Capítulo_2_2012
Capítulo_2_2012
1- Introdução
Na prática a destilação pode se conduzida segundo dois procedimentos principais.
O primeiro método baseia-se na produção de vapor a partir de uma mistura líquida
em ebulição, esse vapor formado, após condensação, não retorna para o interior da
coluna e nesse caso não teremos o refluxo. No segundo procedimento, tem-se o
reciclo, refluxo ou retorno de parte do líquido condensado para assegurar o
contato íntimo do vapor ascendente com o líquido em qualquer região da coluna. Os
dois métodos podem ser desenvolvidos em equipamentos contínuos ou batelada.
2- Destilação Flash
Consiste na vaporização definitiva de uma fração de uma mistura líquida de tal
forma que, que o vapor encontra-se em equilíbrio com o liquido residual. O vapor
produzido e enviado para um condensador, como mostra a figura abaixo.
Nomenclatura:
a: bomba deslocamento positivo (aumentar
pressão da alimentação)
b: fornalha de aquecimento do líquido
c: válvula redutora de pressão
d: coluna de separação de fases
e: corrente e vapor que deixa o topo da coluna
g: corrente de líquido que deixa o fundo da
coluna
1
Porque o reciclo ou refluxo aumenta a pureza no do produto de topo?
( )
Fluxo/taxa de TM na interface: Ky yn* ≡ ye − yn +1 , para incrementar o fluxo de
TM do componente mais volátil deve-se maximizar o driving force. Isso pode ser
feito e, ↑ yn* , como yn* = f(xn ), aumentando xn (liquido), incrementa-se yn* e ↓ yn +1
, o que vale dizer vapor pobre no componente mais volátil, proveniente do reboiler.
figura a
Solução: Para cada valor de f, calcula-se a inclinação . Para cada valor da inclinação
pode-se plotar várias linhas passando por (xF, xF), como ilustra a figura a. Da
intersecção dessas linhas [Eq. (2)], com a curva de equilíbrio para o sistema,
obtém-se os valores das composições em equilíbrio xB e yD. A temperatura de
operação para cada valor de f, pode ser obtida do diagrama de T vs. x ou y, da
figura b. Os valores de xB , yD e T vs. a fração vaporizada (f) podem ser vistos na
figura c.
5
fração inclinação fração molar de C6H6 temperatura
vaporizada f Da Eq. (2) líquido xB vapor yD °C
0 ∞ 0,5 0,71 92,2
0,2 -4 0,455 0,67 93,7
0,4 -1,5 0,41 0,63 95,0
0,6 -0,67 0,365 0,585 96,5
0,8 -0,25 0,325 0,54 97,7
1,0 0 0,29 0,50 99,0
figura c
Figura 1
Solução:
Dados: xF = 0, 5 e f = 0,4. Do diagrama, tem-se a temperatura do ponto de bolha
(bubble point) do líquido que alimenta a fornalha: Tb = 92 º C. 8
A corrente de alimentação pressurizada será
submetida a um aquecimento na fornalha,
posteriormente uma expansão e resfriamento no
tambor flash (adiabático). Rigorosamente a solução
desse problema envolve um procedimento
interativo: Suposição: TT = 95 º C Temperatura no
tanque de separação (pressão atmosférica)
Calcular a volatilidade relativa da mistura à essa
temperatura:
α=
'
PBenzeno ( 95º C )
≅ 2, 45
PTolueno ( 95º C )
'
⎧ yD = 0, 632
a) Composição das corrente à saída do tanque: ⎨
⎩xB = 0, 412
b) Cálculo da temperatura do líquido à saída da fornalha (TF):
Dados adicionais: ⎧para o benzeno λ = 7360 cal/ g mol
i) calores latentes molares dos componentes ⎨
⎩para o tolueno λ = 7960 cal/ g mol
ii) calores específicos molares dos componentes (líquido) à pressão constante:
⎧⎪para o benzeno cPL = 33 cal/ molº C
⎨
⎪⎩para o tolueno cPL = 40 cal/ molº C
Da Eq. (3): . HF = fHy + (1 − f ) Hx 10
Lembrando que ENTALPIA é uma medida RELATIVA, ou de outra forma, deve ser
calculada, considerando uma temperatura de referência. Nesse caso, parece
interessante escolher, como referência a MENOR temperatura no tambor de
separação: que é de TR = 95 °C (vapor e líquido que deixam a coluna). Qual a vantagem
de escolher essa temperatura como referência????.
