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Resumos_Métodos

O documento aborda os princípios fundamentais da espectrofotometria UV-Vis e espectroscopia Raman, incluindo a quantização da energia, a natureza ondulatória da matéria e a interação da luz com substâncias. Também discute a instrumentação, medições de absorção, limitações da Lei de Lambert-Beer e aplicações em diversas áreas, como farmacêutica e ciência forense. Além disso, apresenta detalhes sobre espectroscopia de infravermelho, incluindo fontes de radiação, detectores e preparação de amostras.

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Resumos_Métodos

O documento aborda os princípios fundamentais da espectrofotometria UV-Vis e espectroscopia Raman, incluindo a quantização da energia, a natureza ondulatória da matéria e a interação da luz com substâncias. Também discute a instrumentação, medições de absorção, limitações da Lei de Lambert-Beer e aplicações em diversas áreas, como farmacêutica e ciência forense. Além disso, apresenta detalhes sobre espectroscopia de infravermelho, incluindo fontes de radiação, detectores e preparação de amostras.

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T1 ESPECTROFOTOMETRIA UV-VIS

Conceitos Fundamentais:

●​ Radiação eletromagnética: Apresenta-se como uma onda com componentes de


campo elétrico e magnético, caracterizada por comprimento de onda (λ) e frequência
(ν). A relação entre estas grandezas é expressa por λν=c, onde c é a velocidade da
luz.
●​ Quantização da energia: A energia é quantizada, o que significa que só pode ser
ganha ou perdida em múltiplos de hν, onde h é a constante de Planck. A energia de
um fotão é dada por E = hν.
●​ Efeito fotoelétrico: A radiação eletromagnética é composta por fotões, que são
partículas com energia. A energia de um fotão pode ser calculada por E = hc/λ.
●​ Natureza ondulatória da matéria: Louis de Broglie estabeleceu uma relação entre
o comprimento de onda associado ao momento de uma partícula, dada por λ = h/mv.

Espectros Atómicos e o Modelo de Bohr:

●​ A existência de linhas no espectro de emissão do hidrogénio indica que a energia do


eletrão é quantizada.
●​ O modelo de Bohr postula que os eletrões só podem ter níveis de energia
específicos e que a radiação é emitida quando um eletrão decai para um nível de
energia mais baixo.
●​ A energia de um fotão emitido ou absorvido numa transição eletrónica é dada por
Efotão = ΔE = Ef – Ei. A energia dos níveis eletrónicos é quantizada, como
demonstra a equação En = –RH (1/n²).

Espectrofotometria UV/Vis e Infravermelho:

●​ A espectrofotometria é definida como a medição da luz absorvida ou emitida por


uma substância. As substâncias interagem de forma diferente com a radiação
eletromagnética, o que permite a sua identificação e quantificação.
●​ Os espectrofotómetros de UV/Vis utilizam monocromadores para selecionar os
comprimentos de onda, enquanto os detetores medem a densidade média do fluxo
radiante. Os espectrofotómetros de infravermelho médio também utilizam detetores
com resposta lenta e baixa densidade de fluxo radiante.
●​ As análises instrumentais utilizam medidas de frações específicas de luz para
identificar e quantificar substâncias. Os máximos de absorção são as principais
diferenças observadas nos espectros de diferentes substâncias.

Absorção de Luz e Grupos Cromóforos:

●​ As substâncias absorvem radiação devido aos grupos cromóforos, que são grupos
funcionais com absorção característica nas regiões do UV ou do visível.
●​ Diferentes grupos cromóforos absorvem em diferentes comprimentos de onda. Por
exemplo, os carotenoides absorvem na região dos 400-500 nm devido às suas
cadeias conjugadas.
●​ A absorção de radiação envolve transições eletrónicas, vibracionais e rotacionais,
que resultam em espectros na forma de bandas.
Medição da Absorção e Análise Quantitativa:

●​ A absorção é medida a partir da transmitância (T). A transmitância é dada por T =


It/Io, onde It é a intensidade da luz transmitida e Io é a intensidade da luz incidente.
A absorbância (A) é dada por A = -log T.
●​ A absorbância aumenta com a concentração da espécie que absorve, dependendo
também da substância (absortividade molar) e do caminho ótico.
●​ A cor de uma espécie é complementar àquela que absorve.
●​ A Lei de Lambert-Beer estabelece que a absorbância é proporcional à concentração
da espécie e ao caminho ótico, através da equação A = abc. Onde a= absortividade
molar, b= caminho ótico e C= concentração.
●​ A lei de Lambert-Beer é usada para análise química, permitindo a determinação de
concentrações desconhecidas. As concentrações podem ser determinadas através
da construção de curvas analíticas, ou por adição de padrão.

Instrumentação:

●​ Os instrumentos para medir a absorção incluem:


○​ Fontes de radiação (lâmpadas de tungsténio, deutério ou xénon).
○​ Seletores de comprimento de onda (filtros, monocromadores). Filtros de
interferência são mais eficientes.
○​ Compartimento para a amostra (cuvetes de quartzo ou vidro).
○​ Detetores (fototubos, fotomultiplicadoras, semicondutores de silício). Os
detetores convertem a radiação em sinal elétrico.
●​ Os instrumentos podem ser de feixe simples ou duplo.
●​ A radiação incidente sobre a amostra é absorvida em parte, e a radiação transmitida
é difratada por uma grade, separando os seus comprimentos de onda. Cada
comprimento de onda incide sobre um diodo que produz uma corrente elétrica,
proporcional à intensidade da radiação.

Limitações da Lei de Lambert-Beer:

●​ A lei de Lambert-Beer é válida para soluções diluídas, radiação monocromática e


meios homogéneos e estáveis.
●​ Desvios da lei podem ocorrer devido a interações entre centros absorvedores,
instabilidade química ou erros instrumentais.

Aplicações:

●​ A espectrofotometria é utilizada na análise de analitos orgânicos e inorgânicos,


incluindo compostos azotados, fármacos, iões, elementos metálicos, entre outros.
T2 RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS RAMAN
Espectroscopia Raman:

●​ A espectroscopia Raman é baseada no efeito Raman, que é um fenômeno de


dispersão inelástica da luz.
●​ Utiliza uma fonte de luz monocromática (geralmente um laser) para iluminar a
amostra. A luz espalhada pela amostra pode ter a mesma energia (dispersão de
Rayleigh) ou uma energia diferente da luz incidente (dispersão de Raman).
●​ O espalhamento inelástico da luz permite estudar as rotações e vibrações
moleculares.
●​ A radiação espalhada inelasticamente contém diferentes frequências, que são
separadas para medir a sua intensidade. O gráfico da intensidade da radiação
espalhada em função da sua energia é o espectro Raman.
●​ Cada substância tem um espectro Raman único, como uma "impressão digital", que
permite a sua identificação.
●​ A espectroscopia Raman não requer preparação da amostra e pode ser usada em
amostras grandes com lentes especiais ou fibras ópticas.
●​ Pode ser utilizada a técnica SERS (Surface Enhanced Raman Scattering) que usa
nanopartículas de prata para aumentar a intensidade do sinal, permitindo a deteção
de moléculas individuais.
●​ O efeito Raman Ressonante intensifica as bandas associadas aos grupos
cromóforos, sendo útil em obras de arte.
●​ A espectroscopia Raman é aplicada em várias áreas, como a indústria farmacêutica,
ciência forense, nanotecnologia, arte e patrimônio, e biomedicina.

