INDEX T5 ENDOMETRIOSE Versao Final
INDEX T5 ENDOMETRIOSE Versao Final
ARTIGO DE REVISÃO
RESUMO
Introdução: Endometriose é doença crônica que atinge 10% das mulheres mundialmente. Definida por
tecido endometrial fora da cavidade uterina, é estrogênio-dependente e em mulheres em idade
reprodutiva pode se manifestar desde assintomática até ter relação com infertilidade. Dor abdominal
e/ou pélvica, dispareunia, disquezia, disúria e sangramento uterino irregular impactam na qualidade
de vida e produtividade dessas mulheres. Tanto a região pélvica (ovários, ligamentos uterossacros e
retroperitôneo) como bexiga e intestino (retossigmóide, cólon) podem ter tais implantes, dificultando
o diagnóstico precoce e agregando morbidades. Objetivo: compreender a endometriose e seu quadro
clínico, avaliação e possibilidades diagnósticas. Metodologia: Revisão de literatura integrativa a partir
de artigos das bases científicas de dados da Scielo, da PubMed e da BVS. Tal pesquisa ocorreu no
período de março a maio de 2024, com descritores em inglês “endometriosis”, “pathogenesis”,
“epidemiology” and “clinical impact”, com correspondentes em português. Incluíram-se artigos
completos dos últimos cinco anos (2019-2024), com total de 91 estudos. Após leitura dos resumos,
excluíram-se estudos de outras categorias, com 05 artigos para leitura na íntegra. Resultados e
Discussão: Demonstra-se que o exame físico em pacientes com endometriose é impreciso e variável,
dependendo da localização e do tamanho dos implantes. Dor e intensidade não correspondem à
gravidade. Achados sugestivos incluem: fixação do colo uterino, anexos ou útero; massa ou nódulo
anexial sensível; deslocamento lateral do colo ao toque. Embora o diagnóstico definitivo exija
confirmação histológica por biópsia de tecido, o diagnóstico presuntivo ganha destaque a partir de
sinais e sintomas com achados de imagem (USG/RNM). Não há marcadores laboratoriais específicos
para endometriose. Endometriomas ovarianos, nódulos infiltrativos ou lesão na bexiga são sugestivos
em imagens. Reserva-se cirurgia para mulheres com sintomas graves e refratárias ao uso de
anticoncepcionais hormonais ou outras terapias. O estadiamento segundo a Sociedade Americana de
Medicina Reprodutiva (ASRM) é feito via laparoscopia majoritariamente e direciona o tratamento.
Conclusão: Ressalta-se o diagnóstico cirúrgico da endometriose como padrão-ouro, sendo que tal
condição raramente sofre transformação maligna para câncer. O atraso diagnóstico da dor pélvica
crônica impacta na qualidade de vida e ainda é uma constante, apesar de capacitação médica e avanços
tecnológicos.
Palavras-chave: Endometriose; Patogênese; Epidemiologia; Impacto Clínico.
Introduction: Endometriosis is a chronic disease that affects 10% of women worldwide. Defined by
endometrial tissue outside the uterine cavity, it is estrogen-dependent and in women of
reproductive age it can manifest asymptomatically or be related to infertility. Abdominal and/or
pelvic pain, dyspareunia, dyschezia, dysuria and irregular uterine bleeding impact the quality of life
and productivity of these women. Both the pelvic region (ovaries, uterosacral ligaments and
retroperitoneum) and the bladder and intestine (rectosigmoid, colon) can have such implants,
making early diagnosis difficult and adding morbidity. Objective: to understand endometriosis and
its clinical presentation, evaluation and diagnostic possibilities. Methodology: Integrative literature
review based on articles from the scientific databases of Scielo, PubMed and VHL. This research was
carried out from March to May 2024, with descriptors in English “endometriosis”, “pathogenesis”,
“epidemiology” and “clinical impact” and their corresponding ones in Portuguese. Full articles from
the last five years (2019-2024) were included, with a total of 91 studies. After reading the abstracts,
studies from other categories were excluded, with 05 articles for reading in full. Results and
Discussion: It is demonstrated that the physical examination in patients with endometriosis is
imprecise and variable, depending on the location and size of the implants. Pain and intensity do
not correspond to severity. Suggestive findings include: fixation of the cervix, adnexa or uterus; tend
adnexal mass or nodule; lateral displacement of the cervix to touch. Although the definitive
diagnosis requires histological confirmation by tissue biopsy, the presumptive diagnosis gains
prominence from signs and symptoms with imaging findings (USG/MRI). There are no specific
laboratory markers for endometriosis. Ovarian endometriomas, infiltrative nodules or bladder
lesions are suggestive on imaging. Surgery is reserved for women with severe symptoms and
refractory to the use of hormonal contraceptives or other therapies. Staging according to the
American Society for Reproductive Medicine (ASRM) is mostly performed via laparoscopy and direct
treatment. Conclusion: Surgical diagnosis of endometriosis is highlighted as the gold standard, as
this condition rarely undergoes malignant transformation into cancer. Delayed diagnosis of chronic
pelvic pain impacts quality of life and is still a constant, despite medical training and technological
advances.
