0% acharam este documento útil (0 voto)
60 visualizações5 páginas

A Enquadragem - Jorge Visca

O documento discute o Enquadramento proposto por Jorge Visca, que integra conceitos psicopedagógicos e clínicos para entender e intervir em situações de aprendizagem. Ele aborda elementos como tempo, espaço, caixa de trabalho, frequência e diagnóstico, enfatizando a importância da relação entre psicopedagogo e paciente. A metodologia inclui a EOCA para diagnóstico e um processo corretivo que visa facilitar mudanças comportamentais e de aprendizagem.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
60 visualizações5 páginas

A Enquadragem - Jorge Visca

O documento discute o Enquadramento proposto por Jorge Visca, que integra conceitos psicopedagógicos e clínicos para entender e intervir em situações de aprendizagem. Ele aborda elementos como tempo, espaço, caixa de trabalho, frequência e diagnóstico, enfatizando a importância da relação entre psicopedagogo e paciente. A metodologia inclui a EOCA para diagnóstico e um processo corretivo que visa facilitar mudanças comportamentais e de aprendizagem.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 5

O ENQUADRAMENTO – JORGE VISCA

É o "Esquema Conceitual e Referencial com o qual cada psicopedagogo irá Operar". Estes
quatro termos integrados configuram uma ideia cunhada por Pichon Riviere (ECRO). O ECRO é
o esqueleto de conceitos formados a partir de todas as experiências vitais profissionais, as
que servirão de referência para operar sobre a realidade. A estrutura é a base do vínculo
cognitivo-afetivo do fazer psicopedagógico, para o professor Paiva, protege e preserva o
vínculo.

Epistemologia convergente, método clínico.


O estudo de uma situação de aprendizagem, seja da assistência de um sujeito individual ou
coletivo-grupal, se realiza através do método clínico. Na utilização, que o autor faz, do
o método clínico integra os aportes psicanalíticos (desde sua abordagem individual até a grupal com
Pichon Riviere) e piagetianos (da epistemologia genética). Assim, a abordagem que Visca
propõe é o de uma epistemologia convergente.

Constantes do enquadramento
Essas servem para compreender e isolar a situação a ser estudada. O uso de constantes facilita a
transição de um tempo e espaço próprios (de prazer) para um tempo e espaço regidos pelo princípio
de realidade (de objetividade).

