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Maycomn, Rev DESENHO TÉCNICO

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CIDADANIA EM AÇÃO ISSN 25946412

DESENHO TÉCNICO E PERCURSOS PEDAGÓGICOS SIGNIFICATIVOS: UM


OLHAR SOBRE APRENDIZAGEM EM CURSOS DE ENGENHARIA

Jefferson Correia da Conceição


Universidade do Estado da Bahia
Faculdade Santíssimo Sacramento
jeffersoncorreia2@gmail.com

Resumo
A mediação pedagógica da componente curricular Desenho Técnico, por vezes, é muito confundida
por alguns estudantes de engenharia com dificuldades, como algo “muito chato”, sem sentido, sem
cor, sem atrativos e sem vida. Todavia, podem-se constatar também, mediante algumas ações
pedagógicas realizadas em sala de aula, algumas oficinas interdisciplinares, mini cursos e atividades
extensionistas, justamente o contrário: beleza, sentido, cor, movimento, criatividade, arte, integrações
conceituais e muito envolvimento, pois o público envolvido participa de forma ativa na elaboração do
próprio conhecimento, estabelecendo conexões com outras áreas de atuação, com muitas percepções
singulares importantes. É possível, de forma lúdica, participativa, movimentada, dinâmica e
contextualizada, discutir, exemplificar, elaborar e criar algumas representações gráficas – desenhos
projetivos, com base em alguns conceitos e percepções prévias dos estudantes, que estão presentes na
vida cotidiana, de forma geral, baseados nos seguintes conteúdos – ponto, simetria, sólidos
geométricos, poliedros, formas regulares e irregulares, ângulos, arcos, dentre outros, por intermédio de
uma prática pedagógica amparada pela ludicidade e pela criatividade, uma vez que, as atividades se
tornam interessantes, prazerosas e articuladas com outros campos de conhecimentos. Dessa forma,
este artigo busca evidenciar alguns resultados e reflexões, fruto das experiências pedagógicas que
ocorreram com o protagonismo inicial do Desenho Técnico, ao ressaltar os benefícios tangíveis –
aprendizagens, articulações conceituais, percepções ampliadas, além de muita motivação, alegria,
disposição e reminiscências, que são declarados pelos envolvidos, por intermédio das ações citadas.
Dentre as implicações do estudo, sugere-se a necessidade de continuidade do trabalho sobre as
possibilidades do Desenho Técnico, de modo que, possam favorecer as ações pedagógicas com a
componente curricular de modo ampliado, tornando-a cada vez mais significativa, sobretudo diante de
acadêmicos de engenharia.
Palavras - chave: Aprendizagem. Desenho Técnico. Conhecimento. Interdisciplinaridade.

TECHNICAL DRAWING AND SIGNIFICANT PEDAGOGICAL TRAVELS: A


LOOK AT LEARNING IN ENGINEERING COURSES

Abstract
The pedagogical mediation of the curricular component Drawing technique is sometimes confused by
some engineering students with the difficulties, as something "very annoying", meaningless, colorless,
unattractive and lifeless. However, some interdisciplinary workshops, mini-courses and extension
activities can be observed through some pedagogical actions in the classroom, on the contrary the
opposite: beauty, sense, color, movement, creativity, art, conceptual integrations and much
involvement, since the public participates actively in the elaboration of knowledge, establishing
connections with other areas of action, with many important singular perceptions. It is possible, in a
playful, participatory, dynamic, and contextualized way, to elaborate, to exemplify, to elaborate and to
resize some graphic representations - projective drawings, based on some concepts and previous
perceptions of students, which are present in daily life, in general , the following, content, symmetry,
geometric sound, polyhedra, regular and uniform forms, angles, arcs, among others, through a
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pedagogy supported by playfulness and creativity, since as activities become interesting, pleasurable
and articulated with other fields of knowledge. In this way, this article seeks to show results and
reflexes, the result of the pedagogical experiences that emerged with the initial protagonism of the
Technical Drawing, highlighting the tangible benefits - learning, conceptual articulations, expanded
perceptions and motivation, joy, disposition and reminiscences, which are declared by those involved,
through the aforementioned actions. Opportunities for study, it is suggested to implement curricular
tasks in a graphical way, so that, it can favor pedagogical actions with a curricular component in an
expanded way, becoming once more significant, especially in front of engineering academics.
Key - words: Learning. Technical drawing. Knowledge. Interdisciplinarity.