Keywords: Endometriosis; Pathogenesis; Epidemiology; Clinical impact.
Instituição afiliada – 1- Médica, Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, São Paulo – SP; 2 -Médica,
Universidad Privada Abierta Latino-Americana – BO; 3- Médica, Universidade Nove de Julho - São Paulo; 4- Enfermeira
Intensivista Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH; 5- Médica, Hospital Geral Roberto Santos Salvador-
Bahia; 6- Médico, Universidade Nilton Lins; 7- Médico, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB; 8- Médico;
Universidade do Sul de Santa Catarina; 9- Médico, Universidade Positivo, 10- Médica, Universidade Tiradentes (Aracaju,
Sergipe; 11- Médica, Universitário Do Planalto Central Apparecido Dos Santos); 12-Médica, Universidade de Itaúna –
UIT; 13-Médico, Universidade Federal do Acre; 14- Pesquisadora, Phd, Pós-Doutorado University of Michigan, UMICH,
Estados Unidos).
Dados da publicação: Artigo recebido em 25 de Junho e publicado em 15 de Agosto de 2024.
DOI: https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n8p-2107-2121
Autor correspondente:
This work is Camila Maganhin
licensed underLuquetti cmaganhinmed@gmail.com
a Creative Commons Attribution
4.0International License.
INTRODUÇÃO
Endometriose é a condição inflamatória que atinge mulheres em idade
reprodutiva com tecido endometrial fora do útero, incluindo ovários, ligamentos e
superfície peritonial, bem como órgãos como intestino e bexiga. É doença crônica e de
difícil diagnóstico. Com prevalência estimada em 5% a 10% das mulheres no mundo,
cerca de 176 milhões, é fortemente associada com dor abdominal e pélvica, e
infertilidade [1]. O diagnóstico definitivo ocorre após a comprovação histopatológica,
desta forma salienta-se a dificuldade de quantificar as reais taxas de prevalência e
incidência.
Esta doença pode cursar com uma grande diversidade de manifestações clínicas.
Pode-se encontrar desde mulheres assintomáticas ou com sintomas clássicos, como:
dismenorréia, dor abdominal e pélvica crônica e dispareunia de profundidade. Além
disso, podem referir alterações intestinais e urinárias cíclicas, como constipação,
diarréia, disquezia, disúria, tenesmo e hematoquezia. Há também uma associação
conhecida de endometriose com infertilidade, particularmente em 30 a 50 % das
mulheres com menos de 35 anos, sendo necessária investigação do fator masculino,
obstrução tubária e anatomia pélvica.
intestinal diante do fácil acesso populacional e com boa especificidade para excluir
endometriose profunda. O diagnóstico definitivo é obtido através de visualização
cirúrgica por laparoscopia e histopatológico da lesão, sendo esse, portanto, o padrão-
ouro. [3]
está presente em 36% dos carcinomas de células claras e em 23% dos carcinomas
endometrióides.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura integrativa sobre endometriose, com os
seguintes descritores: “endometriosis”, “pathogenesis”, “epidemiology” and “clinical
impact”, com foco no levantamento bibliográfico de produções científicas atuais e
conceituadas na comunidade acadêmica, com base nas melhores evidências. Há de se
construir uma nova perspectiva e linha de pensamento sobre a ginecologia, com
referências teóricas na articulação dos conceitos e desmistificação de terminologias.
Foi realizada uma profunda pesquisa de artigos de revisão a partir de bases
científicas da Scielo, da PubMed e da BVS, no período de março a maio de 2024, com
descritores em inglês “endometriosis”, “clinical features”, “assessment” and “diagnosis”
e correspondentes em português. Incluíram-se artigos de 2019 a 2024, com total de 91
estudos. Após exclusão de artigos que abordavam outros critérios, foram eleitos 05
artigos para leitura na íntegra.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Globalmente, estima-se que aproximadamente 10% das mulheres em idade
reprodutiva tenham endometriose; a prevalência varia de acordo com a população
clínica. Determinar a prevalência da endometriose é desafiador porque alguns
indivíduos são assintomáticos, aqueles com sintomas podem ter apresentações variadas
e inespecíficas, e o diagnóstico definitivo normalmente requer cirurgia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A endometriose não tem sido relacionada com o aumento do risco de se ter
neoplasias em geral. Epidemiologicamente, os estudos têm demonstrado uma
consistente associação entre endometriose e câncer de ovário. Além disso, faz-se
conhecimento de associação de endometriose com câncer de mama, melanoma e
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