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Química Orgânica para Ciência

e Tecnologia de Alimentos
Aula 8
Estudo dos Haletos de alquila

Prof. Dr. Leandro Vinícius Alves Gurgel


1. Introdução

• Os haletos de alquila são compostos que possuem um


halogênio ligado a um grupo alquila;
• Além da importância em síntese orgânica, os haletos de
alquila também têm grande importância industrial e no
cotidiano;
• O tetracloreto de carbono (CCl4), triclorometano (CHCl3) e
1,1,2-tricloroetano (Cl2C=CHCl) são empregados como
solventes industriais;
• O diclorodifluormetano (Freon, CCl2F2) é utilizado em
refrigerantes e também teve uso como propelente em
aerossóis;
• Também são utilizados em polímeros, tais como o teflon,
entre outros.
1. Introdução – Pesticidas Organoclorados

• Diversos pesticidas utilizados na agricultura também são


derivados de haletos de alquila;

DDT Metoxiclor Dieldrin/Endrin

Aldrin Clordane Heptaclor


1. Introdução

• O número de haletos de alquila naturais conhecidos ainda é


pequeno (cerca de 2.600 compostos) e a maioria deles foi
isolado de microorganismos marinhos;
• Alguns desses compostos são muito tóxicos;
• Também foram identificados haletos de alquila naturais com
atividade biológica;
• Exemplo: Plocameno B, isolado da alga vermelha
(Plocamiun violaceum), possui atividade inseticida contra
larvas de mosquito, semelhante ao DDT:
2. Propriedades Físicas e estruturais

• A ligação carbono-halogênio é formada pela sobreposição de


um orbital híbrido do carbono com um orbital sp3 do
halogênio;
• O comprimento da ligação aumenta a medida que aumenta o
tamanho do átomo de halogênio, assim a ligação C-F tem um
comprimento de 1,39Å;
• Ao passo que a ligação C-I tem um comprimento de 2,14Å;
• Como os halogênios são mais eletronegativos que o carbono,
a ligação C-X é polarizada (Eletronegatividades: C(2,5),
F(4,0), Cl(3,5), Br(2,8) e I(2,5));
2. Propriedades Físicas e estruturais
2. Propriedades Físicas e estruturais

• Mesmo sendo moléculas polarizadas, os haletos de alquila


apresentam baixa solubilidade em água;

• Em virtude da maior massa molar, devido ao halogênio, os


haletos de alquila apresentam ponto de ebulição mais
elevados, comparados aos alcanos de mesmo número de
carbonos;

• No caso dos haletos de alquila com o mesmo número de


carbonos, a temperatura de ebulição aumenta com o
aumento da massa molar do halogênio;
2. Propriedades Físicas e estruturais

• As propriedades físicas de alguns haletos orgânicos mais


comuns são listadas na tabela abaixo:
3. Nomenclatura

• Na nomenclatura de classe funcional os grupos alquila e os


haletos (fluoreto, cloreto, brometo e iodeto) são designados
como palavras separadas pela preposição de;
• O grupo alquila se baseia cadeia carbônica contínua mais
longa no carbono, que começa no carbono ao qual o
halogênio está ligado;

Fluoreto de Cloreto de Brometo de Iodeto de


metila pentila 1-Etilbutila Cicloexila
3. Nomenclatura

• A nomenclatura substitutiva dos haletos de alquila trata o


halogênio como um substituinte halo (fluoro-, cloro-, bromo-
ou iodo-) em uma cadeia de alcano;
• A cadeia carbônica é numerada na direção que fornece ao
carbono substituído o menor número:

1-Fluoropentano 2-Bromopentano 3-Iodopentano


3. Nomenclatura

• Quando a cadeia carbônica leva um halogênio e um


substituinte alquila, os dois são considerados como tendo
igual importância e a cadeia é numerada de modo a
designar o menor número ao substituinte mais próximo do
final da cadeia:

5-Cloro-2-metileptano 2-Cloro-5-metileptano
4. Reatividade

• Devido a polarização da ligação C-X, as moléculas de haleto


de alquila, principalmente as contendo Cl, Br e I, são reativas,
sofrendo principalmente três tipos de reações:

• Substituição nucleofílica;

• Eliminação;
4.1. Reações de Substituição Nucleofílica

• A reação de haletos orgânicos com nucleófilos (Nu:-) é de


grande importância para a síntese orgânica, pois a partir
desta reação é possível fazer uma série de transformações
orgânicas;
• A equação geral pode ser apresentada da seguinte forma:

Nucleófilo Substrato Produto Grupo retirante

• Neste tipo de reação um nucleófilo (Nu:-) substitui um grupo


retirante (LG-) em uma molécula (substrato) que sofre
substituição;
4.1. Reações de Substituição Nucleofílica

• O nucleófilo é sempre uma base de Lewis, e ele pode ser


carregado negativamente ou neutro;
• O grupo retirante é sempre uma espécie que leva um par de
elétrons com ela quando ela se afasta;
• Exemplos de reações de substituição nucleofílica:
4.1. Reações de Substituição Nucleofílica

• Em uma reação de substituição nucleofílica a ligação entre o


carbono do substrato e o grupo retirante sofre uma
quebra heterolítica, e o par de elétrons não compartilhado
do nucleófilo forma uma nova ligação com o átomo de
carbono:

• A questão chave é: quando a ligação entre o grupo retirante e


o átomo de carbono quebra? Ela quebra ao mesmo tempo
que a nova ligação entre o nucleófilo e o carbono se forma?
4.1. Reações de Substituição Nucleofílica

• Ou, a ligação entre o grupo retirante e o carbono se quebra


primeiro?

• Seguido por:

• As respostas para estas perguntas dependerão


grandemente da estrutura do substrato!
4.1.1. Nucleófilos

• Um nucleófilo é um reagente que procura um centro positivo;


• Qualquer íon negativo (ânion) ou molécula não carregada
com um par de elétrons não-ligante é um nucleófilo
potencial.

Este é o centro O halogênio


positivo que o eletronegativo polariza a
nucleófilo procura ligação C-X
4.1.1. Nucleófilos

• Vejamos dois exemplos de reação de substituição


nucleofílica, um onde o nucleófilo carregando negativamente
reage (-:OH) e outro onde um nucleófilo neutro (H2O), ambos
reagem com o mesmo substrato:

• 1)

• 2)
4.1.2. Grupos retirantes

• Para agir como o substrato em uma reação de substituição


nucleofílica, uma molécula deve ter um bom grupo
retirante;
• Um bom grupo abandonador ou retirante é um substituinte
que pode deixar o substrato como um íon ou molécula
fracamente básica e relativamente estável;
• O seguinte é um exemplo onde o grupo abandonador sai
como uma molécula de água:
4.2. Mecanismos

• Dependendo das condições em que a reação é realizada e


da natureza do substrato e do nucleófilo, a reação de
substituição nucleofílica pode ser:

• Unimolecular (SN1):

• Bimolecular (SN2):
4.2. Reações SN2

• No mecanismo SN2, a etapa lenta da reação depende da


concentração do haleto de alquila (substrato) e do
nucleófilo, formando, no estado de transição, um complexo
onde tanto o grupo abandonador quanto o nucleófilo estão
parcialmente ligados ao carbono;
• É possível afirmar que a quebra da ligação C-X e a
formação da ligação Nu-C ocorrem simultaneamente:
• Reação:

• Mecanismo:
4.2. Reações SN2

• Uma representação esquemática dos orbitais envolvidos em


uma reação SN2:
Orbital antiligante

Orbital ligante

• De acordo com esse mecanismo:


• O nucleófilo aproxima-se do átomo de carbono portando o
grupo abandonador por pelo lado de trás, isto é, pelo
lado diretamente oposto ao grupo abandonador.
• Como o nucleófilo forma uma ligação e o grupo
abandonador sai, o átomo de carbono do substrato sofre
inversão de configuração.
4.2.1. A estereoquímica das reações SN2

• A estereoquímica da reação SN2 é diretamente relacionada


as características-chave do mecanismo da reação:
4.2.1. A estereoquímica das reações SN2

• Exemplo:

cis-1-Cloro-3- trans-3-
metilciclopentano metilciclopentanol
4.3. Reações SN1

• No mecanismo SN1, na etapa lenta da reação é formado um


carbocátion, e em uma segunda etapa ocorre o ataque do
nucleofílico sobre o carbocátion;

• Na etapa lenta uma molécula de cloreto de terc-butila ioniza e


torna-se um cátion terc-butila e um íon cloreto. No estado de
transição para esta etapa a ligação carbono-cloro do cloreto
de terc-butila é em grande parte quebrada e os íons
começam a se desenvolver:
4.3. Reações SN1

• Mecanismo:

• Etapa 1:

• Etapa 2:

• Etapa 3:
4.3.1. Carbocátions

• (a) Cátion metila (carbocátion metila)


• (b) Cátion terc-butila (carbocátion 3º)
4.3.2. Hiperconjugação

• A hiperconjugação envolve uma deslocalização de elétrons


(via sobreposição orbital parcial) através de um orbital ligante
preenchido com um orbital adjacente vazio:
4.3.2. Hiperconjugação

• Estabilidade relativa dos carbocátions é: 3º > 2º > 1º > Metila:

terc-butila (3º) Isopropila (2º) Etila (1º) Metila


4.3.3. Estereoquímica das reações SN1

• Porque o carbocátion formado na primeira etapa de uma


reação SN1 tem uma estrutura trigonal plana, quando ele
reage com um nucleófilo, ele pode fazê-lo por trás ou pela
frente;
• Com o cátion terc-butila isto não faz diferença, desde que o
grupo terc-butila não é um sítio quiral, o mesmo produto é
formado por ambos os modos de ataque:
4.3.4. Reações que envolvem racemização

• Uma reação que transforma um composto opticamente ativo


em uma forma racêmica é uma reação que se procede com a
racemização:

(S)-3-Bromo-3- 50% 50%


metilexano (S)-3-metil-3-hexanol (R)-3-metil-3-hexanol
(opticamente ativo) (opticamente inativo) (opticamente inativo)
4.4. Efeito estérico nas reações SN2

• Efeitos estéricos e velocidades relativas nas reações SN2:


4.5. Força do nucleófilo

• O ânion metóxido, por exemplo, é um bom nucleófilo para uma


reação de substituição nucleofílica com o iodometano:

• Metanol por outro lado, é um nucleófilo pobre para uma reação


com o iodometano:

• As forças relativas dos nucleófilos podem ser relacionadas as


características estruturais:
• 1) Nucleófilo carregado negativamente é sempre mais reativo do
que seu ácido conjudado:

• 2) Em um grupo de nucleófilos no qual o átomo nucleofílico é o


mesmo, nucleofilicidade acompanha a basicidade:
5. Reações de Eliminação de Haletos de Alquila

• O tratamento de um haleto com base forte (KOH e EtO-Na+)


leva a formação de um alceno (produto de eliminação de um
haleto de alquila);
• Uma reação de eliminação pode ocorrer de duas maneiras:
• Mecanismo unimolecular (E1);
• Mecanismo bimolecular (E2);

• O tipo de mecanismo vai depender da estrutura do


substrato (haleto de alquila);
• Quando o halogênio do haleto de alquila estiver ligado a
um carbono terciário ou secundário é possível formar
carbocátions estáveis e o mecanismo preferencial é E1;
• Quando o halogênio estiver ligado a um carbono primário,
devido a estabilidade do carbocátion 1º, o mecanismo é E2;
5. Reações de Eliminação de Haletos de Alquila

