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Cap 1 - Mascolell

O documento aborda o problema de decisão individual na microeconomia, destacando duas abordagens para modelar o comportamento do consumidor: Relação de Preferência e Regras de Escolha. A relação de preferência é fundamentada em axiomas de racionalidade, enquanto as regras de escolha consideram o comportamento como uma característica primitiva. O texto também discute o efeito framing e a relação entre preferências e funções de utilidade, enfatizando a importância da racionalidade nas decisões do consumidor.

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Ana Luisa Souza
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O documento aborda o problema de decisão individual na microeconomia, destacando duas abordagens para modelar o comportamento do consumidor: Relação de Preferência e Regras de Escolha. A relação de preferência é fundamentada em axiomas de racionalidade, enquanto as regras de escolha consideram o comportamento como uma característica primitiva. O texto também discute o efeito framing e a relação entre preferências e funções de utilidade, enfatizando a importância da racionalidade nas decisões do consumidor.

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Notas de Aula

Capítulo 1 (Mas-Colell):
Preferências e Escolha

PROFESSORA: ELAINE APARECIDA FERNANDES


DISCIPLINA: MICROECONOMIA I
Notas de Aula

 Definindo o problema de decisão individual: o indivíduo tem um conjunto de


alternativas possíveis (mutuamente exclusivas).
 Esse conjunto de alternativas será chamado de “X”
 X : são as escolhas de consumo possíveis

 Existem duas aproximações diferentes para modelar o comportamento (a


escolha) do consumidor
 1) Relação de Preferência
 2) Regras de Escolha
Notas de Aula

1) Relação de Preferência
 É a abordagem mais tradicional. Impõe os axiomas de racionalidade na escolha do
consumidor, sobre as preferências dos consumidores.
2) Regras de Escolha
 Trata o comportamento do indivíduo como uma característica primitiva, fazendo
pressuposições diretas em relação ao comportamento individual
 Este enfoque faz uso do Axioma Fraco da Preferência Revelada (AFrPR)*

*Vantagens: Os dados são diretamente observáveis no mercado (a partir disso, constrói-se a


relação de preferência). O indivíduo aqui ainda continua sendo racional e transitivo.
Notas de Aula

RELAÇÃO DE PREFERÊNCIA
As relações de preferências serão denotadas por ≿.
 ≿: é uma relação binária sobre um conjunto de alternativas X, possibilitando a comparação
de alternativas (pares) x, y ∈ X.
Observação: Nós lemos x ≿ y como “x é pelo menos tão bom quanto y” ou “x é fracamente
preferível a y”.
De ≿ podemos derivar outras relações sobre X:
 a) A preferência estrita ≻, é definida por: x ≻ 𝑦𝑦 <=> x ≿ y, mas NÃO, y ≿ x.
 b) A relação de indiferença ~ é definida por: x ~ y <=> x ≿ y e y ≿ x.
Notas de Aula

Na Teoria Microeconômica, assumimos a racionalidade

Para ser racional, uma relação de preferência deve ser: completa, reflexiva e transitiva

 Completa: para todo x, y ∈ X, nós temos que x ≿ y ou y ≿ x (ou ambos). Dizer


que as ≿ (preferências) são completas significa que os indivíduos têm
preferências bem definidas entre 2 quaisquer alternativas possíveis.
 Reflexiva: uma cesta é tão boa quanto ela própria. É uma extensão da
“completude” (a preferência ser completa) é o caso do ambos.
 Transitividade: ∀ x, y, z ∈ X, se x ≿ y e y ≿ z, então, x ≿ z . Quando a
transitividade é satisfeita, tem-se consistência temporal (axioma forte).
Notas de Aula

As preferências podem deixar de ser racionais (algumas razões):

1. Diferenças pouco perceptíveis (exemplo: colheres de açúcar)

2. As preferência podem depender da forma como as possibilidades são apresentadas

O efeito framing (ou efeito de configuração) aparece como um fator capaz de intervir no
processo lógico decisório. Ele consiste no enquadramento (frame), na forma como uma
situação é apresentada para um indivíduo e este, em um contexto de incerteza relaciona-se
com a sensação de ganhos e perdas.
Notas de Aula