DISEÑO TÉCNICO Y PERCURSOS PEDAGÓGICOS SIGNIFICATIVOS: UNA


MIRADA SOBRE APRENDIZAJE EN CURSOS DE INGENIERÍA

Resumen
La mediación pedagógica del componente curricular Técnica de diseño a veces es confundida por
algunos estudiantes de ingeniería con las dificultades, como algo "muy aburrido", sin sentido, sin
color, sin atractivo, sin atractivo y sin vida. Sin embargo, algunos talleres interdisciplinarios,
minicursos y actividades extensionistas pueden ser observados a través de algunas acciones
pedagógicas en el aula, al contrario de lo contrario: belleza, sentido, color, movimiento, creatividad,
arte, integraciones conceptuales y muy implicación, ya que el público participa activamente en la
elaboración del conocimiento, estableciendo conexiones con otras áreas de acción, con muchas
percepciones singulares importantes. Es posible, de forma lúdica, participativa, dinámica y
contextualizada, elaborar, ejemplificar, elaborar y redimensionar algunas representaciones gráficas -
diseños proyectivos, basados en algunos conceptos y percepciones previas de los alumnos, presentes
en el cotidiano, en general, el siguiente, contenido, simetría , sonidos geométricos, poliedros, formas
regulares y uniformes, ángulos, arcos, entre otros, a través de una pedagogía apoyada en el lúdico y en
la creatividad, pues las actividades se vuelven interesantes, agradables y articuladas con otros campos
del conocimiento. De esta forma, este artículo busca mostrar resultados y reflejos, fruto de las
experiencias pedagógicas que emergieron con el protagonismo inicial del Dibujo Técnico, destacando
los beneficios tangibles - aprendizaje, articulaciones conceptuales, percepciones y motivaciones
expandidas, alegría, disposición y reminiscencias, declarados por los involucrados, a través de las
acciones arriba mencionadas. Las oportunidades de estudio, se sugiere la implementación de tareas
curriculares de forma gráfica, para que pueda favorecer acciones pedagógicas con un componente
curricular de forma ampliada, tornándose una vez más significativa, especialmente ante los
académicos de ingeniería.
Palabras clave: Aprendizaje. Diseño técnico. Conocimiento. Interdisciplinariedad.

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INTRODUÇÃO
Por muito tempo, os estudantes foram concebidos como seres passivos e que apenas
deveriam ouvir e reproduzir o que ouviam ou viam quando solicitados. Esse perfil de
estudante cabe nos dias atuais? Faz sentido um “estudante” que não interaja com a vida
cotidiana, seja em que instância for? Então, como manter “aquele jeito” de “ensinar” Desenho
Técnico, se não reflete, não interage, não dialoga ou não articula cada vez mais com os dias
atuais?
Sabe-se que, desenvolver essas diferentes formas de mediar o conhecimento
representa um desafio para os educadores, sobretudo quando se tenta articular o que
aparentemente é impossível, tal como o Desenho Técnico com componentes curriculares
cotidianamente distintos, quando numa abordagem inicial não sejam percebidas algumas
conexões importantes para se estabelecer uma mediação pedagógica significativa.
A união do raciocínio lógico com a criatividade sempre foi responsável por grandes
avanços do homem. Desde as primeiras edificações, túmulos piramidais, objetos e variados
utensílios para o trabalho doméstico e para lavoura. Da lâmpada elétrica aos atuais
smartphones, passando pelo avião e pelo relógio de pulso, significativas inovações são e
foram alcançadas com base nessa combinação e, por conseguinte, mediante um desenho
técnico, um projeto gráfico ou um simples esboço que consistem num dos fundamentos do
Desenho Técnico, tal como conhecido na contemporaneidade.
É preciso compreender, que é necessário que os estudantes consigam responder “para
que” estão aprendendo tal conteúdo, assim como, os docentes mediadores possam responder
“para que” estão mediando, a fim de que estabeleçam vínculos entre universidade e vida e,
além disso, vejam relações entre conteúdos das diversas componentes curriculares, uma vez
que, como se sabe, o conhecimento proporcionado pelo Desenho Técnico não é estanque e
que com isso, podem aprender, percebendo, então, que há fundamentos, interdisciplinaridade,
articulações de conhecimentos, sentido, coerência e necessidades prévias para sua
compreensão.
Dessa forma, o artigo ora apresentado tem como finalidade evidenciar alguns
resultados e reflexões, fruto das experiências pedagógicas que ocorreram com o enlace
desencadeador do Desenho Técnico, ao ressaltar os benefícios tangíveis – aprendizagens,
articulações conceituais, percepções ampliadas, além de muita motivação, alegria, disposição
e colocações significativas realizadas pelos estudantes de engenharia envolvidos.
O artigo está estruturado da seguinte maneira: introdução, protocolo metodológico,
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perfil do público alvo e ambiente de trabalho, evidências de aprendizagens, algumas


assertivas fundamentais sobre Desenho Técnico, Desenho Técnico e Educação, algumas
ponderações acerca da componente curricular Desenho Técnico e possibilidades, resultados e
discussões, considerações finais e referências de apoio. São seções ou/e subseções pensadas
para esclarecer melhor um percurso de trabalho efetivado.

METODOLOGIA
Para realização do trabalho, adotou-se a pesquisa qualitativa, que segundo Godoy
(1995), tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento
fundamental na pesquisa. Esse tipo de trabalho segundo o autor tem como preocupação
fundamental o estudo e análise dos dados valorizando o contato direto entre o pesquisador e o
ambiente pesquisado. No caso do trabalho em questão, foi realizado com estudantes do Curso
de Engenharia Sanitária e Ambiental – 1º semestre de uma instituição pública estadual e do
Curso de Engenharia de Produção – 3º semestre de uma instituição particular, ambas situadas
na cidade de Alagoinhas – BA.
Entende-se que, pensar uma tomada de dados é uma ideia vinda sempre que se pensa
em pesquisa e em necessidades pedagógicas. É o que diz D’Ambrósio (2006, p. 102). Para ele
a pesquisa qualitativa está focada na pessoa, com toda sua complexidade e na sua interação
com o meio sociocultural e natural. Sendo que nesse tipo de pesquisa "o principal é um
desempenho qualitativo para se abordar uma questão” (D'AMBRÓSIO 2006, p. 103).
Dessa forma, o trabalho realizado percorreu os seguintes caminhos:
● Busca por publicações referentes ao tema - O Ensino do Desenho Técnico e
suas possibilidades;
● Observações permanentes acerca dos conhecimentos de Desenho Técnico
apresentados pelos estudantes no decorrer de 60 aulas ministradas e da prática de
exercícios gráficos complementares;

● Sondagens que duraram onze encontros com 04 aulas semanais durante o


semestre com as turmas, onde algumas atividades referentes aos conteúdos de
Desenho Técnico foram aplicadas, muitas delas, totalmente voltadas para a área de
conhecimento específico do curso;
● Quatro encontros durante o semestre, com 04 horas aulas semanais foram
utilizados para aplicação das verificações das aprendizagens, como exigência de
protocolos institucionais.
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Especificamente, mediante exposições dialogadas com os acadêmicos, foram


trabalhadas nas turmas de engenharia citadas, questões ligadas diretamente aos cursos tais
como: o que é visão espacial, o que é Desenho Técnico; diferenças entre o Desenho Técnico e
o Desenho Artístico; como um desenho técnico é elaborado; espaço para desenho; legenda;
normas; equipamentos para desenho técnico (papel, lápis, régua, compasso, transferidor,
escalímetro, borracha), dentre outras abordagens.
Dessa forma, as atividades foram ministradas por meio de aulas expositivas com o
objetivo de articular conceitos, fundamentos gráficos, traçados, projeções gráficas e alguns
conteúdos específicos do Desenho Técnico, tais como: ponto, linhas, retas; semirretas; plano;
superfície, ângulos, arcos, círculos, circunferências, formas regulares e irregulares, simetria e
assimetria, figuras geométricas planas; sólidos geométricos; prismas; pirâmides; sólidos de
revolução, sólidos geométricos truncados, vazados; perspectivas isométrica, cavaleira e
cônica; Desenho Técnico projetivo e não projetivo e outros conteúdos com larga aplicação nas
engenharias.

Figuras 01, 02 e 03 – Elaborações visuais realizadas pelos estudantes – fundamentações


conceituais: bidimensionalidades, tridimensionalidades, relevo, sombras, sobreposições,
transparências etc.

Fonte: acervo do autor (2017/2018)

As aulas ocorreram com os conteúdos citados, ao longo dos semestres, utilizando-os conforme
as abordagens de cada encontro em sala de aula, apoiados materialmente com - quadro amplo para
demonstrações, piloto, monitor de vídeo, slides, os instrumentos de desenho, ferramentas AutoCAD
2D e 3D, bidimensional e tridimensional respectivamente, conforme necessidades planejadas.

PERFIL DO PÚBLICO ALVO E AMBIENTE DE TRABALHO


O trabalho foi realizado com estudantes do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental
– 1º semestre de uma instituição pública estadual e do Curso de Engenharia de Produção – 3º
semestre de uma instituição particular. Alguns dados foram obtidos nas respectivas secretarias
acadêmicas das instituições em foco.
As atividades ocorreram semanalmente durante os semestres acadêmicos, por meio de
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uma carga horária de 03 (três) aulas (instituição particular) e de 04 (quatro) aulas (instituição
pública). As salas de aula não são equipadas com pranchetas e banquetas, possuem apenas
mesas e cadeiras convencionais do tipo escolar, que propiciam razoavelmente algum conforto
para realização das atividades. São bem iluminadas, limpas, climatizadas e amplas. As duas
turmas somadas compuseram média de 28 (vinte e oito) estudantes, com frequência regular,
durante realização dos trabalhos.
No Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental a turma é constituída por 34 (trinta e
quatro) estudantes, sendo 21 do sexo feminino e 13 do sexo masculino, com faixa etária entre
19 e 33 anos. Por se tratar de curso ofertado no turno noturno, a maioria 85% dos estudantes
são trabalhadores de distintas esferas – funcionários públicos, industriários, comerciários,
ferroviários, autônomos etc. Vale ressaltar, que dentre os 34 estudantes, apenas 08 (oito) tem
formações técnicas variadas, obtidas em escolas estaduais, particulares e/ou federais e, por
isso, apresentam algum conhecimento acerca do Desenho Técnico.
No Curso de Engenharia de Produção a turma é constituída por 24 (vinte e quatro)
estudantes, sendo 09 do sexo feminino e 15 do sexo masculino, com faixa etária entre 17 e 29
anos. Trata-se também de um curso ofertado no turno noturno e, 95% dos estudantes são
trabalhadores de variadas procedências – feirantes, ferroviários, autônomos, comerciários,
micro empresários etc. Na turma trabalhada, apenas 02 (dois) estudantes apresentaram algum
conhecimento em Desenho Técnico por terem realizado curso técnico numa escola técnica
federal.

EVIDÊNCIAS DE APRENDIZAGENS
Para efetivação das atividades pedagógicas em sala de aula, organiza-se a apresentação
inicial das ações com os estudantes, esclarecem-se os assuntos, os conteúdos e materiais
desenho necessários para o encontro por meio de diálogos sobre os objetivos e propósitos para
o ciclo de atividades.
Costumeiramente, são orientados para perceberem as imagens do ambiente imediato
da sala de aula, o corpo e formas visuais em geral de modo livre. Posteriormente, solicita-se
que observem objetos nas suas respectivas residências, locais de trabalho, na cidade, nos
percursos na cidade até a chegada nas instituições de estudo para que possam desenvolver
cada vez mais a observação, a atenção e o conhecimento geométrico que já possuem para
agregar aos propósitos dos trabalhos sugeridos no decorrer dos semestres.
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Em seguida, após solicitação para que observassem o espaço da sala de aula,


estabelece-se um tempo determinado, dando-se a seguir um sinal para que possam começar
alguns diálogos e comentários acerca de algumas imagens ou objetos presentes no ambiente,
quando cada estudante poderá acrescentar algum comentário sobre o que observou em termos
de formas visuais e as informações geométricas implícitas no ambiente e/ou no objeto
analisado.
Os participantes se empenham nas atividades propostas, na formulação de alguns
comentários e, volta-se a interferir nos diálogos para solicitar que olhem mais uma vez para o
espaço da sala de aula, para que possam ampliar os comentários do grupo com relação à
dinâmica das atividades em curso. Nesse momento, expõem-se por meio de desenhos
projetivos realizados no quadro da sala de aula algumas atividades que articulam o Desenho
Técnico com as observações feitas para favorecer a percepção de algumas possibilidades
articuladoras com áreas de conhecimentos distintas e o Desenho Técnico propriamente dito.
No decorrer das atividades realizam-se comentários acerca de alguns conceitos
geométricos, que se fizeram presentes nos exercícios de “olhar” e “ver” realizados, com o
propósito de esclarecer que tais aspectos que permeiam o trabalho serão utilizados como parte
das criações e que as atividades deverão servir para descobrir referências geométricas no
ambiente, no cotidiano, na vida em geral. Esclarecendo melhor a questão sobre percepção e
visão do ambiente, afirma Aumont (1993, p. 14) o seguinte:
A visão, a percepção visual, é uma atividade complexa que não se pode, na verdade,
separar das grandes funções psíquicas, a intelecção, a cognição, a memória, o desejo.
Assim, a investigação, iniciada “do exterior”, ao seguir a luz que penetra no olho,
leva logicamente a considerar o sujeito que olha a imagem, aquele para quem ela é
feita, o qual chamaremos de seu espectador.

Pelo exposto, depois de realizados alguns esclarecimentos e comentários, estimulam-


se os estudantes para que, a partir das informações, materiais de desenho disponíveis e
solicitados que, mediante a imaginação criadora, elaborem atividades gráficas – desenhos,
projeções ou esboços de acordo com as leituras visuais realizadas, que estejam em sintonia
com as observações e conforme solicitado no momento, de modo que, apareçam nas
atividades realizadas pelos estudantes de engenharia algumas representações de conceitos e
elementos discutidos no encontro no que diz respeito ao conhecimento geométrico. Nesse
momento, realizam esboços, desenhos projetivos com base nas observações efetivadas.
Dessa maneira, ampliam-se as aprendizagens, as discussões e diálogos sobre o assunto,
permitindo-se assim, estabelecer conexões para os encontros seguintes, sempre perguntando
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algo comentado nos encontros anteriores, para percebermos assimilações, lembranças, inter-
relações dos conteúdos, dentre outros aspectos, com o propósito de estabelecermos
aprendizagens significativas devidamente articuladas com as propostas de cada encontro, uma
vez que, consideramos tais dados como resultados qualitativos que poderão favorecer
planejamentos e projetos vindouros, assim como, com as atividades propostas em cada
encontro pedagógico.

ALGUMAS ASSERTIVAS FUNDAMENTAIS SOBRE DESENHO TÉCNICO


Sabe-se que, o Desenho e seus fundamentos, como forma de comunicação é utilizado
desde a Pré-História, nas primeiras civilizações, nos distintos períodos históricos
subsequentes até a atualidade. Pode ser classificado como Desenho Técnico e como Desenho
Artístico, dentre outras modalidades.
O Desenho Artístico consiste em toda forma de se colocar em quaisquer materiais ou
suportes que se queira usar, as ideias e pensamentos que se possui e com total permissão
criativa e liberdade expressiva para retratar o mundo da maneira que se vê, que se sente, que
se observa, bem como a realidade, com todos os detalhes. É um desenho feito com liberdade e
muita criatividade.
De acordo com Edson Dias Ferreira (2005), a cultura se expressa na produção autoral
do artista e o desenho não deve estar desvencilhado, dos eixos discursivos da memória
coletiva, da etnicidade, e de grupos de pertencimento em um ambiente espaço temporal.
Destarte, a criação do artista é um instrumento da vida, um modo de entender quem o humano
é e o lugar deste humano (ARNHEIM, 1962; apud FERREIRA, 2005).
Gomes (1996, p 13) define o Desenho como sendo uma das formas de expressão
humana que melhor permite a representação das coisas tanto concretas quanto abstratas do
mundo natural ou artificial em que vivemos.
De acordo com a enciclopédia BARSA (1982, p. 222-223), o Desenho é a arte de
reproduzir sobre uma superfície bidimensional e por meio de linhas, objetos, ideias ou
emoções. Ele precede a pintura, a escultura, a arquitetura e a gravura, sendo considerada uma
arte básica. O desenho varia de acordo com a finalidade a que se destina.
Por sua vez, o Desenho Técnico, como o próprio nome diz, é realizado mediante
regras e procedimentos. É importante que o desenhista siga normas técnicas de acordo com o
segmento para o qual será necessário. Neste tipo de desenho, as formas usadas também são
peculiares e precisam seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas -
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ABNT.
Segundo Serra (2008), os fundamentos do Desenho Técnico são universais,
independentemente da cultura e das legislações dos países, facilitando assim, a globalização
do conhecimento. Por isso, o conhecimento das normalizações que rege a componente
curricular do Desenho Técnico poderá complementar a formação do estudante de engenharia
que o tem como instrumento indispensável para sua formação.
De acordo com Trinchão (2012 p. 9), a atividade de desenhar desenvolve
possibilidades para controlar as próprias mãos e permite domar os olhos numa coordenação
mútua. Para a autora o poder educativo do desenho como recurso pedagógico é importante por
ser capaz de atuar na formação da imaginação do indivíduo.
Ainda para Trinchão (2012 p. 13) “A escrita e o desenho são meios de representação e
expressão que comportam aperfeiçoamento e progressão, por incorporação dos componentes
formal, estética, semiótica”. Tecnicamente são passíveis de transmissão por ensino e
aprendizagens sistemáticas e objeto de treino.
O Desenho é uma manifestação realizada com raciocínio, discernimento, método e
criatividade, podendo promover ao ser humano o desenvolvimento das capacidades
intelectuais e psicomotoras (TRINCHÃO, 2012, apud FIGUEIREDO 1982).
O Desenho enquanto campo de conhecimento poderá possibilitar ao educando o
domínio do controle do corpo através dos movimentos provocados pelo exercício, que
começam desde o modo de pegar no lápis, como apoiar a mão no papel, a postura do corpo
em relação à cadeira e a mesa. Trinchão, 2012, apud Figueiredo (1982) ainda justifica que a
compreensão do Desenho possibilita o desenvolvimento da motricidade criando assim
autonomia.
Para Serra (2008, p. 54), “O Desenho Técnico é a única forma eficiente e segura de
transmitir ideias e soluções para os projetos de qualquer ramo das engenharias”. Por isso, os
currículos dos cursos de engenharia possuem este componente curricular em sua programação
e é uma ferramenta imprescindível para formação profissional dos engenheiros que utilizam o
desenho para criar, transmitir, interpretar e analisar informações, é o que diz a autora, segundo
(MORAES, 2016).
Nem só as habilidades motoras são suficientes para a realização de um bom desenho, a
percepção visual é importantíssima para a execução de um desenho perfeito, assim como
aprender ler e escrever, “aprender a ver e a desenhar é um modo muito eficiente de educar o
sistema visual” (EDWARDS, 2002, p. 18), uma vez que, se utilize o desenho como meio de
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desenvolver as habilidades para a expressão gráfico-visual.


Em caráter interdisciplinar, o Desenho Técnico está aliado à Matemática e a
Geometria e intimamente ligado a Arquitetura, a Astronomia, a Engenharia Militar, Civil e
Náutica e, principalmente, à Indústria e ao ensino da leitura, escrita contagens e operações
matemáticas. Tais campos profissionais exigiram mais a familiarização com a Geometria e a
prática do Desenho foi o caminho natural dos cursos de caráter científico e literário. A
Geometria, instrumentalizada pelo saber em Desenho individualmente ensinado se constituiu
em uma forma privilegiada (TRINCHÃO, 2012, p.88).
Conforme Silva (2006), com o advento da Revolução Industrial, ocorreu a
estandardização, que incluiu a padronização da fabricação em série de mercadorias. Houve a
necessidade de normalizar procedimentos gráficos a fim de se criar uma forma única de
interpretação de projetos para atender essas demandas. A Comissão Técnica da International
Organization for Standardization (ISO) realizou esse processo em caráter de documento para
ser aplicado no Desenho Técnico.
Ainda para o autor, o Desenho Técnico é considerado como aplicação dos princípios
da expressão gráfica sistematizada, que obedece a regras estipuladas mundialmente, onde a
comunicação de uma ideia, conceito ou projeto deve ser com critérios projetivos únicos, sem
duplicidade de significados ou multiplicidade de interpretações.
É através do Desenho Técnico que os estudantes de engenharia podem descobrir
relações gráficas e desenvolver o senso espacial construindo, desenhando, medindo,
visualizando, comparando, transformando e classificando figuras. Ao trabalharmos dessa
maneira estaremos contribuindo para a aprendizagem do Desenho Técnico.
As atividades geométricas poderão permitir também ao estudante identificar
regularidades, buscar semelhanças e diferenças, perceber que as formas geométricas detêm
um amplo campo de entendimento e elaborações com o Desenho Técnico.
O Desenho Técnico está implícito em toda parte como desenho da planta de uma casa
ou de um terreno, nos objetos, roupas, acessórios, materiais cirúrgicos etc. Portanto, essa
atividade requer habilidades e competências que envolvem semelhanças de figuras,
proporcionalidades, métodos qualitativos e quantitativos para verificar se um determinado
lado da casa ou do objeto em elaboração pode realmente ser daquele tamanho ou se deveria
ser menor.
O Desenho Técnico é de fundamental importância para que o estudante de engenharia
compreenda as aplicações nos cálculos mais sofisticados. O Desenho Técnico prima pela
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adoção de regras, medidas, valores geométricos propriamente entendidos.


Enfim, é preciso saber com clareza, quais as contribuições de cada um dos conteúdos
do Desenho Técnico para os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes
das engenharias em particular, bem como, de todos que se coloquem à disposição para estudar
mediante o Desenho Técnico.

DESENHO TÉCNICO E EDUCAÇÃO: ALGUMAS PERCEPÇÕES


Numa compreensão geral, o Desenho Técnico é um suporte gráfico ligado a
representações bidimensionais e tridimensionais, por servir para compreensão de projeções
em planos, com o auxílio de pontos, linhas e formas planas e não planas e, envolve
basicamente conceitos da Geometria, ramo da Matemática.
Para estudar Desenho Técnico o estudante da escola básica, de universidades ou de
cursos técnicos ou profissionalizantes, precisa ter um conhecimento básico de Desenho em
geral, Matemática e Geometria, por conseguinte, sendo que a realização de atividades dessa
natureza depende de um conhecimento mínimo, mas que poderá facilitar o entendimento
desse conhecimento específico.
No que concerne a Educação, sabe-se que foi concebida mediante ações reflexivas,
almejando-se um ensino que possibilitasse aos estudantes proceder a análises, discussões,
conjecturas, apropriação de conceitos, formulação de idéias, ou seja, de amplitudes
conceituais significativas e a percepção da vida numa perspectiva ampliada.
Para tanto, é preciso que haja projetos e ações com características integracionistas, que
possam explicitar a articulação do Desenho Técnico com a Educação, como criação, como
reflexão e transformação do mundo subjetivo e objetivo, como resultado prático de uma
produção conjunta entre a mão, o olho e a consciência individual e coletiva, ainda que,
mediante uma forma particular e subjetiva de percepção de dados de aprendizagens
geométricas, que considerem os conteúdos estruturantes e os fundamentos do Desenho
Técnico enquanto área de conhecimentos, conforme as necessidades pedagógicas de quem
aprende. A este respeito, vejamos o que é dito por Wucius Wong (1998, p. 15).

O desenho é um processo de criação visual que tem propósito. Diversamente da


pintura e da escultura, que constituem a realização das visões e sonhos pessoais dos
artistas, o desenho preenche necessidades práticas. Um trabalho de desenho gráfico
deve ser colocado diante do olhar do público e transmitir uma mensagem
predeterminada. [...] sua criação deve ser não somente estética, mas também
funcional, ao mesmo tempo em que reflete ou orienta o gosto de seu tempo. [...] o
desenho é prático.
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Dessa forma, pode-se perceber o quanto o Desenho Técnico poderá influenciar no


desenvolvimento da intuição e imaginação. Sobre a importância do conhecimento geométrico
advindo do Desenho Técnico, vale ressaltar o que é dito por Antonio Pedro Alves de Carvalho
(2001, p.16):
A geometria surge como expressão de grandezas que podem ser representadas com
exatidão, guiadas por quantidades e posições, que formam o embrião do Desenho
Técnico, hoje imprescindível para a confecção dos artefatos industrializados. Estas
áreas de atuação do Desenho, a arte e a ciência, mantêm-se até hoje como tipos por
vezes conflitantes de expressão, possuindo, no entanto, inúmeros pontos de contato.

Como se percebe, as atividades proporcionadas pelo Desenho Técnico poderão


inclusive, proporcionar a expansão do universo cultural dos estudantes de engenharia, abrindo
espaço para a participação social, onde aprender poderá ser um caminho profícuo a ser
vislumbrado em sala de aula, ao se ampliar as possibilidades de comunicação. Nessa
perspectiva, os estudantes de engenharia podem se tornar partícipes de descobertas e
protagonistas em um processo de investigação que seja constante em sala de aula.
Buscam-se aproximar as elaborações dos estudantes de engenharia com padrões de
realização não habituais, justamente para aguçar o olhar diferenciado e a criatividade com
relação ao conhecimento em Desenho Técnico, pois tal perspectiva poderá ser assegurada ao
se trabalhar com informações, estratégias e metodologias que enfatizem as realizações
baseadas no desenho presentes no entorno, a bem da participação dos estudantes de
engenharia na sociedade como cidadãos informados, críticos, integrais e articulados.
Por meio das experiências vivenciadas, podem-se perceber o significado e a
importância da aprendizagem através do Desenho Técnico num contexto lúdico e, por
conseguinte, com criatividade no cotidiano, o que nos permite perceber dados qualitativos
para reflexões e previsões para encontros posteriores.
Cabe-nos ressaltar que este é um tema de extrema relevância para o processo de
ensino/aprendizagem por intermédio do Desenho Técnico enquanto campo de conhecimento
e/ou componente curricular.
Reiteramos que, projetos de pesquisa, extensão e ensino podem se constituir num
importante fator de estímulo para trabalhos que priorizam atividades pedagógicas que
articulem o Desenho Técnico com outras áreas de estudos, para públicos distintos ou
específicos, por intermédio de metodologias que sejam ativas e prazerosas, que possam
ressaltar o Desenho Técnico com possibilidades de diálogos interdisciplinares, com as

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profissões em geral e com as engenharias em particular, como se pretende na atualidade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
O trabalho se iniciou, com a definição do tema - O ensino do Desenho Técnico e suas
possibilidades de articulações. Como um dos objetivos propostos, buscou-se também,
publicações acerca do assunto, para o enriquecimento da pesquisa.
Foram feitas observações no decorrer das aulas, com o propósito de adquirir
informações sobre como os estudantes das duas turmas dos cursos de engenharias citadas
detinham o conhecimento sobre o Desenho Técnico, suas implicações, dificuldades ou
facilidades, ou seja, o grau de compreensão sobre a componente curricular.
Os conteúdos constantes nas ementas dos cursos nas duas instituições, eram similares
e completamente voltados para as necessidades formativas dos estudantes e, com isso,
possibilitou observar no decorrer das aulas que alguns estudantes apresentavam dificuldades,
aversão, medo ou antipatia pelo Desenho Técnico, conforme manifestavam oralmente.
Tais constatações foram compreendidas posteriormente, quando se percebeu por meio
de depoimentos, que estes estudantes, em maioria, jamais tinham trabalhado na escola básica
com instrumentos de desenho e, como tal, desconheciam as propriedades da componente
curricular, além de dificuldades gritantes em manusear os instrumentos específicos de
desenho.
Todavia, com o decorrer das ações e por meio dos conteúdos ministrados, os
estudantes identificavam e construíam figuras geométricas, representando pontos, linhas e
suas configurações conforme necessidades do Desenho. Traçavam retas, semirretas,
segmentos de retas, as principais formas geométricas planas e espaciais, visualizaram alguns
sólidos, bem como os de revolução, os truncados e os vazados, construíram esboço de planta
baixa de determinado ambiente, interpretaram algumas outras plantas baixas, desmistificando-
se assim, alguns medos, dificuldades, rejeições etc.
Para tanto, aplicou-se um questionário acerca do Desenho Técnico e as relações com
alguns aspectos sociais e educacionais importantes para pesquisa – histórico, importância,
aprendizagem, estudos anteriores etc.. Os estudantes responderam individualmente e de forma
sucinta, com base na experiência pessoal, sem consultas a internet, de modo que a devolução
fosse logo posterior a aplicação.
De posse dos questionários devidamente respondidos, analisou-se mediante
abordagem qualitativa, descrevendo-se os fatos apresentados intuitivamente pelos estudantes
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quanto às relações do Desenho Técnico com o contexto sócio-educacional, se os estudantes


percebiam essas interrelações e se as dificuldades ou facilidades em assimilar Desenho
Técnico eram decorrentes do processo de ensino e de aprendizagem da componente curricular
de um momento anterior à chegada deles ao curso superior ou não.
Durante as explanações dos conteúdos, foram utilizados recursos áudio visuais como:
monitor para apresentação de slides, lousa ampla da sala de aula, piloto. Os estudantes
utilizavam caderno de desenho formato A-3 margeado, com os instrumentos básicos para
desenho. Todos portavam os materiais solicitados no primeiro encontro do semestre,
facilitando assim o andamento das atividades propostas.
As atividades realizadas pelos estudantes foram basicamente - construções de formas
geométricas mediante os principais sistemas projetivos, esboço de planta baixa de
determinado ambiente, interpretação de algumas plantas baixas prontas, análises e traçados
gráficos conforme oferta do encontro em sala de aula. Essas atividades de desenho foram
realizadas no papel formato A-3 margeado, com o auxílio do lápis e outros utensílios
necessários para realização das mesmas.
Durante as realizações das atividades, foi observado que os estudantes identificavam
com regular dificuldade, conceitos considerados essenciais para compreensão do Desenho
Técnico e, muitos deles, apresentavam dificuldades para manusear os esquadros,
transferidores, compassos etc.
Todavia, vale ressaltar também, que alguns estudantes apresentavam simpatia pelas
atividades em curso, fato que, servia de motivação para o docente pesquisador e também para
outros estudantes que assimilavam com mais rapidez, atuando em alguns momentos como
monitores para turma.
Foi observado também, que alguns estudantes eram mais criativos e habilidosos na
realização das atividades, outros, por sentirem alguma dificuldade, medo e até mesmo, certa
negligência, pediam auxílio o tempo todo, tanto ao docente, quanto aos colegas mais inseridos
na proposta para que pudessem se desempenhar nas atividades e, principalmente, por se tratar
de algo que era pra ser avaliado quantitativamente, para andamento do curso.
Algumas observações foram feitas informalmente e continuamente, no decorrer das
aulas ministradas. Os estudantes não foram informados de tais observações, pois as mesmas
aconteciam naturalmente, sem ter que mudar alguma rotina no trabalho, o que pode acontecer,
quando essa observação é feita em um ambiente onde o pesquisador está inserido.
Analisou-se o comportamento dos estudantes enquanto assistiam às aulas de Desenho
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Técnico; quais eram suas expectativas diante de tais conteúdos; como recebiam as atividades
propostas; se conseguiam encontrar estratégias para resolver o que era solicitado ou se
esperavam respostas prontas para apenas copiarem no momento da correção, ou seja, se
participavam ativamente das aulas ou simplesmente eram meros expectadores.
As atividades aplicadas foram relacionadas aos conteúdos da componente curricular
Desenho Técnico, sempre voltados para os cursos de engenharia conforme esclarecido
anteriormente.
Desde a parte introdutória e teórica sobre o Desenho Técnico, os estudantes
dialogaram sobre questões que articulavam o Desenho Técnico com distintas profissões e
ofícios, histórico, relações com o curso que realizavam, para que os presentes pudessem falar
a respeito de suas vivências, aprendizagens ou conhecimentos prévios sobre o assunto.
Visualizavam algumas imagens e tópicos escritos em slides, ouviam o que era explicado e
participavam oralmente comentando, perguntando ou respondendo algo sobre o assunto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se os questionamentos e percepções anteriores, é que se pensa na
possibilidade de articulação do Desenho Técnico enquanto campo de conhecimentos,
componente curricular e/ou área de estudos, com todos os seus desdobramentos expressivos,
como aliado pedagógico numa prática que se quer dinâmica, viva, lúdica e motivadora de
aprendizagens significativas.
Desse modo, entende-se o Desenho Técnico como linguagem universal, que poderá
promover uma visão de mundo ampliada, que incorpora mecanismos para desrobotizar a
aprendizagem, como uma atividade primária essencial da vida estudantil dos acadêmicos em
engenharia e, de preferência, integrado aos aspectos lúdicos1 e prazerosos que devem se
apresentar em tais mediações pedagógicas.
Em outras palavras, as possibilidades expressivas do Desenho Técnico, quando
adotado de forma articulada na prática pedagógica objetivando a aprendizagem dos estudantes
de engenharia poderá trazer mais conhecimentos e ser mais eficaz como portadora de
informação e sentido. Isto porque a aprendizagem deve ser também um convite ao exercício
prático de aprender a ver, observar, ouvir, tocar, atuar e refletir geometricamente. Assim, os
estudantes poderão perceber melhor as informações que lhes são apresentadas. No que diz

