Doutor Pinto Bronze
Doutor Pinto Bronze
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INTRODUÇÃO AO DIREITO
Cruza-se com todas, mas não se reduz a qualquer uma delas. Vamos tentar compreender o
direito como uma dimensão normativa da nossa prática (a única adequada à tarefa do jurista),
que é diferente da do sociólogo, do filósofo, ou do epistemólogo.
Porque o direito é um fundamento/critério dos nossos comportamentos diz sobre a validade
e invalidade, da licitude e ilicitude. É uma norma de dever/ser. É um padrão constitutivo da
própria ação, das relações que estabelecemos uns com os outros. É um princípio que determina
a validade dos nossos comportamentos societários.
Diferentemente, não é exclusivamente um fenómeno social, mas também o é! Não é um
puro objeto de especulação, mas por outro lado, também o é. Não é um simples dado de ser
conhecido, mas também se apresenta como tal.
Porque o jurista é quem assume a intenção fundamental do direito para o projetar na
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realidade social., todos os outros estão comprometidos com o objeto que estudam.
Exemplo: A fé: Os teólogos estudam a teologia. A fé para nós não é vista como é vista por
um teólogo. A fé, é vista de maneira diferente do uma pessoa religiosa do que para um ateu.
O jurista será um mediador profissional a quem se atribui legitimidade para ajuizar algum
desses direitos ou deveres?
Perante o direito, e toda a sua dimensão, é um mero técnico, assumindo uma atitude
criticamente comprometida com os objetos práticos do direito.
O tipo de pensamento do jurista é meramente dialético-argumentativo, porque o que se lhe
pede é que pondere prudencialmente e decida fundamentalmente.
A racionalidade deve radicar de argumentos, porque o direito integra o universo da prática.
A perspetiva normativa é a única que se adequa à tarefa de um jurista, pois o Direito vai-se
construindo à medida que se realiza, e é o jurista que se empenha nessa constituição. O jurista é
um mediador profissional a quem se atribui legitimidade para ajuizar alguns dos nossos direitos e
deveres. A nossa perspetiva é a do jurista: a normativa: Logo, assumimos um compromisso
prático com o Direito, compreendendo-o por dentro. Nós somos muitos e o mundo é só um.
Como o repartimos, o “outro” pode também representar um obstáculo.
Qual a atitude do jurista perante o direito?
Atitude técnico-profissional, em que o jurista apenas pretenderia conhecer as leis para
aplicar o jurista mobiliza o Direito como um objeto).
Atitude criticamente comprometida com os próprios objetivos práticos do direito ( o direito
para ele é uma tarefa que o toca).
Todas as nossas relações são regulamentadas por algo que as define, as obrigações,
podendo elas ser representadas de várias formas, tendo em conta o nosso dia-a-dia. Dizemos
que o Direito tem haver com as relações intersubjetivas suscitadas pelo problema da partilha nas
relações sociais.
O Direito surge como uma segunda natureza que nos ordena, um “cosmos”.
Estão as relações juridicamente relevantes que estabelecemos uns com os outros na veste
de sujeitos de direito privado, em que todos pretendemos atuar a nossa autonomia para realizar
interesses. Somos particulares perante particulares e relacionamo-nos em termos de paridade –
igualdade [estamos uns perante os outros numa situação de paridade e igualdade].
A ordem jurídica define as nossas autonomias, delimitando-as e permite a realização dos
nossos interesses (que, por vezes, nessas situações, são conflituantes).
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Encontramos as relações das partes para com as partes (ordo partium ad partes)
Compreende-se, nesta linha, o domínio do Direito Privado: O Direito Privado Comum (Direito
Civil) e no Direito Privado Especial (Direito Comercial)
Será a esfera do Direito Civil que tem a ver com as mais situações em que se envolvem os
“homens comuns em comum”, ou seja, o Direito Privado é o domínio da liberdade (autonomia) e
da igualdade (paridade) numa intenção À horizontal justiça comutativa.
Os ramos do Direito Público que se localizam nesta segunda linha (entre os quais, o Direito
Constitucional, Direito Penal, Direito Fiscal, Direito Militar) visam regulamentar as exigências que
a sociedade nos dirige, mas também, institucionalizar, legitimar e limitar o poder pois também
nós temos interesses em reivindicar, como é o caso dos Direitos Fundamentais. Ou seja, a
sociedade pode exigir-nos prestações, mas não arbitrariamente.
Nas relações que estabelecemos com a sociedade estamos todos diante dela e não uns
perante os outros e, por isso, esta, segunda linha, regulamenta as relações das partes com o
todo.
Quanto ao Direito, podemos afirmar que ele cumpre aqui as importantes funções de tutela
(procura tutelar os nossos direitos) e de garantia, mas também existe uma faceta sancionatória
(por exemplo, o direito penal).
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Nesta linha, estamos perante a justiça geral, que se traduz em tudo aquilo, que em nome
de todos, se pode exigir a cada um ou tudo aquilo que cada um pode exigir ao todo.
Estamos aqui, perante a justiça protetiva, uma que o Direito é aqui chamado a
institucionalizar formalmente, a limitar e a controlar o poder e, consequentemente a garantir a
situação dos particulares que com ele se confrontam.
Estes objetivos podem ser favoráveis, mas também podem visar os benefícios da própria
sociedade (como é o caso do Direito da providência e da assistência social, em que aparecemos
como beneficiários, mas também contribuir para determinados fundos (sociais)).
Quanto à modalidade de justiça, que se afirma nesta linha é a justiça distributiva que impõe
uma atuação de recolha e redistribuição de meio, como também uma justiça corretiva (tira-se aos
mais ricos para dar aos mais pobres).
A ordem jurídica é a ordem mais intensa e extensa da ordem social, senco constituída pelo
conjunto de normas (jurídicas) que regulam os aspetos mais relevantes da vida em sociedade e
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que se impõe pela sua coercibilidade. O Direito tutela as relações sociais que são necessárias
tutelar, por exemplo a infidelidade é tratada de modo diferente pelo Direito, consoante a relação
social em causa, pois é totalmente irrelevante quando acontece durante o namoro, mas
apresenta grande relevância se acontecer no casamento.
O Direito é assim, o domínio normativo que mais atinge a nossa esfera de
interesses, pois representa o poder institucional do Estado e regula os atos mais trívias da
nossa vida quotidiana em sociedade, sendo essencial para uma coexistência ordenada, pacífica
e justa do ser humano. Podemos, nesta fase, definir o Direito como um conjunto de normas que
visam regular a vida do ser humano em sociedade, harmonizando os seus interesses resolvendo
os seus conflitos pelo recurso à coercibilidade. Esta é a característica fundamental e
diferenciadora face às demais ordens normativas. Ao contrário, das outras ordens, a ordem
jurídica serve-se da coação como meio de garantir e impor o cumprimento das suas normas,
através do poder organizado e instituído para o efeito. A coercibilidade é, pois, característica
fundamental do Direito.
Não há Direito sem sanção, pelo que a coação, que é a ameaça da mal, de uma
sanção efetiva, requer a existência de um poder social organizado capaz de recorrer ao uso
da força, para obrigar as pessoas a cumprirem as regras de conduta, em prol da coexistência
pacífica e ordenada.
Sendo assim, a ordem jurídica implica a existência de certas regras ou nomas
com determinadas características. Tais normas, são as normas jurídicas.
Já o conjunto sistematizado dessas normas jurídicas de uma determinada comunidade é o
seu sistema jurídico.
Assim podemos concluir, que a ordem jurídica, instituída pelo Direito, tem
uma intenção normativa da realidade social, de acordo com um conjunto de valores que se
fundamentam na consciência ética da sociedade. A função de Direito é servir de modelo
ordenador das condutas do ser humano em sociedade de acordo com um critério de justiça.
A ordem jurídica como forma de ordenação da vida social, como sendo ordem normativa,
tem duas funções:
Cuida de si mesma, e como é obra humana e nós não somos perfeitos, tenta minimizar esse
facto. Auto organiza-se para que possa subsistir como um todo.
FUNÇÃO ORGANIZATÓRIA OU SECUNDÁRIA:
Como toda a criação humana a ordem jurídica tende a desorganizar-se, logo, tem que se
autodisciplinar e estabilizar.
Esta função volta-se para si própria, ou seja, para se auto-organizar e estabilizar, podendo
só assim subsistir.
Esta integra uma multiplicidade de exigências e elementos onde podem surgir
incompatibilidades, até porque as normas vão se modificando, logo os critérios podem não se
mostrar coincidentes com as relações se o comportamento, se compreender como
“constituendo”, ou seja, se o comportamento ainda não estiver vigente.
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A ordem jurídica será inadequada se permanecer estática, mas também não pode ser
sucessivamente aberta, caso contrário provocaria insegurança devido à não garantia de
previsibilidade que esta deve conter.
Estamos no domínio da praxis (união entre a teoria e a prática), assim sendo, terá de haver
uma relação ente a estabilidade e a evolução.
Não se podemos esquecer que existem critérios que se mantém formalmente em vigor para
além do seu tempo, pois insistem em permanecer mesmo quando já não respondem aos
problemas da vida juridicamente relevantes (normas caducas).
A ordem jurídica organiza os modos da sua própria realização, criando órgãos, quem
competem em diferentes funções: tribunais, órgãos administrativos, entidades privadas). Existem
assim uma dimensão orgânica desta função que diz como esses órgãos devem exercer tais
competências através de um processo que se repete FORMALMENTE através de um processo,
sendo este um conjunto DE ATOS ORDENADOS PARA A REALIZAÇÃO DE UM OBJETIVO .
Racionaliza a ação, controla os próprios órgão e controla o poder:
Define as posições do Tribunal e das partes, determina quando e como o tribunal deve
intervir.
Garante que o processo racionaliza a decisão, garante a visibilidade transparente e a
participação das partes.
Pode existir uma ordem jurídica sem critérios, as partes podem mobilizar diferentes
valenças adequadas aos seus problemas.
CONCLUSÃO
A ordem jurídica não define apenas uma normatividade, também se auto-organiza para
subsistir como ordem. Estabiliza a sua dinâmica para tal (por isso podemos dizer que a função
secundária é a mais importante). Existe uma relação direta entre a subsistência desta e a sua
mutação, pois a ordem jurídica tem de encontrar um equilíbrio. Podemos assim afirmar uma
diferença entre a historicidade e o historicismo.
JURÍDICA
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1. ORDEM : que tem como o fim coletivo de nos ordenar. por ser ordem evita contradições,
transmitindo segurança. Por exemplo: não se pode julgar hoje um caso de um modo diferente de
o de amanhã, sem que tenha por base uma analogia que justifique essa mudança. Caso
contrário, gera insegurança, sem nos proporcionar uma previsibilidade e igualdade na nossa vida
social. Esta é um todo coerente, traduz um esforço cultural para compensar o nosso carácter
deficiente e inacabado. É uma segunda natureza para nos corrigir! Visa asseguram uma
integração comunitária como sendo uma instância de controlo da vida comum, integrando-nos
assim, a partir do momento em que são comungados valores que são tidos como os adequados
na nossa comunidade nem determinado momento histórico.
2º) OBJETIVIDADE AUTÁRQUICA : a ordem apresenta objetividade. É própria da sua
natureza e da nossa, pois queiramos ou não, ela existe.
Esta é uma objetividade autossuficiente, e por isso se diz que é autárquica, pois subiste e
assenta nas suas próprias forças.
É legítima porque é criada para nós e por nós democraticamente. Ao nível do seu conteúdo,
tem uma objetividade dogmática, ou seja, uma objetividade que se instala indiscutivelmente.
Através desta partimos de pressupostos, caso contrário, não seria uma verdadeira opção. É
assim que funciona no horizonte da prática. Podemos não alcançar a verdade, mas vamos
eliminando todos os erros.
No âmbito da prática, o homem tem de agir, tem de tomar decisões, logo os dogmas de que
parte tem de ser reversíveis.
Se o homem vive inserido numa tradição cultural, não parte do nada! Este mobiliza a sua
experiência culturalmente transmitida, ou seja, a partir dos exemplos que este aprendeu ele
ensaiará novos passos. Assim sendo, não poderemos prescindir da dogmática, porque o homem
tem de decidir sem demoras. Podemos afirmar que toda a prática pressupõe uma dogmática,
ainda que esta esteja sujeita à crítica. Esta dogmática é uma decisão que nos remete ao poder, a
uma intervenção de uma autoridade, por exemplo um juiz. Esta decisão deixa de ser um discurso
consigo mesmo para passar a ser dirigido aos outros. A prática postula uma discussão das
controvérsias socias e para que arbitrária, terá de ser fundamentada.
CONCLUSÃO:
A ordem jurídica apresenta duas características: primeiro está é uma ordem, ou seja,
apresenta coerência, evitando contradições, logo preenche-nos com o sentimento de segurança.
Esta característica é complementada com outra, a objetividade. Através desta, sentimos que
a ordem jurídica existe, que tem consistência e objetividade, impondo-se perante nós,
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independentemente da nossa vontade, atuando sobre nós. Em suma, podemos afirmá-la como
objetividade autárquica, pois como podemos comprovar através as afirmações anteriores, esta
apresenta uma força própria, subsistindo dos seus próprios meios.
Podemos também afirmar que “nós” somos destinatários da ordem jurídica, sendo esta
também criada por nós para ordenar o nosso comportamento, tendo assim que a reconhecer
como legítima.
Não pode existir prática sem discussão de um pressuposto, o dogma não pode ser eterno,
tem de haver uma solução, ou seja, uma concretização deste. Este é reversível em função das
necessidades que vão surgindo, sendo as normas jurídicas também reversíveis, devido à nossa
evolução, apresentando uma evolução.
Tudo isto se projeta na autoridade, pois para a existência de uma decisão terá de existir
sempre uma autoridade de poder por detrás da ordem jurídica, sendo esta que nos impõe e
ordena as nossas ações.
A ordem jurídica traduz um esforço de racionalização, o homem invoca a razão quando não
se contenta com o dado e assim provoca:
do nada, ou seja, é lhe conferido um apoio, uma orientação e segurança. Este parte de um
esforço já feito.
A institucionalização impele a dispersão, devido às inúmeras possibilidades, porém se limita
as possibilidades, evita as contradições das mesmas.
Não poderemos esquecer que cada cultura representa uma restrição à liberdade do homem,
sendo necessária uma dialética. Ou seja, o homem cria instituições que limitam a sua liberdade,
mas e não fosse assim, a liberdade assumia-se a si própria, não se realizando esta.
