União Desportiva Vilafranquense
Nome | União Desportiva Vila-franquense | |||
Alcunhas | Unionistas | |||
Torcedor(a)/Adepto(a) | Piranhas do Tejo | |||
Fundação | 12 de abril de 1957 (67 anos) | |||
Estádio | Campo do Cevadeiro (neste momento, Estádio Municipal de Rio Maior, devido às más condições do Campo do Cevadeiro) | |||
Capacidade | 2500 | |||
Presidente | Elias Barquete Albarrello | |||
Treinador(a) | Filipe Gouveia | |||
Patrocinador(a) | Solverde, CBC e Pollux | |||
Material (d)esportivo | Adidas | |||
Competição | Liga Portugal 2 | |||
Website | [1] | |||
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A União Desportiva Vila-franquense é um clube português, sediado na cidade de Vila Franca de Xira.
Génese e Fusão
[editar | editar código-fonte]Na primeira metade do século XX existiam em Vila Franca de Xira quatro clubes: Águia Sport Club Vila-franquense, Grupo Foot-Ball Operário Vila-franquense, Hóquei Clube Vila-franquense e Ginásio Vila-franquense sendo os mais representativos e com a sua história documentada os dois primeiros.
Grupo de Foot-Ball Operário Vila-franquense
O Grupo de Futebol Operário Vila-franquense foi a mais antiga colectividade desportiva de Vila Franca de Xira, fundada em 6 de Março de 1913[1] e tem por bandeira o preto e branco.[2] Teve como fundadores o Capitão José Maria da Silva Guedes Junior, Luís Tralha, Alberto Gonçalves, José Rodrigues Tarreira , Mateus Luís, Vicente Caçaiho, António Morgado, Guilherme Pedro, Álvaro Pedro, José Atouguia, Alfredo Marcolino, António Calhordas e Sérgio Dominguinho, grupo esse constituído, na sua quase totalidade, por operários de ----Vila Franca de Xira com excepção do primeiro sócio fundador, então ainda estudante, mais tarde distinto oficial da aviação e vereador do município Vila-franquense.[1]
O Clube tinha como seu parque de jogos o "Atlético Operário" na zona Norte da cidade e palco mítico de muitos derbies, espaçoso e bem instalado. No início da década de1950 o clube era um nome de prestígio no seu meio local e bem conhecido no País conquistando vários títulos em Futebol:
- Campeão durante cinco épocas do Núcleo da linha de Vila Franca entre 1933/34 a 1937/38[1]
- Campeão da A.F.Lisboa em 1934/35[1]
- Campeão da Série A da 2ª Divisão A.F.de Santarém durante oito épocas entre 1938/39 a 1945-1946[1]
- Campeão da 2ª Divisão A.F.de Santarém em 1938-1939 e 1939-1940[1]
- Campeão da Província do Ribatejo categoria de Honra, em três épocas 1939/40, 1940/41 e 1943/44. " Campeão em Júniores, da A.F. Santarém em 1944/45 e 1945/46[1]
- Campeão da 3.“ Divisão da Associação Futebol de Lisboa em 1948/49[1]
- Finalista do Campeonato Nacional da 3ª Divisão em 1949/50[1]
- Campeão na 1.ª Divisão da Associação Futebol de Lisboa, nas épocas de 1949/50 e 1950/51[1]
Para além do Ténis de Mesa e da Pesca Desportiva, o Futebol então em implantação no país era a grande prioridade do Operário. Em 1940/41 participa na Taça de Portugal e chega aos nacionais da 2ª divisão e lá permanece até 1946/47 quando desce ao terceiro escalão e na época seguinte em 1948/49 conquista o título de campeão da 3ª Divisão da A.F.Lisboa.[3] Na época seguinte volta á final do Campeonato onde perde para a Ovarense por 6-3.[2]
No final da década de 1950 o outrora ferveroso público do "Atlético Operário" afasta-se do clube fruto de alguns anos de gestões danosas para as finanças do mesmo e o clube vive os seus dias de declínio.[1] A reformulação das competições nacionais leva o clube a reorientar-se, e aqui também se procura criar um clube mais forte, pelo que em 1957 renunciando á conotação de clube elitista que ostentava na altura e junta-se aos outros três clubes na fusão.[4]
Águia Sport Clube Vila-franquense
O Águia Sport Clube Vila-franquense surge em 3 de Maio de 1924[2] e participou em provas nacionais jogando então no campo do Hospital Civil, foi um clube satélite do C.F.Belenenses um dos grandes de Portugal na altura e o apoio chegava em forma de equipamentos, bolas e outras ajudas.
Os sócios fundadores foram Manuel Bico Júnior, António e Carlos Morte, Noel Salvaterra, Victorinho, Júlio Bico, António Rosmaninho, José Lopes, Jaime e José Vicente, Júlio Antunes, Cristiano Conceição, e António Lanchinha.[1] A comunidade Varina de Vila Franca de Xira eram a base social de apoio ao Águia que também ficou conhecido por recrutar jovens nas tavernas de Vila Franca de forma a evitarem o flagelo do alcoolismo.[5][6] No início, o Águia sentia mais dificuldades económicas e não possuia campo próprio. Até então treinavam no 'Campo da Feira' (actual Parque Urbano) junto à estrada nacional onde os treinos eram frequentemente interrompidos pela passagem de automóveis, posteriormente chegaram a acordo com o Operário para a cedência do campo ao Águia para realização dos jogos e dois treinos por semana. Só em meados dos anos 30 é que foi constituida uma comissão liderada por Francisco Alemão e Domingos Belo para comprar aquele que viria a ser o seu campo, onde está hoje o viaduto da Auto-Estrada. O terreno e as suas instalações foram feitas pelos dois, que hoje são os seus proprietários e pela massa associativa, sem encargos para o Clube.[7]
No Águia implementavam aos atletas conceitos como devoção e espírito de missão, o Clube era visto pela comunidade como uma 'escola de virtudes' dentro e fora de campo.[6] Todas as despesas com equipamentos e deslocações eram pagas do bolso dos próprios atletas e aquando dos aniversários do Clube eram realizados eventos invulgares no meio como provas velocipédicas, tendo sido o primeiro clube da região a fomentar os desportos naúticos como a natação, a vela e o remo aproveitando assim o Rio Tejo que banha a cidade para além de ténis de mesa, atletismo, básquete e pesca desportiva. O Clube também mandou erigir no Cemitério de Vila Franca de Xira um monumento de homenagem aos atletas falecidos. Entre os grandes dirigentes do Águia contam-se nomes como Joaquim Cruz, José Cristino Sabino, José Marques Pedrosa, Xico Paulino, Luis Sousa e Melo e Filberto Barquinha. O Clube contava com cerca de 400 sócios em 1955.[1]
O Águia foi campeão da Divisão de Honra da A.F.Lisboa em 1952/53 tendo alcançado o 1º lugar também em Juniores nessa mesma época. Do clube Vila-franquense transitaram para divisões superiores jogadores como Artur da Conceição e Joaquim Ceitil para o Beleneses; João Pereira para o Sporting da Covilhã; Manuel Augusto de Matos para a CUF; José Oliveira da Silva para o Caldas.[1]
Convivência, Rivalidade e União
Entre estas duas colectividades existia uma grande rivalidade na Vila que ficava dividida na rua do chafariz do Alegrete (onde está hoje o monumento ao campino) sendo o ponto que demarcava a fronteira entre os Varinos (apoiantes do Águia) e os “Senhores da Vila” (apoiantes do Operário).
Os Derbies locais eram bem disputados dentro e fora de campo, o que levou várias vezes à interdição do campo do Operário.
Em meados dos anos cinquenta, quando algumas vozes Vila-franquenses já defendiam a fusão com o intuito de criar um Clube mais forte, quando começaram a surgir rumores a propósito do traçado da auto-estrada e a confirmarem-se, o Águia iria ficar novamente sem campo. Essa possibilidade alterou o pendor para o lado dos que defendiam a fusão.
Filberto Barquinha foi um dos grandes impulsionadores da fusão que foi votada em Assembleia Geral por maioria mas com muitas lágrimas, mesmo dos que votaram a favor. Filberto que estava na Direção do Águia desde 1946 sempre acreditou que um único clube podia unir e engrandecer o desporto na terra e defendeu até ao fim dos seus dias que, na altura, não havia outro caminho a seguir. "Eu era um apaziguador e nunca entendi muito bem as rivalidades que partiam a vila ao meio."[6]
Ginásio Vila-franquense
O Ginásio Vila-franquense nasceu das cinzas da antiga Sociedade União Musical Vila-franquense em 11 de Novembro de 1933, por dissidência de um grupo de elementos musicais do antigo Grémio Artístico. Sendo uma associação de cariz Cultural e criada com o objectivo de criar uma nova banda filarmónica, desde cedo dedicou-se à prática de diversos desportos: ginástica, patinagem, campismo, basquete, voleibol e desportos náuticos.[1]
Nesse sentido, construiram-se então, cerca de uma dezena de barcos Motz. A partir desse momento, a juventude do Ginásio apaixonou-se pelos desportos náuticos, lutando a direcção do clube com a dificuldade de instalações próprias para o funcionamento desta modalidade. A Associação dos Bombeiros Voluntários local cedeu uma dependência para arrecadação do seu material. O Ginásio contava com cerca de 400 sócios, e a sua direcção esteve na origem da cração do posterior Posto Naútico.[1]
História da União Desportiva Vila-franquense
[editar | editar código-fonte]Nasceu em 12 de Abril de 1957, a partir da fusão das quatro coletividades existentes em Vila Franca de Xira à data: Operário, Águia, Hóquei e Ginásio. Estas quatro coletividades juntaram-se, formando a União Desportiva Vila-franquense, com o objetivo de criar o maior e mais importante clube do concelho e da região.
O primeiro Presidente foi Vidal Baptista e o Vice-Presidente Filberto Barquinha.[7]
Embora o Hóquei em Patins tenha tido alguma notoriedade e tenha galvanizado os vila-franquenses nos primeiros anos após a fusão, foi sobre a equipa de futebol que desde sempre se depositaram mais esperanças e orçamentos. No entanto, nunca se atingiram grandes êxitos, sendo a passagem pela 2ª Divisão B, no início do século XXI, o patamar mais alto que se atingiu, a par de um ou outro brilharete na Taça de Portugal.
Nas modalidades praticadas no campo do Cevadeiro e no jardim Constantino Palha, no pavilhão José Mário Cerejo, o clube conta com cerca de 500 atletas, o que representa um claro sinal de vitalidade.
Actualmente, o futebol em Vila Franca de Xira está a conhecer uma nova dinâmica e organização quer em termos desportivos quer em termos financeiros, na medida em que o projeto da UDV, Futebol SAD, constituída em 2013, visa uma grande preocupação com o futebol de formação. Essa aposta começou, mais rápido do que se previa, a dar frutos, como demonstram os resultados desportivos obtidos em 2019, pela equipa principal de seniores através da subida histórica à Segunda Liga e da equipa de juniores Sub-19 a conquistar por mérito próprio o acesso ao Campeonato Nacional da Primeira Divisão.
O Vila-franquense é, nesta altura, um clube em crescimento sustentado e, a pouco e pouco, tem vindo a conquistar respeito e projeção nacional.