HF = cPL ( TF − TR ) = cPL ( TF − 95 ) Hx = (1 − f)cPL ( Tx − TR ) = (1 − f)cPL ( 95 − 95 ) = 0
HF = fHy Assim: Hy ≡ λ (c)
Calor específico MÉDIO do líquido à entrada do tambor:
cPL = ( 0, 5 × 33) + ( 0, 5 × 40 ) = 36, 5 cal/ mol º C (d)
Latente de vaporização MÉDIO do vapor à saída da coluna:
λ = ( 0, 632 × 7360 ) + ( 0,368 × 7960 ) = 7581 cal/ g mol (e)
Substituindo os resultados (c), (d) e (e) na Eq. (3), teremos:
HF = (36,5 ) TF − 95 = 0, 4 ( 7581 )
( ) ou TF = 178 º C
Destilação Contínua com Refluxo (retificação)
A Destilação Flash não é eficiente para a separação de componentes com volatilidades
menores, uma vez que o condensado de vapor e o líquido residual estarão “longe” de
substâncias puras. Pode-se, submeter as correntes efluentes (que saem) do tambor Flash a
operações sucessivas de “flashamento” até obter a separação desejada, mais isso é
industrialmente ineficiente por razões econômicas. Os métodos atuais, usados em
laboratórios e plantas industriais aplicam o princípio de retificação do vapor que será
descrito nesta seção. 11
Balanços materiais numa coluna de pratos
Balanços materiais para sistemas binários. Balanço material numa planta típica
de destilação contínua.
D = Vn +1 − Ln (15)
12
As Eqs. (14) e (15) podem ser reescritas para o componente A:
DxD = Va ya − La xa = Vn +1 yn +1 − Ln xn (16)
Similarmente, a taxa molar B (produto de fundo) pode ser obtida, fazendo o
balanço material global no reboiler e na superfície Control surface II da figura,
B = Lb − Vb = Lm − Vm+1 (17)
Aplicando a equação anterior para o componente A, teremos:
BxB = Lb xb − Vb yb = Lm xm − Vm+1 ym+1 (18)
Construção gráfica do prato de topo: (a) usando condensador total; (b) usando
condensador parcial
prato de topo (cond. total):
triângulo abc
prato de topo (cond. parcial):
triângulo a’b’c’
condensador parcial:
triângulo aba’
16
Condição térmica do refluxo:
Refluxo saturado à TC (temperatura do ponto bolha): V = V1 (Figura 9a)
Refluxo à TC “frio” (temperatura abaixo do ponto de bolha): V1 < V e L > LC
Para o refluxo frio, uma determinada quantidade de vapor é condensado (∆L) é
adicionada no prato de topo:
LC cpc ( T1 − TC )
∆L = (27)
λc
onde, cpc = calor específico do condensado
λC = calor latente de vaporização do condensado
T1 = temperatura do líquido no prato de topo
Para refluxo frio a razão de refluxo real na coluna é:
⎡ cpc (T1 − TC ⎤
LC ⎢1 + ⎥
L LC + ∆L ⎣ λ C ⎦
RD = = = (28)
D D D
Refervedor e prato de fundo (“bottom plate”). A ação do fundo da coluna é
análoga ao que acontece no topo da coluna. Reescrevendo a LO para secção inferior
da coluna, Eq. 23, para fluxos molares constantes, ou seja L e V , denotam as
taxas molares nessa parte da coluna, assim:
L B xB
ym+1 = xm − (29)
L −B L −B
A Eq. (29), LO da secção inferior da colina, para fluxos molares constantes,
apresenta as seguintes características: 17
B xB
Intercepta o eixo y do digrama de ELV: em xm= 0 → o que vale dizer em −
Quando xm = xB→ ym +1 = L
xB −
B
xB =
( )
xB L − B
= xB
L −B
L −B L −B L −B
O que vale dizer que a Eq. (29) intercepta a diagonal (linha y=x) do diagrama de
ELV no ponto (ym+1≡xB). O diagrama para o prato de fundo e o reboiler pode ser
visto na Figura 12 a seguir: ponto com coordenadas (xB, yr) → linha de
equilíbrio
ponto com coordenadas (xb,yr) → linha de
operação
O procedimento gráfico para plotar o
reboiler e o prato de fundo encontra-se na
figura abaixo.
