Métodos Numéricos Aplicados À Engenharia: Uma Abordagem Conceitual E Proposta de Empregabilidade de Metodologia Ativa de Ensino
Métodos Numéricos Aplicados À Engenharia: Uma Abordagem Conceitual E Proposta de Empregabilidade de Metodologia Ativa de Ensino
Resumo:No decorrer dos anos, em paralelo com as revoluções tecnológicas, as empresas vêm criando e
evoluindo seus produtos para se manter em um mercado cada vez mais competitivo. Contudo, é preciso
recrutar profissionais com mão de obra extremamente qualificada e específica para suprir suas
necessidades. Os engenheiros proporcionam uma contribuição bastante considerável na etapa de criação
dos produtos. A formação desse profissional habilita-o a criar e desenvolver modelos que sejam úteis e
descrevam os sistemas que compõem um prédio, uma casa, um maquinário, um veículo, um processo
produtivo, entre outros bens que a sociedade demanda para consumo, além de soluções inovadoras com o
foco na qualidade de vida das pessoas. Para que haja êxito, os modelos que hoje estão inseridos no
universo CAD/CAE, devem se aproximar o máximo da realidade. As características geométricas criadas
em CAD devem ser simuladas em CAE com a estimativa das mais variadas condições de trabalho que o
objeto enfrentará em funcionamento normal e crítico. A identificação de fenômenos presentes no
funcionamento real é fundamental para o desenvolvimento da modelagem, além do entendimento de toda
a interpretação física em paralelo com a diversidade de recursos numéricos e computacionais integrados.
A tendência é que o ambiente fabril seja cada vez mais digital com o avanço da Indústria 4.0. O setor de
projetos, que vem evoluindo aceleradamente em termos de recursos computacionais, demandará
engenheiros que tenham um considerável domínio de ferramentas virtuais inovadoras. Aplicações de
Realidade Aumentada, Impressão 3D e Realidade Virtual já são realidade nesse segmento, de modo
assistir softwares existentes. Para preparar o profissional para esse novo conceito de indústria, um novo
modelo de educação está sendo inserido nas instituições de ensino. O que é denominado “Escola 4.0”
tem como filosofia a participação ativa do aluno, deixando o professor apenas como agente orientador do
processo.
2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA
De acordo com a citação de Gamboa (2014), o CFD é uma ferramenta numérica poderosa e
que pode ser utilizado em duas vertentes: Investigação e Projeto. Em investigação, o CFD é
utilizado fundamentalmente como uma ferramenta de comparação, entre resultados numéricos
com outro tipo de resultados, analíticos ou experimentais. Na vertente de projeto, o CFD é
utilizado em praticamente todos os ramos de engenharia, pois com os modelos físicos e de
discretização apropriados, pode-se simular qualquer tipo de escoamento e obter resultados
viáveis.
2.3. JUSTIFICATIVA
A utilização da simulação para modelagem de eventos físicos dominou o campo de
desenvolvimento de produtos. Prever o comportamento de componentes sob inúmeras
condições de trabalho é um fator imprescindível para que o engenheiro tenha uma visão
panorâmica dos efeitos que esses eventos proporcionarão ao produto. Isso permite que o
profissional tenha total controle das variáveis chaves e alcance uma solução ótima.
Contudo, não basta saber identificar os fenômenos físicos inerentes aos eventos estimados, é
preciso conhecer e usufruir de ferramentas matemáticas para modelá-los, buscar resultados que
sejam credíveis e, consequentemente úteis para tomadas de decisão fundamentais ao longo do
escopo de um determinado projeto.
Contudo, pode-se afirmar com convicção que o caminho mais eficaz é o dos Métodos
Numéricos, principalmente se tratando de modelos complexos. Dependendo do projeto, é
necessário construção de protótipos para coleta de dados específicos, para reduzir incertezas ou
para dar suporte na criação dos modelos teóricos. Porém, geralmente o uso de softwares acaba
sendo mais econômico para as empresas, apesar de demandar um investimento inicial.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No estudo da dinâmica no campo da Mecânica dos Fluidos, existem duas abordagens distintas
destinadas a casos particulares de análise: Abordagem na forma integral e na forma diferencial.
No primeiro caso, conforme Fox (2014), estuda-se uma região do espaço conforme o fluido
escoa através dela. A Equação (1) é a forma genérica de expressar que a taxa de variação de
uma determinada propriedade extensiva do sistema N equivale a soma da taxa de variação da
quantidade da propriedade N dentro do volume de controle e a taxa na qual a propriedade N
está saindo da superfície do volume de controle.
(1)
Por outro lado, segundo o mesmo autor, utiliza-se a abordagem na forma diferencial quando
o interesse é analisar detalhadamente o escoamento. Esse tipo de análise é embasada em termos
de sistemas e volumes de controle infinitesimais. As forças que atuam sobre um elemento fluido
podem ser classificadas como força de campo e forças de superfície. Observando a Figura 1,
tomando apenas a componente x, da força dm e volume dV=dxdydz, somente as tensões que
atuam na direção x darão origem a forças de superfície na direção x.
(2)
(3)
(4)
A mesma ideia é aplicada para as direções y e z, descrita nas Equações (5) e (6)
(5)
(6)
Uma das principais variáveis de saída de uma análise aerodinâmica é a força. Esta, oriunda da
distribuição de pressão gerada pelo contato do ar com as superfícies do objeto, pode ser
favorável ou desfavorável para o projeto. Este é o principal motivo pelo qual esta variável deve
ser analisada, visando a redução ou aumento de sua intensidade e a direção e sentido ideal do
vetor.
De acordo com Fox (2014), o arrasto (drag force) é a componente da força sobre o corpo
que atua paralelamente à direção do movimento relativo. Essa força pode ser resultante de atrito
puro entre o escoamento e a superfície da placa, de modo que a as partículas de ar tendem a
deslizar na superfície e o atrito entre ambos faz com que force o corpo em direção contrária ao
movimento; de pressão pura quando o escoamento é perpendicular à superfície de escoamento,
de modo que as partículas de ar tendem a colidir frontalmente com a superfície do corpo também
gerando o esforço contrário ao movimento; e de pressão e atrito atuando simultaneamente.
Os seguintes itens farão uma breve conceituação de toda a extensão computacional em uma
análise dinâmica dentro da Mecânica dos Fluidos, também mundialmente conhecida como CFD.
Essa técnica une recursos computacionais para solucionar métodos numéricos aplicados a
soluções específicas para sistemas de Equações Diferenciais Parciais que descrevem escoamentos
em um determinado meio.
Uma malha computacional pode ser definida como um conjunto de pontos e elementos que
descrevem uma região ou geometria de análise. Esses elementos são polígonos conectados pelos
pontos (formando os nós) e por suas faces, que ao serem unidos devem se aproximar do objeto
de estudo. Em cada elemento existe uma conceituação matemática, geralmente formada por
sistemas de Equações Diferanciais que são solucionadas por métodos específicos de maneira que
haja continuidade entre os elementos vizinhos. Toda essa execução é denominada discretização.
Na essência, a discretização é o processo pelo qual uma expressão matemática, seja ela uma
função ou equações na forma diferencial ou integral envolvendo funções, todas as quais são
vistas como tendo valores contínuos infinitos de valores em algum domínio, são aproximadas
por expressões análogas que prescrevem valores apenas em um número finito de pontos ou
volumes discretos no domínio. (ANDERSON, 1995)
A Figura 2 ilustra um exemplo de malha criada para análise aerodinâmica de uma avião.