1. O TEMPO. O tempo como uma das constantes do enquadramento pode ser abordado a partir de
duas dimensões. Dimensão instrumental, como ferramenta para compreender e modificar. E
desde uma dimensão conceitual, como uma realidade que pode ser tratada em seu aspecto
enérgico (Os componentes enérgicos se correlacionam com a libido, há crianças que têm
problemas na aprendizagem porque não sublimam os desejos, então a energia não está focada
onde a sociedade pretende que este) ou afetivo (óptica psicanalítica) e em seu aspecto
estrutural (óptica piagetiana). A conquista da compreensão do tempo em suas dimensões
energético - estruturas integradas constituem a intenção da epistemologia convergente.
Três unidades de tempo (50, 60 X minutos) e quatro critérios (contaminação, conforto,
realidade social e realidade individual):
Definir 50 minutos de tempo deriva da necessidade de 'não contaminação e de conforto'.
Ambos critérios indicam que se atende durante um certo tempo e que fica entre um e outro
paciente um lapso livre, 10 minutos por exemplo. A contaminação pode ocorrer no paciente e em
psicopedagogo. O conforto alude, em seu aspecto mais manifesto, a que o paciente ao ingressar
O consultório deve dispor de sua caixa de trabalho como sinal de se sentir esperado-aceito.
- Fixar 60 minutos de tempo responde ao critério de “realidade social” que se agrega aos outros
dos. Este critério é aplicado a pacientes com dificuldades emocionais muito significativas,
intelectuais ou ambas, pois oferece um continente mais compreensível e manejável. É
recomendável este critério, também com as crianças que estão aprendendo a hora.
- Estabelecer um tempo X responde aos três critérios já mencionados e, além disso, ao de 'realidade'
individual”. O tempo X é limitado pelo próprio assistido e suas possibilidades, sessões curtas de
30 a 45 minutos (por exemplo: em pacientes que por impossibilidades intra-psíquicas não podem
permanecer mais tempo) ou longas de 90 a 150 minutos (por exemplo: por situações que se
geram intra-psiquicamente como uma situação de abandono).
2. O ESPAÇO
O espaço como um dos elementos da composição é o lugar (consultório, box, etc.) onde se
realiza a assistência. Existem diferentes lugares de assistência, por exemplo: consultório de crianças,
de adultos, âmbitos diferentes como por exemplo: a rua para aqueles que têm dificuldades
para viajar, os comércios para aqueles que não sabem comprar, etc.
O consultório é a prolongação do psicopedagogo que deve oferecer toda a continência.
necessária para que o paciente se expresse livremente e permitir o contato com aqueles objetos
e situações que facilitem seus aprendizados. O consultório deve responder a determinados
critérios
Conforto
- Segurança: seus déficits não serão conhecidos por terceiros.
- Seleção de reagentes: nem todo objeto é adequado não apenas para um consultório, mas também
também não para qualquer paciente (consultórios diferentes para crianças ou adultos)
- Nenhuma modificação de âncoras e âncoras diferenciais: Isso significa que os elementos de
o consultório deve permanecer estável (não introduzir, retirar ou variar a disposição dos
elementos) mas ao mesmo tempo deve possuir elementos distintivos que o diferenciem do consultório de
outra especialidade.
Estes dois últimos critérios baseiam-se na necessidade de facilitar a discriminação entre o objeto
interno e externo e a necessidade de respeitar certo grau de deposição. A necessidade de
respeitar certo grau de deposições é explicado pela teoria das 3D de Pichón Riviere.
Então o paciente (o depositante) controla suas ansiedades depositando sobre os objetos do
consultório seus medos (o depositado). Esta estratégia serve para enfrentar outras situações
que no são os novos aprendizados no caso da assistência psicopedagógica. Daí que não são
convenientes os cambios das telas sobre as quais se tinham operado as projeções e
que o espaço deva permanecer constante.

3. A CAIXA DE TRABALHO
A caixa de trabalho é uma constante da moldura, um continente e tem conteúdo. A seleção
de reagentes em que os elementos contidos na caixa não são distrações e a modificação de
anclajes em que os materiais temidos e amados, conhecidos e desconhecidos ficam sob o
controle do paciente.
Cada caixa de trabalho é única não só porque será usada por um único paciente, além não
existirão duas caixas iguais da mesma maneira que não existem dois diagnósticos iguais, cada
a caixa é a réplica do seu diagnóstico, pois se configura em função de parâmetros que também
figuram no diagnóstico. Existem certos aspectos que devem ser levados em conta na hora de
selecionar os materiais da caixa de trabalho, alguns deles podem ser:
- Déficits de aprendizagem
- Sexo
- Idade
- Meio sociocultural
- Previsão Devem ser incluídos materiais que correspondam ao estado atual e futuro,
senão também com níveis já superados (servem para retomar o caminho para frente,
regressão instrumental
- Grau de focalização da tarefa
A caixa de trabalho é a prolongação do psicopedagogo e entre este e o paciente vai-se
estabelecer um duplo vínculo ou quadruplicado. Pichon Riviere desenvolveu esse conceito: entre dois
pessoas estabelecem uma relação vinculativa recíproca (bicorporal, ou seja, 2 corpos) implicando
o vínculo de cada uma delas com o outro, e a implementação de aspectos positivos e
negativos (tripessoal pelo vínculo).

