Lanes - A Ideia
Lanes - A Ideia
Resumo
Este artigo busca estimular professores a uma prática docente em que o estu-
dante também possa participar diretamente da construção do conhecimento.
Narra-se a experiência da confecção de um vídeo feito por um aluno da 3ª série
do Ensino Médio do Colégio Pedro II (campus Niterói) a pedido de seu professor
-
curso para a compreensão da Geometria Descritiva. Por meio de questionário
Abstract
This article aims to stimulate teachers to a teaching practice in which the
student can also participate directly in the knowledge building. The experience
of the production of a video made by a high school student from Colégio Pedro II
(campus Niterói) as a request of his drawing teacher is narrated in this text. The
animation, available on the internet, shows the dynamics of a point projections
and some cases of the study of straight lines as another resource for the
understanding of Descriptive Geometry. A questionnaire was addressed to other
Design teachers in order to verify the relevance of the proposal.
1
Graphica 2019: XIII International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design
1 Introdução
A prática docente comprometida com a qualidade do ensino e, sobretudo, com o bem-estar
do educando permite a participação deste na construção do conhecimento. O aluno, além
de trazer consigo saberes prévios, tem um potencial que só se pode explorar na medida em
que o professor se presta a uma educação participativa, colaborativa. A investigação sobre
quais alunos possuem tais saberes é menos onerosa do que se imagina. Com efeito, o tra-
balho busca estimular práticas com essa natureza. Descreve-se, neste texto, a experiência
da criação de um vídeo feito por um aluno da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Pedro II
(campus Niterói), Gustavo C. Andrade, a pedido de seu professor de Desenho da mesma
instituição, autor do artigo.
O vídeo é construído a partir de uma solicitação do professor de modo que os alunos
tenham um recurso a mais para a compreensão da Geometria Descritiva. Acredita-se que
uma animação em vídeo compense lacunas que as maquetes ou desenhos em perspectiva
novas tecnologias e os cuidados com esses recursos, apresentam-se autores como Castro
(2007), Godoi e Padovani (2009), assim como Prensky (2001) quando mostra as diferenças
-
tiva, toma-se como referência Virgílio A. Pinheiro (1961).
-
tecnologias em sala de aula. Entretanto, além de expor a produção de um vídeo feito por um
aluno, este trabalho se presta a alertar os docentes sobre o dever de oportunizar, a todo o
momento, a participação efetiva dos estudantes na construção do conhecimento, que estes
podem colaborar diretamente com suas aulas. Na perspectiva de que alunos trazem consigo
dizendo que
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so, com a de que o respeito à autonomia desse também deve ser considerado. Dessa forma,
“O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que
podemos ou não conceder uns aos outros.” (FREIRE, 1996, p. 66).
A construção deste trabalho também pode ser entendida como uma oportunidade para
-
bora, acrescentando que,
Vale esclarecer, neste momento, que o autor do trabalho nada contribuiu tecnicamente
com a produção do vídeo; informou somente como seriam as imagens e quando deveriam
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logias, é pertinente registrar o que Prensky (2001) relata a respeito dos “nativos digitais (o
autor do vídeo) e imigrantes digitais (o autor do artigo)”.
Há
momento pedagógico com que se trabalha. Com essa preocupação, Castro (2007) observa:
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ção da qualidade e usabilidade do material didático digital no processo
de design (tanto no desenvolvimento do projeto quanto no do produto). O
envolvimento do usuário pode trazer benefícios importantes para o design.
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3 Desenvolvimento
Para a construção do trabalho, optou-se por mostrar capturas de tela das etapas do vídeo.
Entretanto, por se tratar de imagens estáticas, enfatiza-se que assistir à animação2 é funda-
mental para a compreensão dos objetivos do artigo.
3.1 A motivação
O autor deste trabalho, professor de Desenho na instituição, expôs aos estudantes de uma turma
do Ensino Médio que sempre desejou utilizar um vídeo de -
Gustavo que ele te ajuda, ele conhece um software3 de animação.” Ainda no mesmo ano letivo,
esse aluno, da 3ª série do E.M., tornar-se-ia o monitor da disciplina, sob a orientação do autor.
Por conseguinte, todos os encontros presenciais e virtuais entre professor e aluno se deram por
3.2 As recomendações
Apesar de a Geometria Descritiva ser uma disciplina de caráter tecnicista, onde seus concei-
tos se apoiam em estudos já consolidados, cada professor possui suas estratégicas peda-
gógicas para conduzir suas aulas. Nessa perspectiva, o professor perguntou ao aluno se ele
poderia produzir um vídeo que correspondesse ao que o docente considerava ser um bom
instrumento didático-pedagógico. Os recursos como desenhos em perspectiva no quadro de
giz, em apostilas ou a utilização de maquetes da
-
co, o problema que motivou a solicitação à produção do vídeo foi o de se constatar que um
dos entraves na compreensão da GD é justamente a questão do movimento; seja para mos-
trar as projetantes passando por um ponto objetivo e atingindo um plano de projeção, seja
LANES (2016). Em resumo, o vídeo produzido pelo aluno Gustavo C. Andrade dá movimento
1. Polo
2. Elemento objetivo
3. Projetante
4. Plano de projeção
5. Projeção
2
Disponível em:
3
O aluno utilizou o After Efects (Adobe)
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A'
A'
linha de chamada
cota (z)
(A)
z
abscissa
O
(x)
afastamento (y)
y
A
LT
Épura correspondente
Coordenadas do ponto [x ; y ; z]
-
temático francês, sistematizou o estudo da GD que se conhece até hoje.