Aplicações da Espectroscopia Raman:

●​ Indústria farmacêutica: análise de fases do produto, design e controlo de


produção.
●​ Carbono e diamante: controlo de qualidade de revestimentos, caracterização da
estrutura e quiralidade de nanotubos de carbono.
●​ Ciência forense: identificação de substâncias desconhecidas e análise não
destrutiva.
●​ Arte e património: identificação de materiais originais em objetos a serem
restaurados.
●​ Biomédica: distinção entre células cancerosas e pré-cancerosas.
●​ Indústria alimentar: descoberta de macro moléculas como proteínas e hidratos de
carbono.
●​ Análise de polímeros: estudo e caracterização da sua cristalinidade.
●​ A espectroscopia Raman pode ser usada em conjunto com microscopia eletrônica.
●​ A espectroscopia Raman pode ser usada para mapear a composição de amostras,
como comprimidos farmacêuticos, bolachas de silício, e amostras geológicas.

Espectroscopia de Infravermelho (IV):

●​ A espectroscopia de IV baseia-se nas vibrações moleculares. Mede diferentes tipos


de vibrações entre átomos de acordo com as suas ligações.
●​ O objetivo é determinar os grupos funcionais de um material. Cada grupo absorve
em frequências específicas na região do IV.
●​ Um espectrograma de IV (intensidade da radiação vs. frequência) permite
caracterizar os grupos funcionais de uma amostra.
●​ As vantagens da técnica incluem a facilidade de preparação da amostra, a
possibilidade de usar amostras em diferentes estados (sólido, líquido, gasoso), e o
custo relativamente baixo do equipamento.
●​ A região do IV compreende radiações com comprimento de onda entre 8 x 10^-5 cm
e 1 x 10^-2 cm.
●​ As vibrações moleculares ativas no IV são aquelas com momento dipolar.
●​ A frequência da radiação que causa a vibração depende da massa dos átomos e da
força da ligação.
●​ O espectro de IV divide-se em duas regiões: "fingerprint" (600-1400 cm^-1) e grupos
funcionais (1500-3500 cm^-1).
●​ As vibrações podem ser de distensão (alteração do comprimento da ligação) ou de
flexão (alteração do ângulo da ligação).

Interpretação de Espectros de IV:

●​ A frequência diminui com o aumento do peso atómico e aumenta com o aumento da


energia de ligação.
●​ As ligações C=C têm frequências de distensão diferentes dependendo se são
isoladas (1640-1680 cm^-1), conjugadas (1620-1640 cm^-1) ou aromáticas
(aproximadamente 1600 cm^-1).
●​ As ligações C-H têm frequências de distensão diferentes dependendo da
hibridização do carbono (sp3: 2800-3000 cm^-1, sp2: 3000-3100 cm^-1, sp: 3300
cm^-1).
●​ Os grupos -OH de álcoois e ácidos, e -NH de aminas absorvem em 3300 cm^-1.
●​ O grupo carbonilo (C=O) absorve fortemente a 1700 cm^-1.
●​ A conjugação com ligações C=C diminui a frequência de absorção do grupo C=O.
●​ As ligações C-N absorvem à volta de 1200 cm^-1, C=N à volta de 1660 cm^-1 e C≡N
acima de 2200 cm^-1.

Raman vs Infravermelho:

●​ Enquanto a espectroscopia Raman se baseia no espalhamento da luz, a


espectroscopia de IV baseia-se na absorção da radiação.
●​ O IV sozinho não pode determinar a estrutura, mas indica normalmente o grupo
funcional. A ausência de sinal é prova que o grupo funcional não está presente. A
correspondência entre dois espectros de IV indica que os compostos são os
mesmos.
T3 INFRAVERMELHO - INSTRUMENTAL
Fontes de Radiação IV:

●​ As fontes de IV consistem num sólido inerte que é aquecido eletricamente,


geralmente a temperaturas entre 1500 e 2200 K, resultando numa radiação contínua
semelhante à de um corpo negro.
●​ Fonte de Nernst: É feita de óxidos de terras raras (zircónio e ítrio), com terminais de
platina. Opera entre 1200 e 2200 K, com radiação máxima a 7100 cm⁻¹ (1,4 μm) e
faixa útil de 4 a 20 μm.
●​ Fonte Globar: Uma barra de carbeto de silício, aquecida a 1300-1500 K, com
radiação máxima a 5200 cm⁻¹ (1,9 μm) e faixa útil de 1 a 40 μm.
●​ Arco de Mercúrio: Um tubo de quartzo com vapor de mercúrio sob pressão, fornece
radiação contínua no IV distante (λ > 50 mm).
●​ Lâmpada de Filamento de Tungsténio: Fonte para o IV próximo, de 4000 a 12800
cm⁻¹ (2,5 a 0,78 μm).

Detetores de IV:

●​ A função do detetor é converter a radiação IV num sinal elétrico.


●​ Térmicos: Baseiam-se no efeito calorífico da radiação, que altera uma propriedade
física do detetor.
○​ Termopares: Compostos por dois condutores metálicos distintos unidos,
como bismuto e antimónio. A diferença de potencial muda com a diferença
de temperatura. São os detetores de infravermelho mais utilizados.
○​ Bolómetros: Termómetros de resistência, feitos de metal (platina, níquel) ou
semicondutor, que mudam a resistência com a temperatura. A resistência de
metais aumenta e a de semicondutores diminui com a temperatura.
○​ Piroelétricos: Convertem radiação IV em corrente elétrica através da
alteração da polarização elétrica espontânea devido à temperatura. O sulfato
de triglicina é um material piroelétrico comum.
●​ Fotocondutores: Usam semicondutores que aumentam a condutividade elétrica ao
absorver radiação. Materiais como sulfureto de chumbo (IV próximo), telureto de
cádmio e telureto de mercúrio (IV médio/distante) são utilizados.