A demonstração original do efeito framing pode ser observado pelo exemplo clássico de Tversky e
Kahneman (1981), no caso da doença asiática:
Problema 1 (problema apresentado com uma configuração positiva): imagine que os EUA estejam
se preparando para o ataque de uma doença asiática incomum, no qual se espera que 600 pessoas
morram. Dois programas alternativos foram propostos. Suponha que as estimativas científicas
exatas das consequências desses programas sejam as seguintes: se o programa A for adotado, 200
pessoas serão salvas; se o programa B for adotado, há a probabilidade de 1/3 de que 600 pessoas
sejam salvas e de 2/3 de que ninguém seja salvo. Qual desses programas você prefere?
Problema 2 (com uma configuração um pouco mais negativa): se o programa C for adotado, 400
pessoas irão morrer; se o programa D for adotado, existe a probabilidade de 1/3 de que ninguém
morrerá e de 2/3 de que 600 pessoas irão morrer.
Notas de Aula

Qual desses programas você prefere?


Nessa pesquisa, Tversky e Kahneman (1981) detectaram o que denominaram clássico efeito
framing. As respostas do problema 1 (n=152) – correspondente à configuração positiva ou de
ganhos – foram de 72% para a alternativa A e de 28% para a opção B. Já no problema 2 (n=155)
– apresentado com uma configuração negativa ou de perdas – apenas 22% das pessoas
escolheram o programa C e 78% optaram pelo programa D.
Nesse sentido, é possível perceber que, apesar de os valores associados às alternativas serem
equivalentes, as pessoas processaram a informação de forma distinta. Os programas A e C, por
exemplo, tratam da possibilidade de sobrevivência de 200 pessoas e da morte de 400,
respectivamente. A alternativa A, entretanto, ressalta os possíveis sobreviventes, enquanto a
opção C enfatiza as possíveis vítimas da doença asiática.
Notas de aula

3. Paradoxo de Condorcet (viola a transitividade - agregação de preferências racionais não gera


preferências racionais)

Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, Marquês de


Condorcet, normalmente referido como Nicolas de
Condorcet, foi um filósofo e matemático francês.
Fonte: Wiquipédia

4. A intransitividade pode ser uma manifestação de mudanças de hábitos


Notas de Aula

A pressuposição de que a relação de ≿ (preferência) é completa e transitiva tem implicação


para as relações estritas (≻) 𝑒𝑒 (~):
 ≻ é irreflexiva (x ≿ y ou y ≿ x não se mantém) e transitiva (se x ≻ y e y ≻ z, então x ≻ z)
 ~ é reflexiva (x ~ x), transitiva (se x ~ y e y ~ z então x ~ z) e simétrica (se x ~ y então y ~
x)
 Se x ≻ y ≿ z então x ≻ z

CONCLUSÃO: A racionalidade de ≿ implica que ≻ e ~ sejam transitivas. Lembre-se que


elas não são completas.
Notas de Aula

Na economia, nós frequentemente descrevemos as relações de preferências utilizando medidas


numéricas a partir de funções de utilidade.

 Função de Utilidade: a u(x) mostra um valor numérico para cada elemento em X, ranqueando os
elementos de X de acordo com as preferências individuais
 A função u: X --> R é uma função utilidade que representa ≿ se, para todo x, y ∈ X

x ≿ y <=> u(x) ≥ u(y)


IMPORTANTE: A função de utilidade que representa a relação de ≿ (preferência) não é única. Assim
para qualquer função estritamente crescente f: R --> R, v(x) ꓿ f(u(x)) será uma nova f de utilidade
representando a mesma relação de ≿ como u(.). Então, propriedades cardinais não são preservadas sob
transformações monotônicas.
Notas de Aula

Propriedades que são preservadas sobre transformações estritamente crescentes são chamadas
de ordinais. A relação de preferência associada com a função de utilidade possui propriedades
ordinais.
Sabe-se que a representação das preferências por meio da função de utilidade só é possível
a partir do pressuposto da racionalidade.

 PROPOSIÇÃO: Uma ≿ (preferência) pode ser representada por uma função de utilidade
se esta for racional (completa, reflexiva e transitiva)

PROVA: Para provar esta proposição, mostraremos que se existe uma função de utilidade que
representa a relação de ≿ (preferência), então, ≿ deve ser completa e transitiva .
Notas de Aula

≿ preferência deve ser completa e transitiva

 Completa: porque u(.) é uma função com um valor real definido em X, tem-se que
para qualquer x, y ∈ X , u(x) ≥ u(y) ou u(y) ≥ u(x). Mas, como u(.) é uma função
de utilidade que representa ≿, isso implica que x ≿ y ou y ≿ x. Então, a ≿ deve ser
completa.
 Transitiva: sendo x ≿ y e y ≿ z. Porque u(.) representa ≿, devemos ter que u(x) ≥
u(y) e u(y) ≥ u(z) implicando que u(x) ≥ u(z). Dado que u(.) representa ≿, isso
implica que x ≿ z. Assim, x ≿ y e y ≿ z implica que x ≿ z.