De seu nome, origina-se a expressão projeções mongeanas quando se re-
A animação contempla alguns casos do Estudo do Ponto e das Retas. O vídeo serve como
Das diversas etapas do vídeo, destacam-se, para a construção deste trabalho, algumas cap-
turas de tela consideradas relevantes enquanto imagens estáticas. Vale repetir que a com-
preensão pretendida se dá de melhor maneira assistindo ao vídeo. Num primeiro momento,
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ção ( ) e (
Convenção do nome atribuída a Antonio Luigi G. Giuseppe Cremona (1830 – 1903), matemático
italiano.
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Neste desenvolvimento, não se pretende registrar, por certo, todas as etapas da pro-
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te para a compreensão da essência deste artigo como também para o próprio estudo da
Geometria Descritiva: a passagem (rebatimento) da situação tridimensional para a bidimen-
sional (épura). Nesta captura de tela, observa-se o plano horizontal se rebatendo sobre o
Na segunda etapa do vídeo, apresentam-se alguns casos do Estudo das Retas. De forma
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mente as que são perpendiculares aos planos de projeção (vertical, topo e fronto-horizon-
tal). Em seguida, as que se apresentam paralelas a esses planos (horizontal, frontal e de
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noção correta do sistema projetivo a que pertence a Geometria Descritiva, ou seja, o Sistema
Cilíndrico-Ortogonal. Nota-se que no intervalo do segmento há outros tantos pontos e, para cada
um, uma projetante própria. O aluno escolheu passar mais quatro, além das duas das extremi-
entendida como o resultado da interseção desse feixe de projetantes com o plano horizontal de
o do horizontal sobre o vertical (para a épura tradicional) e o do lateral sobre o mesmo vertical,
a demonstração com uma animação colabora ainda mais com esse estudo.
Disponível em:
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vo C. Andrade). Disponível em:
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esses colegas. Por unanimidade, o trabalho do aluno foi considerado satisfatório. Os elogios
certamente foram replicados para o autor do vídeo que, por conseguinte, já se propôs às
continuidades5 iminentes.
de representação (Sistema Projetivo) utilizado pelo aluno e sobre os tipos de linha (traçado).
5
No mesmo tempo em que se produzia o texto deste artigo, o aluno informou que já estava providencian-
do a animação do ponto pertencente aos demais diedros não mostrada na primeira edição do vídeo.
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Figura 9 – Questionário
Fonte: Dados da pesquisa
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sores respondentes. Segundo Gil (2010), “Na maioria dos estudos de caso bem conduzidos,
a coleta de dados é feita mediante entrevistas, observação e análise de documentos.” (GIL,
2010, p. 120). Os quadros são divididos de acordo com os aspectos mencionados acima.
Item Percentuais
1
2
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Observa-se que a produção do vídeo como material didático foi considerada relevante
por todos os respondentes; assim como a motivação por utilizar e encaminhar esse material
didático a outro colega. Entretanto, a frequência da apresentação de um vídeo nas aulas e a
suposição de que ele auxilie na compreensão da GD não se apresentaram com unanimida-
de. Sobre este último aspecto, aliás, é considerado um empate técnico, mostrando que cada
docente tem sua própria dosagem na utilização de recursos didático-pedagógicos.
Item Percentuais
5
6a)
6b)
Figura 11 – Quadro sobre os aspectos técnicos.
Fonte: Dados da pesquisa
cabe sugerir – pelo propósito deste trabalho – que os próprios professores também solici-
tem de seus alunos a confecção de outros vídeos, a continuidade do mesmo, uma vez que
se encontra disponível na internet; buscando, por certo, referendar a autoria de Gustavo C.
Andrade como autor da parte que lhe cabe.
4
Espera-se uma continuidade dos trabalhos, haja vista a colaboração dos professores de Dese-
-
promisso com os desdobramentos suscitados pela pesquisa. Ademais, vale acrescentar que
Embora a ideia da confecção do vídeo tenha partido da iniciativa de um professor com o pedido
dirigido a um aluno, espera-se que, com o texto deste artigo, haja mais investidas por parte de
outros professores com a mesma preocupação. Oportunizar a participação discente nas tare-
fas escolares envaidece o estudante, aumenta sua autoestima, estimula outros alunos a se
engajarem em pesquisas semelhantes, além de promover a unidade escolar a que pertence.
Agradecimentos
Aos colegas do Departamento de Desenho do Colégio Pedro II pela generosa disponibiliza-
ção de tempo no preenchimento e envio do questionário;
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FURLANI, Lúcia T.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. – São Paulo: Atlas, 2010.
GODOI, Katia A. de; PADOVANI, Stephania. Avaliação de material didático digital centrada
no usuário: uma investigação de instrumentos passíveis de utilização por professores. Pro-
LANES, Eduardo J.
à Geometria Descritiva. Dissertação (Mestrado). Colégio Pedro II – Rio de Janeiro, RJ. 2016.
PINHEIRO, Virgílio A. Noções de geometria descritiva: ponto – reta – plano. Rio de Janeiro:
Ao Livro Técnico, 1961.
PRENSKY, M.: Digital Natives Digital Immigrants. In: PRENSKY, M. On the Horizon. NCB Uni-
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