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E Book

O e-book da Associação Marta aborda a violência doméstica contra mulheres, destacando o aumento dos casos durante a pandemia de Covid-19 e a importância de identificar e denunciar essas violências. A obra descreve os tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha e oferece orientações sobre como ajudar as vítimas. Além disso, enfatiza a necessidade de informação como uma ferramenta fundamental para combater a violência contra a mulher.

Enviado por

Samara
Direitos autorais
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Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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E Book

O e-book da Associação Marta aborda a violência doméstica contra mulheres, destacando o aumento dos casos durante a pandemia de Covid-19 e a importância de identificar e denunciar essas violências. A obra descreve os tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha e oferece orientações sobre como ajudar as vítimas. Além disso, enfatiza a necessidade de informação como uma ferramenta fundamental para combater a violência contra a mulher.

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VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA E
CONTRA A MULHER
Isoladas sim,
mas não sozinhas!

Violência + Covid 19
O surto do coronavírus tem afetado todos nós e, com certeza, não tem
sido fácil pra ninguém. Mas você já parou para pensar naquelas
mulheres que vivem em situação de violência doméstica e que,
provavelmente, têm sido agredidas todos os dias por estarem de
quarentena com seus agressores?

Devido a essa pandemia, nós, da Associação Marta, preparamos alguns


informativos e juntamos no presente e-book, de modo que as
informações aqui presentes continuarão sendo de suma importância
mesmo depois que essa pandemia passar, para que você, leitor ou
leitora, possa identificar os tipos de violência doméstica, além de saber o
que fazer, onde buscar apoio e como ser suporte para as mulheres
vítimas de violência doméstica.

Dados mostram que, em 2018, 42% dos casos de violência contra


a mulher ocorreram dentro de casa. De 2018 para 2019, o número
de feminicídio cresceu mais de 7% e em 88,8% dos casos o autor
foi o companheiro ou o ex-companheiro. O confinamento causado
pelo vírus nos dá motivos pra nos preocuparmos mais ainda com
esses dados.

Segundo a ONU mulheres, elas ainda são a maioria em empregos


informais, principalmente nos empregos de assistência doméstica
e de turismo, ou seja, as mais prejudicadas com as demissões em
massa e com o baque econômico causado pela pandemia. É
importante considerar isso porque, se elas perdem o emprego,
passam a estar mais dependentes do agressor, que se aproveita
disso para mantê-las submissas.

O isolamento, infelizmente, acaba facilitando as atitudes


do agressor, pois a mulher tem medo de sair de casa e
contrair o coronavírus, acaba ficando sem contato com
a família, tem medo de ir ao hospital e não ser
devidamente atendida por conta da pandemia, além de
não saber se as instituições de apoio estão funcionando.

Tudo isso se confirmou, por exemplo, na China, onde, desde o


início do isolamento, constatou-se o aumento em até três vezes do
número de atendimentos a mulheres vítimas de violência, e nos
Estados Unidos, onde o número de agressores cresceu usando a
ocasião do coronavírus como meio de isolar as mulheres.

Para combater essa situação precisamos saber quais são os tipos


de violência doméstica que podem ocorrer conforme a Lei Maria da
Penha, de forma que possamos identificar a violência e, assim,
incentivar a vítima a denunciar.
Antes de falarmos um pouco sobre os tipos de
violência previstas na Lei Maria da Penha, devemos
lembrar que a referida Lei protege toda mulher,
independentemente de classe, raça, etnia,
orientação sexual, renda, cultura, nível
educacional, idade e religião, sendo incluídas,
portanto, nessa proteção às mulheres transexuais.
Ademais, importante lembrar que a violência
doméstica e familiar se configura quando é
praticada contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial.

A Lei Maria da Penha prevê cinco formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, que serão comentadas a seguir.

Violência física
A lei conceitua a violência física como qualquer conduta que
ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher. Então
quando o parceiro, por exemplo, agride sua mulher, isso se
enquadra como violência física e é devidamente previsto pela
Lei Maria da Penha e punido pelo Código Penal.

Segundo dados do Fórum de Segurança Pública de 2018, 536 mulheres foram


agredidas por hora. O número de notificações de violência física contra mulheres
causadas por seus cônjuges ou namorados, segundo o Ministério da Saúde, quase
quadruplicou de 2009 a 2016 em todo o país.
Com a Lei Maria da Penha, o Supremo Tribunal Federal decidiu também que
toda lesão corporal, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticada contra a
mulher no meio doméstico é crime de ação penal incondicionada, ou seja, não
precisa da anuência da vítima para se instaurar uma ação penal. Mesmo se a
vítima não denunciar, o ofensor pode ser processado.
Além disso, não podemos esquecer que o feminicídio também se enquadra
nesse tipo de violência. Este pode ser definido como, o assassinato de mulheres,
por uma questão de gênero e passou a ser previsto no Código Penal em 2015,
como qualificação da pena, uma medida que visa acabar com a impunidade dos
frequentes assassinatos de mulheres que ocorrem no Brasil.

