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Lanes - A Ideia

O artigo propõe uma prática docente que envolve a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento, exemplificada pela criação de um vídeo sobre Geometria Descritiva por um estudante do Ensino Médio. A experiência visa mostrar como a animação pode facilitar a compreensão de conceitos complexos e destaca a importância de métodos pedagógicos que incentivem a colaboração dos alunos. Um questionário enviado a professores do Colégio Pedro II indicou que a produção do vídeo foi considerada relevante, sugerindo a continuidade desse tipo de iniciativa na educação.
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O artigo propõe uma prática docente que envolve a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento, exemplificada pela criação de um vídeo sobre Geometria Descritiva por um estudante do Ensino Médio. A experiência visa mostrar como a animação pode facilitar a compreensão de conceitos complexos e destaca a importância de métodos pedagógicos que incentivem a colaboração dos alunos. Um questionário enviado a professores do Colégio Pedro II indicou que a produção do vídeo foi considerada relevante, sugerindo a continuidade desse tipo de iniciativa na educação.
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XIII International Conference on Graphics

Engineering for Arts and Design

A IDEIA DE MOVIMENTO PARA A COMPREENSÃO DA GEOMETRIA


DESCRITIVA COM VÍDEO PRODUZIDO POR ALUNO
LANES, Eduardo J.1

Resumo
Este artigo busca estimular professores a uma prática docente em que o estu-
dante também possa participar diretamente da construção do conhecimento.
Narra-se a experiência da confecção de um vídeo feito por um aluno da 3ª série
do Ensino Médio do Colégio Pedro II (campus Niterói) a pedido de seu professor

-
curso para a compreensão da Geometria Descritiva. Por meio de questionário

Palavras-chave: construção do conhecimento; vídeo; Geometria Descritiva.

Abstract
This article aims to stimulate teachers to a teaching practice in which the
student can also participate directly in the knowledge building. The experience
of the production of a video made by a high school student from Colégio Pedro II
(campus Niterói) as a request of his drawing teacher is narrated in this text. The
animation, available on the internet, shows the dynamics of a point projections
and some cases of the study of straight lines as another resource for the
understanding of Descriptive Geometry. A questionnaire was addressed to other
Design teachers in order to verify the relevance of the proposal.

Keywords: Knowledge building; Video; Descriptive geometry.

1
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

1 Introdução
A prática docente comprometida com a qualidade do ensino e, sobretudo, com o bem-estar
do educando permite a participação deste na construção do conhecimento. O aluno, além
de trazer consigo saberes prévios, tem um potencial que só se pode explorar na medida em
que o professor se presta a uma educação participativa, colaborativa. A investigação sobre
quais alunos possuem tais saberes é menos onerosa do que se imagina. Com efeito, o tra-
balho busca estimular práticas com essa natureza. Descreve-se, neste texto, a experiência
da criação de um vídeo feito por um aluno da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Pedro II
(campus Niterói), Gustavo C. Andrade, a pedido de seu professor de Desenho da mesma
instituição, autor do artigo.
O vídeo é construído a partir de uma solicitação do professor de modo que os alunos
tenham um recurso a mais para a compreensão da Geometria Descritiva. Acredita-se que
uma animação em vídeo compense lacunas que as maquetes ou desenhos em perspectiva

novas tecnologias e os cuidados com esses recursos, apresentam-se autores como Castro
(2007), Godoi e Padovani (2009), assim como Prensky (2001) quando mostra as diferenças
-
tiva, toma-se como referência Virgílio A. Pinheiro (1961).
-

modo a ilustrar as etapas relevantes ao texto.


Aos professores do departamento de Desenho do Colégio Pedro II foi enviado um peque-

tecnologias em sala de aula. Entretanto, além de expor a produção de um vídeo feito por um
aluno, este trabalho se presta a alertar os docentes sobre o dever de oportunizar, a todo o
momento, a participação efetiva dos estudantes na construção do conhecimento, que estes
podem colaborar diretamente com suas aulas. Na perspectiva de que alunos trazem consigo

dizendo que

Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor, ou mais amplamente, à


escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos [...]
chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária –
mas também [...] discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses
saberes em relação com o ensino dos conteúdos. [...] Por que não discutir
com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina

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Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

-
so, com a de que o respeito à autonomia desse também deve ser considerado. Dessa forma,
“O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que
podemos ou não conceder uns aos outros.” (FREIRE, 1996, p. 66).
A construção deste trabalho também pode ser entendida como uma oportunidade para
-
bora, acrescentando que,

Para tanto, a educação permanente deve levar em conta alguns princípios


fundamentais: [...] envolvimento no processo daquele que aprende; a acei-

Vale esclarecer, neste momento, que o autor do trabalho nada contribuiu tecnicamente
com a produção do vídeo; informou somente como seriam as imagens e quando deveriam
-
logias, é pertinente registrar o que Prensky (2001) relata a respeito dos “nativos digitais (o
autor do vídeo) e imigrantes digitais (o autor do artigo)”.

Como educadores, precisamos pensar em como ensinar conteúdo Legado


e Futuro na linguagem dos nativos digitais. O primeiro envolve uma grande
tradução e mudança de metodologia; o segundo envolve todo esse novo con-
teúdo e pensamento. Na verdade, não é claro para mim o que é mais difícil
- “aprender coisas novas” ou “aprender novas maneiras de fazer coisas anti-


momento pedagógico com que se trabalha. Com essa preocupação, Castro (2007) observa:

O que interrogamos é se a escola está organizada para promover o desen-


volvimento de um sujeito civilizado, informado, criativo, crítico e participati-
vo, [...] com a utilização de diferentes mídias (valorizando a criatividade e a
interatividade) ou se permanece utilizando antigas estratégias, ainda que
possuindo novas ferramentas. (CASTRO, 2007, p. 136)

Com a mesma preocupação sobre avaliar a utilização de estratégias midiáticas em sala


de aula, Godoi e Padovani (2009) também comentam.

Um trabalho de avaliação contínua centrada no usuário pode ser uma boa


estratégia para assegurar a qualidade do material didático digital. Existem

-
ção da qualidade e usabilidade do material didático digital no processo
de design (tanto no desenvolvimento do projeto quanto no do produto). O
envolvimento do usuário pode trazer benefícios importantes para o design.

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Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

3 Desenvolvimento
Para a construção do trabalho, optou-se por mostrar capturas de tela das etapas do vídeo.
Entretanto, por se tratar de imagens estáticas, enfatiza-se que assistir à animação2 é funda-
mental para a compreensão dos objetivos do artigo.

3.1 A motivação
O autor deste trabalho, professor de Desenho na instituição, expôs aos estudantes de uma turma
do Ensino Médio que sempre desejou utilizar um vídeo de -

Gustavo que ele te ajuda, ele conhece um software3 de animação.” Ainda no mesmo ano letivo,
esse aluno, da 3ª série do E.M., tornar-se-ia o monitor da disciplina, sob a orientação do autor.
Por conseguinte, todos os encontros presenciais e virtuais entre professor e aluno se deram por

3.2 As recomendações
Apesar de a Geometria Descritiva ser uma disciplina de caráter tecnicista, onde seus concei-
tos se apoiam em estudos já consolidados, cada professor possui suas estratégicas peda-
gógicas para conduzir suas aulas. Nessa perspectiva, o professor perguntou ao aluno se ele
poderia produzir um vídeo que correspondesse ao que o docente considerava ser um bom
instrumento didático-pedagógico. Os recursos como desenhos em perspectiva no quadro de
giz, em apostilas ou a utilização de maquetes da
-
co, o problema que motivou a solicitação à produção do vídeo foi o de se constatar que um
dos entraves na compreensão da GD é justamente a questão do movimento; seja para mos-
trar as projetantes passando por um ponto objetivo e atingindo um plano de projeção, seja

LANES (2016). Em resumo, o vídeo produzido pelo aluno Gustavo C. Andrade dá movimento

1. Polo

2. Elemento objetivo

3. Projetante

4. Plano de projeção

5. Projeção

Figura 1 – Elementos dos Sistemas projetivos.

2
Disponível em:
3
O aluno utilizou o After Efects (Adobe)

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A'

A'
linha de chamada
cota (z)
(A)
z

abscissa
O
(x)
afastamento (y)
y
A

LT
Épura correspondente

Coordenadas do ponto [x ; y ; z]

Segundo Pinheiro (1961), “a Geometria Descritiva é o mais importante método de repre-

Geometria Descritiva e o método mongeano, segue também a colaboração de Lanes (2016):

Considerada como uma geometria projetiva, a GD estuda os elementos do

-
temático francês, sistematizou o estudo da GD que se conhece até hoje.
De seu nome, origina-se a expressão projeções mongeanas quando se re-

(notação) entre um elemento ou outro na GD se dá de acordo com a escola


com que se trabalha. (LANES, 2016, p. 39)

No caso do Colégio Pedro II – instituição em que trabalha o autor – a notação utilizada


é a cremoniana .

A animação contempla alguns casos do Estudo do Ponto e das Retas. O vídeo serve como

Das diversas etapas do vídeo, destacam-se, para a construção deste trabalho, algumas cap-
turas de tela consideradas relevantes enquanto imagens estáticas. Vale repetir que a com-
preensão pretendida se dá de melhor maneira assistindo ao vídeo. Num primeiro momento,
-
ção ( ) e (

Convenção do nome atribuída a Antonio Luigi G. Giuseppe Cremona (1830 – 1903), matemático
italiano.

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Figura 3 – Primeira apresentação (ponto).


Fonte: Captura de tela (vídeo – Gustavo C. Andrade).
Disponível em:

Neste desenvolvimento, não se pretende registrar, por certo, todas as etapas da pro-
-
te para a compreensão da essência deste artigo como também para o próprio estudo da
Geometria Descritiva: a passagem (rebatimento) da situação tridimensional para a bidimen-
sional (épura). Nesta captura de tela, observa-se o plano horizontal se rebatendo sobre o

Fonte: Captura de tela (vídeo – Gustavo C. Andrade).


Disponível em:

Na segunda etapa do vídeo, apresentam-se alguns casos do Estudo das Retas. De forma
-
mente as que são perpendiculares aos planos de projeção (vertical, topo e fronto-horizon-
tal). Em seguida, as que se apresentam paralelas a esses planos (horizontal, frontal e de

um detalhe relevante para demonstrar a habilidade do aluno e sua capacidade de resolver

pode observar na captura de tela abaixo.

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Figura 5 – Feixe de projetantes.


Fonte: Captura de tela (vídeo – Gustavo C. Andrade).
Disponível em:

Em algumas retas demonstradas, anteriores à


para cada extremidade do segmento. Com esta nova proposta, objetivava-se retomar – como

noção correta do sistema projetivo a que pertence a Geometria Descritiva, ou seja, o Sistema
Cilíndrico-Ortogonal. Nota-se que no intervalo do segmento há outros tantos pontos e, para cada
um, uma projetante própria. O aluno escolheu passar mais quatro, além das duas das extremi-

entendida como o resultado da interseção desse feixe de projetantes com o plano horizontal de

o do horizontal sobre o vertical (para a épura tradicional) e o do lateral sobre o mesmo vertical,

a demonstração com uma animação colabora ainda mais com esse estudo.

Disponível em:

-
vo C. Andrade). Disponível em:
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

Fonte: Captura de tela (vídeo – Gustavo C. Andrade).


Disponível em:

Considerando ser a produção do vídeo uma primeira experimentação, uma concretização


da ideia do autor, foi elaborado um breve questionário enviado aos professores do Departa-
mento de Desenho do Colégio Pedro II. Os docentes – em número de quinze –manifestaram

esses colegas. Por unanimidade, o trabalho do aluno foi considerado satisfatório. Os elogios
certamente foram replicados para o autor do vídeo que, por conseguinte, já se propôs às
continuidades5 iminentes.

3.4.1 A pesquisa e o questionário


Encaminhado por correio eletrônico pela coordenadora geral do departamento, os professo-
res de Desenho puderam preencher e devolver um pequeno questionário dividido em duas
partes: aspectos pedagógicos e aspectos técnicos acerca do vídeo do aluno.
Por se tratar de um processo de experimentação, tanto a pesquisa como o questionário
se deram de forma diminuta. Vale ressaltar que o cerne deste artigo deve ser entendido
como um estímulo ou apelo aos docentes no sentido de oportunizarem a participação dos
estudantes na construção do conhecimento; para a confecção de materiais didáticos, inclu-

animação colaborar com os estudos da GD e sobre a adoção do produto na prática pedagógica.

de representação (Sistema Projetivo) utilizado pelo aluno e sobre os tipos de linha (traçado).

5
No mesmo tempo em que se produzia o texto deste artigo, o aluno informou que já estava providencian-
do a animação do ponto pertencente aos demais diedros não mostrada na primeira edição do vídeo.

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Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

Figura 9 – Questionário
Fonte: Dados da pesquisa
-
sores respondentes. Segundo Gil (2010), “Na maioria dos estudos de caso bem conduzidos,
a coleta de dados é feita mediante entrevistas, observação e análise de documentos.” (GIL,
2010, p. 120). Os quadros são divididos de acordo com os aspectos mencionados acima.

Item Percentuais
1
2

Figura 10 – Quadro sobre os aspectos pedagógicos.


Fonte: Dados da pesquisa

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Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design

Observa-se que a produção do vídeo como material didático foi considerada relevante
por todos os respondentes; assim como a motivação por utilizar e encaminhar esse material
didático a outro colega. Entretanto, a frequência da apresentação de um vídeo nas aulas e a
suposição de que ele auxilie na compreensão da GD não se apresentaram com unanimida-
de. Sobre este último aspecto, aliás, é considerado um empate técnico, mostrando que cada
docente tem sua própria dosagem na utilização de recursos didático-pedagógicos.

Item Percentuais
5

6a)

6b)
Figura 11 – Quadro sobre os aspectos técnicos.
Fonte: Dados da pesquisa

cabe sugerir – pelo propósito deste trabalho – que os próprios professores também solici-
tem de seus alunos a confecção de outros vídeos, a continuidade do mesmo, uma vez que
se encontra disponível na internet; buscando, por certo, referendar a autoria de Gustavo C.
Andrade como autor da parte que lhe cabe.

4
Espera-se uma continuidade dos trabalhos, haja vista a colaboração dos professores de Dese-
-
promisso com os desdobramentos suscitados pela pesquisa. Ademais, vale acrescentar que

Embora a ideia da confecção do vídeo tenha partido da iniciativa de um professor com o pedido
dirigido a um aluno, espera-se que, com o texto deste artigo, haja mais investidas por parte de
outros professores com a mesma preocupação. Oportunizar a participação discente nas tare-
fas escolares envaidece o estudante, aumenta sua autoestima, estimula outros alunos a se
engajarem em pesquisas semelhantes, além de promover a unidade escolar a que pertence.

Agradecimentos
Aos colegas do Departamento de Desenho do Colégio Pedro II pela generosa disponibiliza-
ção de tempo no preenchimento e envio do questionário;

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CASTRO, Andrea F. O computador na escola: modos de leitura e mídias hipertextuais. In:


Senna, Luiz Antonio Gomes (org). Letramento, princípios e processos. Curitiba. IBPEX, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São

FURLANI, Lúcia T.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2010.

GODOI, Katia A. de; PADOVANI, Stephania. Avaliação de material didático digital centrada
no usuário: uma investigação de instrumentos passíveis de utilização por professores. Pro-

LANES, Eduardo J.
à Geometria Descritiva. Dissertação (Mestrado). Colégio Pedro II – Rio de Janeiro, RJ. 2016.

PINHEIRO, Virgílio A. Noções de geometria descritiva: ponto – reta – plano. Rio de Janeiro:
Ao Livro Técnico, 1961.

PRENSKY, M.: Digital Natives Digital Immigrants. In: PRENSKY, M. On the Horizon. NCB Uni-

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