OBSERVAÇÃO: um caso em que sempre podemos representar uma relação de preferência


por uma função de utilidade só é possível quando X é finito.
Notas de Aula

 PROPOSIÇÃO: Seja ≿ uma preferência contínua e monotônica sobre 𝑅𝑅+𝐿𝐿 , então, existe uma
função de utilidade contínua u: RL+ --> R que representa a ≿.

PROVA: 1) Vamos mostrar que existe u: RL+ --> R ∀ x ∈ RL+ . Para isso, vamos definir uma
função de utilidade: u(x) ꓿ ínf(t > 0/t𝒗𝒗 ≿ 𝒙𝒙). Considere que 𝑣𝑣⃗ ꓿ (1,1,.....,1) ∈ RL+ .

Para provarmos vamos considerar a relação de indiferença (~) e a estritamente preferível (≻):

a) Vamos supor que t𝑣𝑣 ~ 𝑥𝑥:

 u(x)𝑣𝑣⃗ ≿ 𝑥𝑥 ou x ≿ u(x)𝑣𝑣⃗  u(x)𝑣𝑣⃗ ~ x --> u(x) ꓿ x VERDADEIRO SEMPRE


Notas de Aula

b) Vamos supor agora que t𝑣𝑣 ≻ 𝑥𝑥:


u(x)𝑣𝑣⃗ ≻ 𝑥𝑥
 Como ≿ é contínua ∃𝑎𝑎 > 0, bem pequeno, tal que (u(x) - a) 𝑣𝑣 > x (e,
consequentemente, preferível), ou seja, a transformação monotônica também é
preferível a x. Isso contradiz a ideia de ínfimo, pois existe um nº menor que t, que é (t -
a).

CONCLUSÃO: vale a ideia de “indiferença”, o que implica que existe uma função de
utilidade que representa a relação de preferência.
Notas de Aula

2) “u” representa ≿
Eu já sei isso, pois provei anteriormente que “≿” é racional. Com ela também é
contínua, posso representar “u” por meio de uma função de utilidade. Assim, basta
aplicar o problema na função de utilidade escolhida anteriormente.
 ≿ --> x ≿ y
u(x)𝑣𝑣⃗ ~ x ≿ y ~ u(𝑦𝑦)𝑣𝑣⃗
u(x) ≥ u(y)
Notas de Aula

REGRAS DE ESCOLHA
Formalmente, a escolha é representada por medidas de estrutura de escolha. Uma estrutura de escolha
(β, C(.)) consiste em 2 ingredientes:

1) β é uma família de subconjuntos não vazios de X, é um subconjunto de X. Todo elemento de


β é um conjunto B e B ⊂ X.

Os elementos de B ∈ β, sendo β o conjunto orçamentário, fazendo uma analogia com a teoria da escolha
do consumidor. O conjunto orçamentário “β” é a lista de todas as escolhas feitas. Mas β não precisa
incluir todas as possibilidades de subconjuntos de X, ele pode ser considerado como as escolhas
possíveis.
Notas de Aula

2) C(.) é uma regra de escolha que assinala um conjunto de elementos escolhidos C(B) e
C(B) ⊂ B, ∀ B ∈ β.

Quando C(B) contém um único elemento, este elemento é a escolha do indivíduo entre as alternativas em B.
Entretanto, o conjunto C(B) pode conter mais de um elemento. Se isso ocorre, os elementos de C(B) são as
alternativas em B que o indivíduo pode escolher: elas são suas alternativas aceitáveis e é como se o mesmo
estivesse repetidamente diante do problema de escolher uma alternativa do conjunto B.

 CONCLUSÃO: O conjunto C(B) é um conjunto daquelas alternativas que o indivíduo vai


sempre escolher, desde que elas estejam disponíveis para ele.

C(B) ∈ B ∈ β ∈ X
Notas de Aula

Exemplo: Suponha X ꓿ {x, y, z} e β ꓿ {{x, y},{x, y, z}}.

