Universidade Federal de Minas Gerais
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG
2011
Anna Cláudia Nascimento Demaria
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG
2011
Anna Cláudia Nascimento Demaria
_________________________________________________________
Marcos Antônio de Resende (Orientador) - UFMG
Durante as últimas décadas o trigger point (TP) miofascial têm recebido muita
atenção na literatura científica por contribuir significativamente para a síndrome de
dor miofascial aguda e crônica e pela gravidade dos seus sintomas. O trigger point
miofascial é um ponto doloroso com nódulo palpável em uma faixa tensa muscular.
Geralmente é ignorado ou mal diagnosticado, podendo levar a condições crônicas.
Como a causa exata do trigger point e os seus mecanismos de cura não são bem
conhecidos, muitas modalidades de tratamento são utilizadas de forma empírica,
sendo necessário o trabalho clínico associado a evidência científica . Para a revisão
bibliográfica foi realizada uma seleção de artigos científicos através das bases de
dados Medline, Bireme e PEDRo. Foi também desenvolvido e encaminhado para 20
fisioterapeutas, um questionário com o objetivo de correlacionar a proposta de
tratamento dos clínicos com os descritos na literatura. As propostas de tratamento
clínico e o verificado na literatura são similares, exceto a abordagem realizada
através de injeções. Embora o trigger point miofascial seja uma causa comum de
dor e disfunção em pessoas com lesões músculo-esqueléticas, sua formação não é
clara dificultando o consenso entre literatura e clinica sobre o melhor tratamento de
fisioterapia. Muitas questões sobre a formação e o tratamento dos trigger points
ainda não estão estabelecidas, sendo necessários outros estudos para uma maior
compreensão desta disfunção musculoesquelética.
During the last decades, the trigger point (TP) Myofascial have received much
attention in the scientific literature as a significant contributor to the syndrome of
acute and chronic myofascial pain and the severity of their symptoms. The
myofascial trigger point is a sore point with palpable nodule in a taut muscle band. Is
often overlooked or misdiagnosed and can lead to chronic conditions. As the exact
cause of trigger point and its healing mechanisms are not well known, many
treatment modalities are used empirically, necessitating the clinical work associated
with scientific evidence. For the literature review was performed a selection of papers
through the Medline, PEDro and BIREME. It was also developed and sent to 20
therapists, a questionnaire in order to correlate the proposed treatment of clinical
data from the literature. Proposals for clinical treatment and found in the literature are
similar, except the approach taken by injection. Although the myofascial trigger point
is a common cause of pain and dysfunction in people with musculoskeletal disorders,
their formation is not clear hindering the literature and clinical consensus on the best
physiotherapy. Many questions about the formation and treatment of trigger points
are not yet established, further studies are needed for a better understanding of
musculoskeletal dysfunction.
1 INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------8
1.1 Objetivos----------------------------------------------------------------------------10
2 REVISÃO DA LITERATURA----------------------------------------------------11
2.1 Etiologia-----------------------------------------------------------------------------12
2.2 Fisiopatologia----------------------------------------------------------------------13
2.3 Incidência---------------------------------------------------------------------------16
3 METODOLOGIA--------------------------------------------------------------------17
4 RESULTADOS ---------------------------------------------------------------------18
4.1 Proposta de tratamento na literatura----------------------------------------18
4.2 Proposta de tratamento dos clínicos----------------------------------------24
5 DISCUSSÃO-------------------------------------------------------------------------27
6 CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------30
REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------31
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
2 REVISÃO DA LITERATURA
têm grande potencial para aplicação clínica no diagnóstico e no tratamento dos TPs
(JORDÃO, 2010). Avaliado pela eletromiografia de superfície o músculo apresenta
resposta e fadiga aumentada, relaxamento retardado, que juntos aumentam a
sobrecarga e reduzem a tolerância ao trabalho. A visualização por ultra-som da
banda tensa com trigger point aparece com regiões hipoecóicas e reduzida
amplitude de vibração, indicando um nódulo localizado e duro. Estes achados
sugerem que a banda tensa associada com TPs são ferramentas detectáveis para o
diagnóstico. A penetração de uma agulha de acupuntura na banda tensa revela uma
maior resistência em relação ao tecidos musculares normais. A existência de uma
banda tensa é demonstrada pela elastografia por ressonância magnética, indicando
que a rigidez da banda tensa é 50% maior do que o tecido muscular ao redor
(ANDERSON, 2011).
2.1 Etiologia
A origem do trigger point não está clara, mas acredita-se que surge a partir de
mais de uma causa, como: um trauma agudo ou microtraumas repetitivos,
contrações musculares sustentadas, distribuição desigual da pressão intramuscular,
trauma direto, contrações excêntricas bruscas e no músculo fraco, contrações
concêntricas máximas ou submáximas, falta de exercícios, má nutrição tecidual,
desequilíbrios posturais, deficiência de vitaminas e distúrbios do sono
(DOMMERHOLT, 2006; BOTWIN, 2008; BABLIS, 2008).
Os trigger points podem aparecer de forma incidiosa e gradual como uma dor
durante injeção intramuscular no TP latente, estress mecânico, alongamento brusco,
esfriamento direto na pele que o reveste, tensão crônica, músculo imobilizado por
períodos prolongados na posição encurtada, compressão de nervo e stress
emocional (SIMONS, 2005).
A ativação de um trigger point geralmente está associada ao excesso de
trabalho do músculo por sobrecarga muscular aguda, sustentada e/ou repetitiva
(SIMONS, 2005). São ativados diretamente por sobrecarga aguda, fadiga por
excesso de trabalho, trauma por impacto direto, e indiretamente por outros TPs
existentes. Um músculo em posição encurtada pode converter um trigger point
latente em ativo (VENANCIO, 2009; BOTWIN, 2007; SIMONS, 2005; PEÑAS, 2006;
CARRASCO, 2009).
13
2.2 Fisiopatologia
2.3 Incidência
3 METODOLOGIA
Foi realizada uma seleção de artigos científicos através do Portal Capes nas
bases de dados Medline, Bireme, PEDRo com as palavras chave trigger point,
myofascial pain, musculoskeletal dysfunction, physical, therapy review of the
literatura analisados na língua inglesa com publicação dos últimos seis anos. Este
estudo considerou também as informações de um livro científico na área da
reabilitação física.
Um questionário foi desenvolvido e encaminhado a 20 fisioterapeutas que
trabalham na região metropolitana de Belo Horizonte com objetivo de correlacionar a
proposta de tratamento clínico de trigger points com as descritas na literatura.
18
4 RESULTADOS
causada pela forte contração local como resposta ao agulhamento, a menos que o
anestésico seja usado como inibição do nervo e injetado antes do tratamento
(SCOTT, 2009).
Uma variedade de fluidos são injetados em trigger points, incluindo água, soro
fisiológico, anestésico local, vitamina B, corticosteróides, acetilsalicilato, anti-
inflamatório e toxina botulínica bloqueando a percepção da dor e tratando as
reações inflamatórias. O agulhamento seco é uma técnica tão eficaz para inativar e
aliviar a dor dos TPs quanto à injeção de um anestésico local, porém a sensibilidade
e ulceração pós-injeção são maiores e durante um período mais longo. Anestésicos
locais agem bloqueando a condução nervosa, enquanto o agulhamento seco age
mecanicamente rompendo os pontos gatilhos (VENANCIO, 2009; SIMONS, 2005;
VENANCIO, 2008; SCOTT, 2009).
O efeito do tratamento com injeção diminui a dor durante um período, mas os
resultados não são duradouros, sendo necessário a combinação de outras
modalidades terapêuticas e controle dos fatores etiológicos. O alívio rápido dos
sintomas faz desta técnica ser bem sucedida e indicada em casos onde há uma
situação de urgência. O uso de anestésicos associados com corticóides parece
minimizar os efeitos de sensibilização central e periférica, tornando o procedimento
indolor e o período pós-injeção mais confortável (GA, 2007; VENANCIO, 2008).
Uma injeção bem aplicada no TP e não na zona de dor referida pode inativar
de imediato e por completo um trigger point. Após a perfuração eficaz, nenhuma
resposta a contração local, dor referida e sensibilidade local devem permanecer. A
banda tensa fica mais relaxada e pode não ser mais distinguível pela palpação.
Todos os pontos sensíveis na região devem ser eliminados antes da retirada da
agulha através da pele (SIMONS, 2005).
O alongamento pós-injeção e o movimento ativo do músculo perfurado é parte
integrante do tratamento. O processo é facilitado se aplicado spray de etila ao
músculo e no padrão de dor referida durante o primeiro alongamento, seguida de
compressa quente para reduzir a ulceração pós-injeção. Se dois ou três tratamentos
de injeção não conseguirem produzir melhora, injeções repetidas não será a melhor
resposta de tratamento (SIMONS, 2005).
Contra indicação para as injeções nos trigger points incluem paciente em
terapia de anticoagulação, fumantes e pacientes com medo exagerados de agulha
(SIMONS, 2005). Embora a injeção seja conhecida como um procedimento seguro,
22
de alongamento e
relaxamento pélvico
Bron et al. Triagem de Inativação dos TPs Melhora da incapacidade
2011 controle por técnicas nos membros superiores,
randomizado manuais, cubos de escala visual analógica e
gelo, massagem, diminuição dos músculos
calor e alongamento, com trigger point ativo.
orientações
ergonômicas e
posturais.
Scott et al. Revisão Buscas de artigos Alivio da dor usando a
2009 sistemática que usaram injeção injeção como único
como tratamento da tratamento ou associada
dor com alongamento, laser e
musculoesquelética US.
crônica
Botwin et al. Observacional Uso de Us para Confirma a exata colocação
2008 visualizar as injeções da agulha na musculatura,
nos trigger points. reduzindo complicações.
Fonte: Elaborado pela autora
ECM, articular.
masseter,
suboccipitais,
peitoral,
redondo maior
C/1 ano Trapézio Feminino, 20 20 a 30 ss Alongamento e
superior, a 40 anos fortalecimento
médio e muscular,
rombóides termoterapia,
orientação postural.
D/12 anos Trapézio, Feminino, Variável, não Inibição dos trigger
pirifome e maior de 35 tem este points,
extensores da anos controle alongamento e
coluna relaxamento
muscular
E/1 ano e meio Escapular e Feminino, 24 10 ss Inibição dos trigger
deltóideana a 40 anos points
F/17 anos Cintura Feminino, a 12 ss Massagem manual
escapular partir de 25 e calor profundo
anos
G/7 anos Cervical, Feminino, 25 Variável uns Inibição dos trigger
trapézio a 50 anos com 3 a 5 ss, points e massagem
superior, outros com 10
ECM, a 15 ss.
interescapular
e glúteo médio
H/2 anos Trapézio, Feminino, 20 15 a 30 ss Massagem de
rombóide e a 40 anos fricção circular e
quadrado alongamento
lombar passivo
I/3 anos Rombóides, Feminio, 25 a Variável, Inibição dos trigger
trapézio 55 anos depende da points, massagem,
superior e causa. Uma a US e termoterapia
26
médio, ECM 10 ss
Fonte: Elaborado pela autora
27
5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÃO
Embora o trigger point miofascial seja uma causa comum de dor e disfunção
em pessoas com lesões músculo-esqueléticas, seu diagnóstico não é claro quando
verificado na literatura devido à existência de vários fatores predisponentes e
associação a outras alterações miofasciais como a fibromialgia, lesão de chicote
entre outras. É relatado pela literatura e pela clínica a forma de desativar o trigger
point ativo, mas não de eliminar o trigger point latente que prejudica a amplitude do
movimento. Existem vários recursos para alívio dos sintomas do trigger point, mas
como muitas questões ainda não foram esclarecidas sobre a sua formação,
modalidades terapêuticas são utilizadas de forma distinta entre os profissionais
tornando difícil um consenso sobre a melhor proposta de tratamento. Outros estudos
são necessários para uma maior compreensão da formação do trigger point e,
consequentemente da sua abordagem clínica.
31
REFERÊNCIAS
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