Mycena cinerella
Mycena cinerella | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Mycena cinerella (P. Karst.) P. Karst. | |||||||||||||||
Sinónimos[1][2] | |||||||||||||||
Agaricus cinerellus P. Karst. Omphalia cinerella (P. Karst.) J.E. Lange Mycena cineroides Hintikka |
Mycena cinerella é uma espécie de cogumelo não-comestível da família Mycenaceae. Pode ser encontrada na Europa e nos Estados Unidos, onde cresce em grupos sob pinheiros normalmente no verão e no final do outono. Os pequenos cogumelos têm chapéus acinzentados de até 1,5 cm de diâmetro, com um umbo no centro e sulcos visíveis em sua superfície que correspondem à projeção das lamelas. O fino e delicado tronco atinge apenas 5 cm de altura. Considerada inadequada para uso culinário, a espécie tem uma carne de cor cinza e que quando triturada ou mastigada tem um forte odor e sabor "farináceo", similar ao de batatas cruas.
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]A espécie foi descrita cientificamente pela primeira vez pelo micologista finlandês Petter Karsten em 1879.[3] Ainda naquele ano, ele transferiu o fungo para o gênero Mycena.[4] Na obra Flora Agaricina Danica (Flora Agárica da Dinamarca), de 1936, Jakob Emanuel Lange realocou o cogumelo no gênero Omphalia;[5] de modo que Omphalia cinerea (P. Karst.) J.E. Lange é atualmente considerado um sinônimo.[1] Mycena cineroides foi nomeado e descrito como uma nova espécie, distinta de M. cinerella, por Hintikka em 1963, que pensou que ele fosse único devido a seu chapéu agudamente estreito sem tons acastanhados ou amarelados, lamelas decorrentes, e basídios com dois esporos cada.[6] No entanto, formas intermediárias já foram encontradas, e algumas autoridades, como o especialista holandês em cogumelos Mycena Maas Geesteranus,[2] acreditam que deve ser considerado sinônimo de M. cinerella.[7]
Em língua inglesa, o cogumelo é popularmente conhecido como "bonnet mealy".[8] O epíteto específico cinerella significa "de cor cinzenta".[9]
Descrição
[editar | editar código-fonte]O píleo (o "chapéu" do cogumelo) de M. cinerella é branco e pequeno, com um diâmetro tipicamente variando de 0,5 a 1,5 cm. Inicialmente hemisférico, obtusamente cônico, e em seguida convexo, ele se expande durante a maturidade, desenvolvendo sulcos visíveis na superfície que correspondem à projeção das lamelas, que estão abaixo do chapéu.[10] O píleo tem um umbo largo e achatado. Sua superfície é suave e úmida, com uma margem viscosa que é inicialmente pressionada contra o tronco; com o passar do tempo a borda torna-se entalhada e, às vezes, fica translúcida. A cor do chapéu é cinza escuro a cinza pálido, desvanecendo-se a branco acinzentado ou marrom quando seco. A carne é fina, cinza, cartilaginosa e resistente. Quando triturada ou mastigada tem um forte odor e sabor farináceo (similar ao de batatas cruas).[11]
As lamelas são esbranquiçadas a acinzentadas, moderadamente largas (2-3 mm) e com um espaçamento entre elas que varia de próximo a subdistante. Dezoito a 26 lamelas alcançam a estipe, intercaladas com duas ou três camadas de lamélulas (lamelas curtas que não se estendem completamente a partir do chapéu até o tronco). A fixação na estipe é adnata ou arqueada, porém mais tarde as lamelas desenvolvem um acentuado "dente" decorrente. Este dente decorrente ocasionalmente se separa do tronco e forma um colar em torno dele. A estipe mede entre 2 e 5 cm de altura e 1 a 2,5 mm de largura, sendo igual em espessura em todo o seu comprimento. Ela é oca, cartilaginosa e quebradiça. A superfície do tronco é lisa ou polida, com o vértice inicialmente com a aparência como se coberto com um pó fino esbranquiçado. A base da estipe é escassamente coberta por pêlos eretos, finos e duros, e é da mesma cor que o píleo ou mais pálido.[11] O cogumelo é considerado não comestível.[10]
Características microscópicas
