Imunidade
Imunidade
IMUNIDADE ADAPTATIVA
Memória HUMORAL CELULAR
imunológica
Direção É direcionada principalmente Os episódios infecciosos mais
contra doenças mediadas por frequentes são geralmente bacterianos,
exotoxinas, como o tétano e a como infecções respiratórias ou mesmo
difteria, infecções nas quais a tuberculose. Agem contra a progressão
virulência está relacionada à da infecção, infecções atípicas, resposta
presença de cápsulas à antibioticoterapia e memória a partir
polissacarídicas (pneumocócicas, de infecções semelhantes e antigas.
meningocócicas, Haemophilus
influenzae).
Células Anticorpos específicos para o Leucócitos (células T auxiliares que
Principais antígeno: IgM, IgG e IgA. expressam CD4; células T citotóxicas
que expressam CD8 e células B).
Respostas Primária mais longa (7 a 10 dias), Similar ao tempo da resposta humoral:
dependendo da natureza do 7 a 10 dias na primária, e de 3 a 5 dias
antígeno, primeiro IgM, seguidos na secundária. Na resposta primária as
por anticorpos IgG ou IgA. células T virgens (não ativadas) se
Secundária mais rápida (3 a 5 tornam células T efetoras, que são
dias), depois de meses ou anos capazes de reconhecer e eliminar as
após a resposta primária, células infectadas, muitas vezes através
alcançando níveis mais elevados de mecanismos de citotoxicidade, como
de IgG. a liberação de perforinas e granzimas.
Elas podem também se diferenciar em
células T de memória, que ficam no
organismo para enfrentar uma possível
reinfecção futura representando a
resposta secundária.
Fenômeno “células de memória” antígeno- Em conjunto com a imunidade inapta,
específicas, geradas após o as células apresentadoras de
primeiro contato. antígenos (APCs), como as células
dendríticas e os macrófagos, capturam
e processam o antígeno, apresentando-o
em sua superfície ligado a uma
molécula do Complexo Principal de
Histocompatibilidade (MHC), que pode
ser tipo MHC classe II (para células T
CD4+) ou MHC classe I (para células
T CD8+).
Ação A concentração sérica dos Quando um antígeno é reconhecido, as
anticorpos continua a aumentar células T CD4+ (auxiliares) ativam
por várias semanas e, então, citocinas e outras células do sistema
declina, podendo cair a níveis imunológico, incluindo células B para
bem baixos. Essas células de produzir anticorpos e células T CD8+
memória proliferam, (efetoras) para eliminar diretamente as
desencadeando uma expansão células infectadas. As Células T CD4+
clonal maior de células B e se diferenciam em vários subtipos,
células plasmáticas específicas, como Th1 (para resposta contra
as quais medeiam a resposta infecções virais e intracelulares), Th2
secundária por anticorpos. (para resposta contra infecções
parasitárias), Th17 (para defesa contra
fungos e bactérias extracelulares), entre
outros. Cada subtipo de célula T helper
tem um papel específico na regulação
da resposta imune.
Referências: (LEVINSON, 2022).
2.1.1 Vacinação
2.2.1.1 Tolerância
A tolerância imunológica é o estado de não-responsividade a determinados
antígenos, estabelecida principalmente pelos linfócitos T e B. Os receptores
clonais dos linfócitos são gerados por recombinação aleatória de genes que
codificam as regiões de ligação aos antígenos, o que cria a necessidade de
eliminar os receptores que possam reconhecer e atacar os próprios tecidos do
organismo. Quando há falha na manutenção da tolerância imunológica contra os
antígenos próprios, surgem as doenças autoimunes. A tolerância central refere-se
aos processos de seleção dos linfócitos T no timo, onde os precursores de
linfócitos T imaturos são expostos a antígenos próprios apresentados por células
epiteliais do timo e células dendríticas. Os linfócitos T que reconhecem
fortemente esses antígenos próprios sofrem apoptose, um processo denominado
seleção negativa. O timo também possui células especializadas que podem
expressar antígenos específicos de órgãos, como a insulina, que é expressa no
pâncreas e no timo. A tolerância periférica envolve mecanismos que garantem
que linfócitos T autorreativos não entrem em contato com seus antígenos-alvo.
Isso inclui a exclusão desses linfócitos T de suas células-alvo, a morte celular
induzida por falta de sinalização, a anergia (incapacidade de montar uma
resposta efetiva) e a supressão por linfócitos T reguladores. A tolerância dos
linfócitos B é mantida por mecanismos como a deleção clonal de linfócitos B
autorreativos, a edição do receptor de linfócitos B ou a anergia. Além disso, a
tolerância dos linfócitos B depende da tolerância dos linfócitos T, pois a
produção de anticorpos de alta afinidade e a mudança de classe de anticorpos
requerem a ajuda dos linfócitos T. Assim, quando a tolerância aos antígenos é
estabelecida no compartimento de linfócitos T, os linfócitos B que reconhecem o
mesmo antígeno geralmente permanecem tolerantes. A superação da tolerância
imunológica é uma estratégia chave para o desenvolvimento de tratamentos
inovadores contra o câncer.
