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Texto - Ciclo Do Carbono

O documento explora o ciclo do carbono, o efeito estufa e as queimadas, destacando como as atividades humanas têm contribuído para o aumento da temperatura global. O efeito estufa, um fenômeno natural, é intensificado pela queima de combustíveis fósseis e desmatamento, resultando em consequências como o derretimento das calotas polares e a proliferação de doenças. O texto enfatiza a importância de entender esses processos para mitigar os impactos ambientais e sociais das mudanças climáticas.

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Texto - Ciclo Do Carbono

O documento explora o ciclo do carbono, o efeito estufa e as queimadas, destacando como as atividades humanas têm contribuído para o aumento da temperatura global. O efeito estufa, um fenômeno natural, é intensificado pela queima de combustíveis fósseis e desmatamento, resultando em consequências como o derretimento das calotas polares e a proliferação de doenças. O texto enfatiza a importância de entender esses processos para mitigar os impactos ambientais e sociais das mudanças climáticas.

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Ciclo do carbono, efeito

estufa e queimadas
Ronei Tiago Stein

Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Analisar o ciclo do carbono.


 Identificar a definição e as consequências do efeito estufa.
 Relacionar as queimadas com o aumento do efeito estufa.

Introdução
O efeito estufa é um processo natural, o qual é responsável por deixar
a temperatura no globo terrestre constante. Porém, várias práticas cau-
sadas pelo homem vêm interferindo neste processo, fazendo com que
a temperatura aumente ano após ano. O incremento do efeito estufa é
uma consequência direta do desequilíbrio bioquímico na atmosfera do
planeta, principalmente os fluxos, processos e reservatórios do ciclo do
carbono. Ele é a principal forma pela qual o meio ambiente faz trans-
ferências e armazenamentos energéticos desta substância na natureza.
Em relação ao ciclo de carbono (quarto elemento mais presente no
Universo), existem basicamente dois tipos, o ciclo geológico (o qual é
mais lento) e o ciclo biológico (o qual ocorre de maneira mais rápida).
No ciclo biológico, basicamente as plantas retiram o dióxido de carbono
(CO2) da atmosfera e o transformam em oxigênio. No ciclo geológico,
o CO2 está preso em rochas sedimentares, calcárias ou em fontes de
combustíveis fósseis.
Algumas práticas contribuem para o aumento do efeito estufa, entre
elas a queima dos combustíveis fósseis e as queimadas. Com isto, ocorre
a liberação para a atmosfera do monóxido de carbono, o qual estava
preso a milhares de anos. Como as plantas não conseguem absorver
estes poluentes, tem-se a formação de uma espécie de camada ao redor
da Terra, ocasionando no aumento da temperatura terrestre.

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204 Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas

Neste texto, você vai aprender como ocorre o ciclo do carbono,


conceituar o efeito estufa e suas consequências ao meio ambiente e
identificar como as queimadas, mesmo não sendo a principal forma de
poluição atmosférica, provoca o aumento do efeito estufa.

Ciclo do carbono
Ferreira (2015) descreve que um dos principais pré-requisitos para a evolução
e a manutenção da vida na Terra são os ciclos biogeoquímicos. Por se tratar de
um processo natural, ocorre a reciclagem de vários elementos, em diferentes
formas químicas, do meio ambiente para os organismos vivos, e, depois, ocorre
o processo contrário, ou seja, os elementos dos organismos são trazidos para
o meio ambiente, como, por exemplo, o ciclo do carbono.
O carbono (C) é o elemento básico da construção, o qual está presente tanto
nos organismos orgânicos (aqueles presentes ou formados por organismos
vivos) quanto nos organismos inorgânicos, como o grafite e o diamante. De
acordo com Caldeira (2005 apud FERREIRA, 2015), é de suma importância
compreender o ciclo do carbono para poder entender os processos regulatórios
e o tempo de permanência do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, pois suas
concentrações regulam o efeito estufa. Dessa forma, o carbono faz parte dos
principais gases do efeito estufa, como o metano (CH4) e o CO2, sendo este
o elemento mais abundante dentre os elementos dos ciclos biogeoquímicos.

O carbono (C) é o quarto elemento mais abundante no Universo, depois do hidrogênio


(H), do hélio (He) e do oxigênio (O), e é o pilar da vida na Terra.
Existem, basicamente, duas formas de carbono: uma orgânica, presente nos orga-
nismos vivos e mortos, não decompostos; e outra inorgânica, presente nas rochas.
Nesse sentido, mais de 99% do carbono terrestre está contido na litosfera, sendo
a maioria carbono inorgânico armazenado em rochas sedimentares, como as rochas
calcárias. O carbono orgânico contido na litosfera está armazenado em depósitos de
combustíveis fósseis.

Mas como ocorre o ciclo do carbono? Existem duas formas distintas desse
ciclo: uma é denominada ciclo biológico e outra, ciclo geológico.

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Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas 205

O ciclo biológico do carbono é relativamente rápido. Estima-se que a


renovação do carbono ocorra a cada 20 anos. Todo o processo inicia quando
os organismos autótrofos (os quais produzem seu próprio alimento), e prin-
cipalmente as plantas, absorvem o gás carbônico da atmosfera, utilizando-o
para realizar a fotossíntese. Após, o carbono é devolvido ao ambiente, na
mesma velocidade em que é sintetizado (consumido) pelos produtores, pois a
devolução de carbono ocorre continuamente por meio da respiração durante
a vida dos seres.
A Figura 1 representa a troca de carbono na ecosfera, composta pela at-
mosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera, as quais interagem constantemente.
Uma parte do carbono está na atmosfera como CO2, outra está dissolvida na
água superficial e subterrânea. Os ecossistemas aquáticos continentais têm
papel importante no fluxo global de carbono, mesmo com pequena contri-
buição em termos de área. A inserção do carbono em ambientes aquáticos
ocorre por meio de distintas fontes: poluição pontual de matéria orgânica;
metabolismo e morte de plantas e de organismos aquáticos; dissolução de
carbono atmosférico; e escoamento superficial da bacia de drenagem (IHA,
2010 apud FERREIRA, 2015).

Figura 1. Efeito estufa ocasiona o aumento da temperatura terrestre.


Fonte: Designua/Shutterstock.com.

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206 Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas

Esse processo ocorre na medida em que as plantas absorvem a energia solar


e CO2 da atmosfera, gerando oxigênio e açúcares (como a glicose) por meio
do processo conhecido como fotossíntese, que é o alicerce para o crescimento
das plantas. Quando os animais e as plantas consomem a glicose, durante o
processo de respiração, emitem novamente CO2 para a atmosfera. Com isso,
a fotossíntese e a decomposição orgânica, por meio da respiração, renovam
o carbono da atmosfera. O carbono presente nas plantas pode seguir três
caminhos, de acordo com Rosa et al. (2003):

1. Pela respiração, sendo devolvido na forma de CO2.


2. Pela passagem aos animais, por meio da cadeia alimentar.
3. Pela morte e decomposição dos animais, voltando a ser CO2.

Os mesmos autores ressaltam, ainda, que, em relação aos animais, o carbono


é adquirido de forma direta ou indireta. Os animais herbívoros recebem dos
vegetais os compostos orgânicos, e os transformam em novos tipos de materiais,
por meio de seu organismo (forma direta). Já os animais carnívoros, ao se
alimentarem dos animais herbívoros, adquirem o carbono em seu organismo
de forma indireta. O carbono presente nos animais e no homem, bem como
nas plantas, pode apresentar três caminhos:

1. Pela respiração, sendo devolvido em forma de CO2


2. Pela passagem de outro animal, via nutrição.
3. Pela morte e decomposição dos animais, voltando a ser CO2.

Em relação ao ciclo geológico do carbono, cabe destacar que cerca de


99,9% de todo o carbono da Terra está armazenado em rochas, como CaCO3
(em forma de carbonato de cálcio) insolúvel, ou proveniente da sedimentação
da matéria orgânica. Esse ciclo acontece muito lentamente, sendo um processo
que pode levar milhões de anos, tendo origem na formação do planeta, quando
meteoritos (portadores de carbono) colidiram com a Terra. Com isso, o carbono
foi se sedimentando muito lentamente, principalmente em rochas sedimen-
tares, nas rochas calcárias e nos combustíveis fosseis. Um exemplo disso é o
petróleo, que se originou da decomposição orgânica após o depósito e acúmulo
de materiais orgânicos no fundo do mar, gerando as bacias sedimentares. Ao
decorrer de milhões de anos de ação de microrganismos, a pressão e o calor
transformaram o material orgânico em um subproduto viscoso de carbono e
hidrogênio. Esse material viscoso se infiltra em rochas porosas e migra para
lugares com pressão menor e continua seguindo curso até que encontre algo

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Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas 207

que o bloqueie. Aprisionado, se acumula nos poros ou nas fendas das rochas,
de onde ocorre sua extração. A reserva de gás fica bloqueada no alto do mesmo
reservatório rochoso e o óleo, logo a baixo.
O homem vem alterando o ciclo do carbono, uma vez que está retirando
esse composto armazenado nos depósitos fósseis numa velocidade muito
superior à da sua absorção novamente. Com isso, as concentrações de CO2 na
atmosfera vêm aumentando drasticamente nos últimos anos, principalmente
após a Revolução Industrial, uma vez que os depósitos são queimados como
combustíveis, acelerando esse processo.

A concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem crescido a uma taxa de


0,4% ao ano, pois a extração e a queima de petróleo, gás e carvão causa a destruição
das florestas. Assim, reduz-se a capacidade de absorção, ao mesmo tempo em que
aumenta-se a emissão de carbono.

Efeito estufa e suas consequências


O efeito estufa é um fenômeno natural e extremamente importante para a ma-
nutenção da vida na Terra. Antes da Revolução Industrial, havia um equilíbrio
de emissão e absorção dos gases de efeito estufa (GEE) na Terra, pois o fluxo de
entrada desses gases para a atmosfera era igual ao fluxo de saída (biossíntese),
estabilizando a temperatura da Terra (ALMEIDA, 2007). Porém, devido à
elevada utilização de combustíveis fósseis e à prática do desmatamento e das
queimadas com o passar do tempo, houve desequilíbrio desse ciclo.

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208 Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas

O efeito estufa é semelhante ao fenômeno de aquecimento que ocorre quando


agricultores, em países temperados, cultivam plantas dentro de estufas no inverno.
Estas estufas apresentam a capacidade de reter calor, mantendo a temperatura interna
mais elevada que a externa, porque a luz emitida pelo Sol, tanto no espectro visível
quanto no ultravioleta, atravessam o vidro.

Os gases emitidos à atmosfera capturam parte da radiação infravermelha


que a Terra devolve para o espaço, provocando o aumento da temperatura
atmosférica com as decorrentes mudanças climáticas. O gás de efeito estufa
de maior importância é o dióxido de carbono, que é o principal composto
resultante da combustão completa de combustíveis. Quando presente em
grandes quantidades, o gás carbônico, juntamente com outros poluentes, acaba
formando uma espécie de camada na atmosfera (Figura 2). Em razão dessa
camada de poluentes, o calor fica retido na Terra, provocando um aumento
na temperatura média, segundo Moreira (2007).

Figura 2. Efeito estufa ocasiona o aumento da temperatura terrestre.


Fonte: Designua/Shutterstock.com.

O efeito estufa é um mecanismo natural do planeta Terra, e é responsável


por manter a temperatura média de 15ºC no globo terrestre – temperatura ideal
para o equilíbrio de grande parte das formas de vida no planeta.