Classificações
[editar | editar código-fonte]I | II | III | IV | V | VI | Pts | J | V | E | D | G.M. | G.S. | Diff. | |
2019-2020* | 16 | 24 pts | 24 | 6 | 6 | 12 | 27 | 45 | -18 | |||||
2018-2019 | 2 | 78 pts | 39 | 22 | 12 | 5 | 63 | 29 | +34 | |||||
2017-2018 | 2 | 67 pts | 34 | 19 | 10 | 5 | 56 | 25 | +31 | |||||
2016-2017 | 6 | 42 pts | 32 | 10 | 12 | 10 | 40 | 29 | +11 | |||||
2015-2016 | 1 | 67 pts | 30 | 20 | 7 | 3 | 76 | 29 | +47 | |||||
2014-2015 | 2 | 64 pts | 30 | 19 | 7 | 4 | 65 | 30 | +35 | |||||
2013-2014 | 1 | 63 pts | 30 | 19 | 6 | 5 | 62 | 23 | +39 | |||||
2012-2013 | 15 | 34 pts | 34 | 8 | 10 | 16 | 43 | 64 | -21 | |||||
2011-2012 | 10 | 50 pts | 34 | 14 | 8 | 12 | 49 | 46 | +3 | |||||
2010-2011 | 4 | 56 pts | 32 | 16 | 8 | 8 | 54 | 40 | +14 | |||||
2009-2010 | 2 | 67 pts | 30 | 30 | 7 | 3 | 74 | 25 | +49 | |||||
2008-2009 | 6 | 49 pts | 30 | 14 | 7 | 9 | 55 | 31 | +24 | |||||
2007-2008 | 8 | 42 pts | 30 | 11 | 9 | 10 | 42 | 37 | +5 | |||||
2006-2007 | 17 | 24 pts | 34 | 6 | 6 | 22 | 31 | 67 | -36 | |||||
2005-2006 | 17 | 23 pts | 34 | 5 | 8 | 21 | 34 | 72 | -38 | |||||
2004-2005 | 19 | 17 pts | 36 | 4 | 5 | 27 | 25 | 81 | -56 | |||||
2003-2004 | 10 | 51 pts | 38 | 15 | 6 | 17 | 51 | 48 | +3 | |||||
2002-2003 | 12 | 45 pts | 36 | 12 | 9 | 15 | 49 | 56 | -7 | |||||
2001-2002 | 10 | 54 pts | 38 | 14 | 12 | 12 | 53 | 41 | +12 | |||||
2000-2001 | 11 | 47 pts | 36 | 13 | 8 | 15 | 44 | 42 | +2 | |||||
1999-2000 | 2 | 65 pts | 38 | 18 | 11 | 9 | 78 | 51 | +27 | |||||
1998-1999 | 13 | 40 pts | 34 | 12 | 4 | 18 | 50 | 61 | -11 | |||||
1997-1998 | 1 | 74 pts | 34 | 22 | 8 | 4 | 73 | 31 | +42 |
*Devido à Pandemia COVID-19, a época 2019/2020 foi suspensa após a realização da vigésima quarta jornada.
Palmarés
[editar | editar código-fonte]No futebol sénior, o clube possui um título de campeão da III Divisão Nacional 1997/1998, vencedor da Taça AFL 2011/2012, campeão da Divisão de Honra 2013/2014 e campeão da Pro-nacional 2015/2016.
No basquetebol, foi campeão de Lisboa 2008/2009 no escalão de sub-14.
Estádio
[editar | editar código-fonte]- Campo do Cevadeiro nº1 (relvado), lotação de 2500 espetadores.
- Campo do Cevadeiro nº2 (sintético), lotação de 150 espetadores.
Desde a temporada 2019-2020, em que o Vila-franquense subiu à Liga Portugal 2, o clube utiliza o Estádio Municipal de Rio Maior como o seu estádio de "casa", devido às más condições que o Campo do Cevadeiro (nº1) tem.
Em 2021, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pediu um empréstimo com um valor de 2,6 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos para a construção do novo Campo do Cevadeiro, que, segundo Alberto Mesquita, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, vai cumprir os requisitos pedidos pela Liga Portuguesa de Futebol para a utilização do estádio.
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «A Província ANO I - 06 Outubro de 1955» (PDF). 6 de outubro de 1955
- ↑ a b c «Os Arquivos feitos pelos seus Leitores (V)». Arquivos da Bola. 3 de agosto de 2007
- ↑ Sousa, Victor (13 de agosto de 2009). «Futebol Saudade: AF Lisboa – campeões de 1921 a 1949». Futebol Saudade. Consultado em 12 de junho de 2018
- ↑ Sousa, Victor (5 de agosto de 2008). «Futebol Saudade: Grupo de Futebol Operário Vilafranquense». Futebol Saudade. Consultado em 12 de junho de 2018
- ↑ Sousa, Victor (30 de julho de 2008). «Futebol Saudade: Águia Sport Clube Vilafranquense». Futebol Saudade. Consultado em 12 de junho de 2018
- ↑ a b c Ceitil, José (2012). «História do Clube - União Desportiva Vilafranquense». UDVFutebol.pt.vu
- ↑ a b «Espaço União para unir Vilafranquenses». The best project ever.