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Texto Literário1

O documento discute as diferenças entre textos literários e não-literários. Textos não-literários, como textos médicos ou jurídicos, usam a linguagem apenas para transmitir informações de forma objetiva, enquanto textos literários exploram também a função estética da linguagem, recriando o mundo por meio da expressão e escolha de palavras. O documento então apresenta exemplos dessas duas categorias de texto e discute brevemente os gêneros literários.

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Texto Literário1

O documento discute as diferenças entre textos literários e não-literários. Textos não-literários, como textos médicos ou jurídicos, usam a linguagem apenas para transmitir informações de forma objetiva, enquanto textos literários exploram também a função estética da linguagem, recriando o mundo por meio da expressão e escolha de palavras. O documento então apresenta exemplos dessas duas categorias de texto e discute brevemente os gêneros literários.

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1.1 Texto literário e não-literário.

Até o século XIX, considerava-se literatura qualquer produção escrita, daí


persistirem até hoje denominações como literatura médica, literatura jurídica, etc.
Sabemos, no entanto, que o texto médico ou o jurídico, por exemplo, não são
literatura, porque exploram somente a função utilitária do signo, o plano do
conteúdo (o o quê), o valor denotativo das palavras. A linguagem, nesses textos,
transmite unicamente informações.
A literatura, ao contrário, superpõe ao plano do conteúdo o plano da expressão (o
modo de dizer, o como): reforça-se o conteúdo na expressão, isto é, o escritor não
só procura reproduzir o mundo, mas recriá-lo nas palavras. Assim, explora-se a
função estética do signo, que procura associações novas entre as palavras, que
procura a conotação.

Texto A:
.....................................................
“A partir do séc. XVIII, a Europa passou por grandes transformações que lhe
alteraram profundamente as feições. Os regimes absolutistas foram pouco a pouco
superados e a febre do liberalismo não se satisfez em inspirar novas formas de
governo. Chegou à economia, em que a palavra de ordem também era liberdade, ou
seja, livre iniciativa. O capitalismo, que dera seus primeiros e inseguros passos no
final da Idade Média, desenvolveu-se, amparado pelo Estado Moderno.”
LIMA, Sandra Lúcia Lopes.
História & Comunicação.

A linguagem serviu, nesse texto, somente para veicular informações, portanto


apenas o plano do conteúdo foi trabalhado. Ele é denotativo e a função de
linguagem predominante é a referencial. Em resumo: texto objetivo, direto,
imparcial, que nos oferece somente uma possibilidade de leitura, por isso
monossignificativo.
Como o objetivo da autora não era trabalhar a linguagem para que o leitor se
detivesse no seu modo de expressar-se, a linguagem foi usada somente na sua
função utilitária: reproduzir o real, veicular informações. Não é um texto literário.

Texto B:
.....................................................

O delegado proibiu bombas, foguetes, busca-pés


Chamalotes checoslovacos
enchem o chão
de chamas rubras.
Chagas de enxofre chinesas
chiam,
choram,
cheiram,
numa chuva de chispas,
chispas de todos os tons,
listas de todas as cores
e no fim
sempre um
Tchi — bum!
LIMA, Jorge de. “Noite de São João”.
Em Obra Completa. Rio de
Janeiro: Aguilar,1958, v.1, p.240.

Percebemos nesse texto um outro uso da linguagem: mais do que reproduzir a


realidade, ele procura recriá-la em palavras,superpondo ao plano do conteúdo o da
(o modo de organização dos signos). Na sua seleção de palavras o poeta privilegiou
as que sugerissem, pela sonoridade, o som da queima de fogos de artifício para
recriar a atmosfera da festa junina. Isso, conjugado à disposição gráfica, nos
permite classificá-lo como poético. Embora tenhamos escolhido um poema para
exemplificação do texto literário, isso não quer dizer que este deva aparecer
obrigatoriamente sob a forma de verso. Não é a forma técnica (prosa ou verso) que
classifica o texto como literário, mas o modo como se organiza a mensagem.
Esquematizando, teremos as seguintes características:
Essa postura diante da realidade resulta num texto rico de sentimento e emoção que
pode apresentar-se sob a forma de verso (isto é o mais comum, o poema lírico) ou
sob a forma de prosa (a prosa poética).

Texto não-literário Texto literário


MONOSSIGNIFICATIV PLURISSIGNIFICATIVO
O
VEROSSÍMIL INVEROSSÍMIL
DENOTATIVO CONOTATIVO
FUNÇÃO UTILITÁRIA FUNÇÃO ESTÉTICA

Prosa e Poesia

Quando dizemos texto em prosa ou texto em verso, estamos nos referindo a dois
aspectos técnicos, externos, concretos do texto: a sua disposição gráfica. No
entanto, quando nossa distinção se faz entre prosa e poesia, estamos fazendo alusão
a dois aspectos do conteúdo, da essência do texto, a duas maneiras de apreensão da
realidade. A poesia nasce do amálgama da realidade interna (o eu do poeta) com a
realidade externa:
Essa postura diante da realidade resulta num texto rico de sentimento e emoção que
pode apresentar-se sob a forma de verso (isto é o mais comum, o poema lírico) ou
sob a forma de prosa (a prosa poética).

Gêneros Literários

Se quanto à forma, a literatura pode manifestar-se em prosa ou verso, quanto ao


conteúdo e à estrutura, as obras podem ser classificadas em gêneros literários. Na
Grécia clássica, o filósofo Aristóteles ( 384-322 a.C.) adotou uma tripartição para os
gêneros : lírico, épico e dramático. No entanto, como a epopeia (exposição
narrativa) praticamente desapareceu desde o século XVIII, modernamente tem-se
desmembrado do gênero épico o narrativo.
Gênero Lírico

A palavra lírico origina-se de lira, instrumento musical de corda com que os gregos
acompanhavam os cantos. Nesse gênero predomina a função emotiva da linguagem:
expressão do mundo subjetivo do poeta. Os temas líricos mais frequentes são o
amor, a saudade, a solidão e a morte. Como nesse gênero os temas são eternos e
universais, eles não envelhecem, daí ter um soneto escrito por Camões no século
XVI sido retomado por Renato Russo no século XX e parecer tão atual quanto o foi
no momento da sua criação. A poesia, em geral, pertence a esse gênero. Algumas
formas que se destacam são:
a) soneto: composição poética de catorze versos distribuídos em 2 quartetos e dois
tercetos.
b) hino: poema para glorificar a pátria ou louvar divindades;
c) ode: poema entusiástico, de exaltação;
d) elegia: poema em tom fúnebre;
e) epitalâmio: poema feito em homenagem ao casamento de alguém; composição
poética de 14 versos, foi a forma fixa que mais resistiu ao tempo;
f) idílio: poema bucólico, de exaltação à natureza;
g) égloga: poema bucólico com diálogos;
h) sátira: poema que pretende censurar ou ridicularizar os defeitos ou vícios, para
corrigi-los.

Gênero Épico

Caracteriza-se como uma poesia impessoal, objetiva, em que o narrador conta, em


forma de verso, um feito heroico de um povo ou nação. As duas primeiras grandes
epopeias da literatura ocidental são a Ilíada e a Odisséia de Homero ( século IX
a.C.). Influenciado por ele, o poeta latino Virgílio (71-19 a.C.) escreveu a Eneida.
Decalcadas nesses modelos clássicos, no Renascimento surgiram outras epopeias:
Paraíso perdido, do inglês Milton (1533-1608); Orlando Furioso, do italiano
Ariosto(1474-1533); Os Lusíadas, de Luís de Camões (1525-1580). Caramuru, de
Santa Rita Durão; O Uraguai, de Basílio da Gama; e Vila Rica, de Cláudio Manuel da
Costa, foram epopeias brasileiras escritas no século XVIII. Característica
fundamental: • Narração de ações heroicas e dos grandes feitos do homem.

Gênero Narrativo

Desmembramento moderno do épico, este gênero dele difere por não apresentar a
grandiosidade das narrativas épicas e por não trabalhar um mundo povoado de
heróis e deuses. Suas semelhanças com o gênero épico são a presença de
personagens, enredo, tempo, espaço e narrador. A esse gênero pertencem as
seguintes modalidades de texto em prosa:
a) conto: narrativa curta, com um número mínimo de personagens e ação limitada a
um único núcleo;
b) romance: narrativa longa e complexa, com muitos núcleos de ação, cenários
variados e longa temporalidade;
c) novela: narrativa mais curta que o romance, com diálogos breves e sucessão de
conflitos vistos com superficialidade;
d) crônica: narrativa curta e leve, que toma o cotidiano como ponto de partida para
suas reflexões.

Gênero Dramático
Pertencem a esse gênero os textos em prosa ou poesia próprios para serem
representados. Enquanto forem obra literária escrita, os textos dramáticos são
somente verbais. Uma vez representados, a linguagem não-verbal (cenário,
iluminação, entonação de voz, figurinos...) combina-se com a linguagem verbal,
produzindo um texto híbrido em que autor-público-elenco desempenham papel
fundamental.
Daí derivam as telenovelas, ou seja, novelas transmitidas pela televisão. Note que as
telenovelas mantêm uma sucessão de conflitos e assim conseguem manter a
atenção do telespectador por vários meses. Tantos os conflitos quanto os
personagens são abordados de maneira superficial.
A palavra dramático vem de drama, que em grego significa ação. Nesse tipo de
gênero não há narrador, os atores representam os personagens que ora dialogam,
ora monologam. Nesse caso, a fala do narrador é substituída pela rubrica.
O gênero dramático apresenta as seguintes modalidades:
a) tragédia: representação de um fato trágico que desperta temor e piedade;
b) comédia: representação de um fato inspirado na vida, de riso fácil e que pretende
criticar a sociedade e o comportamento humano;
c) tragicomédia: representação que mistura elementos trágicos e cômicos, com
desfecho feliz;
d) farsa: pequena peça teatral, surgida por volta do século XIV, que provoca o riso
explorando situações engraçadas, grotescas e ridículas da vida cotidiana, sem
necessariamente contribuir com o social.
e) auto: breve peça de caráter religioso, crítico e moralizador. Seu conteúdo é
simbólico e os atores representam entidades abstratas: o pecado, a luxúria, a
bondade etc.

TESTES:

1 “Mas que significam as palavras? Que significam, na verdade, as palavras? Que


significa a palavra verdade, a palavra mentira ou a palavra amor?”
LYRA, Bernadette. A panelinha de breu
A afirmativa INCORRETA em relação ao conceito de literatura é:
a) Literatura é a linguagem carregada de significado.
b) No texto literário, as palavras possuem predominantemente sentido denotativo.
c) Em literatura, cada palavra tem mil faces secretas sob a face neutra.
d) O texto literário é plurissignificativo, passível de várias interpretações.
e) A linguagem literária é predominantemente conotativa e metafórica.

2. É CORRETO afirmar que o discurso literário caracteriza-se por:


a) recorrer à clicherização, quebrando a rigidez dos usos linguísticos.
b) tender ao hermetismo absoluto para tornar-se mais expressivo.
c) romper as relações sintáticas, sem estabelecer novas relações semânticas entre
as palavras.
d) visar à representação do simbólico e do imaginário por meio de múltiplas
modalidades discursivas.
e) instaurar novos procedimentos técnicos, evitando a imprevisibilidade das rupturas
estéticas.

3. O soneto é uma das formas poéticas mais tradicionais e difundidas nas literaturas
ocidentais e expressa, quase sempre, conteúdo:
a) dramático
b) satírico
c) lírico
d) épico
e) cronístico

CIDADEZINHA QUALQUER
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e Prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 21-22.)

4. Considerando o poema de Drummond, aponte a alternativa incorreta:


a) O sufixo diminutivo “inha” (variante “zinha”), presente no título, assume
conotação depreciativa no contexto do poema, expressando o enfado do eu lírico por
sua origem interiorana.
b) O termo “qualquer” indica que o eu lírico fará referência a uma cidadezinha
específica, que, entretanto, ele evita nomear.
c) O três versos iniciais sugerem uma relação harmônica entre a presença humana e
os elementos naturais.
d) A menção a árvores frutíferas (bananeiras, laranjeiras, pomar) colabora para
configurar um cenário típico de cidades interioranas do Brasil.
e) No último verso, a interjeição “eta” e a expressão “meu Deus” assumem valor
semelhante: ambas ressaltam o incômodo do eu lírico diante do quadro descrito.

5. Em 1572, Luís de Camões publicou Os Lusíadas, longo poema narrativo sobre a


viagem de Vasco da Gama às Índias. Alguns anos mais tarde, surgiu uma “nova”
versão do Canto I do poema camoniano. Leia a estrofe inicial de cada obra e assinale
a alternativa correta:
Texto I
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Tapobrana*,
E em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram (…).
(Luís de Camões, Os Lusíadas. Ed. de Emanuel Paulo Ramos.
Porto: Porto Editora, s. d., p. 53.)
*Tapobrana: atual Sri-Lanka.

Texto II
Borrachas1, borrachões2 assinalados,
Que de Alcochete3 junto a Villa Franca4,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além de Peramanca5,
Em pagodes e ceias esforçados,
Mais do que se permite a gente branca,
Em Évora cidade se alojaram,
Onde pipas e quartos despejaram.
(Festas bacanais (...). Apud Sheila Moura Hue. Antologia de
poesia portuguesa: Camões entre seus contemporâneos.
Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007, p. 140.)
1. borracha: bolsa para guardar vinho.
2. borrachão: beberrão.
3. Alcochete: vila próxima de Lisboa.
4. Villa Franca: cidade vizinha de Lisboa.
5. Peramanca: localidade produtora de vinhos, situada entre
Lisboa e Évora.

a) Embora os assuntos dos textos I e II sejam, respectivamente, sério e jocoso,


ambos são exemplos prototípicos do gênero da epopeia.
b) O texto I menciona feitos realizados pela nobreza lusitana,
em linguagem simples, como prevê o gênero épico; o texto II alude a bêbados e
festas, em linguagem elevada, conforme as regras da sátira.
c) O texto II incorpora a estrutura sintática e estrófica do texto I; por isso, pode-se
dizer que ambos pertencem ao mesmo gênero poético.
d) O texto II adota a organização sintática e estrófica do texto I, substituindo o
assunto elevado por um jocoso; trata-se de paródia de uma epopeia.
e) O texto II é emulação artística do texto I, isto é, procura imitar o texto I para
superá-lo como composição poética.

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