Instrumentos para IV:

●​ Espetrofotómetros dispersivos: Usam prisma ou rede de difração para dispersar a


luz em várias faixas de comprimento de onda, obtendo radiação monocromática.
Geralmente, são de feixe duplo, com a radiação a passar alternadamente pela
amostra e referência.
○​ Apresentam menor potência de radiação, necessitam de redes de difração
apuradas, são afetados pelo desalinhamento ótico, e são lentos.
○​ Os componentes incluem fonte, modulador, monocromador, amostra, detetor,
amplificador e registrador.
●​ Espetrofotómetros com transformada de Fourier (FTIR): Usam um interferómetro
de Michelson.
○​ A radiação é dividida em dois feixes, um fixo e outro móvel, que interferem
entre si. A diferença no comprimento do caminho dos dois feixes é o
retardamento.
○​ O interferograma resultante é transformado num espetro de IV através da
transformada de Fourier.
○​ Possuem poucos componentes óticos, maior potência de radiação, melhor
relação sinal/ruído, maior precisão, e obtêm o espectro rapidamente.
●​ Instrumentos não dispersivos: Usados para análise quantitativa, como fotómetros
de filtro, que são sensíveis a partes por milhão de várias substâncias orgânicas na
atmosfera.

Preparações de Amostras:

●​ As amostras podem ser sólidas, líquidas ou gasosas.


●​ Sólidos necessitam de 100 μg (mínimo) ou 1-10 μg se dissolvidos; líquidos, 0,5 μL
(ou menos); gases, 50 ppb.
●​ A preparação envolve pulverização em matriz de KBr ou dissolução em solventes
como CCl₄ ou CS₂. A água deve ser removida.
●​ A amostra deve ser colocada num disco transparente na região do IV a analisar.
●​ Materiais para discos transparentes incluem NaF, NaCl, KBr, KI, CsI, CaF₂, KRS-5,
AgCl, Sílica e Irtran.
●​ Os solventes são selecionados por suas regiões úteis no espectro de IV.

Procedimento para Obter um Espectro de IV:

●​ Ligar o monitor e clicar no ícone Spectrum.


●​ Fazer o scan de fundo (background).
●​ Fechar a janela do background.
●​ Colocar a amostra e fazer o scan.
●​ Fazer a correção da linha de base (baseline).
●​ Apagar o espectro antigo sem correção.
●​ Selecionar e analisar os picos.

Aplicações:

●​ Identificação de compostos orgânicos e inorgânicos.


●​ Determinação de grupos funcionais em material orgânico.
●​ Análise quantitativa de compostos puros ou misturas.

Tempo de Análise:

●​ O tempo para obter um espetro varia de 1 a 10 minutos, dependendo do


equipamento e resolução.
●​ A maioria das amostras pode ser preparada em 1 a 5 minutos.

Limitações:

●​ Informação elementar mínima para a maioria das amostras.


●​ Absorção do solvente ou matriz deve ser mínima.
●​ A molécula deve ser ativa na região IV, com alteração do momento dipolar.

Exatidão:

●​ Superior a 1% em análises de misturas sob condições favoráveis e 5% em análises


de rotina.

Limites de Detecção:

●​ 2% em rotina e 0,01% em condições favoráveis.

Análise Quantitativa:

●​ A intensidade da banda de absorção é proporcional à concentração, determinada


por curvas de calibração.
●​ Em amostras complexas, calibrações multivariadas são necessárias.

Espectrofotometria UV/Vis vs IV:

●​ Em UV/Vis, os detetores medem o fluxo radiante, mas não informam sobre o


comprimento de onda, necessitando de um monocromador.
●​ Em IV, os detetores também têm resposta lenta, e a densidade de fluxo radiante é
menor.
●​ No interferómetro de Michelson, a perda de energia radiante é menor comparada
com monocromadores, pois a radiação atravessa apenas um espelho
semi-transparente.
●​ O interferómetro produz um interferograma, que é uma soma de ondas sinusoidais.
A transformada de Fourier converte este interferograma num gráfico de intensidade
versus número de onda.

Vantagens do FTIR:

●​ Maior densidade de fluxo radiante no detetor, menor ruído, maior número de


espectros por tempo, maior exatidão e possibilidade de uso como detector
cromatográfico.

Regiões do Espectro de IV:

●​ Região dos grupos funcionais: Região do espectro onde se encontram as


absorções características de grupos funcionais específicos, normalmente acima de
1400 cm⁻¹.
●​ Região da "impressão digital" (Fingerprint Region): Região complexa do
espectro, entre 600 e 1400 cm⁻¹, com muitas bandas sobrepostas, usada como uma
"impressão digital" para comparar moléculas, embora a sua interpretação seja difícil.

Espectro de IV de Alcanos:

●​ Alcanos não têm grupos funcionais e mostram apenas vibrações das ligações C-C e
C-H, com as bandas C-H a aparecerem por volta de 3000 cm⁻¹.
T4 ESPECTROFOTOMETRIA RMN
Princípios da Espectroscopia RMN:

●​ A RMN é uma técnica que explora as propriedades magnéticas de certos núcleos


atómicos para determinar propriedades físicas ou químicas de átomos ou moléculas.
●​ Baseia-se no fenómeno da ressonância magnética nuclear, onde os núcleos
atómicos com spin, quando colocados num campo magnético, podem alinhar-se
com ou contra o campo, rodando os seus spins.
●​ Núcleos como o hidrogénio (¹H) e o carbono-13 (¹³C) são frequentemente utilizados
em RMN, pois possuem spin. Outros núcleos como ¹⁹F, ³¹P, ¹⁵N e ¹⁴N também podem
ser usados.
●​ Núcleos sem spin, como o carbono-12 (¹²C), não apresentam diferença de energia
quando os spins se alinham, não sendo adequados para análise por RMN.
●​ A RMN envolve a excitação dos núcleos por radiofrequência, o que causa transições
entre os níveis de energia, permitindo obter informações sobre a estrutura, dinâmica,
estado de reação e ambiente químico das moléculas.

Funcionamento da RMN:

●​ Num campo magnético, os núcleos comportam-se como pequenos magnetes, com


orientação aleatória, mas que se alinham a favor (α, menor energia) ou contra (β,
maior energia) o campo.
●​ A ressonância ocorre quando um núcleo absorve energia de radiofrequência,
fazendo com que o seu momento magnético nuclear mude de orientação.
●​ A frequência de ressonância (ν0) é proporcional à força do campo magnético (H0) e
é específica para cada elemento/isótopo.
●​ A absorção de luz faz com que o spin rode, entrando em ressonância e produzindo
uma linha espectral.
●​ Os eletrões na vizinhança do núcleo afetam a frequência de ressonância. A
blindagem eletrónica causa um deslocamento do pico para campos mais altos,
enquanto grupos eletroatratores causam desblindagem, deslocando o pico para a
esquerda.

Técnicas de RMN:

●​ A amostra é preparada num tubo de RMN de paredes finas.


●​ Núcleos ativos de RMN, como ¹H e ¹³C, absorvem radiação eletromagnética a uma
frequência característica do isótopo, na presença de um campo magnético.
●​ A frequência de ressonância, a energia de absorção e a intensidade do sinal são
proporcionais à força do campo magnético.
●​ O desvio químico (δ, medido em ppm) indica o tipo de protão presente.
●​ A integração dos picos fornece informações sobre o número relativo de hidrogénios
associados.
●​ O acoplamento spin-spin (desdobramento de sinais) fornece informações sobre os
protões vizinhos.
●​ A regra n+1 indica que n hidrogénios adjacentes equivalentes dão origem a (n+1)
picos (singleto, dupleto, tripleto, etc.).
●​ A constante de acoplamento (J), medida em Hz, é independente do campo
magnético.
●​ Sinais podem ser desdobrados por protões adjacentes diferentes, com diferentes
constantes de acoplamento.
●​ Alguns protões, que seriam equivalentes em circunstâncias normais, podem não ser
equivalentes e causar desdobramento um ao outro, devido a fatores
estereoquímicos.
●​ Protões axiais e equatoriais em moléculas como o ciclohexano interconvertem-se
rapidamente, dando um único sinal.
●​ A transferência de protões em grupos OH e NH pode ocorrer rapidamente, não
causando o desdobramento dos protões adjacentes.
●​ A identificação de picos O-H e N-H pode ser feita através da adição de D₂O, que
leva à troca de protões e redução da intensidade do pico.

Espectroscopia de ¹³C RMN:

●​ O carbono-12 (¹²C) não possui spin magnético, enquanto o carbono-13 (¹³C) tem
spin, embora seja apenas 1% da amostra de carbono.
●​ A razão giromagnética do ¹³C é ¼ da do ¹H, o que torna os sinais fracos,
necessitando de várias análises para melhorar a relação sinal/ruído.
●​ O desdobramento de ¹³C por ¹³C adjacentes é negligenciável, mas o ¹³C pode
acoplar magneticamente com protões adjacentes, embora este padrão de
desdobramento seja complexo.
●​ Para simplificar o espectro, os protões são irradiados com "ruído", o que leva a um
único sinal não desdobrado para cada tipo de carbono.
●​ Na técnica de "desacoplamento desligado", o núcleo de ¹³C é desdobrado apenas
por protões ligados a ele, seguindo a regra N + 1.
●​ A frequência de ressonância do ¹³C é ¼ da do ¹H.
●​ As áreas dos picos não são proporcionais ao número de carbonos, sendo que
carbonos com mais hidrogénios absorvem mais fortemente.
●​ O número de sinais indica os diferentes tipos de carbonos, a sua localização
(deslocamento químico) indica o tipo de grupo funcional, e a área do pico indica o
número de carbonos (quando integrado).
●​ A técnica DEPT permite distinguir os diferentes tipos de carbono (primários,
secundários, terciários e quaternários).

Aplicações da RMN:

●​ A espectroscopia RMN é usada para estudar a estrutura de compostos orgânicos e


organometálicos.
●​ É usada na análise de compostos orgânicos, incluindo o estudo de proteínas
(proteómica).
●​ A RMN é utilizada para obter informações sobre a estrutura e dinâmica de proteínas,
sendo uma técnica importante na biologia estrutural.
●​ A ressonância magnética por imagem (RMI) é uma aplicação não invasiva da RMN,
usada para fins médicos.
●​ A RMI utiliza apenas os protões de um plano por vez e um computador junta várias
camadas para obter imagens 3D.
●​ A RMN funciona melhor em solução, sendo menos precisa para sólidos, e é limitada
a proteínas <300aa.

Interpretação dos Espectros:

●​ Os espectros de ¹H NMR fornecem informações sobre o tipo de protão, o número de


protões de cada tipo e a informação sobre os protões vizinhos.
●​ Através da análise dos picos, os químicos podem determinar a estrutura de diversos
compostos, distinguindo átomos de uma molécula que diferem do seu ambiente
químico.
●​ A combinação de espectros de ¹³C e ¹H fornece informações complementares sobre
a estrutura das moléculas.

T5 ESPECTROFOTOMETRIA RMN BIDIMENSIONAL


Princípios da RMN:

●​ A RMN explora o comportamento de núcleos atómicos com spin quando sujeitos a


um campo magnético.
●​ Os núcleos alinham-se com ou contra o campo magnético, e a ressonância ocorre
quando absorvem energia de radiofrequência, mudando a sua orientação de spin.
●​ Núcleos como ¹H e ¹³C são comuns em RMN devido ao seu spin.
●​ A frequência de ressonância é proporcional à força do campo magnético e é
específica para cada núcleo.
●​ O ambiente químico do núcleo influencia a frequência de ressonância, permitindo
obter informações estruturais.

Técnicas de RMN:

●​ RMN 1D:​

○​ As técnicas tradicionais de RMN (¹H, ¹³C e DEPT) são essencialmente 2D


(frequência vs. intensidade), mas a componente intensidade não é
normalmente contabilizada.
○​ Em RMN 1D, núcleos ativos absorvem radiação eletromagnética, produzindo
sinais que fornecem informações sobre os ambientes químicos, número
relativo de hidrogénios e acoplamentos spin-spin.
●​ RMN 2D:​

○​ A RMN 2D utiliza dois eixos de frequência, fornecendo mais informações


sobre a estrutura 3D da molécula.
○​ O princípio básico da RMN nD envolve etapas de preparação (P), evolução
(E), mistura (M) e deteção (D).
○​ A RMN 2D é realizada com múltiplas aquisições de FIDs (Free Induction
Decay) com variações nos incrementos do pulso. Uma transformada de
Fourier (FT) é feita em cada dimensão, gerando um espectro 2D.
○​ O experimento COSY (Correlation Spectroscopy), introduzido por Jean
Jeener, foi um dos primeiros experimentos de RMN 2D.
○​ A RMN 2D pode ser expandida para 3 e n dimensões.
●​ Experimentos de RMN 2D Comuns:​

○​ COSY: Identifica acoplamentos entre protões através de ligações geminais e


vicinais. Os espectros COSY mostram picos diagonais e picos de correlação.
○​ TOCSY: Correlaciona todos os protões dentro do mesmo sistema de spin.
Útil para identificar redes maiores de acoplamentos. Em tempos de mistura
curtos, o espectro TOCSY é semelhante ao COSY; em tempos longos,
mostra correlação total.
○​ NOESY: Usa a relaxação cruzada do efeito Overhauser nuclear para
estabelecer correlações entre núcleos espacialmente próximos. O NOESY é
útil para determinar estruturas 3D e a conformação de moléculas.
○​ ROESY: Semelhante ao NOESY, mas com um estado inicial diferente, sendo
útil para moléculas com tempos de correlação rotacional que tornam o efeito
NOE fraco.
○​ HMQC/HSQC: Correlacionam núcleos heteronucleares (¹H e ¹³C) através de
uma ligação. O HSQC é geralmente preferido devido à melhor resolução.
○​ HMBC: Detecta correlações heteronucleares através de múltiplas ligações
(2-4 ligações), sendo útil para ligar fragmentos estruturais.
○​ HETCOR: Correlaciona núcleos heteronucleares através de uma ligação,
mas com menor sensibilidade do que as técnicas inversas.