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Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas 209

Infelizmente, as ações humanas desenfreadas estão contribuindo para


acelerar o efeito estufa, principalmente devido à queima de combustíveis
fósseis, causando aumento da temperatura no globo terrestre nas últimas
décadas. O século XX foi considerado o mais quente dos últimos 500 anos.
Alguns pesquisadores afirmam que, em um futuro próximo, o aumento da
temperatura, provocado pelo efeito estufa, poderá ocasionar o derretimento
das calotas polares, provocando o aumento do nível dos mares, causando o
desaparecimento de cidades litorâneas.
Estima-se que, anualmente, sejam despejados na atmosfera cerca de 5
bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), principal gás causador do
efeito estufa. Em nível de comparação, no início do século XX, eram lançados
cerca de 60 milhões de toneladas desse gás anualmente na atmosfera. Por
isso, a temperatura do planeta Terra aumentou cerca de 0,5°C nos últimos 170
anos. Um aumento de 4ºC na temperatura global, causado pelo efeito estufa
e o aquecimento global, poderá provocar a extinção de milhares de espécies
de animais e vegetais no planeta.

Consequências do efeito estufa


As consequências do efeito estufa ainda estão sendo estudadas por pesquisa-
dores, mas não se sabe com exatidão se realmente as premissas poderão ser
confirmadas. Sabe-se que a temperatura da Terra está aumentando em nível
global, sendo que, para os próximos 100 anos, estima-se um aumento entre
2ºC e 6ºC, fenômeno conhecido como aquecimento global. Um aquecimento
dessa ordem de grandeza causa a alteração do clima mundial e o aumento do
nível médio das águas do mar em pelo menos 30 centímetros, interferindo na
vida de milhões de pessoas que vivem em áreas costeiras.
Outra consequência do aquecimento global é a proliferação de patogenias,
colocando em risco a saúde humana e de animais. É previsível um aumento na
ocorrência de doenças como malária e cólera, sendo que as sociedades mais
pobres e menos desenvolvidas seriam as mais vulneráveis a tais problemas.
Almeida (2007) ressalta que a habilidade de as pessoas adaptarem-se às mu-
danças climáticas depende de fatores como: riqueza, tecnologia, infraestrutura
e acesso aos recursos naturais. As sociedades mais pobres do mundo dependem
muito mais de recursos hídricos e agrícolas, sendo justamente estes que mais
deverão sofrer os efeitos da mudança do clima.

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210 Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas

Segundo Almeida (2007), são consequências decorrentes do efeito estufa:

 Derretimento das calotas polares, acarretando um aumento no nível


dos oceanos, causando inundações em cidades litorâneas.
 Mudança nos regimes de chuva, podendo diminuir os índices pluvio-
métricos em algumas regiões drasticamente e, em outras, ocasionar
um aumento excessivo.
 Doenças típicas de regiões tropicais podem se estender para regiões
onde não eram encontradas, devido ao aumento da temperatura.
 A agricultura mundial poderá ser drasticamente afetada, pois esta
depende do clima. Caso o clima mude, regiões que atualmente são
propícias para a prática poderão se tornar áridas.
 Aquecimento das grandes cidades, pois, com o aumento do efeito estufa,
as temperaturas vão subir, provocando efeitos na saúde da população.
 Interferência na energia: países como o Brasil, que possui a energia
hidrelétrica como a maior fonte de energia, poderão sofrer com a falta
de chuvas, gerando menos água nos reservatórios.
 A extinção de espécies de animais e vegetais devido ao aquecimento.
Um exemplo típico é o urso polar, que está perdendo seu hábitat.
 Desertificação, pois terras ocupadas por campos e florestas poderão
virar desertos.
 Ocorrência de grandes incêndios, pois, com o aquecimento da Terra,
os grandes incêndios florestais vão se tornar cada vez mais comuns,
sendo seu combate cada vez mais difícil.
 Elevação do nível de muitos rios, gerando inundações de cidades lo-
calizadas às suas margens, e, em casos mais extremos, ocasionando
inundações em barragens e hidrelétricas.
 Intensificação de fenômenos climáticos como o El Nino e La Nina.
 Alteração do gradiente de temperatura das correntes marinhas, como
a corrente do Golfo.
 Aumento dos fenômenos climáticos extremos, como furações, ciclones,
tornados, tufões, entre outros.

