Saltar para o conteúdo

Camellia sinensis

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaCamellia sinensis
Arbusto de Camellia sinensis
Arbusto de Camellia sinensis
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Clado: asterídeas
Ordem: Ericales
Família: Theaceae
Género: Camellia
Espécie: C. sinensis
Nome binomial
Camellia sinensis
(L.) Kuntze
Distribuição geográfica

Camellia sinensis - MHNT

Camellia sinensis é uma espécie da família Theaceae, popularmente conhecida como chá e chá-da-índia.[1] Foi, originalmente, descrita por Lineu como Thea sinensis, mas este nome caiu em desuso quando se notou que os gêneros Thea e Camellia não apresentavam diferenças significativas entre si. É uma árvore de até 15 metros de altura, nativa das florestas do nordeste da Índia e sul da China.

Apesar da altura máxima elevada, as podas constantes evitam que ultrapasse 1,5 metros, e os indivíduos cultivados desta maneira raramente florescem. Possui folhas oblongas, escuras, lustrosas, com nervuras bem-marcadas nas superfícies, de margem inteiramente denteada, e as folhas mais novas são cobertas de pequenos tricomas brancos. As flores surgem solitárias ou aos pares nas axilas das folhas. São pequenas, com pétalas brancas e perfumadas, possuem muitos estames e um pistilo com 3 estigmas.

Os frutos são cápsulas pequenas, globosas, com 1 a 3 sementes também globosas. É possível produzir óleo para o consumo humano a partir das sementes desta planta. Existem variedades, como a C. sinensis var. assamica, comum na Índia, que produz as árvores mais altas e com as maiores folhas, além de um chá preto com enorme concentração de cafeína. A variedade sinensis é a mais comumente cultivada.

"Chá" é originário do termo chinês chá.[1]

Áreas de cultivo no mundo

[editar | editar código-fonte]
Camellia sinensis Tiếng Việt: Cây chè; Chinês: 綠茶 - lǜchá

Esta espécie é extensivamente cultivada no mundo, particularmente em Sri Lanka, Índia, China, Japão, Taiwan, Quênia, Camarões, Tanzânia e Malawi.[2]

Flor de Camellia sinensis

No Brasil há poucas plantações, mas já foram observados exemplares crescendo na mata sem a interferência humana, o que mostra que o clima deste país é muito favorável à plantação de chá em larga escala. Frequentemente, o cultivo da Camellia sinensis no Brasil está associado a colônias japonesas, como ocorre no município de Registro, localizado na região sul-atlântica, no interior do estado de São Paulo.

No arquipélago dos Açores esta planta é cultivada em algumas plantações, sobretudo na ilha de São Miguel e essas são as únicas plantações de chá de Camellia sinensis conhecidas em toda a Europa.

Seu cultivo depende de solo fértil, ácido e bem irrigado, sob sol pleno ou luz solar filtrada. Necessita de calor moderado, por isso tem sido plantada nos trópicos junto a montanhas e planaltos com até 1.600 metros de altitude. É produzido em maior ou menor escala em todas as áreas tropicais e semitropicais do mundo.[3]

Tipos de chá

[editar | editar código-fonte]

Esta mesma espécie dá origem a milhares de chás diferentes, de acordo com as condições de cultivo, coleta, preparo e acondicionamento das folhas. No entanto, todos esses produtos podem ser divididos em cinco categorias distintas: chá branco (0% oxidado, produzido com o broto e as mais tenras folhas, mais raro e caro), chá verde (0% oxidado), chá amarelo (com processo semelhante ao do chá verde, mas com uma etapa a mais, de amarelamento das folhas), chá oolong (com oxidação entre 15 e 85%, basicamente ficando entre o chá verde e o preto), chá escuro (o único que passa por um processo de fermentação) e chá preto (100% oxidado).[4][5]

Uso medicinal

[editar | editar código-fonte]

