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Verificação experimental da emissão de radiação através do contador

Geiger-Müller
Raylan A. Prestes, Daniel Schemberger, Marcos Gauglitz, Guilherme Santos

Resumo. Neste relatório analisamos os conceitos por trás do funcionamento do instrumento de


medição conhecido como contador Geiger-Müller. Procedemos para a verificação da geometria
de emissão de partículas radioativas através da contagem para diferentes distâncias. Por fim,
focamos na obtenção do chamado platô do Geiger-Müller pela variação da tensão aplicada ao
contador em cada rodada de contagens. Também fazemos correções relacionadas a radiação de
fundo e ao “tempo morto”. Após feitas as considerações em relação aos erros experimentais é
possível chegar a resultados próximos aos encontrados na literatura.

Palavras chave: física nuclear, contador Geiger-Müller, Cs-137.


α𝑛𝑑
𝐼 = 𝐼0𝑒
Resumo
onde I é a corrente através do dispositivo, 𝐼0 é a
O contador de partículas ionizantes inventado
por Hans Geiger e Walther Müller em 1928, tem corrente “inicial” (pode ser zero, ou em casos mais
por princípio básico o mecanismo de descarga gerais uma corrente gerada pelo efeito fotoelétrico
elétrica de Townsend descoberto apenas 30 anos sobre o cátodo), α𝑛 é o chamado coeficiente de
antes. Este experimento tem como objetivo, além da ionização de Townsend e d é a distância entre as
verificação do funcionamento do contador, a análise placas. Este efeito é demonstrado na figura 1.
de processos nucleares básicos como por exemplo,
a emissão de partículas alfa e beta, o decaimento da
intensidade em relação a distância, o cálculo do
tempo morto intrínseco a este tipo de contador,
entre outros fenômenos importantes no estudo da
física nuclear. Nosso foco aqui é obter uma visão
geral dos processos e técnicas de medida em âmbito
nuclear.

Introdução
Em seu trabalho de 1908, Geiger, então aluno de
Rutherford, se vê motivado ao desenvolvimento do
contador Geiger pela necessidade de um método
capaz de contar a emissão de partículas alfa
provenientes de uma amostra de rádio, sem que
fossem feitas suposições em relação a carga da
partícula, dado que nos anos 1900 ainda não era
possível determinar se a partícula alfa seria de fato A montagem de um contador Geiger-Müller
um átomo de hélio como conhecemos hoje. Pela moderno é mostrada na figura 2:
suposição de que uma partícula alfa carrega uma
carga equivalente a 2e, Geiger estimou a produção
de 43000 íons no ar antes da partícula ser
completamente parada. O efeito desta ionização em
um eletrômetro ou até mesmo num eletroscópio é
−4
muito pequeno (uma deflexão na ordem de 10 𝑚).
A necessidade de ampliar o efeito de ionização
para uma detecção mais precisa, foi resolvida pela
utilização do fenômeno conhecido como descarga
de Townsend. Este efeito é caracterizado pela
produção de íons através de colisões com um gás
neutro a baixa pressão na presença de um campo
elétrico consideravelmente intenso. As colisões
entre as partículas radioativas e os átomos do gás, De maneira geral, podemos exemplificar o caso
geram uma “avalanche” de íons em direção ao de uma contagem neste dispositivo qualitativamente
ânodo em uma montagem com placas paralelas, da seguinte maneira: quando uma partícula
pela relação:
ionizante, α ou β entra através da janela de mica na Desta maneira esperamos que o número de
parte esquerda do aparato, ocorre a colisão com o contagens decaia em função da distância ao
gás (este deve ser uma mistura de um gás inerte quadrado.
com um vapor orgânico ou halogênico, o qual tem a
função de frear ou “arrefecer” a avalanche de íons) Procedimento Experimental
o fenômeno de avalanche descrito, o que por sua
vez gera um pico de corrente no circuito, este pico é
Temos como objetivo encontrar o tempo morto
registrado como uma contagem.
de um Tubo de Geiger Muller(GM), inicialmente é
preciso definir o platô de GM do nosso
É importante citar algumas limitações deste
equipamento, ele irá nos mostrar uma melhor região
instrumento. A mais importante delas se refere a
para que possamos trabalhar e encontrar um valor
impossibilidade de distinguir o tipo de partícula
mais preciso do nosso tempo morto. Para isso
ionizante contada dado que o pulso de “saída” do
montamos o experimento de (GM) conforme figura
contador tem sempre a mesma magnitude. Outra
4:
limitação com efeitos experimentalmente
consideráveis é o de que o contador é menos
preciso para altas taxas de radiação devido a
natureza do fenômeno que registra uma contagem.
Existe o chamado “tempo morto”, um pequeno
período de insensibilidade do instrumento a
qualquer tipo de radiação. Geralmente este tempo
4 5
morto reduz a contagem de 10 à 10 dependendo
do instrumento.

