou pode ser uma demonstração não
construtiva, em que a prova é feita não apresentando um elemento a
particular do domı́nio.

Exemplo
Mostre que existe um inteiro positivo que pode ser escrito como a soma de
cubos de duas maneiras diferentes.
Uma demonstração de existência construtiva pode ser feita através de uma busca
computacional. Fazendo-se isto, encontra-se

1729 = 103 + 93 = 123 + 13 .

Como apresentamos tal inteiro, então existe um inteiro positivo que pode ser escrito como a
soma de cubos de duas maneiras diferentes.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 23 / 29


Demonstração de Existência

Exemplo
Mostre que existem números irracionais x e y , tal que x y é racional.
Daremos uma demonstração existencial não construtiva. Por um teorema apresentado
√ √ √2
anteriormente, sabemos que 2 é irracional. Considere o número √ 2 . Se ele
√ é racional,
temos dois números

irracionais x e y com x y racional, ou √
seja, x = 2 e y = 2. Por outro
√ 2 √ 2 √
lado, se √2 é irracional, então podemos tomar x = 2 e y = 2, de modo que
√ 2 √ √ √ √ √ 2
x y = ( 2 ) 2 = ( 2) 2· 2 = 2 = 2, que é racional.

A demonstração é não construtiva, pois não encontramos x e y


irracionais tal que x y seja racional;
√ √ √ √2
Mostramos
√ que ou o par x = 2 e y = 2 ou o par x = 2 e
y = 2 possui a propriedade desejada;
Não mostramos para qual par funciona.

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Demonstração de Unicidade

Em uma demonstração de unicidade mostra-se que existe um x no


domı́nio com a propriedade desejada (existência) e que se x 6= y , então y
não tem a propriedade desejada (unicidade). Mostrar que existe um único
elemento x tal que P(x) é o mesmo que demonstrar a sentença
∃x(P(x) ∧ ∀y (y 6= x → ¬P(y ))).

Exemplo
Mostre que se a e b são números reais e a 6= 0, então existe um único
número real r , tal que ar + b = 0
Note que o número real r = −b/a é uma solução para ar + b = 0, pois
a(−b/a) + b = −b + b = 0. Consequentemente, existe um número real r para o qual
ar + b = 0. Esta é a parte de existência da demonstração.
Suponha que s é um número real, tal que as + b = 0. Então ar + b = as + b, em que
r = −b/a. Subtraindo b de ambos os lados, encontramos ar = as. Dividindo ambos os lados
por a, que não é zero, vemos que r = s. Isto significa que se s 6= r , então as + b 6= 0. Esta é a
parte da unicidade da demonstração.

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Estratégias de Demonstração

Substituir termos por definições;


Analisar hipóteses;
Analisar conclusão;
Deduções lógicas e regras de inferência válidas;
Contra-exemplos;
Existência;
Sentença condicional:
I Demonstração direta;
I Demonstração indireta (contraposição ou contradição);
Raciocı́nio direto e para trás.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 26 / 29


Estratégias de Demonstração
Exemplo
Dados dois números distintos reais positivos x e y , mostre que a média
aritmética é sempre maior que a média geométrica, ou seja,

(x + y )/2 > xy .
Antes de provar o teorema, vamos esboçar um raciocı́nio para trás.

(x + y )/2 > xy
(x + y )2 /4 > xy
(x + y )2 > 4xy
x 2 + 2xy + y 2 > 4xy
x 2 − 2xy + y 2 > 0
(x − y )2 > 0 Ok!

Suponha que x e y são números reais positivos e diferentes. Então (x − y )2 > 0, pois o
quadrado de um número diferente de zero é positivo. Como (x − y )2 = x 2 − 2xy + y 2 , temos
que x 2 − 2xy + y 2 > 0. Somando 4xy nos dois lados da equação, temos x 2 + 2xy + y 2 > 4xy .
Como x 2 + 2xy + y 2 = (x + y )2 , temos (x + y )2 > 4xy . Dividindo os dois lados por 4, temos
(x + y )2 /4 > xy . Como ambos os lados da inequação são positivos, aplicamos a raiz quadrada e

obtemos (x + y )/2 > xy . Esta última expressão diz que a média aritmética é maior que a
média geométrica para dois números positivos e distintos.
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Exemplos de Conjecturas

Último Teorema de Fermat


“x n + y n = z n não tem solução para x, y , z ∈ Z∗ , com n ∈ Z e n > 2.”
Século XVII – Escrito às margens de uma tradução de Arithmetica de
Diofanto: “Encontrei uma demonstração verdadeiramente maravilhosa disto,
mas esta margem é estreita demais para contê-la.”
Provado em 1994 pelo matemático britânico Andrew Wiles.

A Conjectura 3x + 1
“Seja T uma transformação que leva um número par x para x/2 e um
número ı́mpar para 3x + 1. Quando aplicamos sucessivamente a
transformação T sobre um inteiro positivo, em algum momento o inteiro 1
será encontrado.”
T (10) = 5, T (5) = 16, T (16) = 8; T (8) = 4; T (4) = 2, T (2) = 1;
Verificado para inteiros até 5,6 · 1013 ;
Segue sem demonstração.
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