Contrariamente a esta teoria podemos afirmar que as instituições estimulam o exercício da
própria liberdade, dando estabilidade ao homem e moderando-lhe os seus impulsos.
Podemos afirmar que, hoje o mundo está super institucionalizado, podendo asfixiar o
homem, deixando assim a instituição de estar enquadrada na liberdade. Existindo assim um
falecimento da liberdade, da autonomia e da comunidade- instituição.
EFEITO DA RACIONALIZAÇÃO : A ordem jurídica racionaliza os nossos comportamentos.
Esta também estabelece a razão, pois nós quando agimos, criticamos.
Nós criamos a ordem jurídica para que ela nos racionalize os nossos comportamentos,
fornecendo esta regras para que nós nos orientemos e para que saibamos viver em sociedade
uns com os outros. Assim sendo, o efeito da racionalização ordena o nosso comportamento.
EFEITO DE SEGURANÇA;
EFEITO DE PAZ;
EFEITO DE LIBERDADE;
CONCLUSÃO
Podemos assim concluir que a ordem jurídica é uma instituição, tendo esta como base a
segurança, onde o direito condiciona cada um de nós e deste modo, podemos prever os
resultados dos comportamentos dos outros, reduzindo os riscos da indeterminação do homem.
Contém também a liberdade, porém esta só existirá se o homem consentir limitar a sua (“a tua
liberdade acaba onde começa a do outro”).
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Todos temos o direito de nos submeter a certas regras, sabendo também o que é ilícito,
sabendo também que quem ultrapassa o limite do lícito, transpõem a barreira da sua liberdade.
O direito deve ser uma oposição aos obstáculos que surgem à realização de uma liberdade geral,
tendo como efeito final a projeção da paz: estamos em divergência uns com os outros, assim o
direito dá-nos uma lista de valores que nos integra, fixa meios para o seu cumprimento (critérios
de ação e sanção) e cria órgãos imparciais (processo, tribunais, institucionalização) para os fazer
respeitar.
O direito é uma via de substituir a força bruta por argumentos: num tribunal não é a força
que vinga, mas sim a razão dos seus argumentos.
ORDEM DE DIREITO
Nem todas as ordens são de direito, podendo ela até apresentar todas as características,
todas as notas, todos os efeitos e não ser ordens de direito (por exemplo a ordem nazi). A
circunstância da ordem jurídica ser uma ordem não garante que se lhe deva reconhecer o
sentido de direito. A compreensão do sentido do direito não é redutivel à mera soma de fatores
que o determinam historicamente. Para acedermos ao sentido de direito, temos que passar para
lá do fenómeno e ter uma intenção que se compreenda. A compreensão terá de se processar
perante a mediação de valores, podendo estes ser de adesão ou repulsa. Assim, ou os sentidos
vão sendo responsavelmente instituídos pela determinação realizada no horizonte cultural, tendo
passado pela historicidade do mundo da vida e atenta à problemática de compreender o sentido.
Esta compreensão é estabelecida através do diálogo entre todos nós, no sentido de
compreendermo-nos a nós mesmos no horizonte do que somos.
Não há direito sem ordem, sem a estrutura, sem as funções, as características e os efeitos
de uma qualquer ordem jurídica. Uma ordem ordenada pela eficácia não será uma ordem de
direito.
O direito tem uma carga axiológica que o homem assume, considerando-o positivo. Tem
também, um sentido que importa compreender, e um sentido que só pode ser compreendido num
universo significante (que nos faça sentido).
O QUE É O DIREITO para nós, num universo de valores pelos quais nos compreendemos?
O DIREITO E O ESTADO têm histórias diferentes. O Estado é uma invenção recente, por
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O DIREITO E A SOCIEDADE
O Direito não existe isolado, que atua na realidade social, sendo a sociedade o “campus” em
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necessitamos deles, devido às nossas necessidades ilimitadas. Perante este problema, o direito
afirma de que modo é válido a repartição desses mesmo bens.
Política: A organização estratégica da sociedade para se afirmar como tal,
define os seus próprios objetivos. O poder representa a sua encarnação.
Cultura: Sistema de valores referentes de significação humana. Agimos uns com os outros e
essa ação pressupõe uma fundamentação dada pela cultura. Uma espécie de tradição.
A política e o direito têm algo em comum, ou seja, ambas se alimentam do político (polis),
mas não se confundem porque o direito não se reduz à política e também não se reduz à
legislação, mas existem valores culturais onde o direito terá de ser vigente (válido e eficaz). É
através desta vigência e dessa validade está implícita um conjunto de valores do direito.
O direito para tem de ser obrigatoriamente vigente, ou seja, válido e eficaz. Isto é, para os
valores culturais bastava a validade, mas sem a eficácia, não seria vigente, logo não seria de
direito.
Isso remete-nos para uma função específica do direito na sociedade.
Normas Obsoletas: estas são obsoletas quando deixam de ser eficazes. Foi colocada a
vigorar, mas perdeu a sua dimensão sociológica,
Estas normas situam-se dentro dos limites normativos temporais, pois a legislação tem
limites e vários situam-se dentro destes dois tipos de normas.
Função da Validade: “para quê” do direito, “porquê” do direito. O direito é
uma opção nossa, nós precisamos de regras, mas estas podem não ser de direito. O direito
só emerge se nós desejarmos e não são necessárias 3 condições (mundanal, sociológica e ética)
– O Estado de Direito
Fator Antropológico:
o modo como o homem se compreende num dado momento histórico. O pré-moderno
limitava-se a declarar o que lá estava, considerando-se um indivíduo que não se conseguia
repartir mais, criando assim uma norma. Este entende que não vive inserido em uma ordem que
se limita a observar e a declarar. Mas a partir de si mesmo, pretende construir uma nova ordem.
Este fator contribui para o positivismo, já que era através da legislação que se legislava.
Fator cultural:
São redutivismos tipicos do homem moderno. Já a historicidade implica uma dialética entre
uma situação do presente e do passado. O homem moderno caiu no historicismo, passando a
instituir uma ordem nova, mas tendo em conta apenas o presente e o futuro, rompeu como o
passado através da legislação. O racionalismo absolutizou-se, um tipo de racionalidade
(axiológica dedutiva) da perspetiva existia o simbolismo judiciário: tinhamos primeiro uma norma
e depois tinhamos os factos. Para se chegar a essa conclusão o julgador era substituível, pois já
estava tudo nas premissas e a conclusão era sempre a mesma.
Fator Social:
O homem moderno autonomizou os seus interesses económicos e entendeu que era titular
de um conjunto de valores económicos e entendeu que era titular de um conjunto de valores
económicos. Entrariam assim, em confronto uns com os outros através da legislação reconhecia
a cada um, um conjunto de direitos económicos. Através do homem moderno, surge o fator
político, apenas se relacionando através do contrato social, onde aceitavam limitar a sua
liberdade para poder possibilitar as outras possibilidades.
O contexto ideológico (as ideologias liberal e democrática)
LIBERAL: existiam direitos naturais anteriores à comunidade, logo tinham de ser
respeitados
DEMOCRÁTICA: (Revolução Francesa) – a vontade geral é a soma das vontades de todos.
Como era difícil conhecer as vontades de todos tinhamos a da maioria. Logo, era o parlamento
que representava.
O fator político: a Revolução Francesa
CONCEÇÃO DO DIREITO, PROJETADA NA LEGALIDADE
A Escola Histórica
O POSITIVISMO EPISTEMOLÓGICO
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Modalidades de existência:
O modo de existência por vigência
A vigência é a modalidade de existência da normatividade jurídica. Enquanto síntese do
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modo de ser do direito a categoria “vigência” tem ainda um decisivo significado prático, que se
manifestará tanto no âmbito do problema das fontes como no da metodonomologia. A vigência
do direito, de que nos ocupamos, é uma categoria paralela à vigência da cultura, latu sensu.
Uma cultura diz-se vigente quando for efetiva dimensão da existência comunitária, isto é,
quando se apresenta como determinada na comunicação intersubjetiva que têm lugar no
horizonte que ela vai desenhando.
Ora, a cultura não existe como pedra, pois ela, nasce, evolui, e morre. Uma cultura é vigente
quando se manifesta como uma dimensão determinante da nossa auto compreensão e da
compreensão dos outros e do mundo.
Por exemplo, o direito medieval não é vigente porque não se afirma como uma instância
reguladora dos problemas juridicamente relevantes suscitados pelo nosso atual encontro
mundanal, pois, a vigência normativo-jurídica afirma-se num espaço e num tempo determinados.
Para precisarmos melhor a categoria da vigência, recordaremos ser o direito “um dever-ser
que é”. Esta forma é lógico-analiticamente contraditória, mas revela-se perfeitamente inteligível
de um ponto de vista prático-argumentativo (em que o dever-ser se realize sendo, e que a
vigência é precisamente este modo de existência de um dever-ser). A cultura é um conjunto de
exigências de sentido normativo que possibilita a nossa comunicação. E o direito é,
simultaneamente, uma específica normatividade e uma instância reguladora dos problemas
juridicamente relevantes suscitados pelo nosso encontro mundanal (por isso, os princípios
normativos só são vigentes quando traduzem uma validade intencional socialmente encarnada).
Por isso, há culturas que foram mas já não são, tal como podem permanecer expressões de um
direito formalmente subsistente, mas prático intencionalmente superado (normas obsoletas e
caducas).
Portanto, a vigência tanto cultural como jurídicas são a subsistência histórico- social de uma
normatividade, ou de forma mais explícita, a vigência é aquele fenómeno ou modo de ser do
normativo que se verifica quando uma validade e um regulativo normativo são assumidos
vinculativamente e informam praticamente, como sua dimensão culturalmente real, a vida
histórica de uma determinada comunidade social.
Quando estão em causa o seu conteúdo, os princípios e os valores. O direito será válido
quando traduzir os valores que nós, enquanto comunidade organizada, nos revemos.
Qualquer norma se fundamenta num princípio e quando esse principia já não é aquele em
que a comunidade se revê, então estamos perante uma norma caduca.
Dimensão Sociológica: Eficácia
Dimensão factual, dom domínio do empírico. Dimensão real do Direito. Uma norma de
Direito perde eficácia quando a realidade já não a convoca para a resolução dos seus
problemas, torna-se obsoleta.
Agressões à Ordem Jurídica:
NORMAS CADUCAS: perdem a vigência quando deixam de ser válidas.
NORMAS OBSOLETAS: perdem a vigência porque perdem a eficácia.
A definição de vigência apresenta-se dialeticamente, uma face ideal, que é a validade e uma
outra, a empírica ou factual que é a eficácia. Devido a isto, o direito é um dever-ser que é.
O direito vigente não existe como pura idealidade, pois a este, falta tanto a radicação na
história como o compromisso prático, isto é, a vigência acrescenta à validade o momento de
realidade da existência histórica, que tende a estabilizar-se na institucionalização. Mas o direito
vigente não é também apenas aquele que tenha de considerar-se eficaz, em virtude da força do
poder capaz de o impor. Se assim fosse, toda a violação dos critérios jurídicos impostos
traduziriam a preterição da respetiva vigência, só que não estamos perante a esfera das
chamadas expectativas cognitivas, em que a preterição pelos factos de uma expetativa deste tipo
corresponde à respetiva refutação. O âmbito em que nos situamos é o das chamadas
expectativas normativas que, diferentemente são CONTRAFACTUAIS, aqui podemos afirmar
que os factos que as desrespeitam não as anulam, ou seja, não são bastantes para retirar
vigência à validade em que radicam.
Quando é violado, o direito vigente perde naturalmente a eficácia. Mas remete igualmente a
vigência para uma exigência de sentido, acrescentaremos ser basicamente como tal (como
exigência de sentido e como normatividade como dever-ser) e não como puro facto que o direito
vigora.
Isso mostra que o direito tem uma realidade não de pura factualidade, mas cultural. E daí a
dificuldade em aprender o conteúdo da vigência. É fácil falar de factos palpáveis, mas já não o é
quando nos confrontamos com intenções apenas compreensíveis como a vigência tem na
validade que integra.
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Por outro lado, a dialética/lógica que entretece (trama) a vigência mostra-nos que só
estaremos diante do direito se justificadamente o puderem dizer positivo.
Tanto a cultura como o direito vigente admitem preterições que suportam, num certo grau,
transgressões, o que bem se compreende por serem fundamentalmente as suas existências de
valor e não de facto.
Com efeito, quando um valor é desprezado não concluímos que esse valor evaporou. Ou
seja, quando A mata B não afirmamos que o valor da vida pereceu. E é assim porque, como
sabemos, a normatividade, enquanto intencional validade, não se reduz à meramente fática
socialidade, embora tenha, decerto no social um seu pressuposto estrutural.
Os valores que densificam o segmento de validade constitutivo da vigência toleram, pois,
com uma certa margem, preterições. Todavia, quando há existência de homicídios, de furtos ou
de burlas não significa que os valores que materialmente fundamentam os bens jurídicos
tutelados pelos referidos tipos legais de crime se tenham perdido.
Os valores integrantes da vigência só avultam de uma forma explícita nas suas preterições.
Todavia, quando as exigências axiológicas que o constituem são continuamente violadas,
estamos perante intenções de validade que deixaram de ser eficazes e que, decorrentemente,
perderam a vigência. Ou seja, isto quer dizer que se um valor concreto deixa de ser, em
determinado grau, condicionante dos comportamentos intersubjetivos, perde a eficácia e,
portanto, por essa via perde vigência.
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Direito Subjetivo: Compreende-se na faculdade agir dentro das regras do direito, nasce na
vontade individual. Basicamente é o poder que as pessoas têm de fazer valer os seus direitos. É
o poder jurídico, reconhecido pela ordem Jurídica a uma pessoa, de livremente exigir ou
pretender de outro um comportamento positivo, ou negativo, ou de por um ato de livre vontade.
Nós não somos apenas destinatários do direito, também o titulamos. Titulamos direitos que
podemos usufruir e impor a outras pessoas, visto que temos a mesma legitimidade para dispor.
Os direitos subjetivos revelam poder e dever. Está sempre ligado a uma pessoa e exige o direito
objetivo que está na lei. Contudo, o direito subjetivo é a prerrogativa do indivíduo invocar a lei na
defesa de seu interesse, estes direitos encontram proteção na norma. É o direito objetivo que
confere às pessoas direitos subjetivos.
DIREITO PÚBLICO – O Estado está acima do particular, existe uma relação vertical,
estabelece-se uma hierarquia. Todos os particulares são sujeitos ao rigor estabelecido pelo
Estado através das normas imperativas. A essas todos estão subordinados porque o Estado é
formado do povo e para o povo, representa a colectividade em interesse de todos, acima do
desejo particular de cada um de nós. Para governar e administrar a justiça usa-se normas, leis
imperativas – cogentes que normatizam e regulam condutas e a força, caso seja necessário. A
legislação é obrigatória e superior, não há liberdade se a seguem ou não, todos estão sujeitos,
não existe autonomia da manifestação da vontade. O Estado age assim para cuidar de todos.
Não dá nenhuma liberdade de escolha, existe sanções caso essas não sejam cumpridas.
Exemplos: Direito Penal e Direitos Processuais [estabelecem normas de condução dos
procedimentos] e Direito Constitucional e a jus cogens. Para evitar o caos, essas normas são
prepotentes e caso o particular quiser propor acções, que é uma escolha- segue-se normas
procedimentais operadas pelo Estado.
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personalidade plasmados no Código Civil, artigo 70º e ss.). O titular do Direito subjetivo tem o
direito, o poder de exigir aos outros uma conduta omissiva.
DIREITOS POTESTATIVOS (modalidade de direito Subjetivos), o respetivo titular pode
exercê-los sem que a outra parte, a outra pessoa, possa fazer algo para obstar para que isso se
verifique (ex: divórcio).
As diferentes épocas históricas podem valorizar mais os direitos objetivos ou os direitos
subjetivos, hoje em dia, a nossa época histórica, é mista, logo as DIFERENTES
MANIFESTAÇÕES DE SOCIEDADES . Por um lado, somos titulares de direitos subjetivos, mas
não podemos “ABUSAR ” destes, não podemos exceder os limites (artigo 334º CC – abuso de
direito).
Até à época moderna, até ao normativismo moderno iluminista, os direitos subjetivos não
tinham grande importância, só mais tarde o homem começou a centrar-se em si. Hoje, estamos
numa época mista, onde, ao contrário do positivismo, vivemos uma superação provada.
Podemos ser titulares de direitos subjetivos, mas não podemos abusar deles.
O Direito Subjetivo traduz a existência lógica duma conceção do mundo que é própria do
individualismo. Foi nos seculos XVII XVIII, com a Escola Racionalista do Direito Natural, que se
afirmou a noção do direito subjetivo como faculdade ou poder inato do indivíduo, anterior à lei
com o positivismo jurídico, deixou de ser uma categoria, fundante e transformou-se numa
categoria fundada no sistema de normas que caracteriza o ordenamento jurídico positivo.
Define-se o Direito Subjetivo não como reconhecimento, mas atribuição, por uma norma
jurídica, duma faculdade ou poder.
Impõem-se, todavia, uma referência crítica às doutrinas que procuram determinar a natureza
dos direitos subjetivos. Destaca-se a:
TEORIA DA VONTADE – tem a sua origem em origem em Savigny que, apoiando-se na
filosofia de Kant da autonomia da vontade e refletindo um ponto de vista jurídico-político liberal,
concebeu o direito subjetivo como um instrumento que permite a liberdade de ação, o livre
desenvolvimento da vontade autónoma (por isso, a propriedade constitui o primeiro dos direitos
subjetivos)
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A sua expressão final pertence, no entanto, a Windscheid que entende ser o direito subjetivo
o poder da vontade reconhecido pela ordem jurídica, é a vontade juridicamente protegida. Este
reconheceu que a vontade não é psicológica, mas normativa, é a vontade do ordenamento
jurídico.
TEORIA DO INTERESSE – o Direito Subjetivo é constituído por dois
elementos igualmente importantes: um, formal (a proteção ou tutela que a lei confere); o
outro, material (o interesse entendido em sentido amplo: suscetível ou não de avaliação
pecuniária).
IHERING substitui a noção psicológica de interesse por um conceito mais vago e flexível: o de
interesse médio, ou seja, predominante numa determinada sociedade.
TEORIA NORMATIVISTA – elaborada por Kelsen, este considera que o
direito uma técnica peculiar de controlo social em que o único elemento juridicamente
relevante é a forma, a proteção e não a substância, o conteúdo: numa palavra, a norma (o
DEVER-SER ) e não os factos (o ser).
Com efeito, uma norma jurídica (direito positivo) estabelece um dever e aquilo, a que se chama
direito subjetivo, não é senão um simples reflexo, uma consequência desse dever (uma norma
jurídica – direito positivo – determina que o devedor deve cumprir a sua obrigação ao credor; de
contrário, um órgão do Estado (o tribunal) deve aplicar-lhe uma sanção. Se esta aplicação
depender da declaração de vontade do credor, dir-se-á que este tem um direito subjetivo.
Também o direito de dispor livremente das nossas coisas (direito de propriedade) não é mais do
que o reflexo subjetivo da norma que estabelece o dever jurídico de os outros não interferirem
(obrigação passiva universal). As coisas tornam-se nossas, precisamente em virtude desse dever
de abstenção que recai sobre os outros).
Há direitos subjetivos que carecem de proteção; e há casos em que a uma ação judicial pode
não corresponder um direito subjetivo (a ação declarativa de uma simples apreciação). Não
menos incisiva é a crítica de que há, nesta teoria, nesta teoria, uma abdicação valorativa, pois o
direito reduz-se a uma simples técnica de controlo social neutra: os valores, que não foram
admitidos pelo direito positivo, não se questionam e, por isso, não tem sentido falar-se de justiça;
e tão pouco valerá invocar os direitos inalienáveis ou protestar contra a falta de direitos de alguns
grupos étnicos, porque o Estado (único legislador) os pode retirar ou não criou.
nas situações de prevalência das composições de interesses. E, assim, define o direito subjetivo
como um mecanismo de regulamentação, tutelado pelo Direito, que consiste na concreta
situação do poder que se reconhece a uma pessoa em sentido jurídico de intervir
autonomamente na esfera jurídica de outrem.
Em suma
WINDSCHEID (teoria da vontade) e IHERING (teoria do interesse) CONCEDEM O
DIREITO subjetivo ora como um poder da vontade para a satisfação dum interesse ora como um
interesse protegido através dum poder que se reconhece à vontade.
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centrou.
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LIBERALISMO RADICAL traduzido pela OBSERVÂNCIA . Mais do que isso, um direito subjetivo
legitimamente tutelado deverá ser exercido em consonância intencional com a SUA
FUNDAMENTAÇÃO COMUNITÁRIA e não o ABUSO DE DIREITO .
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Princípios de Direito
O que não são? Os Princípios normativos NÃO SÃO NORMAS , pois não visam dar uma
solução imediata a um problema, antes indicam o caminho a seguir para se atingir essa mesma
solução, na medida em que indicam o sentido prático que essas soluções devem assumir. São,
por esta razão INTENÇÕES PRÁTICAS CONSTITUTIVAS DO DIREITO , ou seja, conceitos
indeterminados, mais amplos do que as normas e mais abertos a novas soluções. Também não
pertencem ao âmbito de Direito Natural, pois enquanto estes são imutáveis, os princípios
normativos são extraídos de uma noção de Direito Vigente numa determinada comunidade. Em
suma, não são normas, não são provenientes do legislador, não são princípios gerais de Direito e
não são princípios de direito natural.
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⮱ DA CULPA,
⮱ DA CONFIANÇA )
Princípios Positivos:
Resultam da vontade do legislador. São princípios que decorrem de estarem impostos numa
norma. São revogáveis e resultam da lei. Quando o princípio ESTÁ CONSAGRADO NO
SISTEMA JURÍDICO em causa, é um PRINCÍPIO NORMATIVO POSITIVO (exemplo:
liberdade contratual).
O Princípio da Boa Fé (762º CC), este impõe que as partes adotem uma conduta
honesta e leal.
Princípios Transpositivos:
São VÁLIDOS PARA UM RAMO DE DIREITO , e não para o seu todo. Não são
revogáveis. Caracterizam um determinado ramo do Direito. Dão especificidade a esse ramo do
Direito. No âmbito de direito criminal temos o Princípio do “IN DÚBIO PRO REU”, que
individualiza este ramo do Direito. Este Princípio é um Princípio positivo e transpositivo.
São princípios que dão marca de contraste. Por exemplo, em Direito da Família temos o
princípio basilar da IGUALDADE DOS CÔNJUGES , também este sendo um Princípio
Positivo e Transpositivo.
Princípios Suprapositivos:
São FUNDAMENTOS de toda a OJ, impondo-se a toda ela. NÃO PODEM SER
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REVOGÁVEIS.
Radicam, POLARIZAM NA PRÓPRIA IDEIA DO DIREITO , mesmo que não
estejam consagrados no ordenamento jurídico, estão sempre presentes, estando para além da
positivação. Exemplo, PRINCÍPIO DA LEGALIDADE , sendo este positivo, transpositivo
e suprapositivo.
Onde se formam?
Formam-se na CONSCIÊNCIA, ou seja, na COMUNIDADE DE VALORES , ou seja, a
partir dos PROBLEMAS que vão surgindo na comunidade, dos grandes problemas sociais.
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importante. Por detrás de uma norma, há sempre um PRINCÍPIO NORMATIVO que por
sua vez tem a sua ORIGEM NOS VALORES em que uma determinada
COMUNIDADE se revê num determinado MOMENTO HISTÓRICO . Se eu resolver
um caso através ou com RECURSO A UMA NORMA , ou utilizar, ao chamar a norma,
estou também a chamar um ou MAIS PRINCÍPIOS SUBJACENTES a esta norma e
também AO SENTIDO DO DIREITO .
É composta por uma previsão e por uma estatuição (artigo 131º CP). O legislador ao criar
uma norma antevê que pode ocorrer uma determinada situação e uma determinada
consequência (533º CC).
É esta a ESTRUTURA LÓGICA da norma.
Por um lado, resulta de uma decisão que o legislador teve que tomar existe aqui uma
AUTORIDADE porque decide na situação a RESPETIVA CONSEQUÊNCIA:
Uma norma ganha sentido adequado quando referida ao seu específico fundamento de
validade, ou seja, ao princípio prático-normativo em que se baseia. É o instrumento fundamental
DA AFIRMAÇÃO DO DIREITO . Por exemplo, temos o ARTIGO 8º, Nº2 DO CC .
A norma é um CRITÉRIO GERAL E ABSTRATO que resulta da
NECESSIDADE DE DAR RESPOSTA a um problema que reclama do Direito uma
solução, tornando-se assim UM CASO CONCRETO.
A norma constitui um CRITÉRIO ORIENTADOR PARA A SOLUÇÃO
JURÍDICA de um determinado problema prático-concreto, possível através da objetivação de
uma das possíveis determinações do princípio jurídico em que se fundamenta. As normas são
expressão de uma normatividade e têm uma objetividade intencional, não sendo estas
premissas, mas sim juízos de valor e critérios de orientação. Atrás da norma está o seu momento
de validade, por isso, temos de avaliá-la olhando para a sua validade e para a sua finalidade. Em
suma, a norma jurídica pode ser olhada como uma “REGRA DE COMPORTAMENTO ”,
ou um CRITÉRIO ORIENTADOR DA AÇÃO .
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Se há algo que não está preenchido pela lei, há uma lacuna -> Casos Análogos -> Quando
não há casos análogos o juiz tenta encontrar uma solução como se fosse o legislador, cumprindo
todos os princípios do direito. Veste o manto de legislador
∞ A decisão não constitui norma e só tem validade para aquele caso particular e
concreto.
Há certos tratos do sistema mais relevantes que outros mas caso a caso, cada um dos
extratos tem um PESO DIFERENTE E ESPECÍFICO , por exemplo: Até há 20 anos atrás
a adoção plena não existia em Portugal para pais com mais de 60 anos, mas no entanto, um juiz
tomou essa decisão SEM NORMAS OU JURISPRUDÊNCIA que lho permitissem fazê-
lo USANDO A DOUTRINA MAIS RELEVANTE DO DIREITO DA FAMÍLIA .
JURISPRUDÊNCIA
Momento de REALIZAÇÃO JUDICATIVO-CONCRETA da
NORMATIVIDADE JURÍDICA através das DECISÕES DOS TRIBUNAIS . As
SENTENÇAS , os PRECEDENTES fazem parte deste SISTEMA JURÍDICO .
FUNÇÕES
Contém, no seu conteúdo, uma REALIZAÇÃO JUDICATIVO-DECISÓRIA DA
NORMATIVIDADE JURÍDICA vigente, RECONSTRUINDO-A , ou seja, esta
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DOGMÁTICA/DOUTRINA
Reproduz o resultado da atividade DOS AUTORES JURÍDICOS que descrevem o
DIREITO VIGENTE , fazem uma EXPOSIÇÃO de um determinado ramo do Direito. Para
além de o sistematizar (CRIANDO CONCEITOS ), também fornecem MODELOS
PRÁTICOS que nos ajudam, a nós juristas, porque DESONERAM DE INICIAR A
QUESTÃO a partir do seu fundo.
indivíduos, ou seja, este é um estatuto que fixa critérios e implica que tudo o que é novo seja
colocado em discussão.
FUNÇÃO DINAMIZADORA: É proporcionada pelas decisões que podem
sustentadamente arriscar-se a partir do anteriormente adquirido (novos dogmas), pois
aqui a sociedade é considerada o “grande legislador”, ou seja, é o momento da progressão do
Direito.
FUNÇÃO DESONERADORA : Traduz-se no facto da dogmática
fornecer continuamente pontos de referência ao jurista, dando-lhe bases para fundamentar as
suas decisões, libertando-os de uma problematização sem fim.
FUNÇÃO TÉCNICA: Fornece continuamente novos conceitos, novos quadros
organizatórios, novas referências de sentido que vão orientar o jurista no seu concreto
decidir, ou seja, fornece quadros simplificadores e racionalizadores.
FUNÇÃO DE CONTROLO : Esta apresenta-se como viabilizadora de uma mais fáceis
lograda RACIONALIZAÇÃO DAS DECISÕES JUDICATIVAS que
institucionalmente se vão impondo, ou seja, as decisões SÃO AFERIDAS pelo próprio
sistema.
REALIDADE JURÍDICA
A realidade jurídica NÃO É apenas O CAMPO DE APLICAÇÃO DO DIREITO ,
pois esta perfila-se como uma verdadeira dimensão constitutiva, ao mesmo tempo que traduz o
momento de AÇÃO HISTÓRICA DA NORMATIVIDADE . Isto porque, a realidade
concreta requer continuamente do Direito NOVAS SOLUÇÕES PARA OS
PROBLEMAS JURÍDICOS CONCRETOS , o que obriga o sistema jurídico a
reconstituir-se e consequentemente a evoluir. A realidade jurídica CRIA INSTRUMENTOS
JURÍDICOS e dá-lhe corpo assim como tem bastante importância na DIFUSÃO DOS
VALORES .
Por exemplo, existem certos tipos de contratos que podem ser muitas vezes repetidos,
CRISTALIZAM-SE , existindo por isso a INFLUÊNCIA DO MUNDO económico,
político, cultural, no mundo jurídico, a título de exemplo existe uma progressiva
AUTONOMIZAÇÃO DE CERTOS INSTITUTOS como a responsabilidade civil
baseada nos riscos, nos contratos de adesão, entre outros.
DIMENSÃO PROCEDIMENTAL
Esta remete para a FUNÇÃO SECUNDÁRIA OU ORGANIZATIVA DO
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“ O SISTEMA JURÍDICO…”
É a organização que, quando surge, UM PROBLEMA , este se ocupa dele e visando
dar-lhe uma resposta (o SJ contém os extratos).
está sempre a evoluir e a ser reconstituído. Se não ocorrer uma histórica reconstituição, o direito
deia de ser eficaz (perde a vigência). Muitas vezes, não é necessário alterar a lei, mas sim a sua
interpretação, que ganha força através da jurisprudência.
“… REGRESSIVA ”
Quando o direito dá uma resposta a um caso actual é regressivo porque diz respeito a um
facto que já está presente anteriormente.
“… A POSTERIORI”
Hoje em dia
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Por exemplo, num sistema legislativo como o nosso apenas são fontes de Direito os
modos de constituição que a lei reconheça como tal. A lei afirma-se como fonte
principal e determinante do Direito, e só ela pode legitimamente atribuir relevo a
outras fontes.
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MOMENTO DE VALIDADE:
O Direito para ser vigente tem que respeitar A AXIOLOGIA que vigora na comunidade,
tem de equacionar esses valores em que a comunidade se revê. Possibilita-se assim, a
emergência do problema juridicamente relevante e impõe a RESPETIVA SOLUÇÃO .
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Aqui percebemos em que tipo de sistema nos encontramos, embora não existam
sistemas puros (só grande parte do Direito é criado pelo legislador, não todo)
NA INSTÂNCIA LEGISLATIVA:
É a PRINCIPAL por razões políticas, sociológicas e funcionais. Num SISTEMA
LEGISLATIVO , como o caso do SISTEMA PORTUGUÊS , o legislador cria quase todo
o Direito. Porém, se há coisas que só a legislação pode fazer, há outras que a legislação não
pode fazer. Existem limites à criação da legislação que podem ser:
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LIMITES NORMATIVOS INTENCIONAIS: Este surge quando temos um problema e temos uma
norma/(s) legal e adequada à resolução do caso. No entanto, a norma é geral e abstrata e o caso é concreto e específico.
Existe assim, uma distância que ocorre entre a relevância do caso e a intencionalidade legal da norma. Sendo esta distância
uma tensão entre as duas. As normas jurídicas legais nunca fornecem a solução para problemas concretos, sem esforço e
dor. É o jurista que se predispõem-se a esse “trabalho”, dado que tem de haver uma entidade que articule na maneira de
adequar.
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AS NORMAS CADUCAS
Perdem a vigência por terem perdido a validade, ou seja, estão formalmente em vigor, mas,
devido, À EROSÃO DA HISTÓRIA , os princípios e a axiologia em que essas normas se
fundam já NÃO SÃO OS VALORES EM QUE A COMUNIDADE SE REVÊ .
- LIMITES NORMATIVOS DE VALIDADE : se a norma romper com os princípios
FUNDAMENTAIS do ordenamento jurídico vigente, é normativamente inválida.
MOMENTO DE OBJETIVAÇÃO:
Depois de ser criado, passa a integrar o CORPUS IURIS no âmbito deste momento,
passando a vigorar. Este momento é o pressuposto decisivo da respetiva e irrenunciável
vigência. Só estaremos diante de Direito quando uma específica validade se afirmar
societariamente eficaz, o que decerto POSTULA A INTEGRAÇÃO , pois a
SISTEMATICIDADE é um definidor da juridicidade e compreendemos que ela implica a
positividade.
QUESTÃO PRÁTICA:
METODONOMOLOGIA
Palavra grega que indica: o caminho (ODOS) percorrido pela decisão judicativa
(NOMOS) para que ela atinja o seu objetivo (META) que é a RESOLUÇÃO , em termos
NORMATIVAMENTE ADEQUADOS , do PROBLEMA CONCRETO (LOGOS ).
OBJETIVO DA METODONOMOLOGIA:
→ A metodologia jurídica tem por objetivo a prático-normatividade
racionalizada da realização judicativo-concreta do direito
→ A metodologia jurídica tem para o jurista uma importância decisiva,
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Dimensão Histórica: Voltada para o passado, que esteve na base da procura do direito germânico
consonante com o espírito germânico consonante com o espírito prussiano, basicamente em textos
de direito romano, e contribui para instaurar um método PURAMENTE EXEGÉTICO .
Dimensão Sistemática ou Filosófica: Determinou a compreensão do direito como uma
UNIDADE ORGÂNICA de instituições com um SENTIDO HISTÓRICO SOCIAL
COERENTE.
Dimensão Prático-Normativa: Traduziu A AUTONOMIZAÇÃO DO MOMENTO da
aplicação concreta.
Este último método veio a ser alvo de uma dupla crítica por parte do pensamento jurídico:
𝖲 Uma de carácter empírico, mostrou que, no plano da realidade as coisas não decorriam como se
afirmava. As componentes do juízo do julgador eram mais prático-valorativas do que lógico-
axiomáticas.
𝖲 Outra de carácter metodológico, assumiram que, no plano desejável, as coisas não
deveriam ser como se sustentava: emergiram então correntes que desvelaram não passar a norma de
eventual pressuposto do direito juridicamente realizando.
ORIENTAÇÕES PRÁTICAS
ESCOLA DA LIVRE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA DO DIREITO
(LICD): de Gény, empenhou- se em CRITICAR O POSITIVISMO EXEGÉTICO . Na
pátria do legalismo ousou dizer que a lei era lacunosa, que os problemas da vida extravasam o
quadro por ela instituído e que se impunha, portanto, repensar o paradigma discursivo
consagrado. Todavia, dentro dos limites em que a lei, pudesse operar, deveria ser
INTERPRETADA EM TERMOS SUBJETIVISTAS , privilegiando-se a vontade
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histórica do legislador. Por outro lado, Gény simpatizou-se com a ideia de que a vida NÃO
ERA DEDUTIVEL AOS ESQUEMAS DA CIÊNCIA EMPÍRICO-ANALÍTICA e
a abrir-se à restauração do direito natural. Na linha de Emile, A REVELAR A DECISIVA
IMPORTÂNCIA SOCIOLÓGICA PARA O DIREITO e inspirado pelo
DOGMATISMO EXEGÉTICO e não descurar as tradicionais questões da construção e
sistematização típicas do positivismo jurídico.
Gény reabilitou O COSTUME COMO FONTE DE DIREITO . Reconheceu a
importância das autoridades da MODELAÇÃO DO DIREITO PRIVADO POSITIVO
e inovou a natureza das coisas PARA SUPERAR AS LACUNAS DO SISTEMA
LEGAL . Também defendeu que a normatividade jurídica só poderia ser compreendida por
referência a uma “PAZ CONCEITUAL ” articulador da mencionada base fisiológica com a
específica modalidade de aplicação metodológica que a caracteriza:
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a lei devia ser interpretada e aplicada em consonância com o PANO DE FUNDO entretecido
pelos dados.
TEORIA DA INTERPRETAÇÃO:
tem como objetivo a vontade normativa do preceito interpretando, a que se devia
obediência e que a letra da lei apenas poderia desvelar, era obrigatório identificar, os interesses
causais da norma.
Estamos perante uma interpretação histórica, de carácter subjetivista: uma vez que o
sentido prático-normativamente relevante do critério interpretando era o correspondente à sua
vontade normativa, aquela interpretação histórica projetava-se num subjetivismo teleológico.
1º nota: a fundamental pressuposição da vontade normativa do critério interpretando
implicava a superação do modelo lógico-dedutivo. A determinação da relevância do critério
impunha uma criteriosa investigação e ponderação dos interesses. Por seu turno, o caso-
problema só seria normativo-juridicamente admissível se e quando o conflito de interesses
decidido pelo legislador na norma fosse semelhante ai admissível e quando o conflito de
interesses decidido pelo legislador na norma fosse semelhante ao conflito de interesses
constitutivo da controvérsia concreta.
Assim, estes dois pólos discursivos eram relacionados por mediação de um juízo
analógico apesar da resistência ainda pela terminologia heckiana que contrapunha a
decisão legal do conflito à decisão judicial do caso.
aplicação formalmente contra legem, mas para respeitar a vontade normativa material contra o
teor formal da norma.
CRÍTICAS À JI:
Na perspetiva sociológica, a JI não ofereceu uma proposta elaborada, pois considerou
apenas os interesses em situação de conflito, esquecendo que eles podem apresentar-se
também mais ou menos extensa e intensamente em harmonia.
Na perspetiva sociológica, só considerava os interesses em conflito, partindo assim da ideia
de que estariam sempre em conflito o que não é verdade. Podem também estar em harmonia
Na perspetiva sistemática, não entendeu o sistema jurídico como uma pluralidade de
extratos, reduziu-o este sistema jurídico às normas jurídicas legais, ou seja, não compreendeu
bem a problemática do sistema jurídico, apenas revelou o seu sistema interno.
Criteriológica, o criador tem de ganhar distância da criação para poder analisar melhor. O
interprete conhece melhor a norma do que o próprio legislador e JI não ganhou esta distância.
O direito não tem apenas uma dimensão real, mas tem também uma dimensão espiritual (de
valores), que a JI apenas considerava quando nela estivessem contidos fatos sociais,
esquecendo-se da parte axiológica como a confiança, a responsabilidade, entre outros.
JURISPRUDÊNCIA DA VALORAÇÃO
As duas primeiras dimensões manifestam-se num sistema normativo, as outras duas são
convocadas por um problema prático. A dialética entre o sistema e o problema numa intenção
judicativa da realização normativa é, pois, a racionalidade jurídica a considerar.
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Ao jurista compete atingir a normatividade jurídica das normas jurídicas suscetiveis de lhe
disponibilizar um critério normativo jurídico fundado na norma e adequado ao problema. Por isso,
o jurista deve concentrar-se no decidendo problema jurídico.
Na perspetiva tradicional o que se interpretava era a norma-texto. O que importava era fazer
um exercício exegético, isto é, retirar o sentido semântico das palavras.
Esta norma-texto era constituída pela letra e pelo exercício (composto por diversos fatores:
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históricos, sistemático e teleológico). Aqui, o elemento gramatical (a letra, corpo da lei) era o
elemento determinante na interpretação jurídica. Contudo, a partir da jurisprudência de interesses
o elemento gramatical passou a ter um valor meramente indiciário, passando a existir o elemento
teleológico como predominante.
Na perspetiva prático-normativo, o que se interpreta é a norma-problema, ou seja, o jurista
decidente não se importava a norma enquanto corpus semântico, mas sim importava na norma
era o que ela resolvia.
dado que uma norma tem sempre um telos e um arqué. Por isso, ao valorarmos o princípio em
que a norma se funda estamos a atender ao fim prático, ao seu objetivo.
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Por outras palavras, ao contrário da perspetiva tradicional (hermenêutica- cognitiva) centrada na norma-texto,
onde o papel preponderante era o gramatical, e o jurista desempenhava um papel pouco relevante, é contrária à
atualidade, dado que hoje adotamos uma perspetiva prático-normativa, onde o que importa saber é que tipo de
caso(problema) é que a norma jurídica visa resolver.
Já não se polariza na norma-texto, mas sim na norma-problema.
Falamos aqui de um parcial desoneramento do jurista que resolve casos juridicamente relevantes num
sistema como o nosso onde jurista vai procurar uma norma e mesmo quando a encontra não está totalmente
desonerado, pois a norma é geral e abstrata e o caso é particular é particular e concreto.
O jurista terá então que fazer um esforço visando mobilizar esta norma, norma esta que tem de ser animada,
ganhar alma, por referência ao caso concreto. É constituída por um “telos” e por uma “arque” (princípios e
exigências de sentido por detrás dela). Tem uma dimensão normativa e uma dimensão axiológica, tem uma
teleologia. É aqui que a JI teve um papel decisivo, alterou o papel preponderante, que deixou de ser o gramatical
(norma-texto), para vir a ser o teleológico.
Entendeu a norma como uma solução valoradora, importando garantir o fim prático da norma (“telos”).
Importava analisar o conflito de interesses da norma que se pretendia mobilizar e o conflito de interesses do
problema que se pretendia resolver, isto é, atender aos interesses causais da norma.
A JI rompeu com os fatores da interpretação da perspetiva tradicional, entendeu que se podia atribuir à
norma um sentido que não o gramatical, isto para respeitar o fim prático da norma.
Viabilizou um resultado interpretativo, novo – interpretação corretiva, a qual se traduzia nesta inconsideração
pela letra da lei para assegurar o “telos” (fim prático).
Mudou a hierarquia da interpretação colocando em primeiro lugar o elemento teleológico e segundo o
gramatical. Com esta correção surgem as extensões teleológicas e as reduções teleológicas.
Extensões quando à possibilidade de respeitar a letra da lei para utilizar aquela norma a fim de resolver uma
situação que não está diretamente contida na letra da lei, mas que garante o seu fim prático.
Reduções quanto à possibilidade de desrespeitar a letra da lei, mas não utilizando aquela norma para
resolver uma situação que em princípio estaria abrangida pela letra da lei, mas que garantia o seu fim prático.
Foram estas as alterações que estiveram na origem da passagem da perspetiva hermenêutica-cognitiva
(tradicional) para a perspetiva prático-normativa (um resultado novo – corretiva). Foi este o contributo da JI.
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