A malha tetraédrica foi escolhida para a discretização dos sistemas de equações. Esse tipo de
malha é uma boa opção para adaptação da geometria da asa em contato com o ar que escoa por
suas superfícies. Quando gera-se uma malha automática na aba Meshing, nem sempre chega-se a
uma boa resolução em termos de adaptação à geometria e precisão, porém há opções de edição
desses aspectos. Dentre essas opções, as principais são: variar o tamanho máximo do volume
finito, o seu tipo de geometria e alterar a relevância da malha. Para o caso de geometrias não
muito complexas, como este, não utiliza-se muito esses recursos, mas é muito importante
analisar graficamente a malha gerada e avaliar possibilidades de melhorias, isso interfere muito
nas variáveis de saída. Observando as Figuras 7 e 8, em regiões de curvatura, onde a inserção do
elemento triangular é mais complexa, é necessário o uso de elementos menores, adequando-os à
geometria e, paralelamente, aumentando a precisão em termos de cálculo.
Figura 7: Vista em perspectiva da malha gerada no ambiente externo da geometria
Fonte: O próprio autor
(7)
(8)
(9)
(10)
(11)
Tabela 1: Tabela com a intensidade das variáveis nas escalas real e reduzida
Fonte: O próprio autor
Em virtude da análise gráfica de velocidades na Figura 11, com base na visualização dos
sentidos dos vetores e na intensidade indicada na legenda de cores, pode-se afirmar que os
resultados não se distanciam do que se esperava para esse caso, em alguns aspectos. O sentido
dos vetores ao contrário do movimento da asa e a intensidade da velocidade tem o valor
próximo a 40m/s em zonas mais externas à camada da superfície da asa. Porém esperava-se que
houvesse valores menores nas regiões de contato, pois as partículas entram em atrito com a
superfície gerando essa redução. Na Figura 12, os parâmetros para aceitação ficam mais
complicados em termos de intensidade de pressão absoluta, essa que proporcionam esforços de
arrasto e sustentação na asa. Faz sentido as partículas de contato com a superfície terem uma
intensidade maior de pressão, obviamente pelo atrito com o corpo, mas é insuficiente para
considerar uma verdade. Por isso é necessário parâmetro experimental para comparar valores de
esforços verificar se há coerência de resultados.
6. CONCLUSÃO
Diante do que foi mencionado ao longo do artigo, pode-se observar que os objetivos
listados foram alcançados parcialmente. Conseguiu-se obter o entendimento prévio dos
fundamentos da análise numérica de escoamentos, mais precisamente voltado para aerodinâmica
bem como o alto grau de confiabilidade e precisão que o mesmo proporciona aos projetos,
reduzindo drasticamente a necessidade de criação de protótipos e consequentemente o custo de
projetos.
Independente da área de aplicação, é indispensável um aprofundamento nos conceitos
teóricos que envolvem toda a simulação que se deseja realizar, desde os dados de entrada nas
condições de contorno, na preparo e discretizaçao das malhas e na interpretação dos resultados
alcançados.
Acima de tudo, foi uma ocasião oportuna de propor mudanças no curso, buscando uma
melhor formação para os engenheiros mecânicos graduados pela instituição e uma preparação
diferenciada para a tendência de modelo industrial, onde a atuação desse profissional será
indispensável.
7. REFERÊNCIAS
ANDERSON, J.; Computation Fluid Dynamics: The Basic with Aplications , McGraw-Hill, 1ª edição, 1995.
CASTELAN, J., MILANEZ, A., FRITZEN, D., Aprendizagem em Engenharia utilizando Métodos Analíticos e
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Pitágoras, São Luís, 2017.
FOX, W., R.; MC DONALD, T.; A.; Introdução à Mecânica dos Fluidos. 8ª edição. LTC, 2014.
GAMBOA, L., J., F. Análise Numérica das Características Aerodinâmicas de uma Vela Rígida Aplicando
Dinâmica dos Fluidos Computacional. 2014. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Arquitetura Naval) -
Universidade Tecnológica do Porto, Porto, Portugal, 2014.
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