Aplicações da RMN:

●​ Determinação de estruturas: A RMN é usada para elucidar estruturas de


moléculas, determinando as ligações e as suas conexões através de diferentes
experiências. As experiências de RMN permitem a identificação de grupos
funcionais, ligações químicas e informações sobre a dinâmica molecular.
●​ Análise de amostras: Controle de qualidade de amostras para trabalhos de síntese,
elucidação de estruturas químicas, e obtenção de informações sobre a dinâmica e
cinética molecular.
●​ Conexões através de ligações: As experiências como COSY, TOCSY, HMQC,
HSQC e HMBC são usadas para determinar conexões através de ligações.
●​ Conexões através do espaço: As experiências NOESY e ROESY são usadas para
determinar conexões através do espaço, fornecendo informações sobre a estrutura
3D e conformação molecular.
●​ RMN em química: A RMN é uma ferramenta poderosa para o estudo de moléculas
pequenas, com foco em núcleos de ¹H e ¹³C.
●​ RMN em biomoléculas: A RMN é usada para estudar biomoléculas como
proteínas, usando sequências de caminhada para atribuir sinais.
●​ RMN para estereoquímica: A RMN é uma ferramenta importante para identificar a
estereoquímica de moléculas em solução.

Outros pontos importantes:


●​ Sensibilidade: A baixa sensibilidade da RMN comparada a outras espectroscopias
é uma preocupação, mas técnicas como a deteção inversa (¹H) e o uso de
gradientes melhoram a sensibilidade.
●​ Isótopos: Isótopos e isotopólogos são moléculas que diferem apenas na sua
composição isotópica.
●​ Virtual coupling: Um núcleo acoplado a um grupo de núcleos fortemente acoplados
comporta-se como se estivesse acoplado a todos os membros do grupo.
●​ Deslocamento Químico: O deslocamento químico (δ) depende da estrutura
molecular e do solvente. Os grupos retiradores de eletrões causam um
deslocamento para baixo do campo, enquanto os grupos doadores de eletrões
deslocam os sinais para cima do campo.
●​ Acoplamento spin-spin: A interação entre núcleos através de ligações causa o
desdobramento dos sinais.

T6 ESPECTROFOTOMETRIA DE MASSA
Princípios da Espectrometria de Massa (EM):

●​ A EM é uma técnica poderosa utilizada na análise química para identificar


compostos com base na sua massa molecular.
●​ A técnica é destrutiva e é usada na análise de moléculas de diversas massas
molares.
●​ A EM envolve a produção de iões a partir de uma amostra, a separação destes iões
de acordo com a razão massa/carga (m/z), a deteção dos iões e a determinação da
sua massa e abundância.
●​ A técnica apresenta alta sensibilidade, sendo utilizada na análise de substâncias em
baixas concentrações, como no controlo de dopagem, alimentos, medicamentos e
contaminação ambiental.

Etapas da Espectrometria de Massa:

1.​ Ionização: As moléculas são bombardeadas por um feixe de eletrões de alta


energia, formando iões. A amostra é introduzida no instrumento por aquecimento até
evaporação. Os iões são formados na fonte iónica.
2.​ Separação: Os iões são acelerados num campo elétrico ou magnético e separados
pela razão massa/carga. Esta separação ocorre no analisador.
3.​ Deteção: Os iões com determinada razão massa/carga são detetados. O detetor
mede a abundância dos iões.
4.​ Processamento de Dados: Os dados são processados e o instrumento é
controlado por um computador.

Tipos de Ionização:
●​ Impacto de Eletrões (EI): As moléculas são bombardeadas com eletrões, formando
iões positivos. É um método forte e usado para pequenas moléculas (1-1000
Daltons).
○​ A molécula pode perder um eletrão, formando um ião molecular, ou
fragmentar-se em vários iões.
○​ A amostra é introduzida no instrumento por aquecimento e bombardeada por
eletrões (70 eV).
●​ Ionização Química (CI): Utiliza um gás reagente para ionizar a amostra. É um
método mais suave que o EI.
○​ Ionização Química de Ião Positivo (PICI): O gás reagente é ionizado por
EI, e os iões reagem com o analito para produzir iões quase moleculares.
Gases reagentes comuns incluem metano, isobutano e amónia.
○​ Ionização Química de Ião Negativo (NICI): Os eletrões são termalizados
por um gás reagente, e os compostos eletrofílicos capturam os eletrões,
produzindo aniões moleculares. É altamente sensível e seletivo.
●​ Outros Métodos de Ionização: Incluem ionização por campo (FI), dessorção por
campo (FD), ionização por eletrospray (ESI), dessorção/ionização a laser assistida
por matriz (MALDI), dessorção por plasma (PD), bombardeio com átomos rápidos
(FAB), espectrometria de massa de iões secundários (SIMS) e ionização por
termonebulização (TS).
○​ Electrospray Ionization (ESI): Utiliza um campo elétrico elevado para
ionizar a amostra e é adequado para moléculas de elevado peso molecular.
○​ Matrix Assisted Laser Desorption (MALDI): Utiliza um feixe de laser para
ionizar a amostra, também adequada para moléculas de elevado peso
molecular.

Analisadores de Massa:

●​ A tarefa do analisador é separar os iões de acordo com a sua razão massa/carga


(m/z).
●​ Os iões são selecionados pelo ajuste dos parâmetros operacionais do analisador.
●​ O espetro de massa é obtido pela variação destes parâmetros no tempo.
●​ Tipos de Analisadores:
○​ Analisador de Setor Magnético (MSA): Alta resolução, massas exatas.
○​ Analisador de Quadrupolo (Q ou Q):* Baixa resolução, rápido, barato.
○​ Analisador Time-of-Flight (TOF): Sem limite superior de m/z, alto
rendimento. A separação baseia-se na diferença de velocidade entre as
partículas. Pode ser do tipo refletor, aumentando a resolução.
○​ Analisador Ion Cyclotron Resonance (FT-ICR): A maior resolução, massas
exatas, caro.
○​ Analisador Ion Trap (IT): Gama de massas limitada (m/z 650) com alta
sensibilidade.

Detetores de Massa:

●​ Os detetores produzem sinais eletrónicos quando atingidos por um ião.


●​ Os sinais são integrados com varrimentos de voltagem para o registo dos iões m/z
que atingem o detetor.
●​ Os detetores necessitam de calibração regular.

Espectro de Massa:

●​ O espectro de massa mostra a massa da molécula e as massas dos seus


fragmentos.
●​ Em abcissa indica-se a razão m/z e em ordenada a abundância relativa.
●​ A medição precisa da massa de um pico define a sua composição elementar.
●​ A presença de isótopos de abundância natural conhecida auxilia na determinação da
composição elementar.
●​ A lei do azoto indica que se um composto tiver um número ímpar de átomos de
azoto, o seu ião molecular terá massa ímpar.