4. A FREQUÊNCIA, DURAÇÃO, INTERRUPÇÕES REGULADAS E AS CONDUTAS


PERMITIDAS
Frequência é o número de vezes que o sujeito é atendido em um tempo. Critérios:
1-necessidade do sujeito (por ex.: em relação às exigências escolares)
2-tempo de perda ((por ex.: esquecimentos, etc.)
3-tempo de elaboração (a maior rapidez menor frequência)
4- incidência positiva ou negativa do meio
5-tempo do psicopedagogo para conduzir a sessão
6-aspectos práticos tais como a distância, mobilidade, tempo livre, etc.
A frequência pode ser observada sob seu aspecto quantitativo (quantidade de encontros) e
qualitativo (se relaciona com a localização que se dá no tempo) Em seu aspecto qualitativo
distinguimos em uma frequência distribuída (sendo a frequência ideal 3 vezes por semana) e
frequência acumulada que é utilizada naqueles casos que facilita a consolidação de
aquisições que de outra forma se perderiam.
A frequência adequadamente instrumentada incide sobre o estabelecimento e continuidade do
vínculo entre o paciente e a situação psicopedagógica (aprendizagem).
Duração, consiste no período necessário para a reabilitação do sujeito (indivíduo ou grupo). A
a duração pode ser: de tempo não limitado, de tempo limitado propriamente dito ou de tempo
limitado em função de um déficit ou do nível de um déficit.
Interrupções regulamentadas. São aquelas datas que estabelecem o profissional e o paciente.
As condutas permitidas são explicitadas a partir do objetivo do tratamento psicopedagógico. Objetivo
que se traduz em uma expectativa de condutas que é comunicada ao paciente na primeira
entrevista.

O contrato
Os contratos são o acordo verbal entre duas ou mais pessoas. Nele se explicitam e fixam
as condições de acordo com as quais se trabalhará. Os contratos podem ser classificados em
contratos de diagnóstico e/ou tratamento de índole individual ou grupal. Devem ser estabelecidos as
constantes com as quais o profissional vai operar para oferecer um quadro de segurança
indispensável para ambas as partes. As constantes mais importantes são:
- Objetivo (determinar se existe ou não um problema de aprendizagem e as causas que o provocam)
Número de entrevistas
Duração das entrevistas
- Sequência do processo

Diagnóstico
Visca trata os três níveis em função da matriz de pensamento diagnóstico e do processo
o diagnóstico propriamente dito, o prognóstico e as indicações.

1) Diagnóstico propriamente dito


1. Descrição e localização contextual. Tem como objetivo caracterizar o meio, nos perguntamos
quem é o sujeito e qual é o meio.
2. Sintomas. São as questões pelas quais estão nos consultando, a informação que nos
dizem os pais.
3. Descrição e explicação a-histórica. A explicação dos fenômenos atuais deve ser
buscada em causas atuais. Explicar o presente exclusivamente pelo passado é um
reduccionismo. Segundo a explicação científica, as causas patológicas que dificultam a aprendizagem
são três: obstáculo epistêmico, obstáculo epistemofílico (vínculo afetivo que o sujeito estabelece)
com os objetos e situações de aprendizagem) e funcional (referente às funções psicológicas com
as que conta o sujeito.
4. Descrição e explicação histórica: determina-se a origem e a evolução das causas. Não
consiste em uma crônica de acontecimentos, mas sim no estabelecimento de cadeias e laços
causais.
5. Desvios e assincronias: implica desvio ou alteração no desenvolvimento normal de uma
pauta de conduta em relação ao esperado para a idade. Assincronias implicam as diferentes
desvios seja em função de diferentes eixos a áreas de conhecimento como também dos
distintos aspectos do eixo.

2) Previsão.
É uma hipótese sobre o estado ou os estados futuros que o fenômeno atual adotará e em tal
sentido deve ser formulado: sem agentes corretivos, com possíveis agentes corretivos e com
agentes corretivos ideais. A previsão tem duas funções: ferramenta para o sucesso da
ação corretiva e como prova de hipóteses.
Um prognóstico completo é aquele que é formulado em três níveis: com agentes corretivos
ideais, possíveis e sem eles.

3) Indicações.
As divide em duas categorias: gerais a outras disciplinas e específicas do psicopedagogo.