Uma possível estrutura de escolha é (β, C1 (.)) em que a regra de escolha C1 (.) é:

 C1 ({x, y}) ꓿ {x} x será SEMPRE escolhido não importando o conjunto


 C1 ({x, y, z}) ꓿ {x} orçamentário que o consumidor se defronte.

Podemos ter também: (β, C2(.))

 C2 ({x, y}) ꓿ {x} Neste caso, x é escolhido para o orçamento {x, y}. Se o
orçamento for {x, y, z}, é escolhido {x, y}. O que significa
 C2 ({x, y, z}) ꓿ {x, y} que x ou y podem ser escolhidos.
Notas de Aula

A estrutura de escolha deve obedecer ao AXIOMA FRACO DA PREFERÊNCIA REVELADA


(AFrPR). Este mostra a consistência nas escolhas dos indivíduos, o que significa que se o
indivíduo escolhe uma cesta, ele sempre vai escolhê-la desde que ela esteja disponível.

Podemos concluir então que:

DEFINIÇÃO 1.C.1: A estrutura de escolha (β, C(.)) satisfaz o AFrPR se a seguinte propriedade se
mantém:

 se para algum B ∈ β, com x, y ∈ B, tivermos x ∈ C(B), então, para qualquer Bʼ ∈ β, com x, y


∈ Bʼ e y ∈ C(Bʼ), devemos também ter x ∈ C(Bʼ).
Notas de Aula

CONCLUSÃO: Então, se x é sempre escolhido quando y está disponível, o conjunto


orçamentário NÃO pode conter ambas as alternativas para que y seja escolhido. Ou seja,
para que y seja escolhido, o conjunto orçamentário NÃO pode conter x.

Se o comportamento do consumidor satisfaz o AFrPR, então:

 se C({x, y}) ꓿ {x}, NÃO pode acontecer C({x, y, z}) ꓿ {y}

Agora podemos definir um conceito mais amplo que é a relação de preferência revelada ≿* .
Notas de Aula

DEFINIÇÃO 1.C.2: Dada uma estrutura de escolha (β, C(.)), a relação de preferência revelada
é definida por:

x ≿* y <꓿> existe algum B ∈ β tal que x, y ∈ B e x ∈ C(B)


É importante observar que a relação de preferência revelada não precisa ser completa ou
transitiva. Qualquer par de alternativas x e y pode ser comparável, é necessário, apenas, que
para algum B ∈ β tenha-se x, y ∈ B e x ∈ C(B) ou y ∈ C(B) ou ambos.

 Se x é revelado preferível a y, então, vai existir algum B ∈ β tal que x, y ∈ B, x ∈ C(B) e y


∉ C(B), ou seja, x SEMPRE é escolhido quando x e y são possíveis.
Notas de Aula

Exemplo: As duas estruturas de escolhas consideradas no exemplo anterior satisfazem o


axioma fraco?

Considere, primeiramente, a estrutura de escolha (β, C1 (.)):

 C1({x, y}) ꓿ {x}


 C1 ({x, y, z}) ꓿ {x}

Com esta estrutura de escolha, tem-se que x ≿* y e x ≿* z

Não posso falar nada sobre y e z, mas posso dizer que x é SEMPRE escolhido (essa
estrutura de escolha obedece ao axioma fraco) .
Notas de Aula

Se a estrutura de escolha (β, C2 (.)):


Das estruturas de escolha C2 concluímos que:
 C2 ({x, y}) ꓿ {x}
 C2 ({x, y, z}) ꓿ {x, y}

De C2 ({x, y}) ꓿ {x} tem-se que x ≿* y.


De C2 ({x, y, z}) ꓿ {x, y} tem-se que y ≿* x

CONCLUSÃO: violação do axioma fraco.


O axioma fraco é uma restrição parecida com a racionalidade para a relação de preferência.
Disso vem a questão:
Notas de Aula

EXISTE RELAÇÃO ENTRE AS ABORDAGENS DA


PREFERÊNCIA E DA REGRA DE ESCOLHA?
A ideia aqui é responder a 2 questões principais:

1) Se o consumidor tem uma preferência racional ≿, suas decisões de acordo com o seu conjunto
orçamentário β necessariamente geram estruturas de escolhas que satisfazem o axioma fraco da
preferência revelada?
 Sim

2) Se as escolhas que obedecem ao axioma fraco, elas são racionais?


 Talvez
Notas de Aula

IMPORTANTE: Se uma escolha do indivíduo para uma família de


conjuntos orçamentários β é capturada por uma estrutura de escolha
(β, C(.)) que satisfaz o axioma fraco, pode-se dizer que existe uma
relação de preferência racional que é consistente com esta escolha
considerando alguns aspectos.
Notas de Aula

Sobre a resposta para a 1ª questão, supõe-se que o indivíduo tem preferência racional (≿) em X.
Se este indivíduo defronta-se com um subconjunto de alternativas não-vazio B ⊂ X, seu
comportamento maximizador de preferência é escolher qualquer um dos elementos no conjunto:

 C*(B, ≿) ꓿ {x ϵ B: x ≿ y, ∀ y ϵ B}
C*(B, ≿)  são as alternativas mais preferidas em B.

Considera-se que C*(B, ≿) ꓿ ∅ é não-vazio para algum B.

Quando X é finito, ou a condição de continuidade se mantém, C*(B, ≿) ꓿ ∅. Podemos considerar


isso como verdade.
Notas de Aula

Vamos verificar se o axioma fraco se mantém para preferências racionais.

PROVA: Suponha que para algum B ∈ 𝛽𝛽 tem−se x, y ∈ B e x ∈ C*(B, ≿).

Pela definição de C*(B, ≿) --> x ≿ y. Vamos checar se o axioma fraco se mantém?

Suponha que:
 Para algum Bʼ ∈ 𝛽𝛽 com x, y, 𝑧𝑧 ∈ Bʼ tem-se y ∈ C*(Bʼ, ≿) e isso implica que y ≿
z, para todo z ∈ Bʼ. Mas já sabemos que x ≿ y.

 Assim, pela transitividade x ≿ z, ∀ z ∈ Bʼ, e, então, x ∈ C (Bʼ, ≿ ).

E ASSIM CONCLUI-SE QUE VALE O AXIOMA FRACO.


Notas de Aula

CONCLUSÃO

 PROPOSIÇÃO 1.D.1: Suponha que ≿ é uma relação de preferência racional. Então, a


estrutura de escolha gerada por ELA, (𝛽𝛽, C*(. , ≿ )) , satisfaz o axioma fraco.
Notas de Aula

Para responder a segunda questão vamos iniciar com a definição abaixo:

DEFINIÇÃO 1.D.1: Dada uma estrutura de escolha (𝛽𝛽, C(.)), nós dizemos que a relação de preferência
racional racionaliza C(.) relativa a 𝛽𝛽 se:

 C(B) ꓿ C*(B , ≿ ) ∀ B ∈ 𝛽𝛽 se ≿ gera a estrutura de escolha (𝛽𝛽, C(.)).

A proposição 1.D.1 implica que o axioma fraco deve ser satisfeito se existe uma relação de preferência
racional. Desde que C*(. , ≿ ) satisfaz o axioma fraco para qualquer ≿, apenas a regra de escolha que
satisfaz o axioma fraco possui preferência racional. Assim, o axioma fraco não é suficiente para garantir a
existência de relação de preferência racional.
Em outras palavras: a relação de preferência (≿) racionaliza a regra de escolha (𝛽𝛽, C(B , ≿ )) em 𝛽𝛽 se as
escolhas ótimas geradas pelas preferências coincidem com a estrutura de escolha C(.) para todo B ∈ 𝛽𝛽.
Notas de Aula

Exemplo 1.D.1: Suponha que X ꓿ {x, y, z}, 𝛽𝛽 ꓿ {{x, y},{y, z},{x, z}}

C({x, y}) ꓿ {x} Esta estrutura de escolha satisfaz o axioma fraco, pois o indivíduo não
C({y, z}) ꓿ {y} escolheu z primeiro pelo fato do mesmo não estar disponível (não tem z em
C({x, z}) ꓿ {z} C({x, y}) ). Mas NÃO satisfaz a racionalidade, porque viola a transitividade.

Pelo exemplo 1.D.1 vimos que existem mais conjuntos orçamentários em 𝛽𝛽


 se a família de conjuntos orçamentários 𝛽𝛽 inclui subconjuntos de x, e se (𝛽𝛽, C(.)) satisfaz o
axioma fraco, então existe uma relação de preferência racional que racionaliza C(.) relativo
a 𝛽𝛽 (algo mostrado por Arrow (1959)).
 se as ≿ são racionais, elas satisfazem o axioma fraco, mas obedecer o axioma fraco NÃO é
suficiente para a existência de preferências racionais.
Notas de Aula

OBSERVAÇÃO

Quanto maior a partição de β, mais o axioma fraco restringe o


comportamento da escolha.

