Sunão
Sunão (em latim: Sunno) foi um nobre franco do século IV. Era um dos líderes tribais que invadiram o Império Romano em 388.
Vida
[editar | editar código-fonte]Sunão é citado em 388, quando invadiu o Império Romano ao lado de Genobaldo e Marcomero.[1] A principal fonte que cita-os é a História dos Francos de Gregório de Tours. Nela, citando a ausente História de Sulpício Alexandre, eles são descritos como duques (chefes militares).[2] Segundo Sulpício, a principal fonte, os francos cruzaram a muralha que fazia a fronteira romana na região e invadiram os distritos férteis, matando muitas pessoas, arrasando o país e criando medo em Colônia. As notícias da invasão chegaram em Augusta dos Tréveros, a capital do usurpador Magno Máximo (r. 383–388), protegida por Nanieno e Quintino. Reuniram exército e dirigiram-se para Colônia, mas ao chegarem os francos já haviam cruzado o Reno e deixaram vários homens em solo romano para pilharem. Os francos foram atacados, e muitos pereceram. Quintino seguiu campanha e marchou além do Reno atrás deles, mas foi decisivamente derrotado e morto com os outros oficiais.[3][4]
Em 392-393, os francos obtiveram mais butim na Germânia e Arbogasto disse a Valentiniano II (r. 375–392) que a punição aos francos devia ser exemplar, exceto se devolverem o saque obtido e entregassem seus líderes que instigaram a guerra. Poucos dias depois, Arbogasto reuniu-se com Marcomero e Sunão e solicitou habituais reféns, e então dirigiu-se a Augusta dos Tréveros para passar o inverno.[3] Mais tarde, Claudiano, em seu panegírico sobre o consulado de Estilicão (400), menciona que Marcomero foi preso pelos romanos e exilado na Etrúria e Sunão tentou vingar-se por tal ato, mas foi morto por seus próprios homens.[5] Guy Halsall considera que as ofensivas romanas contra Marcomero e Sunão foram uma das últimas tentativas de se restabelecer a autoridade imperial efetiva no norte da Gália; muitos foram os revezes dos romanos nas mãos dos invasores germânicos e as forças do Reno estavam enfraquecidas.[6]
A principal fonte que cita Sunão e Marcomero é a História dos Francos de Gregório de Tours. Nela, citando a ausente História de Sulpício Alexandre, Gregório descreve-os como duques (líderes militares), mas igualmente chama-os régios (regales). O próprio Gregório faz um comentário sobre a passagem de Sulpício e alega não saber com precisão se eles eram reis ou se retinham o poder no lugar dos reis. O próprio Sulpício, noutra passagem citada por Gregório, chama Arbogasto, Marcomero e Sunão como sub-régios (subreguli).[2] Segundo a Liber Historiae, Sunão era filho de Antenor de Troia. No relato, quando Sunão faleceu, Marcomero sugeriu aos francos que elegessem seu filho como "rei cabeludo" (em latim: rex crinitus) e isso foi feito.[7][8]
Referências
- ↑ Martindale 1971, p. 391.
- ↑ a b Shanzer 2011, p. 43.
- ↑ a b Gregório de Tours século VI, I.9.
- ↑ Martindale 1971, p. 557.
- ↑ Martindale 1971, p. 860.
- ↑ Halsall 2007, p. 199.
- ↑ Ghosh 2016, p. 102.
- ↑ Noble 2006, p. 92.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ghosh, Shami (2016). Writing the Barbarian Past: Studies in Early Medieval Historical Narrative. Leida: Brill
- Gregório de Tours (século VI). História dos Francos. Tours
- Halsall, Guy (2007). Barbarian Migrations and the Roman West, 376–568. Cambridge: Cambridge University Press
- Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). «Sunno». The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press
- Noble, Thomas F. X. (2006). From Roman Provinces to Medieval Kingdoms. Londres e Nova Iorque: Routledge
- Shanzer, Dunata; Mathisen, Ralph W (2011). Romans, Barbarians, and the Transformation of the Roman World: Cultural Interaction and the Creation of Identity in Late Antiquity. Farnham, Inglaterra: Ashgate Publishing, Ltd.