O chá verde (綠茶 Lǜ Chá), produzido a partir das folhas da planta Camellia sinensis, é tradicionalmente usado como medicamento na China há milhares de anos. De acordo com o trabalho clássico de Li Shizhen (李時珍 Lǐ Shí Zhēn) da dinastia Ming, “o chá é frio e diminui o fogo”. Como o fogo (inflamação) causa muitas doenças, o chá poderia ser eficaz na prevenção de muitas doenças?[6] Na medicina tradicional chinesa e indiana, os praticantes usavam o chá verde como estimulante, diurético (para promover a excreção de urina), adstringente (para controlar o sangramento e ajudar a curar feridas) e para melhorar a saúde do coração. Outros usos tradicionais do chá verde incluem tratar a flatulência (gás), regular a temperatura corporal e o açúcar no sangue, promover a digestão e melhorar os processos mentais.[7]

Esta espécie tem sido estudada por farmacólogos e bioquímicos pelas propriedades observadas no chá. Descobriram-se substâncias nesta planta capazes de combater úlceras, espasmos musculares, hipertensão, apatia, certas infecções bacterianas, e bloquear a replicação do vírus Influenza Humano tipo A e do HIV-1.[8] Uma das razões para a incapacidade de demonstrar um efeito preventivo do chá, evidenciado por alguns estudos epidemiológicos, se realizados a partir de estudos experimentais com animais é a menor quantidade de consumo de chá em humanos.[6]

Aspecto arbustivo da Camellia sinensis

Senger et al destacam ainda que apesar da possibilidade de o chá verde ser capaz de contribuir para a redução do risco de doenças cardiovasculares e algumas formas de câncer, bem como promover outros benefícios à saúde, é ressaltar que o chá verde também pode apresentar efeitos adversos tipo: problemas gastrointestinais como obstipação e irritação gástrica, diminuição do apetite, insônia, hiperatividade, nervosismo, hipertensão entre outros.[9]

Planta ornamental

[editar | editar código-fonte]

Há uma variedade com flores rosadinhas destinada à ornamentação de jardins.

Referências

  1. a b FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 387.
  2. The Global Story of Tea. Legends, traditions, & history of tea around the world. The Tea Spot Aces. Feb. 2020
  3. LIMA, Juliana Domingues et al . Chá: aspectos relacionados à qualidade e perspectivas. Cienc. Rural, Santa Maria , v. 39, n. 4, p. 1258-1266, July 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782009000400049&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Feb. 2020. Epub Mar 06, 2009. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782009005000026.
  4. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas
  5. NISHIYAMA, Márcia Fernandes et al . Chá verde brasileiro (Camellia sinensis var assamica): efeitos do tempo de infusão, acondicionamento da erva e forma de preparo sobre a eficiência de extração dos bioativos e sobre a estabilidade da bebida. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas , v. 30, supl. 1, p. 191-196, May 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612010000500029&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Feb. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612010000500029.
  6. a b Yang CS, Chen G, Wu Q. Recent scientific studies of a traditional chinese medicine, tea, on prevention of chronic diseases. J Tradit Complement Med. 2014;4(1):17–23. doi:10.4103/2225-4110.124326
  7. Chopade, Vitthal & Phatak, Atul & Upaganlawar, Aman & Tankar, Anil. (2008). Green tea (Camellia sinensis): Chemistry, traditional, medicinal uses and its pharmacological activities - A review. Phcog Rev. 2. 157-162. PMC Ace. Feb. 2020
  8. Nance CL, Siwak EB, Shearer WT. Preclinical development of the green tea catechin, epigallocatechin gallate, as an HIV-1 therapy. J Allergy Clin Immunol. 2009;123(2):459–465. doi:10.1016/j.jaci.2008.12.024 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19203663
  9. SENGER, A. E.V.; SCHWANKE, C.H. A.; GOTTLIEB, M.G.V. Chá verde (Camellia sinensis) e suas propriedades funcionais nas doenças crônicas não transmissíveis. Scientia Medica. v. 20, n. 4, p. 292-300, 2010.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Commons Imagens e media no Commons
Commons Categoria no Commons
Wikispecies Diretório no Wikispecies
Ícone de esboço Este artigo sobre asterídeas, integrado no Projeto Plantas é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy