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Bruxaria e A Moda

O documento analisa a relação entre bruxaria e moda na Idade Média e início da Idade Moderna na Europa. Ele descreve como as mulheres eram vistas como bruxas por desviarem das normas impostas pela Igreja Católica e como suas vestimentas eram retratadas de forma sexualizada e grotesca nas representações visuais da época. O documento também discute como a publicação do Malleus Maleficarum intensificou a perseguição às mulheres acusadas de bruxaria.

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Thayna Gomes
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Bruxaria e A Moda

O documento analisa a relação entre bruxaria e moda na Idade Média e início da Idade Moderna na Europa. Ele descreve como as mulheres eram vistas como bruxas por desviarem das normas impostas pela Igreja Católica e como suas vestimentas eram retratadas de forma sexualizada e grotesca nas representações visuais da época. O documento também discute como a publicação do Malleus Maleficarum intensificou a perseguição às mulheres acusadas de bruxaria.

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BRUXARIA

e sua relação com a moda na idade média e moderna na Europa


BRUXARIA
André Magno - 11845500
Julia Marcon - 11855359
Luana Patricia - 11965122
Maris Bestilleiro - 11779292
Vítor Pereira - 11843957
OBJETIVO
O objetivo do presente trabalho consiste em
analisar a vivência da mulher europeia, em
especial da bruxa, e a sua relação com as
vestimentas (ou a sua ausência) nas
representações visuais majoritariamente
realizadas por membros da Igreja Católica do
período. Para a pesquisa, considerou-se o
contexto da Baixa Idade Média e do início da
Idade Moderna (entre os séculos V e XV).
JUSTIFICATIVA
O estereótipo de “bruxa” se mantém na
contemporaneidade após séculos. A motivação do
trabalho consistiu no almejo em agregar análises a
respeito da descrição verbal e não-verbal das
praticantes de bruxaria do período medieval e
moderno, algumas influenciadas pelo caráter misógino
disseminado pela Igreja Católica naquele período.
Além disso, a bibliografia de moda referente às bruxas
ainda é bastante restrita, sendo a sua discussão
necessária não somente para o entendimento do
contexto estudado, mas também para a compreensão
da sua influência nos dias atuais.
METODOLOGIA
Utilizando-se da metodologia de pesquisa
científica, por meio de uma ampla pesquisa
bibliográfica e museológica em fontes de
confiança e de grande arcabouço de
conhecimento, usufruindo tanto de
conhecimentos prévios apreendidos em aula ou
em pesquisas próprias, quanto aqueles
presentes em livros, artigos científicos, museus
e monografias, para a elaboração de uma
pesquisa coesa e de forte base para a questão da
Bruxa e os assuntos que a rondam.
CONTEÚDO
Contexto Histórico Geral
CONTEXTO HISTÓRICO GERAL
BAIXA IDADE MÉDIA:
● auge e declínio do feudalismo
● cruzadas
● começo do renascimento comercial e urbano
● peste negra

IDADE MODERNA:
● período de intensas revoluções
● iluminismo e reformas religiosas
● economia mercantilista
● consolidação do capitalismo
Contexto Histórico da Indumentária
CONTEXTO HISTÓRICO DA INDUMENTÁRIA

fonte: Prime Cursos/história da moda


fonte: Prime Cursos/história da moda
fonte: Prime Cursos/história da moda
fonte: Prime Cursos/história da moda
Concepção da Mulher e da Bruxa
e a sua perseguição
BAIXA IDADE MÉDIA (SÉCULO X-XV)
1233 1326 1350 1376 1436 1487

Inquisição Super Illius Constantes Directorium Aumento no Malleus


papal Specula conspirações inquisitorum número de Maleficarum
referentes à julgamentos por
magia bruxaria

● Empenho da Igreja em tornar elementos não ● Conexão entre a bruxa e o diabo para a execução
cristãos os representantes do mal. do mal.
● Gradativamente, a bruxaria foi transformada ● Buscar as recompensas demoníacas atraía,
em um modelo de seita a ser combatida pelos especialmente, a mulher. Dessa forma, as mulheres
cristãos. estavam mais suscetíveis aos atos de bruxaria.
BAIXA IDADE MÉDIA (SÉCULO X-XV)
● Olhar teológico machista: Diabolização da mulher.
● Exaltação da virgindade e da castidade por parte da mulher (submissão) a partir de justificativas
bíblicas.
● Personificação da mulher em Eva: Pecadora, tentadora, aliada ao Diabo.
● A mulher era invisibilizada em todos os âmbitos sociais.
Cópia do Malleus Maleficarum
● Tais aspectos garantiam as relações de poder ao homem.
● O vestuário na concepção cristã da baixa idade média: Evolução
do pecado.
“A moda, desde seu surgimento, serviu para acentuar um contraste
religioso entre o espírito e a carne [...] o vestuário resultou do pecado
da carne corruptível que negava o seu aparente poder de restauração e
de renovação ao além de tornar-se um símbolo poderoso de distinção
para as mulheres.” (SANTOS, 2006)
FONTE: Pinterest
INÍCIO DA IDADE MODERNA (SÉCULO XV-XVI)
Período que precede o iluminismo.

● A idade moderna inicia-se, aproximadamente, a


partir de 1455

● A publicação do Malleus Maleficarum trouxe


consequências

● As mulheres ainda eram alvo de uma dinâmica


social machista
INÍCIO DA IDADE MODERNA (SÉCULO XV-XVI)
Período que precede o iluminismo.

● As bruxas eram identificadas por serem


mulheres que desviavam das normas de
comportamento impostas pela Igreja Católica.

● A inquisição se encerra após quatro séculos,


influenciado pelo ideais iluministas e
humanistas.
Análise das Vestimentas
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
● Os trajes medievais das mulheres (e portanto das bruxas) era simples, composto por uma
túnica.

● Túnica longa chamada Stola.

● Era normalmente adornada com faixas e bordados.

● Braços ficavam nus, broches pendiam as roupas aos ombros e usava-se cintos de couro,
com um lenço (chamado palla) pendendo nos ombros.

● Outra túnica possível era com uma longa camisa de linho ou sisal, de decote baixo e
mangas curtas. Por cima desta, usava-se casaco ou túnica de mangas longas e justas.

● Antes da baixa idade média, era considerado imoral para a mulher mostrar o cabelo,
portanto esta usava tecidos ou chapéus para cobri-los. Alguns destes eram conhecidos
como “fillet”
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
Fivelas de bronze cinzeladas.
Primórdios de migração dos povos.
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
● Desde a publicação do Malleus Maleficarum (e antes inclusive) a imagem da mulher
foi fortemente associada à bruxaria.

● Bruxas eram consideradas mulheres com uma sexualidade libertina, fora dos padrões
da época.

● Mulher era considerada sexualmente passiva. Já a bruxa, tinha uma sexualidade


considerada ativa e demoníaca.

● Corpo da mulher fora profanado desde Eva

● Representações visuais destas mulheres mesclavam o afrodisíaco e o grotesco.


As Quatro Bruxas
por Albrecht Durer ANÁLISE DAS VESTIMENTAS

● Corpo sexualizado, contudo imoral e grotesco.


● Imaginação, estereotipização, fantasia.

● As desgraças ocorridas (seca, falta de alimento, doenças


etc) recaiam sobre as bruxas.

pt.wahooart.com/A55
A04/W.nsf/O/BRUE-
8EWC4P
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
Die plümen der tugent (1486),
● A representação das bruxas também passou a
aparecer em incunábulos, por volta do século
XV.

● Eram mulheres comuns, mas maléficas.

● Imagens mostram castração, domínio sobre


os homens.

● na imagem, a bruxa, de roupas longas e


cabelo coberto, rouba o falo do homem
adormecido e guarda-o junto de outros já
furtados.
https://www.loc.gov/resource/r
bc0001.2015rosen0118/?sp=33
2
● A stolla aparece ao lado, junto da cabeça
coberta seja por um tecido, seja por um
chapéu.
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
Die plümen der tugent (1486),

● Figura do fillet;

● Vestidos com cintos;

● mangas longas e justas, ou mais soltas.

https://www.loc.gov/resource/r
bc0001.2015rosen0118/?sp=33
2
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS De lamiis et pythonicis
mulieribus de Ulrich
Molitor

● Xilogravuras também foram poderosas ferramentas para divulgação


de uma imagem estereotipada da bruxa.

● Ao lado, duas bruxas se reúnem ao redor de um vaso/caldeirão,


enquanto inserem neste receitas para seus feitiços.

● Bruxas também eram acusadas de comer carne humana.

● Novamente, figuras femininas de cabelo coberto, sendo uma das


primeiras representações desse tipo de feitiço, sobretudo com uso
de caldeirão, que se popularizaria após.

https://pixels.com/featured/de-lamii
s-et-pythonicis-mulieribus-of-everet
t.html
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS De lamiis et pythonicis
mulieribus de Ulrich
Molitor

● Girolamo Visconti (? - ?) de Milão defendia que as bruxas


preferiam negar a fé e os sacramentos ao invés de se privar dos
prazeres fornecidos pelos demônios.

● A bruxa, portanto, não estaria submetida a magia do demônio, mas


escolhe estar com ele, pois a sexualidade entre dois humanos eram
menos interessantes. Ela repudia então sua fé em favor do maligno
e do prazer.

http://www.histoiredelafolie.fr/psyc
hiatrie-neurologie/molitor-ulrich
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
Figura feminina com uma
● Ao lado, uma das primeiras representações de vassoura, século c. XIII
uma mulher voando. Nessa época, não
referia-se inicialmente as bruxas, mas às
mulheres nórdicas e pagãs e que passou a ser
estereótipo das bruxas.