Processo diagnóstico
Oposto à modalidade tradicional onde a abertura do diagnóstico se inicia com a
A anamnesis é feita por Visca com a EOCA (entrevista operacional centrada na aprendizagem).
Com a EOCA, os sintomas são detectados e se hipotetiza sobre as causas ahistóricas das quais
emergem esses sintomas. Ambos configuram o primeiro sistema de hipóteses.
Eleição de instrumentos (teste): A verificação do primeiro sistema de hipóteses obtido na
EOCA segundo linhas de pesquisa impede o uso irreflexivo e desmedido de instrumentos para
que o diagnóstico se transforme em uma verdadeira busca intencional e experimental. Com o
sistema que Visca propõe não existe uma bateria de testes preestabelecida que deva ser
administrada regularmente a todos os entrevistados. É feita a formulação do segundo sistema
de hipóteses. O segundo sistema de hipóteses reabre novas linhas de investigação sobre
as dimensões históricas e o contexto. O meio privilegiado de constatação é a anamnese:
aberta, experimental e situacional (considera o passado e o presente). Formula-se então
o terceiro sistema de hipóteses: Elaboração do relatório.

A EOCA é um instrumento inspirado na psicologia social de Pichon Riviere, em postulados


do psicanálise e também adota a modalidade experimental do método clínico de Genebra. Mas a
A diferença entre eles se concentra no modelo de aprendizado. Um aprende e aprende a aprender.
Se lhe dá uma tarefa ao entrevistado "gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que
te ensinaram, o que você aprendeu.
Se le oferece ao sujeito "este material é para que o use se precisar para me ensinar o que você
comentei que queria saber de ti.
Os materiais variam de acordo com a idade, a etapa escolar, podendo ser: papel glacê, marcadores,
folhas, livros, borracha etc.
Proposta a consigna, o entrevistado pode ter diversas reações que são um dado muito
importante, por ejemplo se nos dice o que puede hacer decimos “pode desenhar, ler, escrever,
fazer algo de matemática ou qualquer coisa que lhe ocorrer.
Interessa observar seus conhecimentos, destrezas, atitudes, ansiedades etc.
Então nós dizemos: “você já mostrou como desenha, agora quero que me mostre outra coisa que
não se pode desenhar.
Durante a EOCA devemos observar:
- Temática: o que o sujeito diz (que terá seu aspecto manifesto e latente)
- Dinâmica: tudo o que o sujeito não diz verbalmente, gestos, tom de voz, postura.
- Produto: o que ficou registrado no papel.
Esses três níveis darão o primeiro sistema de hipóteses.

O PROCESSO CORRETIVO
O processo corretor consiste em um conjunto de operações clínicas por meio do qual se
facilita a aparição e estabilização de condutas. Essas operações são realizadas entre um sujeito
que acompanha o processo e outro que sofre ativamente, configurando ambos um sistema de
acontecer. Embora não seja possível encontrar dois processos iguais, em todos eles pode-se
distinguir três unidades de análise: a relação, o sujeito e o agente corretor.
A gama de possíveis intervenções que o psicopedagogo coloca em prática com um paciente
é muito mais ampla que os recursos e não duvido que com o tempo se poderão conceituar e
sistematizar outros recursos. De maneira breve comentarei qual é a metodologia de pesquisa
e experimentação que utilizamos:
- Registro de situações espontâneas que se apresentam nas sessões.
- Conceituação do existente e da intervenção do agente corretor.
- Busca de outros existentes que respondam ao modelo conceptualizado no 2.
- Busca de intervenções espontâneas de diferentes agentes corretivos a tais
existentes.
- Extração do aspecto comum ou esquema dessas intervenções
- Utilização do recurso e prova de eficácia com ditos existentes.
- Utilização com outros existentes a fim de avaliar sua eficácia em tais situações.

Os recursos são algumas das possíveis formas de intervenção pelas quais se tenta
modificar a organização de um campo cuja estrutura ou dinâmica aos olhos do psicopedagogo
está configurado inadequadamente. Todos esses recursos denominados são utilizados para incidir
uma modificação sobre um campo estruturado existente. Os recursos que utiliza são:
- a mudança de situação
- a informação
- o modelo de alternativa múltipla
- o acercamento do modelo
- a demonstração
- a explicação interpsíquica
- a interpretação
- o jogo de papéis.

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy