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Manual de Exegese Aldemiro

1. O documento discute hermenêutica e exegese bíblica, definindo os termos e diferenciando os conceitos. 2. Ele explica que a hermenêutica trata das regras e princípios de interpretação, enquanto a exegese é a aplicação desses métodos para analisar e comentar um texto. 3. O documento também apresenta vários métodos de interpretação bíblica como o método analítico e o uso de perguntas para analisar detalhes do texto.
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Manual de Exegese Aldemiro

1. O documento discute hermenêutica e exegese bíblica, definindo os termos e diferenciando os conceitos. 2. Ele explica que a hermenêutica trata das regras e princípios de interpretação, enquanto a exegese é a aplicação desses métodos para analisar e comentar um texto. 3. O documento também apresenta vários métodos de interpretação bíblica como o método analítico e o uso de perguntas para analisar detalhes do texto.
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Sociedade Arminiana Angolana

HERMENÊUTICA & EXEGESE.

Por: Aldemiro Brainy

SUMÁRIO:

1. Introdução.

2. Etimologia e Conceito.

3. Diferenças e Relação entre Hermenêutica e Exegese.

4. Métodos de interpretação Bíblica.

5. Regras ou Princípios hermenêuticos e Exegéticos.

6. Como Fazer uma boa exegese?

7. Figuras De Linguagens.

8. Referência bibliográficas.
9. Sobre o Autor.
INTRODUÇÃO.

Objetivamente quando estamos falando de hermenêutica e/ou exegese estamos nos referindo a interpretação.
Entretanto, teologicamente usamos a nomenclatura "hermenêutica bíblica" que é parte da teologia exegética para
restritamente tratar das regras e princípios da interpretação dos textos sagrados haja vista o termo, hermenêutica,
não é um monopólio cristão. Sendo usado também secularmente em diversas ciências para de modo geral fazer jus
a interpretação de um texto, artigo, código, etc. No nosso caso, passaremos a usar a hermenêutica para normatizar a
correta interpretação da Bíblia.

A Sociedade Arminiana Angolana-S.A.A acerta em cheio dando esse seminário de capacitação teológica. Uma vez
que vivemos num período da pós-verdade, e, cada um quer interpretar a bíblia a seu bel prazer relativizando o
sentido original do texto. Vivemos dilemas onde satanás tem levantado seus pseudos mestres e falsos profetas para
distorcerem a verdade como ele a distorceu em Gênesis 3 e em Mateus 4 quando da tentação de Adão e Eva, e da
tentação de Jesus.

É imprescindível que sentemos para aprender, pois, a quantidade das pessoas que têm sido destruídas por falta de
conhecimento tem aumentado significativamente.

Nesse seminário claramente pretendemos que o irmão seja um obreiro aprovado que não tem do que se
envergonhar, mas que saiba manejar bem a palavra da verdade (2Tm 2.15); que não seja levado por qualquer vento
de doutrina e nem fascinado por doutrina de demônios (Ef 4.14; 1Tm 4.1), e que não distorçam às escrituras para
sua própria perdição (2 Pe 3.16). Saiba, que Deus se revelou na linguagem humana, e, sua revelação foi registrada
em idiomas humanos (hebraico, aramaico, e grego), tais línguas, tudo isso envolve um contexto linguístico,
histórico, cultural,etc. Então, para que se compreenda bem a revelação de Deus (Bíblia) é necessário se blindar
desses princípios hermenêuticos que nos ajudam a entender bem a bíblia dentro do seu contexto gramatical e
histórico sem com isso negligenciar a rendição e dependência da pessoa do Espírito Santo que nos ilumina e nos
guia em toda verdade.

ETIMOLOGIA E CONCEITO DA HERMENÊUTICA.

Segundo o teólogo Esdras Bentho a palavra "hermenêutica" procede do verbo grego "hermeneuein", usualmente
traduzido por "interpretar", e do substantivo "hemeneia" que significa interpretação. Tanto o verbo quanto ao
substantivo podem significar "traduzir, tradução" ou "explicar, explicação". Bentho segue comentando ainda que o
étimo do verbo "hermeneuein" e do substantivo "hemeneia" remetem para o mensageiro-alado Hermes, de cujo
nome as palavras aparentemente derivam ou vice-versa. Hermes, segundo a mitologia greco-romana, era filho de
Zeus e de Maia, sendo considerado o deus da ciência, da interpretação, e da eloquência.

Dito isso, a hermenêutica bíblica é a ciência que ensina regras, métodos, e técnicas de como interpretar um texto
bíblico e a maneira correta de aplicá-la. Em palavras simples, é a ciência e a arte da interpretação.

Breno Oliveira diz onde houver linguagem, pode houver hermenêutica, e, a seguir explica o porquê da
hermenêutica ser uma ciência e uma arte.

É uma ciência porque:

• Tem métodos.
•Tem regras.
• Princípios que regem a prática da hermenêutica.

É arte porque:
• É necessário ter criatividade.
•Juízo.
• Se fosse apenas uma arte não chegaria em qualquer lugar, pois, não haveria normas. E, se fosse apenas ciência
chegaria às mesmas conclusões por meio das mesmas normas, nas palavras de Breno!
OBJETIVO OU PAPEL DA HERMENÊUTICA.

Antes de discorrermos sobre a etimologia e definição da exegese vamos portanto olhar para os objetivos da
hermenêutica:

• Aproximar o leitor do texto bíblico.


• Fornecer ferramentas necessárias para que se faça uma correta interpretação do texto bíblico.
• Para que tudo que o autor disse dentro do seu contexto e circunstâncias históricas possam ser entendido pelo leitor
(Contemporâneo).

Exegese etimologicamente procede do vocábulo grego "Eksegesis" que significa interpretar, contar, explicar,
descrever, e relatar.

A expressão é formada pela aposição final "ISIS" que indica um movimento, e uma ação, com o tema verbal
composto, EK-HEGEOMAI" que significa "extraio", "tiro", conduzo para fora. Portanto, etimologicamente exegese
é ír para dentro do texto e tirar dela a verdadeira interpretação, é ír ao texto trazer à tona a verdadeira interpretação
tendo em conta a intenção pretendida pelo autor (Texto).

Teologicamente, exegese é o estudo cuidadoso, sistemático, e analítico das escrituras buscando esclarecimento e
interpretação para fazer uma exposição correta.

Uma palavra contrária a exegese, é a "EISEGESE" O prefixo "EI" no grego significa colocar dentro. EISEGESE é
você ir ao texto com teus pressupostos e dar significados alheios ao texto. Você não extraí a verdadeira
compreensão visando a intenção do autor, você força o texto dizer o que ele não está dizendo.

DIFERENÇA E RELAÇÃO ENTRE HERMENÊUTICA E EXEGESE.

A hermenêutica e a exegese ainda têm sido objeto de confusão para muitos alunos, pois, a linha divisória entre uma
à outra é bastante tênue. Elas estão interligadas, e são indissociáveis. A seguir veremos algumas diferenças:

• Hermenêutica lida com as regras de interpretação ao passo que a exegese lida com o comentário ou aplicação.

Ilustração: O caro aluno possivelmente saiba fazer bolo ou no mínimo já viu um parente seu fazer. Ao se fazer o
bolo, há ingredientes como o fermento, a manteiga, a farinha, os ovos, e o açúcar. Depois de seguir com os
ingredientes põe-se a massa à forma, e consequentemente ao forno, e depois de algum tempo finalmente terás o
bolo feito. Pensa na hermenêutica como sendo os ingredientes para se fazer o bolo, e, pensa na exegese
como o bolo feito. Assim sendo, a hermenêutica tem que ver com a teoria, e a exegese com a prática.

• Exegese lida com o vocábulo no texto visando buscar seu significado no original, e a hermenêutica com o sentido
do texto.

• Uma outra diferença não muito comum, é olhar a exegese no tempo passado, e a hermenêutica no tempo presente.
Nisso deixemos doutor Gordon Fee comentar:

- Embora a palavra "hermenêutica" se aplique a todo campo de interpretação, inclusive a exegese, também é usada
no sentido mais específico, que é de procurar a relevância contemporânea dos textos antigos.

Nesse livro "Entendes tu o que les" Fee se refere a exegese no tempo passado (Lá, e antigamente), a hermenêutica
no tempo presente (Aqui, e actualmente). E, ainda disse que não podemos começar com aqui, e actualmente, é
necessário começar lá. Como eles entendiam o que foi dito? Qual foi a intenção do autor e sob quais circunstâncias
ele escreveu tal coisa, e como posso entendé-la actualmente? Esse tipo de exercício hermenêutico e exegético são
necessários.

Vemos claramente que ambas estão relacionadas, e, de modo algum devemos separar uma da outra.
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA.

Por Métodos de interpretação não estou tratando dos métodos hermenêuticos usados ao longo da história da igreja
pelas diferentes escolas de interpretação, como o método literal da escola Alexandrina, método figurativo da Escola
de Antioquia, método gramatico-histórico ou histórico-gramatical da reforma protestante, e, tampouco do método
histórico-cristíco da pós-reforma. Me refiro aos procedimentos que usaremos para atingir o fim esperado (
Interpretação correta da Bíblia).

I- MÉTODO ANALÍTICO.

Esse procedimento de estudo é detalhista, daí ser analítico. Nele veremos os seguintes elementos:

• OBSERVAÇÃO. No processo de leitura da passagem bíblica nós devemos observar detalhadamente o texto e
suas nuances. Ao observar o texto nos valemos de algumas questões importantes:

a) Perguntas identificadoras. Nos ajuda a observar o texto e identificar "QUEM" escreveu? ? " O QUE
ESCREVEU" para "QUEM" escreveu? Essa é a regra dos três "Qs".

b) Perguntas Modais. Essas questões consistem da referência "Como"? Como se consegui isso? Como as prisões de
Paulo foram usadas para o progresso do evangelho?

c) Perguntas temporais. Essa pergunta aponta para "quando"? Visa identificar o tempo verbal( Passado, presente, e
futuro).

d) Perguntas Locais. Idenfica locais daí a pergunta ser "ONDE"? Isso aconteceu em qual local, montanha, templo,
sinagoga, deserto, mar?

e) Perguntas Definidoras. Geralmente a pergunta é o que significa isso? O que significa deixar os mortos sepultar
seus próprios mortos?
f) Perguntas Racionais. Visa descobrir o motivo, causa ou/ e propósito.

Exemplo prático 1: Efésios capítulo 6.1-24


- Quem escreveu?
R: Paulo.
- O que escreveu?
Sobre a relação dos pais e filhos, senhores e servos, e finalmente sobre armadura espiritual.
- Para quem escreveu?
Para igreja de Éfeso.
- Onde escreveu?
R: Na prisão.

• INTERPRETAÇÃO.

O que esse texto significa? Para tal, é necessário observar no texto a palavra chave (Palavra enfatizada ou/e
repetida). Observar o contexto, isto é, versículos anteriores e posteriores ao versículo analisado. Contexto é tudo
que está em volta do texto(Estrutura, capítulo, parágrafo,etc). Para tal veremos a seguir os tipos de contextos
bíblicos que existem:

- Contexto Imediato. Esse contexto envolve versículos anteriores e posteriores ao que estamos lendo, e, após esse
passo podemos incluír também capítulos antes e depois do que estamos lendo. Esse contexto é obrigatório na nossa
leitura pois nos ajuda a compreender o assunto abordado ali.
- Contexto Bíblico ou/e amplo. É contexto que recorremos para aprofundar o texto que estamos estudando e que
pode estar não só naquele livro estudado, mas em um outro livro da Bíblia.
Professor Israel Reis dando exemplo desses dois contextos diz:

- Quando estudamos o sacrifício de Jesus, vemos no contexto imediato o que aconteceu alí, como foi o sacrifício, o
que as pessoas fizeram, a traição, a perseguição, e o sofrimento da cruz, etc.(Contexto Bíblico Imediato). Mas se
você buscar entender porque Jesus se sacrificou, aí você terá que avançar para o contexto bíblico amplo, onde irá
descobrir que Deus prometeu um Messias ao seu povo(Lá no Antigo Testamento), onde Jesus é apresentado
figuradamente como o cordeiro sacrificado pelos pecados, semelhante àquele animal sacrificado no Antigo
Testamento para que Deus perdoasse o pecado do seu povo.

Quando tratarmos sobre as regras de hermenêutica discorremos sobre outros tipos de contextos. Mas, ficou claro
que não podemos jamais fazer uma leitura isolada e uma interpretação fora do contexto. Como se diz um texto sem
contexto se torna pretexto para heresia. Gosto de dizer que contexto explica texto!
• APLICAÇÃO. Como eu estou envolvido? Como devo aplicar essa verdade no meu dia-a-dia?

II- MÉTODO SINTÉTICO. Esse método visa estudar um livro da bíblia como unidade inteira, buscando nele as
nuances, o propósito, palavras chaves, lugares chaves, e pessoas chaves. É um método que nos leva a estudar cada
livro das escrituras sistematicamente e metodicamente. Exemplo: A carta aos hebreus dedica um capítulo inteiro
tratando de fé (um assunto relevante), e a expressão "Superior" é muito enfatizada.

O Manual da EBAD fornece outros métodos interessantes:

III- Método de Recursos Literários. Nesse método de estudo da Bíblia podemos usar:
1. Comparação.
a) De pessoas, lugares, objetos, ideias.
b) Exemplo: 1Sm 13.5 fala do povo como areia do mar.
2. Contraste.
a) O contraste pode ser indicado por palavras tais como: mas, ou, de outra forma, entretanto.
b) Exemplo: Salmo 1.6: "O Senhor conhece o caminho do justo "mas" o caminho do ímpio perecerá."
3. Repetições.
a) De frases, palavras, orações.
b) Exemplo: Isaías 9.12,17,21; 10.4.

Encontramos repetições da palavra "mãos".


Mateus 23.13-16,23-29 encontramos repetições da palavra "ai".
4. Intercâmbio de assuntos.
a. São assuntos que aparecem um em seguida do outro.
b. Exemplo: João caps 1 e 2-- os nascimentos de Jesus e João Batista.
c. Conselhos para pais e filhos(I Jo 2.12-14).

REGRAS OU PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS & EXEGÉTICOS.

As regras ou/e os princípios que veremos não são exaustivos,mas, são alguns princípios relevantes na interpretação
da bíblia.

• Regra fundamental. A bíblia é sua própria intérprete. Essa regra proposta pelos reformadores, a meu ver, é uma
das regras fundamentais para Hermenêutica Bíblica. Antes de recorrer a meios externos, saiba que a fonte interna(a
própria escritura) fornece base para sua própria interpretação, daí a ideia de usarmos a bíblia para interpretarmos a
própria Bíblia.

- Por exemplo: No livro de Apocalipse encontramos interpretação para algumas coisas que João viu.
• Sete estrelas significa sete anjos ou mensageiros das igrejas locais ( Ap 1.20).
• Sete castiçais significa sete igrejas (Ap 1.20).
Farei menção de algumas regras interessantes que eu encontrei no aplicativo que uso no meu celular (Aplicativo
"Sabedoria Cristã"). De antemão antecipo que há algumas alterações que eu fiz e inserções de algumas coisas.

• Segunda Regra. A bíblia deve ser interpretada literalmente. Devemos entender a Bíblia em seu significado
normal ou simples, a menos que a passagem obviamente tenha a intenção de ser simbólica ou se figuras de
linguagem estiverem sendo empregadas. A Bíblia diz o que quer dizer e quer dizer o que diz. Por exemplo, quando
Jesus fala de ter alimentado 'os cinco mil' em Marcos 8:19, a lei da hermenêutica diz que devemos entender cinco
mil literalmente - havia uma multidão de cinco mil pessoas esfomeadas e que foram alimentadas com verdadeiros
pães e peixes por um Salvador milagroso. Qualquer tentativa de 'espiritualizar' o número ou negar um milagre
literal é fazer injustiça ao texto e ignorar o propósito da linguagem, que é comunicar. Alguns intérpretes cometem o
erro de tentar buscar nas entrelinhas das Escrituras significados esotéricos que não estão realmente no texto, como
se cada passagem tivesse uma verdade espiritual oculta que devemos tentar decifrar. A hermenêutica bíblica nos
mantém fiéis ao significado intencionado das Escrituras e longe de alegorizar versículos bíblicos que devem ser
interpretados literalmente. Não devemos sob hipótese alguma confundir o método literal que interpreta a bíblia
historicamente e gramaticalmente dentro de seu sentido literal sem desconsiderar as figuras de linguagens
empregadas no texto com o método literalista, que é um abuso linguístico e extremo do método gramatical-
histórico, ou seja, desconsidera a presença de linguagens figurada. Se vir no texto dizer para arrancar os olhos se os
mesmos escandalizarem tal método comete o risco de interpretar essa passagem literalmente (Acréscimos meus).

Terceira regra: fundamental da hermenêutica bíblica é que passagens devem ser interpretadas historicamente,
gramaticalmente e contextualmente. Interpretar uma passagem historicamente significa que devemos procurar
compreender a cultura, pano de fundo e a situação que deu origem ao texto. Por exemplo, a fim de compreender
plenamente a fuga de Jonas em Jonas 1:1-3, devemos pesquisar como a história dos assírios se relaciona com a de
Israel. Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras gramaticais e reconheçamos as
nuances do hebraico e grego. Por exemplo, quando Paulo escreve sobre 'nosso grande Deus e Salvador, Jesus
Cristo' em Colossenses 1:13, as regras gramaticais afirmam que Deus eSalvador são termos paralelos e ambos estão
em aposição a Jesus Cristo - em outras palavras, Paulo claramente chama Jesus de 'nosso grande Deus.' Interpretar
uma passagem contextualmente envolve considerar o contexto de um versículo ou passagem ao tentar determinar o
seu significado. O contexto inclui os versículos imediatamente anteriores e posteriores ao capítulo ou livro e, mais
amplamente, toda a Bíblia. Por exemplo, muitas declarações enigmáticas em Eclesiastes tornam-se mais claras
quando mantidas em contexto -- o livro de Eclesiastes é escrito a partir da perspectiva terrena 'debaixo do sol'
(Eclesiastes 1:3). Na verdade, a frase debaixo do sol é repetida cerca de trinta vezes no livro, estabelecendo o
contexto para tudo o que é 'vaidade' neste mundo.

Uma consideração ao contexto gramatical: Interpretar a bíblia gramaticalmente é interpretá-la dentro do seu
contexto linguístico, isto é, lexicalmente e sintaticamente. Por lexical queremos afirmar o vocábulo ou a etimologia
de cada palavra dentro das línguas hebraica e grega, e, por sintaxe olhamos para o sentido das palavras e a função
que elas desempenham nas orações e em parágrafo estrutural.

Creio que o Hermeneuta Esdras Bentho pode nos esclarecer melhor com suas dissertações, ora vejamos:

Contexto gramatical e lógico regem-se simultaneamente pelas leis da gramática e da lógica. O contexto gramatical
e lógico confundem-se de modo que é impossível falar de um sem penetrar no outro.

O contexto gramatical estuda as palavras para construção e coordenação das frases, exclusivamente através da
sintaxe, a disposição das palavras na oração, e das orações no período. Entende-se por lógica a ciência do raciocínio
correto. O objetivo do contexto lógico é verificar o nexo dos termos com outros termos na mesma frase, e daí
determinar sua viabilidade ou incoerência.

Alguns cognatos lógicos:

• Razão: Porque, por causa, porquanto.


• Conclusão: Portanto, Assim, por isso, pois.
• Adversidade: Mas, contudo, porém, entretanto, ainda, senão, aliás.
• Comparação: Assim, assim também, assim como, como, qual, tal qual, tanto quanto, tanto.
•Condição. Exceto, contato que, desde que.

Caso prático 1. O cognato lógico de razão ou causais são conjunções subordinadas que ligam uma oração principal
a uma subordinada na relação causa e efeito.
a) Porque: Em IJoão 2.8-16, encontramos nove vezes a conjunção causal "porque". Quando João afirma que aquele
que odeia seu irmão está em trevas, anda em trevas, e não sabe para onde deva ír. A causa disto é "porque as trevas
lhe cegaram os olhos"(Esdras Bentho; Hermenêutica descomplicada pág 166-168; CPAD).

O que veremos agora é sob minha pena(Entenda autoria).

Ainda no quadro do cognato lógico dentro da razão podemos ver também a conjunção explicativa. Em João 3.16
encontramos a seguinte colocação: 16. "Porque"Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
(João, 3). A ação de Deus ter dado seu filho é explicada na primeira oração "Porque" amou o mundo de tal
maneira.

Poderíamos ver outros muitos exemplos de outras conjunções em muitas passagens bíblicas.

Ler a passagem dentro do seu contexto imediato (contexto próximo), remoto ou amplo(contexto distante), contexto
histórico, e contexto gramatical ajuda compreender melhor o texto. As palavras devem ser interpretadas a luz do
seu contexto, assim sendo, mundo em João 3.16 significa humanidade, ao passo que mundo na primeira epístola de
João 2.15 e Tiago 4.4 significa um sistema corrupto e longe de Deus.

Quarta Regra. Um texto não pode significar aquilo que nunca deveria ter significado para seu autor ou leitores, nas
palavras de Gordon Fee. Isso significa que você deve ler o texto com a mente do leitor original, ouvir a voz do
autor com os ouvidos dele, ver com os olhos dele. O que estou dizendo é a necessidade de se colocar no lugar dos
leitores originais e buscar o que eles entenderam quanto a intenção do autor. Müller diz acertadamente que o texto
bíblico significava em seu ambiente original é precisamente o que o texto significa para nós hoje. Qualquer
aplicação de um texto à nossa situação deve estar ligado ao seu significado original. Por exemplo forçar em Mateus
13 sobre a parábola da semente uma interpretação sobre prosperidade financeira alegando que semente significa
dinheiro, e, o quarto terreno como aqueles que prosperam com base na lei da semeadura é uma explosão e
cambalhota que os tais fazem no texto. A intenção de Mateus ao narrar tal evento, e tampouco a de Jesus ao ensinar
essa parábola é essa daí.

Quinta Regra. Sempre quando compartilhamos de circunstâncias comparáveis( i.e. Situações de vida específicas e
semelhantes)aos destinatários do século I, a palavra de Deus para nós é a mesma que foi direcionada para eles, nas
palavras de Fee.

Quinta Regra: Consultar passagens paralelas.


1. Considerações.
a. Passagens paralelas são passagens que fazem referência uma a outra.
b. São passagens que têm relação.
2. Existe paralelo de palavra.
- Procedimento:
a) Encontrar a palavra obscura ou duvidosa na leitura.
b) procurar uma passagem que dá mais luz quanto a palavra duvidosa, mas, que estejam falando do mesmo assunto.
Exemplo prático:

* Palavra "Corpo"(Gl 6.17; II Co 4.10; II 11.23-25).


* "Revestimento"( Gl 3.27; Cl 3.12-14).

3. Existe paralelo de ideias.

a. Procedimento:
- Consultar os ensinos contidos no texto e as narrativas contidas no texto.

Exemplo: A igreja Católica Romana declara Pedro ser o primeiro papa e a pedra de acordo Mateus 16.18, mas
consultando passagens paralelas a ideia que temos é que a pedra é CRISTO ( I Pe 2.4-8; Mt 21.42-44; 1Co
3.10,11).
4. Existe Paralelo de ensino Geral. Buscamos pelo teor geral do assunto tratado em uma passagem que não parece
estar muito clara. Exemplo: Ensino geral da doutrina da salvação, etc.

COMO FAZER UMA BOA EXEGESE.

Pretendo dar algumas dicas que creio ser úteis para se fazer uma boa exege. Acredito que com tudo que já
aprendemos já há luzes para se fazer uma excelente exegese.

•Regra n°1. Não esqueça todos os princípios hermenêuticos que ensinei no assunto que precede este.
•Regra n°2. Não esqueça da regra número 1( memorize e aplique os princípios hermenêuticos).
• Regra n°3. Aprenda a fazer uma leitura cuidadosa, isto implica ler, ler muito, ler bem, e ler sempre.
- Ler o texto. Leia todo texto, você não pode ler isoladamente. Se atenha aos contextos.
-Ler muito o texto. É ler vários vezes a passagem para te ser familiar.
- Ler bem. Leia cuidadosamente o texto, atenção as vírgulas, ao tempo verbal, e aos acêntos nas palavras. Certa vez
certo pastor ao encontrar a palavra "Parábola" na bíblia, não teve cuidado com o acento e no entanto leu
"Para*bola". A conclusão a que chegou foi que jogar futebol é pecado. Uma leitura equivocada, gera uma
interpretação equivocada, e uma interpretação equivocada gera uma aplicação equivocada, e por sua vez a aplicação
equivocada gera uma espiritualidade equivocada ainda que com boa intenção.

-Ler sempre. Deves te manter continuamente ao exercício da leitura e buscar o entendimento no texto.
• Regra n° 4. Faça perguntas certas ao texto. No livro Entendes tu o que lês os autores nos ensinam a fazer dois
tipos de perguntas às passagens bíblicas: Àquelas que dizem respeito ao contexto, e aquelas que dizem respeito ao
conteúdo. Quanto ao que dizem ao contexto também podem ser de dois tipos. Contexto histórico, e literário. Os
mesmos autores ainda dizem que o contexto histórico deferirá de livro para livro, tem a ver com várias coisas: a
época e a cultura do autor e dos seus leitores, ou seja, os fatores topográficos, geográficos e políticos que são
relevantes ao âmbito do autor, e a ocasião do livro.

• Regra n° 5. Consultar bons dicionários bíblicos, concordâncias, e comentários EXEGÉTICOS de acordo a tua
possibilidade. Tais pessoas que produzem essas obras são especialistas na matéria, conhecem bem hebraico e grego.
• Regra n°6. Identifique a natureza literária de cada livro ( É lei, história, poesia, profecia, ou epístolas?) Cada
gênero literário das escrituras requer uma forma diferente de interpretação. Por exemplo, como interpretamos um
texto poético não é do jeito que interpretamos um texto narrativo ou histórico. No Antigo Testamento é necessário
se blindar do conhecimento de como é que são formada as narrativas bíblicas, o a particularidade das poesias
hebraicas(hebraismo), e se familiarizar com o estilo literário das cartas. Identifique também a natureza do texto (É
prescritiva ou descritiva?) E a linguagem empregada na passagem ( É literal, figurativa ou então simbólica?).
•Regra n°7. Use várias traduções. Estudar a bíblia com várias traduções ajuda a compreender melhor o texto. As
traduções têm suas particularidades, há aquelas que são mais formais, e sua preocupação é traduzir se mantendo o
máximo possível ao vocabulário original, existem aquelas que são mais idiomáticas e livres, não olham muito ao
vocabulário original, mas, ao sentido original na compreensão do sentido que tal vocabulário terá na língua
traduzida. Então, existem traduções mais formais, e àquelas mais dinâmicas.
- Crítica Textual.

Estudo da história do texto. Os textos originais se perderam, e, foram escritos em papiro, um material muito frágil.
O que temos são cópias de cópias. Então, a crítica textual surge para reconstruir o texto original a partir dos
manuscritos (textos escritos à mão), expurgando possíveis erros cometidos pelos escribas. Os erros cometidos
podem ser:

• Apografia. Pular linha.


• Ditografia. Copiar novamente a linha.

Basicamente a crítica textual define a autenticidade do manuscrito.

- Crítica Histórica. Também é chamada de alta crítica, estuda o texto dentro da sua realidade histórica buscando
saber quem escreveu tal livro, foi realmente o autor que pensamos? Quando escreveu? Por que escreveu? A crítica
Histórica é muito comum entre agnósticos, e liberais. Muitos deles usam esse método para negarem a inerrância e a
inspiração de muitos livros da Bíblia. A crítica Histórica quando bem usada ajuda a compreender melhor o contexto
histórico da bíblia.

FIGURAS DE LINGUAGEM.

A hermenêutica está dividida basicamente em duas partes: Hermenêutica geral, que se atém a Interpretação da
bíblia como um todo, e, a hermenêutica específica que é restrita especialmente a literaturas da bíblia como poesia,
prosa, parábolas, etc. Nesse caso discorreremos especialmente ao uso de figuras de linguagem ou de retórica na
bíblia. É muito divertido estudar as figuras de linguagem,pois, elas fogem da linguagem corrente, ou seja, da
linguagem lexical e/ou literal (Aquela que está no dicionário). A linguagem verbal ela tem um sentido direto,
literal, e histórico. Ela não permite um outro significado do que àquela que sua própria raíz traz. Portanto, seu
significado é cálido, frio. Só que a linguagem é dinâmica,e, nesse processo da linguagem ser dinâmica é
precisamente entra o conceito das figuras de linguagens. A figura de linguagem tem uma estética na língua que
embeleza a fala ou o texto. Uma forma de comunicação que a linguagem verbal ou literal não cobre.

Por exemplo, a bíblia diz que o justo florescerá como a palmeira e crescerá como o cedro no Líbano. Nós temos
portanto o justo, e, o que o autor quer falar de forma bela ou poética sobre o justo está escondido na figura
(Florescer como a palmeira, e crescer como o cedro no Líbano). O autor quer trabalhar a nossa imaginação, é como
se ele tivesse brincando com a mente do leitor sobre o que está sendo dito sobre o justo. Isso aguça nossa mente e o
nosso raciocínio lógico sobre o objetivo do uso da figura empregada. Por exemplo quando Jesus diz, ide e dizei a
Herodes, aquela raposa...O que isso significa? Bom, são sobre essas coisas que vamos tratar nesse tema.

O caro amigo já ouviu falar de hebraismo ou semitismo? Busquemos socorro ao teólogo Esdras Bentho ao qual
mais explorei para produção desse manual:

- Hebraismos são determinadas expressões idiomáticas encontradas nas escrituras, que registram a forma de
comunicação específica dos judeus. São idiomas familiares à cultura hebraica de então, desconhecida do exegeta
que não podem ser determinadas a priori, mas somente através de um estudo consciencioso.

Quando estudamos os hebraismos, estamos estudando às escrituras sincronicamente. Geralmente as estruturas


linguísticas chamadas de hebraismos são aplicadas a um comportamento social, que por sua característica cultural
não são perceptível ao leitor hodierno.

Exemplo prático: Hebraismo de prosperidade. A bíblia diz em provérbios 28.25 que o que confia no Senhor
"engordará"

Será que o autor está falando aqui de gordura física? Será que a gente que é magra confia menos?(Risos).
Claramente que não tem nada a ver com engordar literalmente. Essa passagem se trata de um hebraismo.

No contexto hebraico a gordura tem conotação de felicidade, suficiência, e prosperidade. "A minha alma se farta
como de tutano e de gordura, e a minha boca te louva com alegres lábios"( Sl 63.5). Em Gênesis 41 aprendemos
que às vacas gordas representam prosperidade, suficiência, abundância, e consequentemente a felicidade
(vv.26,29), Enquanto que as magras representam escassez, fome, e tristeza (vv. 27,30). Se vires por exemplo o texto
de Provérbios 28.25 na versão KJ ela não traduz "engordará" aí o hebraismo é substituído pela palavra
correspondente " prosperar em paz".

Podemos também ver o hebraismo de contraste ou antítese, na poesia hebraica se chama "paralelismo antitético".

Tipos de paralelismo na poesia hebraica:

• Paralelismo Sinônimo. Quando o pensamento da primeira linha é repetido com palavra diferente na outra linha.

Exemplo: 17. Portanto, a arrogância do ser humano será abatida, e a sua presunção será aniquilada. Somente o
SENHOR, será exaltado naquele Dia.
(Isaías, 2).

A presunção é um paralelismo sinônimo à arrogância.

Exemplo 2: Salmos 24.1


* Do Senhor é a terra.
* E tudo que nele habita.
Exemplo 3: Pv 1.20.
* Grita na rua a sabedoria, nas praças levanta sua voz.

O autor repete na segunda oração (Levantar a voz) o que declara na primeira oração (Gritar).

• Paralelismo Antitético. É quando o pensamento da segunda linha constrata, ou anula, o pensamento e o


significado da primeira. Frequentemente,a segunda linha é introduzida com um "mas".

Exemplo: Salmo 1.6


* O Senhor conhece o caminho do justo
*Mas o caminho do ímpio perecerá.

Exemplo 2: Pv 14.30.
* O ânimo sereno é a vida do corpo.
* Mas a inveja é a podridão dos ossos.

No caso do Paralelismo Antitético Bento faz uma importante colocação:


- Noutras ocasiões usava-se o contraste para designar a preferência entre duas pessoas, com o contraste dos termos
amar e aborrecer ou odiar. Quando se amava mais uma pessoa em relação a outra costumava-se a usar esse
paralelismo antitético a fim de evidenciasse claramente a distinção ou preferência de um pelo outro.
" Amei a Jacó, e odiei Esaú"(Ml 1.2,3; Rm 9.13).
Ou seja: Preferi Jacó a Esaú.

" Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua
própria vida, não pode ser meu discípulo" ( Lc 14.26 cf Mt 10.37).

Isto é: Se alguém ama ou prefere os seus, em vez de mim, não pode ser meu discípulo.

• Paralelismo Sintético. Não é muito claro, mas é quando a segunda linha acrescenta algo a primeira linha.
Exemplo: Sl 28.6.
*Bendito seja o Senhor
*Porque me ouviu as vozes súplices.

Exemplo 2: Sl 119.9
* Como purificará o jovem o seu caminho?
* Observando -o segundo a tua palavra.

Vejamos o emprego das figuras de linguagem em muitas passagens bíblicas.

- Metáforas. É a comparação entre duas coisas, buscando a semelhança entre ambos objetos que se aplicam ao
mesmo termo. Diferente da figura "comparação", a metáfora suprime a expressão como, vejamos:

Em Salmos 125 é dito que os que confiam no Senhor são "COMO" monte Sião... Aqui você não tem
necessariamente uma metáfora, antes, você tem uma comparação explícita (Aqueles que depositam sua confiança a
Deus são comparados ao monte firme de Sião).

Na metáfora o elemento comparativo é subentendido, ora veja:

- Eu sou a Videira Verdadeira...(João 15.1). Você acha que Jesus é literalmente uma videira?
- Eu sou caminho ( João 14.6) Jesus é àquela estrada que trafegamos literalmente todos os dias com os nossos pés?

Claro que não, JESUS se identifica com o que é próprio do Caminho, o meio pelo qual trafegamos para chegar a
determinado lugar. Jesus está dizendo que ele é o único meio disponível para podermos ter acesso ao Pai, e chegar
consequentemente ao destino celestial, não tem como chegar nesse destino sem passar por Jesus.

Eufemismo. É uma maneira de suavizar uma informação desagradável. Por exemplo Jesus disse que seu amigo
Lázaro estava dormindo se referindo a morte(João 11.12,13); Lucas ao registrar a morte de Estevão diz que ele
adormeceu (Atos 7.60).

- Hipérbole. Exagero poético ou metafórico. Podemos exagerar ou diminuir as verdades das coisas ( Dt 1.28; Jo
21.25; Nm 13.33; Sl 6.6).
- Anáfora. Repetição de uma palavra ou de um conjunto no início de um verso ou membros como no Salmos
13.1,2( "Até quando"); Outros exemplos podem ser vistos nos salmos 3.2("Muitos"), e 124.1,2 "Não fora o
Senhor".

- Símile. Aponta para um tipo de comparação formal entre dois objetos ou ações, que não estão materialmente
ligados entre si, normalmente precedido por uma conjunção de comparação, com vista a impressionar a mente com
algo concreto, parecido ou semelhante.(Jeremias 23. 29).

Podemos classificar as figuras de linguagens da seguinte maneira segundo Esdras Bentho:

• Figuras de Comparação:
- Metáfora.
-Símile.
• Figuras de Dicção:
- Pleonasmo
-Hipérbole.
• Figuras de relação.
- Sinédoque.
-Metonímia.
• Figuras de Contraste.
- Ironia
- Parábola
- Litote.
- Eufemismo.
• Figuras de Índole Pessoal.
- Prosopopéia
- Apóstrofe.

FIGURAS COMPOSTAS
• Alegoria
•Fábula.
• Enigma.
Faça um estudo básico dessas figuras, e, idenfique-as na bíblia.

TIPOLOGIA & SIMBOLOGIA.

Tipo representa alguma coisa, tipificando: Pessoas, coisas materiais, marcas, figuras ou modelos. Eliseu Baião
discorrendo sobre tipologia quando da refutação de certo sujeito que afirmou que Jesus se fez "mulher" disse o
seguinte:

- Infelizmente, por influência de péssimos mentores, a geração que temos é esta, não conhecem limite quando se
trata de tirar um glória do povo.

Tipologia não é estudo dos trocadilhos, mas, uma representação entre duas pessoas ou coisas. Deste modo, uma é
figura ou sombra da outra, de maneiras que todo tipo tem um antitípo, isto é, a figura representada pelo tipo,
portanto, Cristo é o antitípo de Adão (Embora que seja uma tipologia de contraste "Acréscimo meu), e Eva por sua
vez a da igreja.

Ao se fazer tipologia é necessário ter em conta as características singulares do antitípo, e não comparar apenas
porque combina isso não é rompimento, é teologia!

Símbolo e os tipos fazem parte do mesmo contexto dos hebraismos, no entanto, devem ser interpretados dentro do
seu contexto de origem intencionado pelo autor. Símbolo é uma figura, objeto, número ou emblema que representa
uma verdade moral ou religiosa.

HERMENÊUTICA NA HISTÓRIA.

Princípios hermenêuticos entre os judeus.

É universalmente sabido que a Bíblia Sagrada, como literatura, é uma obra proeminentemente Judaíca. Portanto,
constituí-se de grande valor histórico o estudo dos métodos de interpretação bíblica usados pelos próprios judeus.
Para maior proveito do aluno, estudemos o assunto, considerando os judeus segundo suas escolas de interpretação
das Escrituras ( Oliveira, pág.5).

- Judeus palestinos. Segundo pontua Louis Berkhof, os judeus palestinos ("escribas") tinham um profundo respeito
pela bíblia como a palavra infalível de Deus. Consideravam até mesmo as letras como sagradas, e seus copistas
tinham o hábito de contá-las com receio de que algumas delas se perdessem na transcrição. Era tríplice a divisão
das Escrituras no seu tempo: Lei, profetas, e Escrita. Eles tinham muito mais inclinação e preferência à literatura da
lei em relação aos profetas e os demais escritos. Sobre o ponto negativo da hermenêutica dos judeus palestinos o
teólogo Raimundo de Oliveira foi enfático ao afirmar: Ela exaltava a Lei Oral, consistindo de milhares de tradições
verbais acumuladas ao longo dos séculos, e desprezava a Lei Escrita, por isto Jesus os condena em Marcos 7.13.
Esse método arbitrário de interpretação deu forma a muitos outros tipos de interpretação igualmente condenáveis.

- Judeus alexandrinos. A interpretação bíblica dos judeus alexandrinos era, de certa forma, determinada pela
filosofia predominante na grande cidade de Alexandria, no Egito. Eles adotavam o princípio de Platão, segundo o
qual ninguém deve acreditar em algo que seja indigno de Deus. Desse modo, quando encontravam alguma coisa no
Antigo Testamento que discordava da sua filosofia e ofendia a sua lógica, recorriam às interpretações alegóricas.
Filo foi o principal mestre deste método de interpretação entre os judeus. Para ele, a letra das Escrituras era apenas
um símbolo de coisas mais profundas, portanto, o significado oculto das Escrituras e era o que de mais importante
havia( Oliveira, p.5).

- Judeus Caraítas. Os Caraítas (filhos da leitura), eram assim chamados porque seu princípio fundamental era
considerar a bíblia como sendo única autoridade em matéria de fé e prática. Desprezavam à tradição oral e a
Interpretação rabínica. Berkhof diz que tendo em conta suas características fundamentais, podem ser considerados
descendentes espirituais dos saduceus.

- Judeus cabalistas. O movimento cabalista do século 12 era em natureza bem diferente dos judeus alexandrinos e
dos outros até aqui estudados, ensinavam que até mesmo os versículos, as palavras, as letras, as vogais e até mesmo
os acentos das palavras da lei tinham sido entregues a Moisés no Monte Sinai, e que o número de letras, cada letra
de per si, a transposição e a substituição tinham poder especial e sobrenatural como bem nos informa Louis
Berkhof, e eles valiam-se dos seguintes métodos:

a) GEMATRIA. De acordo tal método, eles poderiam substituir uma palavra bíblica com uma outra que tivesse o
mesmo valor numérico.

b)NOTARIKON. Consistia na formação de palavras pela combinação das letras iniciais e finais ou considerando
cada letra de uma palavra como a letra inicial de outras.

- Judeus Espanhóis. No período que vai do século doze a quinze, desenvolveu-se um método mais sadio de
interpretação das Escrituras entre os judeus da Espanha. Quando a Exegese da Igreja Cristã estava em situação
periclitante, e o conhecimento do hebraico estava quase nulo, alguns judeus instruídos na Península Perenaica
restauraram o interesse por uma Hermenêutica Bíblica sadia. Algumas de suas interpretações ainda hoje são citadas
como fonte de referência por estudiosos da Bíblia nos tempos modernos (Oliveira,p.6).

B. A HERMENÊUTICA NA IGREJA CRISTÃ.

•Período patrístico. No período dos pais da igreja, o desenvolvimento dos princípios hermenêuticos dependiam dos
três principais centros de atividade da igreja de então: Alexandria, no Egito; Antioquia, na Síria e o Ocidente.

- A Escola de Alexandria. No começo do século III d.C., a interpretação bíblica foi influenciada especialmente pela
escola catequética de Alexandria, principal centro cultural e religioso do Egito. Berkhof ainda discorre que tal
cidade foi um importante local de aprendizado onde a filosofia grega e a religião judaica se encontraram e
exerceram influência uma sobre a outra. A química entre a filosofia grega e a religião judaica, digá-se de passagem,
é que deu origem ao método alegórico que foi um sistema de interpretação que caracterizou essa Escola. Os
principais representantes dessa Escola foram, Clemente e seu discípulo Orígenes. Embora cressem na inspiração da
bíblia, e no sentido literal que ela tem, adotavam a opinião do seu tempo que regras especiais deviam ser aplicadas
na interpretação da revelação bíblica, e advogavam que somente a Interpretação alegórica contribuía para um
conhecimento real dela. Clemente foi o primeiro a aplicar de forma efetiva o método alegórico na interpretação do
Antigo Testamento. Na sua opinião, o sentido literal das Escrituras poderia originar apenas uma fé elementar,
enquanto que o sentido alegórico conduziria ao verdadeiro conhecimento das Escrituras. Já Orígenes seu discípulo,
desenvolveu ainda mais o método alegórico.

-A Escola de Antioquia. Supõe-se que a escola catequética de Antioquia tenha sido fundada por Doroteu e Lúcio,
no final do terceiro século, se bem que Farrar considera Diodoro, primeiro presbítero de Antioquia, e depois de 378
d.C., bispo de Tarso, como verdadeiro fundador da Escola.(Oliveira,p.8).

Essa Escola valorizava muito mais o método literal, e rejeitava o método alegórico da Escola de Alexandria.
Diodoro um tratado relativamente aos princípios de interpretação bíblica. O seu maior feito é constituído de dois
discípulos seus - Teodoro de Mopsuéstia e João Crisóstomo. Embora fossem discípulos de um mesmo mestre,
Teodoro e João, divergiam grandemente quanto à Interpretação da Bíblia. Enquanto o segundo considerou a bíblia
em todas suas partes como a palavra infalível de Deus, a exegese do primeiro era intelectual e dogmática; a do
último mais espiritual e prática. Teodoro tornou-se famoso como crítico e intérprete; enquanto que João tornou-se
conhecido como orador. Daí que Teodoro é considerado o "Exegeta", enquanto João foi chamado de
"Crisóstomo"(boca de ouro), por conta do esplendor da sua eloquência.

- A Escola Ocidental. Podemos dizer que o sistema de interpretação dessa escola é intermediário, ou seja, um misto
do método alegórico de Alexandria, e do método literal de Antioquia. Apenas incrementou o valor hermenêutico
que emana da autoridade da tradição e da igreja na interpretação da bíblia. Além disso, atribuiu valor normativo ao
ensino da igreja no campo da exegese. Nomes como Hilário, Ambrósio, Jerônimo e Agostinho, principalmente os
dois últimos, não podem deixar de ser mencionados quando nos referimos dessa Escola.

- O período Medieval. Durante a idade média, muitos cristãos, viviam na mais profunda ignorância quanto a bíblia
como pontua Raimundo de Oliveira. O pouco que dela conheciam era somente da Vulgata, através dos escritos de
alguns pais da igreja. Nessa época, para a grande maioria dos cristãos, a bíblia era considerado um livro de
mistérios que só poderia ser entendido misticamente. Nesse período, o sentido quádruplo das Escrituras (literal,
tropológico, alegórico e analógico), era geralmente aceito e foi até estabelecido que a Interpretação Bíblica tinha
adaptar-se à tradição e à vontade dos líderes da igreja. Para cristandade daquele período, a bíblia diz aquilo que os
patriarcas da igreja diziam. Nenhum novo princípio hermenêutico surgiu nesse tempo, e a exegese estava de mãos
e pés amarrados pela tradição e pela autoridade dos concílios, nas palavras de Raimundo de Oliveira.

C. O PERÍODO DA REFORMA. Um período onde se abandonou o sentido quádruplo da bíblia, e reafirmou-se um


único sentido. O método predominante era o método histórico gramatical, os reformadores advogam que a bíblia
deve ser interpretada historicamente e gramaticalmente, partindo do pressuposto que ela é a inspirada, inerrante, e
infalível palavra de Deus. Advogavam ainda que não é a igreja que determina o que a bíblia ensina, mas é a bíblia
que tem a suma autoridade para determinar o que a igreja deve ensinar. Nomes como Lutero, Melanchton e Calvino
devem ser mencionados nesse período pelos seus grandes contributos.

- Após a Reforma, teoricamente os protestantes conservavam o princípio segundo o qual "As Escrituras interpretam
as Escrituras". Mas, à medida que se recusavam aceitar a interpretação bíblica seguindo normas ditadas pela
tradição, tal como havia sido determinado pelos concílios e papas, corriam o risco de ceder diante dos padrões
confessionais da igreja. Nesse tempo, "quase toda cidade importante tinha o seu credo favorito".
Esse foi o período das grandes controvérsias doutrinárias. O protestantismo até aqui coeso, começou a se dividir em
várias facções, enquanto que a exegese tornou-se serva da dogmática, se degenerando em mera busca de textos-
provas. Estudavam-se as Escrituras, apenas buscando apoio às declarações de fé das confissões da época.(
Princípios de Hermenêutica, p.10).

D. A HERMENÊUTICA NO PERÍODO HISTÓRICO - CRÍTICO.

O método histórico-crítico, também conhecido por alta crítica, supervalorizou o aspecto humano da bíblia,
interpretando a bíblia historicamente. Os principais teólogos do período histórico-crítico, adotaram o ponto de vista
de Le Clerk, segundo o qual a inspiração variava em graus nas diferentes partes da bíblia, admitindo a existência de
erros e imperfeições naquelas partes em que esta inspiração era de graus mais baixos.

Segundo Raimundo de Oliveira, as teorias expostas nesse período são:

1. A Teoria de Inspiração Natural Humana. Ensina que a bíblia foi escrita por homens dotados de singular
inteligência.

2. A Teoria da Inspiração Divina Comum. Ensina que a inspiração dos escritores da bíblia é a mesma que hoje se
manifesta no crente enquanto ele ora, prega, canta, ensina e anda em comunhão com Deus,etc.

3. A Teoria da Inspiração Parcial. Ensina que partes da bíblia são inspiradas, outras não. Ensina ainda que a Bíblia
não é a palavra de Deus, mas que ela apenas contém a palavra de Deus.
4. A teoria do Ditado Verbal. Ensina que a inspiração da bíblia é só quanto às palavras, não deixando lugar para
atividade do escritor.

5. A Teoria da Inspiração das Ideias. Ensina que Deus inspirou às ideias da Bíblia, mas não as suas palavras,
ficando estas a cargo dos respectivos escritores.

Além disso, estabeleceu-se o princípio segundo o qual a bíblia deveria ser interpretada como qualquer livro. Assim,
o elemento divino da Bíblia foi paulatinamente menosprezado e o intérprete se limitava à discussão de questões
históricas e críticas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

√ Bentho, Esdras. Hermenêutica Fácil e Descomplicada. 1@ ed: Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
√ Fee, e Stuart. Entendes tu o que lês?. 3@ edição: Vida Nova, 2011.
√ Berkhok, Louis. Princípios hermenêuticos. 2@edição: Cultura Cristã, 2004.
√ Oliveira, Breno. Hermenêutica Bíblica. Escola de liderança
√ Sabedoria Cristã, Aplicativo de estudo bíblico.
√ Elissen, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. Editora Vida, 1993.
√ Baião, Eliseu. Resposta apologética sobre tipologia disponível no seu facebook.

SOBRE O AUTOR.

Aldemiro Da Costa Quiquelo comumente conhecido por "BRAINY", é membro da Sociedade Arminiana
Angolana-SAA actuando nela como secretário adjunto, é formando em Gestão de empresa pela Universidade
Metodista de Angola, cursou teologia básica intensiva em Cafarnaum sendo certificado pelo IBA, é pregador
itinerário sensilmente há dez anos, professor da Escola Bíblica Dominical de adultos na ADPC-Centro Galileia, e
nos últimos anos vem participando como preletor de palestras e seminários.

Contactos:
Whatsapp. 995-92-30-95.
Facebook. Aldemiro Brainy.
Instagram. aldemiroBrainy.

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