Informação Analítica do Espectro de Massa:

●​ Ião Molecular: Fornece a informação mais valiosa, indicando a massa e


composição elementar da molécula.
●​ Fragmentos: Permitem identificar grupos funcionais e estruturas moleculares.
●​ Bibliotecas de Espectros: Bibliotecas como NIST/EPA/MSDC, o índice oito-picos e
Wiley são usadas para comparação e identificação de compostos.
●​ Determinação da Massa Molecular: Permite a identificação de heteroátomos e
halogéneos através das abundâncias isotópicas.
●​ Análise de Fragmentos Comuns: Identificação de fragmentos característicos,
como M -15 (CH3), -28 (C2H4, CO ou N2) e diferenças de 43 u.m.a (C3H7,
CH3CO).

Diferentes Tipos de MS:

●​ ESI-QTOF: Fonte de electrospray ionization + filtro de massas de quadrupolo +


analisador de massas de time-of-flight.
●​ MALDI-QTOF: Matrix-assisted laser desorption ionization + filtro de massas de
quadrupolo + analisador de massas de time-of-flight.
●​ GC-MS: Gas Chromatography MS separa compostos voláteis e identifica-os por
massa.
●​ LC-MS: Liquid Chromatography MS separa compostos delicados e identifica-os por
massa.
●​ MS-MS: Tandem Mass Spectrometry separa os fragmentos dos compostos por
campo magnético e identifica-os por massa.

MALDI-TOF:

●​ Baseado no bombardeamento da amostra por um laser.


●​ As amostras são dissolvidas e dispersas numa matriz e irradiadas por um feixe laser.
●​ A matriz transforma a energia do laser em energia de excitação para a amostra.
●​ É uma ionização suave, adequada para analisar biomoléculas intactas e polímeros
sintéticos.
●​ Permite analisar uma gama variada de biomoléculas com elevada massa molecular
e misturas simples.
●​ É tolerante à utilização de tampões e sais.
●​ É um método rápido, fácil de usar e manter.

Aplicações da EM:

●​ Biotecnologia: Análise de proteínas, peptídeos e oligonucleótidos.


●​ Indústria Farmacêutica: Descoberta de novos fármacos, farmacocinética,
metabolismo de drogas.
●​ Clínica: Screening neonatal, análise de hemoglobina, teste de drogas.
●​ Ambiente: Análise de poluentes como PAHs, PCBs, qualidade da água,
contaminação alimentar e xenobióticos.
●​ Geologia: Composição de óleos.
●​ Determinação e confirmação da estrutura química de drogas e metabolitos
(MS-MS).
●​ Deteção/quantificação de impurezas.
●​ Deteção/quantificação de drogas e seus metabolitos em fluidos biológicos e
tecidos.
●​ Despistagem de drogas.
●​ Análises de misturas líquidas (LC-MS).
●​ Proteómica.
●​ Testes clínicos.
●​ Fingerprinting de produtos naturais.

Comparação MS vs NMR:

●​ Os picos de MS são mais finos do que os picos de NMR.


●​ O MS é muito mais sensível do que o NMR.
●​ O MS permite analisar moléculas muito maiores do que o NMR.
●​ As amostras de MS são mais difíceis de preparar.
●​ O MS não é particularmente quantitativo.

Definições Importantes:

●​ m/z: Razão entre a massa e a carga do ião detetado.


●​ Ião Molecular: Ião formado a partir da molécula original na fonte.
●​ Iões Produto/Fragmento: Iões formados pela fragmentação de um ião precursor.
●​ Isótopos: Variações de elementos com diferentes números de neutrões.
●​ Ião Monoisotópico: Ião contendo apenas os isótopos mais abundantes.
●​ Massa Exata: Massa precisa dos isótopos, usada para calcular a composição
elementar.
●​ MS/MS: Análise da relação entre um ião precursor e os seus iões fragmento.
●​ Peptide mass fingerprinting (PMF): Técnica para identificação de proteínas
através da medição da massa de peptídeos.
T7 RESSONÂNCIA ELECTRÓNICA DE SPIN
Princípios da Espectroscopia RPE:

●​ A espectroscopia RPE é análoga à ressonância magnética nuclear (RMN), mas em


vez de excitar os spins dos núcleos atómicos, excita os spins dos elétrons.
●​ A técnica é usada para detetar espécies que contêm elétrons desemparelhados,
como radicais livres, moléculas orgânicas e complexos de metais de transição.
●​ A RPE utiliza campos magnéticos menos intensos e frequências mais elevadas do
que a RMN, devido à diferença de massa entre núcleos e elétrons.
●​ A condição de ressonância ocorre quando a energia da radiação eletromagnética
corresponde à diferença de energia entre os níveis de spin eletrónico. Esta condição
é expressa pela equação hn = gβB0, onde h é a constante de Planck, n é a
frequência da radiação, g é o fator de Landé, β é o magneton de Bohr, e B0 é o
campo magnético aplicado.
●​ Para um elétron livre, o valor de g é 2.00232, mas em um cristal, este valor pode
variar devido aos efeitos do campo cristalino e da interação spin-órbita.

Teoria Subjacente e Conceitos Fundamentais:

●​ A interação entre o momento de spin do elétron e um campo magnético leva a


diferentes níveis de energia, que são quantizados de acordo com a teoria quântica.
●​ Os materiais podem ser classificados como diamagnéticos, paramagnéticos,
ferromagnéticos e antiferromagnéticos com base nas suas propriedades
magnéticas.
○​ Os materiais diamagnéticos têm respostas magnéticas fracas e χ negativo.
○​ Os materiais paramagnéticos possuem momentos magnéticos atômicos
permanentes, mas isolados, com magnetização nula na ausência de campo
externo.
●​ A magnetização (M) de um material é a soma dos momentos magnéticos (m) dos
seus constituintes.
●​ O momento magnético tem origem no momento angular dos elétrons nos íons ou
átomos que formam a matéria.
●​ A relação entre o momento magnético (m) e o momento angular (L) é dada por m = -
(e/2m) * g * L, onde g é o fator giromagnético (g = 1 para momento angular orbital e
g = 2 para momento angular de spin).
●​ A energia de um dipolo magnético num campo magnético é dada por U = - m • B.
●​ A susceptibilidade magnética (χ) relaciona a magnetização de um material com o
campo magnético aplicado.
●​ As regras de Hund determinam a distribuição dos elétrons nos orbitais atômicos
para maximizar o spin total (S), o momento angular orbital total (L), e o momento
angular total (J).
●​ A componente z do momento magnético total de um íon magnético livre é dada
por -g * mB * Jz, onde mB é o magneton de Bohr.
●​ O magneton de Bohr (mB) é uma unidade de momento magnético.
●​ A Lei de Curie descreve a relação entre a magnetização e a temperatura para
materiais paramagnéticos.
Espectro de RPE e Estrutura Hiperfina:

●​ O espectro de RPE mostra as transições entre os níveis de spin eletrônico.


●​ A interação hiperfina é a interação magnética do spin do elétron com o momento
magnético nuclear. Esta interação causa o desdobramento das linhas de
ressonância em várias componentes.
●​ O número de linhas no espectro é determinado pelo número de núcleos equivalentes
e seus spins nucleares, seguindo a relação (2nI+1), onde n é o número de núcleos
equivalentes e I é o spin nuclear.
●​ As intensidades das linhas hiperfinas seguem uma distribuição binomial dada
pelos coeficientes do binómio (1+x)n, que podem ser encontrados no triângulo de
Pascal.

Aplicações da Espectroscopia RPE:

●​ A RPE é usada na física do estado sólido, na química (identificação e quantificação


de radicais), na biologia e medicina (marcação de moléculas com sondas de spin), e
na bioquímica (identificação e caracterização estrutural de centros metálicos em
metaloproteínas).
●​ A espectroscopia RPE de alta frequência e alto campo é usada para detetar
detalhes subtis em sistemas complexos.

Componentes de um Espectrómetro RPE:

●​ Um espectrómetro RPE consiste em uma fonte de microondas, um eletroímã, uma


cavidade ressonante, um detetor, e um sistema de controlo.
●​ A cavidade de EPR permite múltiplas reflexões da radiação de microondas, criando
uma onda estacionária.
●​ A deteção do sinal é feita utilizando um método sensível à fase, modulando a
amplitude do sinal do detetor com bobinas externas.
●​ O sinal registado é o coeficiente angular do sinal de absorção em cada ponto.

Exemplos de Espectros Hiperfinos:

●​ O documento apresenta vários exemplos de espectros de RPE com estrutura


hiperfina, como o do átomo de hidrogénio, o anião do radical benzeno, o radical
benzoquinona, o ião Mn2+ e o ião 63Cu2+.
●​ O espectro do átomo de hidrogénio mostra duas linhas separadas por 500 Gauss
devido à interação hiperfina entre o spin eletrónico e o spin do protão.
●​ A interação de um elétron desemparelhado com n núcleos equivalentes de spin
nuclear I=1/2 resulta em 2nI+1 linhas com intensidades dadas pelo triângulo de
Pascal.
●​ O espectro do anião do radical benzeno mostra sete linhas com intensidades na
razão 1:6:15:20:15:6:1.
●​ A interação de um eletrão desemparelhado com um átomo de azoto (14N, I=1)
resulta em três linhas com a mesma intensidade.
●​ O espectro de Mn2+ mostra seis linhas devido à interação com o spin nuclear do
55Mn (I = 5/2).
●​ O espectro de 63Cu2+ mostra 4 grupos de linhas devido à interação com o spin
nuclear do 63Cu (I = 3/2), com cada grupo mostrando 11 linhas.

T8 ESPECTROFOTOMETRIA DE RAIOS X
Princípios da Espectroscopia de Raios-X:

●​ Os raios-X são uma forma de radiação eletromagnética com energias tipicamente


entre 100 eV e 100 keV, situando-se entre a radiação ultravioleta e os raios gama no
espectro eletromagnético. Alguns usos industriais e medicinais utilizam raios-X com
energias da ordem de 1 MeV.
●​ Raios-X com energias até 5 keV são chamados de raios-X moles, e com energias
acima disso, de raios-X duros.
●​ Os raios-X têm um comprimento de onda comparável ao tamanho dos átomos e
energia suficiente para ionizar moléculas, além de possuírem um grande poder de
penetração.
●​ A interação dos raios-X com a matéria ocorre principalmente de duas formas:
○​ Absorção fotoelétrica: O fotão de raios-X é absorvido e toda a sua energia
é transferida para um elétron. Este processo é mais comum com raios-X
suaves.
○​ Espalhamento Compton: O fotão incidente perde energia para um elétron,
resultando num aumento do comprimento de onda da radiação espalhada.
Este mecanismo é predominante em raios-X duros e é usado em imagens
médicas.

Produção de Raios-X:

●​ Os raios-X podem ser produzidos por tubos de raios-X padrão e por anéis de
armazenamento síncrotron.
●​ Tubos de raios-X: O espectro de energia de um tubo de raios-X mostra linhas de
fluorescência sobrepostas por uma radiação bremsstrahlung contínua.
●​ Radiação Síncrotron: É produzida em anéis onde eletrões e positrões são
mantidos circulando a energia constante, e é emitida por partículas carregadas em
movimento a velocidades relativísticas num campo magnético.
○​ A radiação síncrotron é gerada tanto em ímans de curvatura (bending
magnets) que mantêm os eletrões em órbita fechada, quanto por dispositivos
de inserção, como wigglers e ondulators.
○​ Estes dispositivos forçam os eletrões a seguir trajetórias oscilatórias,
resultando em raios-X com brilho superior aos tubos de raios-X
convencionais.
○​ A radiação síncrotron abrange faixas do espectro eletromagnético como o
infravermelho, luz visível, ultravioleta e raios-X.
○​ A produção de radiação síncrotron envolve a injeção de eletrões num campo
elétrico, a aceleração progressiva em câmaras de vácuo com ímans
dipolares, e a manutenção dos eletrões em órbita circular.
○​ Os componentes de um anel de armazenamento incluem aceleradores
lineares e circulares, ímans dipolos, quadrupolos e sextupolos para focalizar
o feixe eletrónico, e linhas de luz com colimadores e onduladores.
●​ A brilhância de uma fonte de raios-X é determinada pelo número de fotões emitidos
por segundo, a colimação do feixe, a área da fonte e a distribuição espectral.
●​ Síncrotrons de segunda e terceira geração estão em operação, e fontes de quarta
geração devem começar a operar a partir de 2020. Síncrotrons de terceira geração
têm um brilho aproximadamente 10 ordens de magnitude maior do que os raios-X
produzidos por rotação de ânodo.

Técnicas de Espectroscopia de Raios-X:

●​ Espectroscopia de Fotoemissão de Raios-X (PES):


○​ Baseia-se no efeito fotoelétrico, onde eletrões são ejetados de um átomo
quando exposto à radiação com frequência alta.
○​ A energia cinética máxima de um eletrão ejetado é dada pela equação Ec =
hν - φ, onde hν é a energia do fotão incidente e φ é a função trabalho do
material.
○​ Em sólidos, os eletrões estão organizados em bandas de energia, com os
eletrões de maior energia de ligação formando o nível interno e os de menor
energia de ligação formando a banda de valência. O último eletrão ligado ao
material define o nível de Fermi (EF).
○​ O processo de fotoemissão envolve a absorção de um fotão, a criação de um
fotoeletrão e um buraco, o transporte do fotoeletrão até a superfície, e a
ejeção do fotoeletrão do material.
○​ A técnica de PES é usada para determinar a composição elementar,
contaminação, fórmula empírica, energias de ligação eletrónicas, estado de
valência e espessura de camadas finas.
○​ A análise do número de eletrões ejetados em função da sua energia cinética
permite determinar a energia de ligação do eletrão no material.
●​ Espectroscopia de Absorção de Raios-X (XAS):
○​ Mede o coeficiente de absorção de raios-X (μ(E)) em função da energia dos
raios-X.
○​ A absorção de raios-X aumenta abruptamente em energias específicas,
correspondendo às energias de ligação dos eletrões nas camadas
eletrónicas, chamadas bordas de absorção.
○​ A espectroscopia XAS pode ser dividida em XAFS (X-ray Absorption Fine
Structure), que inclui EXAFS (Extended X-ray Absorption Fine Structure) e
XANES (X-ray Absorption Near Edge Structure), NEXAFS e SEXAFS.
○​ A técnica é usada para estudar a estrutura local em torno de um elemento
específico, incluindo a natureza, número e distância dos vizinhos, estrutura
local, desordem local e estado eletrónico.
○​ A intensidade de raios-x após passar pela amostra é dada por I = Io e-μt,
onde Io é a intensidade inicial, μ é o coeficiente linear de absorção e t é a
espessura da amostra.
○​ As medições são baseadas na seção de choque para a absorção de fotões
por eletrões de camadas internas.
○​ A borda de absorção ocorre quando um eletrão de um orbital interno é
promovido e ejetado ao estado final.
○​ A espectroscopia de alta resolução da borda de absorção (XANES) analisa a
interferência da vizinhança do átomo absorvedor.
○​ As oscilações de EXAFS estão relacionadas com a distância, quantidade e
desordem dos átomos vizinhos.

Aplicações da Espectroscopia de Raios-X:

●​ A espectroscopia de raios-X é aplicada em diversos campos, incluindo física,


química, ciência dos materiais, biologia, medicina e geologia.
●​ É utilizada para analisar cristais, materiais amorfos, vidros, filmes desordenados e
sistemas biológicos.
●​ A técnica de XAS permite determinar a identidade, quantidade, estrutura e ambiente
de átomos, moléculas e iões através da análise da radiação absorvida ou emitida.

T9 ESPECTROFOTOMETRIA DE MOSSBAUER
Princípios da Espectroscopia de Mössbauer:

●​ A espectroscopia de Mössbauer envolve a exposição de uma amostra sólida à


radiação gama, medindo a intensidade da radiação transmitida através da amostra.
●​ A energia da radiação gama é variada através da aceleração da fonte de radiação,
utilizando o efeito Doppler para criar um desvio energético.
●​ Recuo Nuclear: Quando um núcleo emite ou absorve radiação gama, há uma
conservação do momento que leva a um recuo do núcleo. Em núcleos livres, como
em gases, a energia do raio gama é menor do que a energia natural da transição na
emissão e maior na absorção. Em sólidos, a energia de recuo pode ser perdida em
pacotes discretos chamados fonões, incluindo zero fonões, conhecido como "recuo
livre".
●​ Efeito Mössbauer: Este efeito ocorre quando uma fração significativa de eventos de
emissão e absorção ocorre sem recuo, quantificada pelo Fator Lamb-Mössbauer. A
ressonância nuclear sem recuo é análoga à ressonância acústica entre dois
diapasões com a mesma frequência, mas usando núcleos atómicos em vez de
diapasões.
●​ A técnica de Mössbauer analisa as interações hiperfinas entre o núcleo e os eletrões
do átomo, que são afetadas pela valência, o ambiente químico e o ambiente
magnético.

Detalhes Técnicos e Experimentais:

●​ A espectroscopia de Mössbauer olha para fora do núcleo, pois os níveis de energia


do núcleo são alterados por interações hiperfinas com os eletrões do átomo.
●​ A energia de um raio gama emitido é igual à diferença de energia entre os
estados envolvidos no decaimento, mas o núcleo sofre um recuo que absorve
parte desta energia. Para ocorrer a ressonância, a amostra é colocada numa matriz
sólida para amortecer o movimento.
●​ A resolução energética desta técnica é extremamente alta, permitindo medir desvios
de energia muito pequenos, da ordem de 1 em 10¹².
●​ Em transições atómicas, a energia de recuo é menor do que a largura da linha de
energia, mas nas transições nucleares, a energia de recuo é muito maior do que a
largura da linha.
●​ O movimento térmico dos átomos causa um alargamento nas distribuições de
energia devido ao efeito Doppler. A largura da linha Doppler pode ser da mesma
ordem da energia de recuo, permitindo a fluorescência ressonante.
●​ Para compensar o recuo, a fonte é movimentada, compensando o recuo do núcleo e
fazendo o momento total do sistema núcleo + raio gama igual a zero. O desvio
Doppler de primeira ordem é usado para variar a energia do raio gama.
●​ A velocidade da fonte pode ser obtida num altifalante, onde o cone oscila com
precisão.
●​ As componentes necessárias para a espectroscopia Mössbauer são uma fonte
Mössbauer, um absorvedor e um detetor. A transição ressonante pode ser estudada
pela mudança na transmissão ou pela observação do espalhamento ressonante.
●​ O espectro Mössbauer é caracterizado pela posição da linha (δ), largura de linha (G)
e área (A).

Interações Hiperfinas e Desdobramento de Níveis:

●​ Interação Magnética: Se um núcleo tem spin nuclear (I) e momento magnético (μ),
a interação com um campo magnético desdobra o nível nuclear em (2I+1) níveis. A
regra de seleção para as transições é Δmz = 0, ±1.
●​ Interação Quadrupolar: Núcleos com spin nuclear I > 1/2 têm momento
quadrupolar (eQ). A distribuição de carga eletrónica não esférica cria um gradiente
de campo elétrico (Vij) no sítio do núcleo, que desdobra o nível nuclear em dois
níveis. A regra de seleção é Δm = 0, ±1.
●​ Um espectro Mössbauer para um estado excitado com I = 3/2 e um estado
fundamental com I = 1/2 pode ter seis linhas de ressonância devido à interação
hiperfina, ou duas linhas devido à interação quadrupolar.
●​ O espectro pode ser desdobrado quando o núcleo quadrupolar está num local não
cúbico, e a separação das linhas fornece o valor da constante de acoplamento
quadrupolar.

Aplicações e Exemplos:

●​ O espectro Mössbauer do ⁵⁷Fe é estudado em função da velocidade relativa entre


fonte e absorvedor.
●​ O espectro de ⁵⁷Fe pode mostrar seis linhas equidistantes devido ao desdobramento
hiperfino, com uma linha central associada a uma fase austenítica.
●​ A largura da linha da absorção ressonante do Fe varia com a temperatura e pode
ser usada para determinar o coeficiente de difusão.
●​ O "chemical isomer shift" (δ) desloca a linha de ressonância, dependendo do
isótopo.
●​ As diferentes configurações eletrónicas do Fe e seus estados de spin afetam o
"chemical shift" devido à blindagem dos orbitais.
●​ A espectroscopia Mössbauer foi utilizada para determinar a estrutura do Fe₃(CO)₁₂,
mostrando três linhas de mesma intensidade, indicando um ferro num sítio simétrico.

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