● Assim sendo, nota-se que as bruxas eram


representadas ou nuas ou como mulheres
pobres comuns. Essa representação deixava
em aberto o fato de qualquer mulher poder
ser uma bruxa, instigando o medo na
população.
https://hiveminer.com/Tags/broomstick
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
● Goya possui fascínio pelo mundo místico, podendo se dedicar
100% a isto quando parou de fazer obras sob encomenda, fazendo
críticas ao que a igreja pregava.
● Na obra pode-se notar cinco mulheres (as bruxas) e um homem “a
vítima”.
● Uma das bruxas se destaca pela roupa amarela, como sendo a mais
velha entre elas expresso pela feição, pela cor dos cabelos e por ser
a quem faz o ritual (logo sendo a que possui maior conhecimento).
● A indumentária das demais se trata de algo simples e padrão, tendo
como preto a cor (que está fortemente associada a morte e a
escuridão).
Obra de Francisco Goya, The Spell/Las Brujas, 1797.
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
● A roupa do homem assustado é branca, o que pode ser analiso como
a “pureza”, logo que o branco tem forte relação com a inocência,
também dá para perceber que é uma indumentária de dormir,
podendo dizer que se trata de um sonho esta cena ou até mesmo um
sequestro na calada da noite.
● Na cena também possui objetos muito associados com a bruxaria,
como o boneco de vodu, o livro de magia, a cesta com crianças
mortas e as corujas que sobrevoam a cena.
● Uma outra figura também ronda a cena, podendo ser um espírito ou
até mesmo um demônio.
ANÁLISE DAS VESTIMENTAS
● Na obra a ser apresentada vemos mulheres no que
supostamente seria o inferno.
● Na idade média a mulher (bruxa) era considerada como
as prostitutas do diabo.
● Devido ao controle da igreja, os artistas só podiam pintar
mulheres nuas no local que a igreja considerava ser o
lugar delas, ou seja, no inferno já que a nudez era
considerada pecaminosa.

Obra de Luca Signorelli, The Damned, 1499.


CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto, que a representação e
divulgação do mito da bruxa foi uma prática
eclesiástica e popular que visava acima de tudo
colocar a mulher como ser pecaminoso,
desvirtuoso e potencialmente perigoso, culpado
de malefícios ocorridos. O mito da bruxa visa
colocar o homem como ser superior, límpido e
casto. Além disso, nota-se que quando ainda
estava se formando o conceito de bruxa, pouco
conteúdo foi pintado sobre estas mulheres, e os
que foram tinham um caráter panfletário.
Referências Bibliográficas

AREIAS, Yasmin De O. Silva. As Bruxas De Goya: A Representação Da Feiura Nas Artes Visuais. 2018. Trabalho
de Conclusão de Curso. Centro De Ciências Humanas, Letras e Artes - UFRN, Natal.

CARDINI, Franco. Magia e bruxaria na Idade Média e no Renascimento. Psicologia USP, v. 7, n. 1-2, p. 9-16, 1996.

DOS SANTOS TEIXEIRA, Cheila Cristina; BEZERRA, Lireida Maria Albuquerque. Bruxas, Mito ou Realidade: A
Educação Feminina no Período Medieval. ID on line REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 10, n. 33, p. 37-46, 2017.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpos e acumulação primitiva. Editora Elefante, 2019.

GEVEHR, Daniel Luciano; DE SOUZA, Vera Lucia. As mulheres e a Igreja na Idade Média: misoginia, demonização e
caça às bruxas. Revista Acadêmica Licencia&acturas, v. 2, n. 1, p. 113-121, 2016.

KIECKHEFER, Richard et al. European witch trials: their foundations in popular and learned culture, 1300-1500.
Univ of California Press, 1976.
Referências Bibliográficas
PIMENTEL, Helen Ulhôa. CULTURA MÁGICO-SUPERSTICIOSA, CRISTIANISMO E IMAGINÁRIO
MODERNO. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 4, n. 12, 2015.

PORTELA, Ludmila Noeme Santos. O Malleus Maleficarum e o discurso cristão ocidental contrário à bruxaria e
ao feminino no século XV. 2012. 122 f. 2012. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em História)–Programa de
Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

PRATAS, Glória Maria D. L. O Feminino Na Arte Medieval. 2009. Mandrágora - Universidade Metodista de São
Paulo.

RODRIGUES, Kethlen Santini et al. O surgimento da imagem da bruxa nas artes visuais: bruxaria e sexualidade nas
obras de Albrecht Dürer e Hans Baldung Grien. 2018.

SALVATERRA, Adriana et al. Bruxas no Século XV. APRENDER HISTÓRIA DE ENFERMAGEM, p. 65.
Referências Bibliográficas

SANTOS, G. A roupa, a moda e a mulher na europa ocidental medieval: reflexões da opressão sofrida pela
mulher na idade média (sec. XI-XV). 159f. 2006. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em Arte
Contemporânea) Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Brasília.

SANTOS, Neila; GONÇALVES, José Artur. Um olhar analítico sobre o discurso deturpado e demonizador das
mulheres bruxas no manual Malleus Maleficarum. ETIC-ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA-ISSN
21-76-8498, v. 9, n. 9, 2013.

ZORDAN, Paola Basso Menna Barreto Gomes. Bruxas: figuras de poder. Revista Estudos Feministas, v. 13, n. 2, p.
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