• Aquecer um haleto de alquila com uma base forte leva a uma


reação de eliminação;

• Exemplos:
5. Reações de Eliminação de Haletos de Alquila

• O carbono que contém o grupo retirante (abandonador)


ligado é chamado de carbono a e o carbono adjacente é
chamado de carbono b;
Hidrogênio b
Carbono b

Carbono a
Grupo abandonador
• No mecanismo E2 a saída do halogênio ocorre
simultaneamente ao ataque da base sobre o hidrogênio
ácido; A condição básica para ocorrer este tipo de
mecanismo é que o halogênio e o hidrogênio estejam em
posição antiperiplanar.
5.1. Bases usadas na desidrohalogenação

• Várias bases fortes têm sido usadas na desidrohalogenação;


• Hidróxido de potássio dissolvido em etanol (KOH/EtOH) é
usado algumas vezes;
• Mas bases conjugadas de alcoóis como etóxido de sódio
(EtO-Na+) oferecem vantagens distintas;
• Os íons alcóxido podem ser obtidos através de tratamento
com sódio metálico ou hidreto de sódio:
5.2. Mecanismo de desidrohalogenação E2

• Reação:

• Mecanismo:

Estado de transição
5.3. Mecanismo de desidrohalogenação E1

• No mecanismo E1, na etapa lenta da reação é formado um


carbocátion e em uma segunda etapa ocorre o ataque da
base sobre o Hb ao carbocátion, levando a formação de um
alceno;
• Havendo a possibilidade de formar mais de um alceno,
sempre será formado em maior percentual o alceno mais
estável (mais substituído);

Álcool terc-butílico Éter etil terc-butílico

Cloreto de
terc-butila

2-Metilpropeno
5.3. Mecanismo de desidrohalogenação E1

• Mecanismo:
• 1) Formação do carbocátion terc-butila (3º):

• 2) Se o solvente age como nucleófilo a reação procede via


SN1:
5.3. Mecanismo de desidrohalogenação E1

• 3) Se o solvente age como uma base e remove um dos Hb, o


produto é o 2-Metilpropeno e a reação procede via E1:

• As reações E1 quase sempre acompanham as reações SN1;


5.3. Mecanismo de desidrohalogenação E1

• Reação:

• Etapa 1:

• Etapa 2:
6. Como determinar se Substituição ou Eliminação é favorecida

• SN2 versus E2: Essas reações são ambas favorecidas por


uma alta concentração de um nucleófilo forte ou uma base
forte;
• Quando o nucleófilo (base) ataca um átomo de Hb, a
eliminação ocorre;
• Quando o nucleófilo (base) ataca o carbono ligado ao
grupo abandonador, a substituição ocorre;
6. Como determinar se Substituição ou Eliminação é favorecida

• Substrato primário:

• Substrato secundário:

• Substrato terciário (sem aquecimento):


6. Como determinar se Substituição ou Eliminação é favorecida

• Substrato terciário (com aquecimento):

• Aumentar a temperatura favorece eliminação E1 (forma


carbocátion) e E2 (não forma carbocátion) em relação a
substituição;
6. Como determinar se Substituição ou Eliminação é favorecida

• Tamanho da base (nucleófilo):

• 1) Nucleófilo pequeno (pouco impedido):

• 2) Nucleófilo grande (grande impedimento estérico):


6. Como determinar se Substituição ou Eliminação é favorecida

• Haletos terciários: SN1 versus E1;

• Porque as reações SN1 e E1 procedem através da formação


de um intermediário comum, os dois tipos respondem de
modos similares aos fatores que afetam a reatividade;

• As reações E1 são favorecidas com substratos que podem


formar carbocátions estáveis, isto é, haletos terciários;

• Elas também são favorecidas por nucleófilos fracos e pelo


uso de solvente polares (solvatação);

• O aumento da temperatura favorece E1 em relação a SN1.


7. Resumo
7. Resumo

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