[editar | editar código-fonte]Os esporos, que medem 7 a 9 por 4 a 5 micrômetros (μm), são elipsoides, lisos e amiloides (em alguns coleções reagem muito fracamente). Os basídios (células que carregam os esporos) possuem quatro esporos cada, ou, ocasionalmente, uma combinação com dois e quatro esporos.[11] As formas com quatro esporos têm fíbulas que estão ausentes nas formas com dois esporos.[7] Os pleurocistídios (cistídios encontrados na face das lamelas) não são diferenciados. Os queilocistídios (cistídios encontrados nas bordas das lamelas) são inconspícuos e incorporados no himênio, medindo 22 a 36 por 5 a 11 μm. Eles são aproximadamente filiformes (como filamentos finos), com numerosos ramos contorcidos ou protuberâncias, e em forma de trevo com prolongamentos digitiformes. A carne das lamelas é homogênea, e adquire a cor marrom-vinácea quando coradas em iodo. A carne do píleo tem um película bem diferenciada, com uma hipoderma diferenciada, mas não muito bem desenvolvida, e hifas que medem 10 a 20 μm de largura.[11]
Habitat e distribuição
[editar | editar código-fonte]Mycena cinerella é um fungo saprotrófico, e adquire nutrientes pela decomposição de serrapilheira e detritos semelhantes, convertendo-os em húmus e fazendo a mineralização da matéria orgânica no solo. Os corpos de frutificação crescem em grupos sob pinheiros e árvores da espécie Pseudotsuga menziesii, normalmente no verão e no final do outono. Nos Estados Unidos, pode ser encontrado em Michigan, Washington, Oregon e Califórnia.[11] Na Europa, ele também foi coletado no Reino Unido, Noruega, Polônia, e Suécia.[12][7][13][14]
Referências
- ↑ a b «Mycena cinerella (P. Karst.) P. Karst.». Index Fungorum. CAB International. Consultado em 24 de setembro de 2010
- ↑ a b Maas Geesteranus RA. (1991). «Studies in Mycenas. Additions and Corrections, Part 1». Proceedings of the Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen. 93 (3): 377–403
- ↑ Karsten P. (1879). «Symbolae ad Mycologiam fennicam IV». Dresden: Verlag und Druck von C. Heinrich. Hedwigia (em latim). 18: 22. Consultado em 2 de janeiro de 2010
- ↑ Karsten P. (1879). «Rysslands, Finlands och den Skandinaviska halföns Hattsvampar. Förra Delen: Skifsvampar». Bidrag till Kännedom of Finlands Natur Folk (em sueco). 32: 113
- ↑ Lange JE. (1936). Flora Agaricina Danica. 2. [S.l.: s.n.] p. 61
- ↑ Hintikka V. (1963). «Studies in the genus Mycena in Finland». Karstenia. 6–7: 77–87
- ↑ a b c Aronsen A. «Mycena cinerella (P. Karst.) P. Karst.». Key to the Mycenas of Norway. Consultado em 1 de outubro de 2010. Arquivado do original em 10 de Outubro de 2012
- ↑ «Recommended English Names for Fungi in the UK» (PDF). British Mycological Society. Consultado em 24 de setembro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 16 de Julho de 2011
- ↑ Rea C. (1922). British Basidiomycetae: a handbook to the larger British fungi. [S.l.]: CUP Archive. p. 387. Consultado em 1 de outubro de 2010
- ↑ a b Jordan M. (2004). The Encyclopedia of Fungi of Britain and Europe. London: Frances Lincoln. p. 165. ISBN 0-7112-2378-5. Consultado em 24 de setembro de 2010
- ↑ a b c d e Smith, pp. 366–68.
- ↑ Emmett EE. (1993). «British Mycena species, 5». Mycologist. 7 (2): 63–67. ISSN 0269-915X. doi:10.1016/S0269-915X(09)80644-7
- ↑ Holownia I. (1985). «Phenology of fruitbodies of fungi in the Las Piwnicki Reserve Poland in 1972-1975». Acta Universitatis Nicolai Copernici Biologia (em polaco). 27: 47–56. ISSN 0208-4449
- ↑ Tyler G. (1991). «Ecology of the genus Mycena in beech (Fagus sylvatica), oak (Quercus robur) and hornbeam (Carpinus betulus) forest of S Sweden». Nordic Journal of Botany. 11 (11): 111–21. doi:10.1111/j.1756-1051.1991.tb01807.x
Notas
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Mycena cinerella», especificamente desta versão.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Smith AH (1947). North American Species of Mycena. Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press
Ligações externas
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