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Etnoconhecimento

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS – DCHT


CAMPUS XVII - BOM JESUS DA LAPA
CURSO: Pedagogia SEMESTRE: 2024.1
DOCENTE: Sebastião Carlos Dos Santos Carvalho
DISCENTES: Dinalva de Jesus Nogueira e Raquel Lopes Nogueira
DISCIPLINA: CCL II- ETNOCONHECIMENTO: SABERES E FAZERES
EM COMUNIDADES TRADICIONAIS

Saberes Populares sobre Plantas Medicinais através da Etnobotânica

1. INTRODUÇÃO

As plantas medicinais têm sido utilizadas desde os tempos remotos, com registros de
seu uso no Brasil antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus às Américas, uma vez
que os povos indígenas já dominavam esse conhecimento, adquirido a partir da observação e
experimentação, transmitidos de geração em geração e que hoje são aproveitados na medicina
moderna. Essa transmissão era feita oralmente e assegurava que cada nova geração herdasse
os saberes acumulados, mas nos últimos tempos ela vem sendo perdida, principalmente com o
avanço da ciência e a influência das indústrias farmacêuticas, sendo cada vez mais
substituídos pela produção de medicamentos.

Considerando a redução desses saberes – o que pode resultar na perda de uma


medicina natural, de um empobrecimento cultural e na diminuição da diversidade de
tratamentos para diversas enfermidades-, e a importância de mantê-los vivos, visto que fazem
parte de culturas e tradições, identificamos a necessidade de trazer os princípios da
etnobotânica como prática educativa, já que por definição essa ciência busca explorar a
relação entre os seres humanos e as plantas, valorizando os conhecimentos tradicionais e a
conservação da biodiversidade. Dessa forma, o presente texto visa trazer as contribuições da
etnobotânica para resgatar e preservar os saberes populares sobre plantas medicinais,
promovendo a integração entre conhecimentos tradicionais e científicos, e propondo
estratégias para a sua implementação e valorização.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE AS PLANTAS MEDICINAIS
Os primeiros registros históricos sobre o uso de plantas medicinais datam de cerca de
500 a.C., conforme documentado por Duarte (2006) apud Firmo et al. (2020). Na China
antiga, por exemplo, já existiam textos que descreviam os nomes, doses e como usar plantas
para tratar doenças específicas, por outro lado, o "Papiro de Ebers", um antigo manuscrito
egípcio datado de 1.500 a.C., é uma das fontes mais antigas de informações médicas e
farmacêuticas que existe, contendo uma lista extensa com 811 prescrições e 700 substâncias
diferentes, incluindo plantas, minerais e outros materiais, que eram usados para tratar uma
variedade de condições médica, o que mostra como civilizações antigas já dominavam um
conhecimento avançado sobre elas, usando-as como parte importante de seus tratamentos
médicos.

Segundo Veiga (2002, apud ARGENTA et al., 2011), a primeira descrição sobre o uso
de plantas como remédios no Brasil foi feita por Gabriel Soares de Souza, no Tratado
Descritivo do Brasil, publicado em 1587. Esse tratado descrevia os produtos medicinais
utilizados pelos indígenas como "árvores e ervas da virtude". Com a chegada dos primeiros
médicos portugueses ao Brasil, e a escassez de remédios na colônia, foi reconhecida a
importância das plantas usadas pelos indígenas como medicamento. A partir desse
conhecimento, o uso de plantas medicinais continuou a se expandir e a se integrar cada vez
mais na prática médica, mostrando a diversidade de espécies e a sabedoria ancestral das
comunidades indígenas.

Com o passar dos tempos os conhecimentos sobre as propriedades medicinais das


plantas foram sendo aprimorados e transmitidos através das gerações, criando um grande
conjunto de saberes populares. Segundo Rocha et al (2015), acredita-se que o uso medicinal
das plantas tenha tido início mediante observações de suas características únicas, como
modificações estruturais durante as estações do ano, e como elas podiam se recuperar de
danos. Dessa forma, esses saberes populares foram contribuindo para a formação de um
amplo acervo de conhecimentos tradicionais que até hoje são valorizados e utilizados na
medicina popular. Rocha et al (2015) enfatizam a importância desse conhecimento ancestral e
destacam que a sua preservação e valorização são fundamentais para a promoção da saúde e
bem-estar da população.

3. USO POPULAR DAS PLANTAS MEDICINAIS E A ETNOBOTÂNICA

O uso popular de plantas medicinais é um reflexo do conhecimento cultural enraizado


nas tradições e práticas ancestrais. Em muitas regiões, especialmente em áreas rurais ou onde
o acesso à medicina moderna é limitado, as plantas medicinais são uma fonte de tratamento de
extrema importância, pois são acessíveis, seguras e muitas vezes eficazes. Entre as plantas
mais comuns estão a Aloe Vera, conhecida também por babosa, o alecrim, a arruda, o mastruz
e a camomila. A Aloe Vera é utilizada por suas propriedades cicatrizantes e hidratantes, sendo
eficaz no tratamento de queimaduras e problemas de pele. O alecrim, por sua vez, é
reconhecido por suas qualidades estimulantes da circulação e seu efeito contra a fadiga. A
arruda é utilizada no alívio de dores de cabeça e problemas digestivos, enquanto o mastruz é
apreciado por suas propriedades anti-inflamatórias e diuréticas, já a camomila é renomada por
seu efeito calmante, ajudando a promover o relaxamento e a melhorar a qualidade do sono.

Esses saberes, embora enraizados na cultura, enfrentam desafios no contexto atual,


onde estamos perdendo aos poucos esses conhecimentos populares, pois a modernização, a
urbanização e a dependência de medicamentos industrializados estão fazendo com que essas
práticas sejam esquecidas. A vida nas cidades, por exemplo, valoriza a praticidade e a rapidez,
muitas vezes deixando de lado as tradições locais. Dessa mesma forma, o uso cada vez maior
de remédios industrializados tem feito com que as pessoas dependam mais de tratamentos
convencionais, ignorando as práticas tradicionais, fazendo com que haja uma ameaça a
preservação desses conhecimentos antigos, e levando a uma perda da diversidade cultural, que
torna mais difícil para as comunidades manterem suas próprias tradições e identidades. Para
combater essa perda, a etnobotânica se apresenta como uma ferramenta essencial.

Segundo Hamilton apud Kovalski e Obara (2013), a etnobotânica, embora recente e


ainda não sistematizada como outras ciências, propõe uma ligação entre o conhecimento
científico e o saber popular. Ao resgatar e valorizar os conhecimentos tradicionais e a
conservação dos recursos naturais, a etnobotânica desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento dos povos. Esta disciplina busca explorar a relação entre os seres humanos e
as plantas, promovendo a valorização dos conhecimentos tradicionais e a conservação da
biodiversidade. Nesse sentido, integrar a etnobotânica como prática educativa nas escolas
pode ser uma estratégia eficaz para preservar e revitalizar esses saberes. Ao trabalhar com a
temática das plantas medicinais, é importante estabelecer a associação entre os diferentes
saberes que compõem este conteúdo. Costa (2008) destaca que o conhecimento científico não
deve ser substituído pelo conhecimento etnocientífico, mas utilizado como uma ferramenta de
mobilização cognitiva e afetiva dos alunos para a percepção do novo conhecimento que se
lhes apresenta: o científico. Dessa forma, a etnobotânica pode ajudar a criar uma
aprendizagem significativa e uma maior sensibilização sobre a importância das plantas
medicinais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, é possível considerar que a preservação dos saberes populares


sobre plantas medicinais é de suma importância para a manutenção da diversidade cultural,
para a promoção da saúde e bem-estar das comunidades, e para a conservação da
biodiversidade. A etnobotânica se apresenta como uma importante ferramenta para resgatar e
valorizar esses conhecimentos, integrando o saber científico com o saber popular e
contribuindo para a sensibilização sobre a importância das plantas medicinais. A sua
implementação é uma estratégia eficaz para garantir a continuidade e o reconhecimento dos
saberes tradicionais, promovendo a integração entre a ciência e a cultura local

REFERÊNCIAS

ARGENTA, Scheila Crestanello; ARGENTA, Leila Crestanello; GIACOMELLI, Sandro


Rogério; CEZAROTTO, Verciane Schneider. Plantas medicinais: cultura popular versus
ciência. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI, v. 7, n. 12, p. 51-60, maio 2011.
FIRMO, Wellyson da Cunha Araújo et al. Contexto histórico, uso popular e concepção
científica sobre plantas medicinais. Cadernos de Pesquisa, São Luís, v. 18, n. especial, p. 1-
20, dez. 2011.
KOVALSKI, Mara Luciane; OBARA, Ana Tiyomi. O estudo da etnobotânica das plantas
medicinais na escola. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 10, n. 2, p.
15-28, jun. 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-73132013000400009. Acesso
em: 04 jul. 2024.
ROCHA, Luiz Paulo Bezerra da et al. Uso de plantas medicinais: Histórico e relevância.
Research, Society and Development, v. 10, n. 10, e44101018282, 2021. Disponível em: (PDF)
Uso de plantas medicinais: Histórico e relevância (researchgate.net). Acesso em: 04 jul. 2024.

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