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Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas 211

Bangladesh, Barbados, Butão, Gana, Quênia, Kiribati, Maldivas, Nepal, Ruanda, Tanzânia
e Vietnã formam o grupo autointitulado V11, e são os mais vulneráveis a inundações,
desertificações e tufões devido ao aquecimento global.

Queimadas e o aumento dos gases do efeito


estufa
Almeida (2007) ressalta que o aumento da população mundial, ao longo da
história, exige áreas cada vez maiores visando à produção de alimentos e
técnicas de cultivo que aumentem a produtividade da terra. As florestas cedem
lugar a imensas lavouras, espécies de animais e vegetais são domesticadas,
sendo muitas extintas e outras multiplicadas aceleradamente, por perderem
seus predadores naturais. Produtos químicos não biodegradáveis são usados
em larga escala para aumentar a produtividade e evitar que lavouras sejam
invadidas por predadores, matando, dessa forma, microrganismos decom-
positores, insetos, aves e reduzindo a fertilidade da terra. O autor também
menciona a poluição dos recursos hídricos que causa a contaminação dos
próprios alimentos. Todas as medidas citadas acabam contribuindo direta ou
indiretamente para a emissão de gases tóxicos para a atmosfera, para o aumento
do efeito estufa e para a alteração do clima em todo o planeta.
Entre as principais causas do aumento do efeito estuda, cita-se a queima de
combustíveis fósseis, o desmatamento e as queimadas. As queimadas de áreas
florestais são a segunda maior fonte de emissões de gases do efeito estufa,
e são ocasionadas principalmente pelo homem, que, por meio do consumo
de biomassa (material orgânico presente, como vegetação, troncos, galhos,
folhas, cascas, raízes, musgos, frutos e outros), transfere mais CO2 para a
atmosfera, em um ritmo maior do que aquele que remove naturalmente o
carbono a partir da sua sedimentação. Esse processo causa o aumento das
concentrações atmosféricas de CO2 rapidamente.
As queimadas respondem por 18 a 25% das emissões de gases do efeito
estufa presente no mundo. De acordo com Fearnside (2002), as queimadas, na
grande maioria das vezes, acompanham o desmatamento, liberando além de

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212 Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas

gás carbônico (CO2), gases como metano (CH4), monóxido de carbono (CO)
e óxido nitroso (N2O), conforme Figura 3. Porém, a queima e a derrubada de
árvores não estão relacionadas apenas à emissão de poluentes na atmosfera,
mas também à aspiração de dióxido de carbono e à produção de oxigênio.
Uma menor quantidade de árvores significa, também, que menos dióxido de
carbono está sendo absorvido (ALMEIDA, 2007).

Figura 3. Queimadas liberam grande quantidade de poluentes na atmosfera, contribuindo


e acelerando o efeito estufa.
Fonte: yelantsevv/Shutterstock.com.

No ano de 2015, o número de incêndios florestais no Brasil aumentou 27,5%. De acordo


com o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), o número se aproxima do recorde histórico
registrado em 2010. O instituto monitora via satélite incêndios que tenham pelo menos
30 metros de extensão por um metro de largura. Os Estados do Pará, Mato Grosso,
Maranhão e Bahia concentraram o maior número de casos de incêndios (FREITAS, 2016).