1
Relativos a jogos, brinquedos, divertimentos, contrapartidas inspiradas nas linguagens artísticas,
comportamentos, etc...
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respeito às teorias enquanto alimento para prática pedagógica, vejamos o que é dito por
D’Ambrósio (2006, p. 79).
[...] Entre teoria e prática persiste uma relação dialética que leva o indivíduo a partir
para a prática equipado da teoria e a praticar de acordo com essa teoria até atingir os
resultados desejados. Toda teorização se dá em condições ideais e somente na
prática serão notados e colocados em evidencia certos pressupostos que não podem
ser identificados apenas teoricamente. Isto é, partir para a prática é um mergulho no
desconhecido.

Pelo exposto, verifica-se que ações com perfis integradores – teoria e prática poderão
contemplar os objetivos integracionistas do Desenho Técnico, uma vez que, devem ser
compreendidas em função da curiosidade, interesse e envolvimento que foram manifestados
pela maioria dos estudantes no decorrer das ações empreendidas, além, evidentemente, dos
resultados práticos evidenciados, sem prejuízo da qualidade gráfica pretendida. Isso poderá
permitir propiciar a tomada de consciência da existência de uma produção genuína, real e
concreta, em permanente elaboração acerca do conhecimento proporcionado pelo Desenho
Técnico.
Diante da limitação da oferta de conhecimentos sobre Desenho Técnico na escola
básica conforme manifestado pelos estudantes participantes da pesquisa, acredita-se que,
programas de cursos presenciais para professores, voltados para a melhor utilização dos
recursos didáticos disponíveis, que sejam também concebidos tendo como base os princípios
de uma proposta articuladora e interacionista, podem ser considerados numa formação
continuada de professores, além de cursos à distância, com web cursos, web conferências e
web atendimentos que propiciem de fato o estudo e a reflexão constante acerca daquilo que se
propõe a fazer de melhor em sala de aula, com ações desenvolvidas pelo conjunto de
professores.
Tais capacitações podem ocorrer também, para que os professores num processo
formativo permanente possam incorporar mais habilidades necessárias para o seu exercício
profissional com Desenho Técnico e, consequentemente, encontrar sentido para o que se
“ensina” e se “aprende” devidamente associado com a vida em geral, uma vez que, diante das
colocações dos estudantes, pode-se até mesmo, questionar a formação do “mediador”, de
quem se propõe a levar adiante tais mediações e, qual é de fato a formação de quem
desempenha esse papel pedagógico com Desenho Técnico.
Desse modo, a percepção atual que se tem sobre o Desenho Técnico não deve
contemplar nem um ensino dirigido e baseado em modelos prontos, nem a liberdade
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completa, sem nenhuma ação do mediador. Trabalha-se com uma visão de linguagem, de
comunicação, formada por elementos próprios, que estruturam uma forma de expressão
ampla, refinada, necessária e rica, desde que bem ministrada.
Teve-se também, durante a pesquisa, a oportunidade, de reformulação e ajustes de
alguns pontos do projeto para melhor andamento das ações, de dialogar com autores que
elegeram o Desenho Técnico como objeto de trabalho, o que nos fez enriquecer
significativamente as noções que se tinha inicialmente sobre o assunto.
O processo de conhecimento dos envolvidos esteve diretamente relacionado com a
ampliação e reformulação do conhecimento do mediador. Houve inúmeras oportunidades de
muitas aprendizagens recíprocas e, ao final, foi possível perceber que ainda há muito a
aprender. Constatou-se que não basta ter um curso superior, mas que é preciso formação
específica, capacitações regulares ao longo da vida profissional para que a mediação com o
Desenho Técnico ocorra de maneira eficaz.

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