Outra consideração importantíssima se refere à


tensão aplicada ao circuito. Se uma tensão muito
baixa for aplicada, o campo elétrico dentro do tubo
não será suficiente para produzir uma descarga
considerável. No caso de uma tensão muito alta,
pode ocorrer descargas contínuas, invalidando a
análise experimental. Por este motivo é necessário
analisar a contagem de uma amostra para diferentes
tensões. Percebemos então que existirá um platô de
tensões ideais para uma medida mais precisa (que
dependerá de cada instrumento):

No experimento em questão é utilizado uma


amostra de Cs-137 criada em 1997 com radiação de
1µCi e tempo de meia vida de 30,2 anos (Fig 5
quarta amostra da esquerda para a direita), posto na
terceira gaveta do tudo de GM.

A última consideração feita neste experimento


se refere à relação da contagem pela distância. Em
seu experimento do 1908, Geiger determinou
experimentalmente que para uma fonte pontual, a
emissão de radiação em média acontece em todas as
direções. Assim, uma estimativa do número de
partículas que passa através da abertura por
segundo é obtida através da seguinte expressão: Precisamos preparar nosso experimento antes da
leitura dos dados a fim de encontrar a curva de GM.
𝑄𝐴
𝑛= 2
Ligar o GM com 900V por aproximadamente 10
4π𝑟 minutos para que seja possível encontrar a radiação
de fundo e corrigir nos valores encontrados de cada Nesta parte iremos utilizar o suporte com
amostra. marcação para duas amostras radioativas, onde
Escolha e coloque uma fonte radioativa iremos acomodá-las tomando o máximo de cuidado
centralizada no suporte e a acomode em uma das o possível para que não exista nenhuma alteração
gavetas abaixo do tubo GM. em sua posição.
Coloque o contador em modo de contagem e Aqui iremos usar uma voltagem pré estabelecida
aumente a tensão até que as contagens sejam de 640V em todas as nossas medidas, este valor foi
observadas, assim será possível encontrar qual é a definido antes de definirmos o nosso platô, esse
tensão mínima necessária para ativar o contador do valor se localiza no final da curva que se inicia o
seu GM. nosso platô, pela literatura o ideal seria que as
medidas fossem feitas entre 150V a 200V após o
Cada tubo GM tem uma resposta na taxa de inicio do platô.
contagem por voltagem aplicada. Lembrando que existe um erro relativo gerado
Encontre o Plateau para o seu tubo usando o pelo decaimento radioativo em cada medida, esse
procedimento descrito abaixo. desvio padrão pode ser encontrada por:

1. Insira uma fonte radioativa em uma das σ = 𝑁


prateleiras da câmara de contagem;
2. Inicialmente é feito 3 medidas sendo a Onde N é o número de contagens.
primeira com a tensão mínima de ativação do GM,
a segunda com uma tensão média onde irá atingir o Iniciamos a medida pelo terceiro encaixe do
seu platô que pela literatura está por volta de 500V, nosso tubo, colocamos a primeira amostra onde foi
e a terceira medida com uma tensão alta de cerca de utilizada o Cs-137 descrita acima em uma das
1000V onde iremos encontrar a ruptura do platô. marcações da plataforma que a segura, ligamos o
3. Escolha uma prateleira e tempo de contagem contador e quando o mesmo atingiu 10000
de forma que você tenha pelo menos 10.000 contagem paramos o equipamento e anotamos os
contagens em cada medida. dados necessários.
4. Ligue o contador de GM com a tensão inicial Ainda no mesmo encaixe do tubo, acomodamos
e após chegar na medida de contagem estipulada na segunda marcação a amostra de Sr-90 criada em
para o experimento, anote os dados obtidos (tensão, Julho de 1997 possuindo 1µCi de radiação Beta
tempo e taxa), repita o procedimento para a tensão emitida com 28,6 anos de meia vida (Segunda
no platô e em sua ruptura para que tenhamos uma amostra da esquerda para a direita na figura 5),
base a seguir. ligamos o equipamento novamente e em 10000
5. Cuidado para não mudar a posição do GM ou contagens paramos ele e anotamos seus dados.
da amostra durante o processo de contagem, assim Por fim nesse mesmo encaixe, tiramos a amostra
evitando que haja alguma alteração na geometria do de Cs-137 do suporte e deixamos apenas o Sr-90,
experimento que possa influenciar nos valores lembrando sempre de não tocar ou mudar a posição
obtidos. das amostras durante todo esse processo para que
6. Limpe os valores obtidos no GM antes de não exista nenhum erro gerado pela alteração da
cada contagem. geometria do sistema, novamente medimos as
7. Após obtida a nossa base, volte para a tensão contagens no equipamento até 10000 e anotamos os
inicial e aumente gradativamente a tensão, dados.
começando na marca de 100 volts(ou menor) mais Este processo foi repetido para o quarto e quinto
próxima acima da tensão inicial, anote todos os encaixe.
dados obtidos assim que o GM chegar em 10.000
contagens. Resultados e Discussão
8. Plote os dados obtidos para encontrar a curva
de GM de seu tubo. Inicialmente tomamos medidas de cerca de
10000 contagens para diferentes distâncias (d) entre
Para cada equipamento existe um intervalo de a amostra de Césio 137 e o contador.
tempo após a detecção de uma partícula onde
nenhum outro pulso pode ser registrado, esse d(mm) C/s
intervalo de tempo é o que chamamos de tempo
7 14,86±3,86
morto. Se este tempo for conhecido, podemos
utilizá-lo para fazer correções na taxa de contagem 17 9,12±3,02
e encontrar a taxa de contagem real. Agora iremos 27 5,86±2,42
buscar mensurar o tempo morto do nosso tubo de
GM. 37 3,89±1,97
47 1,67±1,29
57 2,02±1,43
67 1,57±1,25 640 5,11±2,26
77 1,26±1,12 740 7,08±2,66
87 1,04±1,02 840 7,82±2,79
97 0,85±0,92 940 8,48±2,91
960 9,11±3,02
Tabela 1: Relação entre distância, em milímetros, e as
contagens por segundo. 980 10,83±3,29
1000 17,38±4,17
A partir dos dados obtidos, é possível ver uma
queda nas contagens por segundo (C/s) registradas 1020 26,72±5,16
pelo Geiger-Müller em função da distância como 1040 53,23±7,30
mostra o gráfico a seguir:
1060 57,73±7,60
1100 54,26±7,37

Tabela 2: Relação entre Tensão, em volts, e as


contagens por segundo.

Com os dados da tabela acima, podemos


observar graficamente a região do platô através de
um gráfico da taxa de contagem em função da
tensão:

Figura 6: Gráfico da Taxa de contagem pela distância


em milímetros

Esta diminuição na taxa de contagem está de


acordo com a teoria visto que consideramos a fonte
emissora (amostra de Césio 137) como sendo
pontual e, para uma fonte pontual, é esperado que
sua intensidade seja inversamente proporcional ao
quadrado da distância.
Como citado anteriormente, cada dispositivo
contém um tempo morto associado no qual o
contador é incapaz de detectar uma partícula que
atravesse-o. Com as medidas das taxas de contagem Figura 7: Gráfico da Taxa de contagem pela tensão
R1 e R2 de amostras de Césio 137 e Estrôncio 90
respectivamente, para distâncias diferentes, Podemos observar o platô nos valores
medidas pelo contador, calculamos valores de iniciais da tensão, em torno de 640V, se
tempo (𝞽) com a relação: prolongando até valores próximos a 950V. Os
valores das taxas referentes a tensões abaixo de
τ ≃
𝑅1 + 𝑅2 − 𝑅12 600V não foram registrados devido à precisão do
2*𝑅1*𝑅2
contador que apontava contagem nula .
Além dos erros sistemáticos inerentes ao
Onde R12 representa a taxa das duas sistema e dispositivo, bem como a radiação de
amostras juntas. Encontramos o seguinte valor fundo que pode sofrer variações que influenciam
médio para o tempo morto (𝛕𝙢): nas medidas do Geiger-Müller, nossa consideração
inicial sobre a fonte emissora de partículas
−4 −4
𝜏𝑚 = 1, 17𝑥10 ± 0, 27𝑥10 s radioativas gerou imprecisão nos resultados, visto
que a dimensão das amostras não é desprezível.
Que está próximo ao valor teórico
esperado, que varia entre 50 e 100 𝜇s. Conclusão
Por fim, realizamos medidas das taxas de
Após a análise do experimento, podemos
contagens, para um número de contagens de
confirmar que o processo experimental confirma
aproximadamente 10000, para diferentes valores de
com o apresentado na literatura. Tanto o valor do
tensão:
tempo morto quanto o cálculo do platô estão dentro
do resultado esperado mesmo quando consideramos
Tensão(V) C/s a margem de erro do sistema e do experimento.
Referências
[1] E. Rutherford, H. Geiger, “An Electrical
Method of Counting the Number of a-Particles
from Radio-active Substances”. Royal Society,
(1908).
[2] B. Radjenovic, A. Bojarov, “The
breakdown mechanisms in electrical discharges:
The role of the field emission effect in direct
current discharges in microgaps”. Jul, 2013. Acta
Physica Slovaca. ed 63. pp 105-205.
[3] R. Eisberg e R. Resnick, Física Quântica,
8a. edição, Editora Campus.
[4] P. A. Tipler e R. A. Llewellyn, Física
Moderna, 6a. edição (LTC, Rio de Janeiro, 2012).

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