Yamakawa Kikue
Yamakawa Kikue | |
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Nascimento | Morita Kikue 3 de novembro de 1890 Tóquio |
Morte | 2 de novembro de 1980 (89 anos) Tóquio |
Cidadania | Japão, Império do Japão |
Cônjuge | Hitoshi Yamakawa |
Alma mater |
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Ocupação | escritora, crítica, economista |
Distinções |
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Yamakawa Kikue (山川菊栄 ) (1890, em Tóquio, Japão – 1980) foi uma escritora e militante socialista e feminista japonesa. Foi uma das fundadoras do grupo socialista Sekirankai (Sociedade da Onda Vermelha).
Formação
[editar | editar código-fonte]Yamakawa Kikue nasceu com o nome de Aoyama Kikue, numa família hereditária de um samurai, em Tóquio, em 1890. Sua família era relativamente privilegiada; estudou em uma faculdade privada para mulheres, a Joshi Eigaku Juku (renomeada Tsuda Juku Daigaku, em 1948), em Kodaira, Tóquio. Durante esse período, ela conheceu as feministas japonesas Kamichika Ichiko e Hiratsuka Raicho, editoras do periódico feminista Seitō. Seu relacionamento com Hiratsuka Raicho foi particularmente importante, pois a levou a escrever vários artigos para Seitō e, finalmente, sendo uma parte do movimento feminista vinculado ao jornal, o Seitōsha.[1]
Yamakawa Kikue tinha sentimentos mistos sobre a sua educação. Por um lado, ela descreveu seus professores Tsuda Umeko e Kawai Michi como "puros idealistas. Eles eram ingênuos e inocentes, totalmente separados do mundo real. Eles estavam completamente sem saber o que as alunas estavam pensando e o que elas estavam procurando". Por outro lado, ela respeitava Tsuda Umeko como um pioneiro na educação de mulheres japonesas por causa de sua rejeição à "moralidade escrava" e à "submissão covarde", ensinadas em outras faculdades para mulheres no Japão àquela época. Yamakawa se formou em quatro anos.[2]
Em 1916, Yamakawa Kikue casou-se com o socialista Yamakawa Hitoshi. Durante os primeiros anos de seu casamento, ela passou a maior parte de seu tempo escrevendo obras socialistas e feministas, bem como traduzindo textos. Ela contraiu tuberculose, pouco depois de seu casamento.[2]
Ativismo
[editar | editar código-fonte]Yamakawa passou de teórica a ativista, quando ajudou a fundar a Sekirankai (Sociedade da Onda Vermelha), em abril de 1921. O principal objetivo da Sekirankai era a abolição do capitalismo, visto como a maior fonte de opressão para as mulheres. Especificamente, o grupo lutava pela igualdade de salários entre homens e mulheres, a abolição da prostituição e a criação de direitos especiais e proteção para as mães. Depois de vários protestos disruptivos, incluindo violência policial, a Sekirankai foi dissolvida em junho de 1923.[3]
Quando o Partido Comunista Japonês foi re-estabelecido em 1925, Yamakawa enviou os seguintes seis pontos de reivindicação para a igualdade de direitos de gênero:
- Abolir o sistema da família patriarcal. Abolir todas as leis que reforçam a desigualdade entre homens e mulheres.
- Igualdade de oportunidades em educação e emprego.
- Abolir o sistema de prostituição autorizada.
- Garantir um salário mínimo igual, independentemente de sexo ou etnia.
- Salário igual para trabalho igual.
- Licença-maternidade.
Todos os pontos, menos o terceiro, foram aceitos pelo Partido. A chamada para abolir a prostituição ficou sem decisão, porque houve divisão em 50% entre os votantes no partido. Yamakawa ficou chateada com isso, porque ela sentia que todos os seis pontos eram demandas fundamentais do movimento de libertação das mulheres e que "a oposição a eles era reacionarismo conservador".
Como muitos outros marxistas no momento Yamakawa não se alinhou ao movimento pelo sufrágio e via esse movimento como uma forma de controle: "eu temia que o resultado final de simplesmente querem o direito de voto, sem decidir o objetivo disso ou o tipo de sociedade que queriam criar, não seria a libertação das mulheres, mas o uso das mulheres como armas da ditadura militar-burocrática".
Durante a II Guerra Mundial, o movimento socialista japonês foi proibido. Como resultado, Yamakawa Hitoshi foi presa, pois ele era um membro proeminente do movimento comunista. Com o marido na prisão, Yamakawa Kikue teve dificuldades para se sustentar e como resultado sua militância foi posta de lado. Durante esse tempo, ela tentou criar codornas para ganhar a vida. Além disso, ela redigia sob encomenda peças literarárias, por exemplo sobre a história dos samurais. Após a guerra, o casal juntou-se ao Partido Socialista do Japão. Yamakawa Kikue foi a dirigente do Setor de Mulheres e Menores do Ministério do Trabalho, de 1947 a 1951. Em 1956, publicou sua autobiografia Onna Nidai no Ki (Um relato de duas gerações de mulheres). Seu marido morreu em 1958 e ela continuou a escrever até a sua morte, em 1980.[4]
Leitura complementar
[editar | editar código-fonte]- Hane, Mikiso. Reflections on the Way to the Gallows: Rebel Women in Prewar Japan. Berkeley: University of California Press, 1993.
- Prang, Margaret. A Heart at Leisure from Itself: Caroline Macdonald of Japan. Vancouver: University of British Columbia Press, 1997.
- Ueno, Chizuko. Yamamoto, Beverly. Nationalism and Gender. Melbourne: Trans Pacific Press, 2004.
- Gordon, Andrew. A Modern History of Japan: From Tokugawa Times to Present. New York: Oxford University Press, 2009.
- Itasaka, Gen. Kodansha Encyclopedia of Japan. Kodansha America, 1983.
Referências
- ↑ 第三版,日本大百科全書(ニッポニカ),世界大百科事典内言及, ブリタニカ国際大百科事典 小項目事典,デジタル大辞泉,百科事典マイペディア,デジタル版 日本人名大辞典+Plus,江戸・東京人物辞典,世界大百科事典 第2版,大辞林. «山川菊栄(やまかわきくえ)とは - コトバンク». コトバンク (em japonês). Consultado em 25 de fevereiro de 2017
- ↑ a b «Kikue Yamakawa : A Biographical Dictionary of Women Economists» (em inglês)
- ↑ A. Itô e C. Sereni, "Yamakawa Kikue et la dénonciation des discriminations", in Japon colonial, 1880-1930. Les voix de la dissension éd. par P.-F. Souyri (Paris, 2014), p. 107-109.
- ↑ K. Imai, Japanese Feminism and British Influences: The Case of Yamakawa Kikue (18990-1980), in The History of Anglo-Japanese Relations, 1600-2000: Volume V: Social and Cultural Perspectives éd. par C. Hosoya et al. (2002), p. 189-205.