As queimadas podem ocorrer de forma natural (estas são mais raras de


ocorrerem) ou podem ser provocadas pelo homem, sendo este tipo de incêndio
o mais comum. O principal setor da economia que contribui para a prática

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Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas 213

errônea é a agricultura. As queimadas são o jeito mais barato, simples e rápido


de limpar uma certa área para aproveitá-la para fins agropecuários. Em muitos
casos, essas práticas fogem de controle e destroem grandes áreas, além de
ocasionar perdas econômicas, alterar as características físicas, químicas e
microbiológicas dos solos, e colocar em risco a fauna e a flora.
De acordo com Dias (2008), existem alguns fatores que contribuem para
o aumento das queimadas:

 Climáticos: baixos índices pluviométricos e baixa umidade relativa


do ar e outros fatores (p. ex., ventos mais fortes) favorecem o início e a
propagação do fogo na vegetação. Quanto menor a precipitação, mais a
vegetação fica ressecada, facilitando a combustão. Além disso, quanto
maior a temperatura, maior o risco de haver incêndios. Os ventos fortes
e constantes também aumentam a evapotranspiração e diminuem a
umidade relativa do ar, facilitando a propagação do fogo. Além disso,
algumas formações específicas de nuvens na atmosfera podem favorecer
a ocorrência de raios, causando incêndios.
 Topográficos: quanto mais acidentado for um terreno (aclives e decli-
ves), mais rapidamente o fogo se alastra. As regiões com inclinações
acentuadas contribuem para regimes específicos de movimentação do
ar (ventos, correntes de ar), que terminam contribuindo para a alimen-
tação do fogo na vegetação. Já as áreas planas, por sua vez, permitem
ventos com maior velocidade, com consequente maior velocidade de
propagação do fogo.
 Tipos de combustível: a combustão e a propagação do fogo também
dependem do material orgânico presente (p. ex., vegetação, troncos,
galhos, folhas, cascas, raízes, musgos, frutos, etc.) que está sendo quei-
mado. Esse material determina a natureza do fogo, a sua constituição
química, seu estado de decomposição, sua umidade e sua temperatura.

O Brasil ocupa a 4ª colocação como maior emissor de gases do efeito estufa, devido ao
desmatamento e às queimadas. Estima-se que, anualmente, cerca de 26 mil quilômetros
quadrados de florestas são perdidos, gerando cerca de 400 milhões de toneladas de
CO2 na atmosfera.

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216 Ciclo do carbono, efeito estufa e queimadas

ALMEIDA, D. H. C. Mudanças climáticas: premissas e situação futura. São Paulo: LCTE,


2007.
DIAS, G. F. Queimadas e incêndios florestais: cenários e desafios: subsídios para a edu-
cação ambiental. Brasília: Ibama, 2008. Disponível em: <http://www.terrabrasilis.
org.br/ecotecadigital/images/abook/pdf/1sem2015/marco/Mar.15.03.pdf>. Acesso
em: 09 ago. 2017.
FEARNSIDE, P. M. Queimadas. Estudos Avançados, v. 16, n. 44, p. 99-123, 2002. Disponível
em: <http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/2002/Fogo%20e%20emis%20de%20gases.
pdf>. Acesso em: 09 ago. 2017.
FERREIRA, S. P. Estimativa de emissões de gases do efeito estufa em reservatórios de
hidrelétricas utilizando técnicas de sensoriamento remoto. Tese (Doutorado em Senso-
riamento Remoto) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.
Disponível em: <http://www.ufrgs.br/srm/ppgsr/publicacoes/teseSimoneFerreira.
pdf>. Acesso em: 07 ago. 2017.
FREITAS, A. O País em chamas, por que há tantas queimadas no Brasil. Nexo, 05 jan.
20016. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/01/05/O-
-pa%C3%ADs-em-chamas-por-que-h%C3%A1-tantas-queimadas-no-Brasil>. Acesso
em: 09 ago. 2017.
MOREIRA O. C. L. Comparação entre os poluentes atmosféricos e ruídos emitidos por uma
caldeira flamotubular movida a gás natural e a óleo combustível BPF 2A. Dissertação
(Mestrado em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos) – Programa de Pós-
-Graduação em Tecnologias Ambientais, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia,
Universidade Federal do Mato Grosso de Sul, Campo Grande, 2007.
ROSA, MESSIAS, AMBROZINI, REZENDE; Importância da Compreensão dos Ciclos Bio-
geoquímicos para o Desenvolvimento Sustentável. Universidade de São Paulo – Instituto
de Química de São Carlos, 2003.

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