2.2.1.2 Autoimunidade
A autoimunidade está associada a diversas doenças, algumas de natureza órgão-
específica e outras com distribuição sistêmica, podendo até haver sobreposição
de desordens autoimunes em um mesmo indivíduo. Em muitos casos, uma
pessoa pode apresentar mais de uma doença autoimune, seja ela órgão-específica
ou sistêmica. Fatores genéticos desempenham um papel importante no
desenvolvimento dessas doenças, com estudos em gêmeos indicando um
componente hereditário na autoimunidade. A maioria das doenças autoimunes é
poligênica, com destaque para os genes HLA, que têm grande relevância nesse
processo. Linfócitos T e B autorreativos podem persistir em indivíduos
saudáveis, mas na presença de antígenos próprios, esses linfócitos são ativados e
contribuem para a produção de respostas autoimunes. Fatores como a reação
cruzada com antígenos microbianos e a desregulação de citocinas podem
desencadear a autoimunidade. Na maioria das doenças autoimunes, o processo
autoimune é responsável pelas lesões nos tecidos. O papel patogênico da
autoimunidade pode ser demonstrado em modelos experimentais, e
autoanticorpos humanos podem ter um efeito diretamente patogênico.
Imunocomplexos também estão frequentemente associados a doenças
autoimunes sistêmicas. Os testes para detecção de autoanticorpos são valiosos
no diagnóstico e, em alguns casos, no prognóstico dessas doenças. O tratamento
das doenças autoimunes tem múltiplos objetivos, com o controle metabólico
sendo geralmente o foco para as doenças órgão-específicas. Para as doenças
sistêmicas, utilizam-se drogas anti-inflamatórias e imunossupressoras, sendo que
terapias biológicas com anticorpos monoclonais contra citocinas pró-
inflamatórias têm revolucionado o tratamento de doenças reumáticas
autoimunes. Além disso, terapias direcionadas aos linfócitos B têm mostrado
grande eficácia em diversas condições autoimunes.
2.2.1.3 Transplantes
A resposta imunológica no transplante é influenciada por diversos fatores. As
respostas do enxerto contra o hospedeiro são responsáveis pela rejeição do
transplante, sendo os antígenos de histocompatibilidade os principais alvos dessa
rejeição. Antígenos menores também podem desencadear rejeição, mesmo
quando o doador e o receptor são geneticamente idênticos para o MHC. A
doença do enxerto contra o hospedeiro ocorre quando os linfócitos do doador
atacam o tecido receptor. A rejeição pode ocorrer por meio de diferentes
mecanismos imunes efetores. A rejeição hiperaguda é imediata e causada por
anticorpos; a rejeição aguda se manifesta de dias a semanas após o transplante,
enquanto a rejeição crônica pode ser detectada meses ou até anos depois. A
compatibilidade de HLA é um dos principais métodos para prevenir a rejeição
dos aloenxertos, sendo que quanto maior a compatibilidade entre o doador e o
receptor, menor o risco de rejeição. O sucesso do transplante de órgãos depende
do uso de medicamentos imunossupressores. Drogas antiproliferativas, como 6-
MP, azatioprina e MPA, são comumente utilizadas. Ciclosporina, tacrolimus e
sirolimus agem como inibidores da ativação dos linfócitos T. Corticosteroides,
que possuem propriedades anti-inflamatórias, também são usados para
imunossupressão no transplante. Além disso, anticorpos direcionados ao
receptor IL-2 ou aos leucócitos são amplamente empregados para evitar a
rejeição.
2.2.2 Doenças alérgicas e hipersensibilidade
2.2.3 Imunodeficiência
3) REFERÊNCIAS
1. MALE, David. Imunologia. 8th ed. Rio de Janeiro: GEN Guanabara Koogan,
2014. E-book. p.275. ISBN 9788595151451.
2. RIBEIRO, Helem F.; VAZ, Lisiane S.; ZANELATTO, Carla; et al. Imunologia
clínica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. E-book. p.74. ISBN 9788533500716.
3. COICO, Richard; SUNSHINE, Geoffrey. Imunologia. 6th ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010. E-book. p.Capa1. ISBN 978-85-277-2341-1.
4. LEVINSON, W. et al. Microbiologia médica e imunologia: um manual clínico
para doenças infecciosas. 15. ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.