Isso acontece por que existe mais oportunidades para as escolhas do


consumidor se contradizerem.
Notas de Aula

PROPOSIÇÃO 1.D.2: Se (𝛽𝛽, C(.)) é uma estrutura de escolha tal que:

 a) o axioma fraco é satisfeito.


 b) 𝛽𝛽 inclui todos os subconjuntos de X até 3 elementos.

Então, vai existir uma relação de preferência ≿ que racionaliza C(.) relativa a 𝛽𝛽, 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 é 𝐶𝐶(𝐵𝐵) ꓿
C*(B, ≿) ∀ B ∈ 𝛽𝛽

Para provar essa Proposição deve-se mostrar que:


 1) ≿* é uma relação de preferência racional
 2) ≿* racionaliza C(.) em 𝛽𝛽
 3) ≿* é a única relação de preferência
Notas de Aula

PROVA: Considerando primeiro 1: ≿* é uma relação de preferência racional


Para provar que ≿* é racional temos que provar que a ≿* é completa e transitiva:

a) Completa: tem-se que {x,y} ∈ 𝛽𝛽


 x ou y deve ser um elemento de C({x,y})
 Devemos ter que x ≿ y ou y ≿ x, ou ambos, desde que ≿* seja completa

b) Transitiva: vamos considerar que x ≿* y e y ≿∗ z


 Considerando um conjunto orçamentário {x, y, z} ∈ 𝛽𝛽
 Pela definição da preferência revelada temos que x ∈ C(B) ou x ∈ C({x, y, z}) desde que pela
definição x ≿* z
 Porque C({x,y,z}) ꓿ ∅, pelo menos uma das alternativas x, y, z deve ser um elemento de
C({x,y,z}).
Notas de Aula

Suponha que y ∈ C({x, y, z}), como supomos que x ≿* y, pelo axioma fraco:
x ∈ C({x, y, z})
Suponha agora que z ∈ C({x,y,z})
 Já sabemos que y ≿* z
 Daí temos a solução y ∈ C({x,y,z})

 x ≿ y e y ≿ z --> x ≿ z (valendo a transitividade).


Notas de Aula

Considerando 2: ≿* racionaliza C(.) em 𝛽𝛽


Mostrando que C(B) ꓿ C*(B, ≿*) ∀ B ∈ 𝛽𝛽, que significa que a relação de preferência revelada
≿* inferida de C(.) gera C(.)
Formalmente, isso será visto em dois passos:
a) Suponha que x ∈ C(B). Então, x ≿* y ∀ y ∈ B
 nós temos que x ∈ C(B) e x ∈ C*(B, ≿*) pela suposição inicial
 isto significa que C(B) ⊂ C*(B, ≿*)
b) Suponha que x ∈ C*(B, ≿*). Isso implica que x ≿* y ∀ y ∈ B
 para cada y ∈ B deve existir algum conjunto By ∈ 𝛽𝛽 tal que x, y ∈ B e x ∈ C(By)
 porque C(B) não é vazio, pelo axioma fraco ele implica que x ∈ C(B), o que implica C(B) ꓿C*(B, ≿*).
Notas de Aula

Considerando 3: ≿* é a única relação de preferência

 Porque 𝛽𝛽 inclui todos os subconjuntos de dois elementos de X, a escolha de C(.) determina


completamente as relações de preferências pairwise sobre X de preferência racional.

CONCLUSÃO: Pela Proposição 1.D.2 em um caso especial em que a escolha é definida


para todo subconjunto de X, a Teoria baseada na escolha satisfazendo o axioma fraco é
completamente equivalente a teoria de escolha baseada na preferência racional.

Mais para frente vamos considerar uma visão mais forte do axioma fraco. Essa versão impõe
mais restrições ao comportamento do consumidor. Neste caso, o axioma fraco providência
condição necessária e suficiente para se ter preferência racionais!!!!
Notas de Aula

Exercícios: Mas-Collel pág 15


1) Prove que se x ≻ y ≿ 𝑧𝑧, então x ≻ z Provar a transitividade
2) Prove as propriedades (i) e (ii) da propriedade 1.B.1

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