Violência sexual

A violência sexual se caracteriza quando é praticada


qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, a
NÃO É NÃO manter ou a participar de relação sexual não desejada
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; induza
a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
sexualidade; impeça de usar qualquer método contraceptivo ;
force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; que limite ou anule o
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.

Ainda está bastante presente na sociedade a crença de que sexo sem


consentimento da mulher, por exemplo, em uma relação conjugal não é estupro,
mas é sim! Inclusive, o número de notificações de estupros por cônjuges ou
namorados das vítimas cresceu quase sete vezes desde 2009, segundo o
Ministério da Saúde.
Violência psicológica

A violência psicológica é definida por qualquer conduta


que cause à mulher dano emocional e diminuição da
autoestima. Que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar, controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto,
chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização,
exploração e limitação do direito de ir e vir.

Ainda qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação.

Percebe-se que esse tipo de violência é bastante subjetiva e pode ocorrer


de diferentes formas para cada mulher, podendo ser mascaradas com pedidos
de desculpas, promessas de que não irão se repetir, e até mesmo com afeto.
Entretanto, essas atitudes, mesmo que não agridam fisicamente, provocam
danos terríveis para o bem-estar psicológico e emocional da mulher.
Para ajudar a identificar podemos citar alguns exemplos, mas não se trata de
um rol exaustivo, pois como já foi dito, essa violência é bastante subjetiva e
pode se concretizar das mais diversas maneiras:

Quando a mulher não pode mais se vestir do jeito que quiser;


O homem quer determinar suas roupas, controlar sua dieta e até mesmo o
pensamento;
Quando ele critica tudo que a mulher faz e fala, nada está certo;
Quando ele começa a controlar com quem a mulher se relaciona, desde
amigos até familiares, não permite a amizade com o sexo oposto;
Quando ele agride a mulher verbalmente, com xingamentos e humilhações
públicas;
Quando ele critica o corpo da mulher, mesmo que depois diga que foi
brincadeira. Quando ele faz perseguição, vigia o celular da mulher;

Violência moral

A violência moral também está prevista na Lei


Maria da Penha, caracterizando-se como qualquer
conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
A título de esclarecimento, calúnia, difamação e
injúria são crimes previstos no nosso Código Penal
Brasileiro.

A calúnia ocorre quando o agressor atribui à mulher uma conduta


tipificada como crime, sem que ela o tenha cometido. O agressor pode
afirmar que a mulher furtou bens como carro, moto, por exemplo. Já a
difamação é configurada quando o agressor atribui à mulher fatos que
prejudiquem sua reputação, como afirmar que ela é adúltera,
incompetente etc.
Por fim, a injúria ocorre quando o agressor fere a dignidade da mulher
através de xingamentos ou expressões pejorativas de baixo calão, como
“burra”, “inútil”, “porca”, “idiota”, entre outros.
Perceba que a violência moral traz uma grande
ligação com a violência psicológica, pois também causa
um quadro de desestabilização emocional e psicológica
da mulher.
Violência patrimonial

Por fim, a última violência prevista na Lei Maria da Penha


é a violência patrimonial, que consiste em qualquer conduta
que configure retenção, subtração, destruição parcial ou
total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

Poucas pessoas sabem que essa violência é tratada como violência


doméstica, principalmente porque ela é bastante sutil. Esse tipo de violência
desempenha um grande poder de controle em cima da mulher, pois o homem
passa a ter todo o controle das finanças e a mulher passa a ficar dependente e
vulnerável a ele nesse relacionamento, por exemplo.
Essa violência se expressa quando o homem não permite que a mulher
trabalhe ou estude, para que jamais consiga uma dependência financeira, de
modo que ela não possa se separar dele. Essa situação se agrava quando
envolve mulheres com filhos, pelo medo de não conseguir sustentá-los sem o
apoio do marido. Assim, essa violência também é ligada com a psicológica e a
moral, pois o homem faz a mulher se sentir completamente dependente dele, a
ponto dela achar que não existe outra alternativa além daquela.
Acontece que, nos últimos anos, as mulheres vêm conquistando um grande
espaço no mercado de trabalho e ocupando quase a maioria das carteiras nas
faculdades e universidades. A própria Marta, mulher cujo nome leva nossa
Associação, viveu por vários anos um relacionamento abusivo, e aos quarenta
anos conseguiu se libertar e terminar sua primeira faculdade, após tentar por
anos concluir uma sem que ele deixasse. Não é fácil, mas é possível.
Principalmente se todas mulheres tiverem acesso à informação e se mais gente
participar dessa grande rede de apoio.

COMO IDENTIFICAR SINAIS DE


RELACIONAMENTO ABUSIVO E COMO
AJUDAR?
Para finalizar esse e-book, importante também informarmos sobre como
identificar os sinais de que uma mulher está em um relacionamento abusivo, os
motivos pelos quais ela continua com o agressor e como ajudá-la.
No início do relacionamento abusivo já é possível notar alguns traços que
são muito comuns nesse tipo de relação. Podemos identificar, por exemplo, o
afastamento da vítima de sua família e amigos. O agressor limita seu contato
com as pessoas, suas saídas, impede de atender ligações, de receber visitas.
Atitudes introspectivas são também características marcantes em um
relacionamento abusivo. Podemos perceber também os sinais mais evidentes,
como marcas no corpo, hematomas e arranhões.
Diante desse cenário, você deve estar se perguntando por qual motivo,
mesmo nessas condições, muitas mulheres permanecem com o agressor.
Primeiro, precisamos compreender que deixar uma relação abusiva é um
processo, cada uma tem seu tempo. Em seguida, percebemos que muitos
fatores pesam nessa decisão. Explanaremos alguns agora.
1. Fator emocional – a vítima ainda tem sentimentos pelo agressor, o que torna
a decisão de denunciar mais difícil. É importante compreender que, ter
sentimentos pelo agressor não é errado, errado são as atitudes que ele está
tendo.
2. Esperança de que o agressor mude de comportamento – ele pede
desculpas, diz que vai mudar e algumas vezes realmente tenta convencê-la
disso, procura ajuda, atendimento psicológico ou algum tratamento que a
convença do seu esforço. Porém, na maioria das vezes, a realidade dentro de
casa permanece a mesma.
3. Descrença no poder público – muitas temem que a justiça não aconteça e a
situação acabe piorando. A maioria esmagadora das mulheres não têm
conhecimento da Lei Maria da Penha, dos seus direitos e do suporte de
segurança.
4. Chantagens e ameaças - quando o agressor percebe que está perdendo o
domínio sobre a vítima, utiliza de chantagens emocionais e ameaças, para
tentar recuperar o controle. Pede a custódia dos filhos, ameaça se matar,
ameaça desamparar os filhos, nega a pensão alimentícia, interfere no trabalho
da vítima, diz que ninguém da família gosta dela, que se largar ele vai passar o
resto da vida sozinha, que ela não é ninguém e outras inúmeras atrocidades.
5. Dependência econômica – muitas em situação de violência, não têm
capacitação profissional para entrar no mercado de trabalho. Diversas dessas
vítimas dependem financeiramente do agressor.

Pensando nisso, a Casa da Mulher Brasileira dispõe de um setor de autonomia


financeira, que oferece palestras e oferta alguns cursos de capacitação
profissional em que a mulher escolhe o de seu interesse para facilitar sua
entrada no mercado de trabalho.

O que fazer em caso


de violência?
Agora que você já sabe identificar os tipos de violência previstos na Lei
Maria da Penha, caso sofra ou presencie situações de violência, não deixe
de denunciar!

seja
suporte

Informe que a Casa da Mulher


Brasileira ainda está funcionando,
podendo ela recorrer a esses
institutos. O Centro de Atendimento
à Mulher e a Defensoria Pública
dispõem de atendimento
Se uma mulher vier até você
psicossocial, onde as vítimas são
pedindo ajuda, não julgue.
ouvidas, amparadas, orientadas e
Mostre que você é suporte e que
encaminhadas para alguns
é uma pessoa que ela pode
parceiros como universidades
confiar, ouça o que ela tem pra
públicas e particulares que prestam
dizer e mostre que ela não está
serviços de atendimento
sozinha.
psicológico.
se você
presenciar
ou sofrer
violência

Denuncie!

ligue ligue
180 190
Vive ou presenciou Situação de
uma situação de emergência. O ato
violência! está acontecendo ou
Ex. Vi que minha acabou de
vizinha está com acontecer.Possível
marcas de roxo após flagrante.
ouvir a briga na noite Ex. Ouço gritos e
anterior. ameaças.

Informação! Nossa maior arma contra a violência


à mulher é a informação.

Este conteúdo foi desenvolvido por Associação Marta

Fontes:
Informação disponível em:<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47365503>.
Informações disponíveis em: <https://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/noticias/presidente-da-cdhm-pede-
a-damares-alves-informacoes-sobre-medidas-de-prevencao-ao-feminicidio-durante-a-
quarentena-por-coronavirus>.

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