18
Prato de alimentação (“feed plate”): É o prato da coluna onde é feita a
alimentação da mistura. As taxas de vapor e líquido saturado modificam,
dependendo da condição térmica da alimentação. A figura abaixo ilustra as
possibilidades da corrente de alimentação
3,5 0, 974
Linha Operação/Enriquecimento → yn +1 = xn + Eq. (3)
4,5 4, 5
Linha Alimentação → vertical por xF
886, 9 196, 6 ( 0, 0235 )
Linha Operação/Esgotamento → ym+1 = x − Eq. (4)
690 m 690
( )
V = 690 kmol/ h (p / q = 1, 0) L = L + F = 3,5D + F = 3,5 153, 4 + 350 = 886, 9 kmoles / h
A Eq. (51) é denominada de Equação de Fenske e pode ser aplicada para misturas
binárias quando αAB→ constante. Se αAB (topo) ≠ αAB (base); então pode-se trabalhar
35
um valor médio de αAB → (média geométrica).
REFLUXO MÍNIMO
Qualquer refluxo (RD) menor que o TOTAL, o número de estágios necessários para a
separação é MAIOR que o número mínimo (Nmin) e o número ideal de estágios (N)
aumenta continuamente à medida que o refluxo diminui, ou seja:
N ↑ α RD ↓ (diminuição de RD tem como conseqüência um incremento no valor de N)
O refluxo que torna valor de N muito grande, ou “infinito”, é denominado e
RAZÃO DE REFLUXO MÍNIMO.
Nas colunas reais, projetadas para produzir quantidades finitas no topo a base,
devem operar com uma razão de refluxo intermediária:
⎛ La ⎞ ⎛ La ⎞
⎜ ⎟ < ⎜ ⎟ < ∞ N
D
⎝ ⎠min ⎝ D ⎠op Nmin
N →"infinito"
Linha ac: OK
y’ Linha ab: ERRADO! (inversão da
driving force)
x’
O valor de ( RD )min é obtido pela tangente da LO da secção de enriquecimento com
a curva de ELV, que neste caso apresenta uma inflexão (ELV não convencional) p/
valores de x próximo ao ponto de azeótropo, da figura anterior,
38
Razão de refluxo ótima (RD )optimum
Custos fixos (Fixed charges): CF = projeto, aquisição e instalação da unidade de
destilação
Custos variáveis: CV = alimentação da mistura, manutenção, energia elétrica, consumo
de vapor e água de refrigeração
Custo total (Total Costs): CT = CF + CV
↓ CF α ↑ RD (L e V aumentam com o incremento do reciclo e número estágios diminui)
↓ CV α ↓ RD (L e V diminuem com a redução do reciclo e número estágios aumenta)
O refluxo ótimo é obtido através da minimização da função Custo Total (CT), como
ilustra a figura abaixo:
39
Exemplo 4: Calcular a razão mínima de refluxo e o número ideal mínimo de estágios
(Nmin) para os casos b(i), b(ii) e b(iii) do Exemplo 3.
Solução:
xD − y'
Cálculo de (RD )min xD = 0,974 (RD )min =
y'− x'
A posição da Linha de alimentação modifica com alteração do parêmtro q
(condição térmica da alimentação), então as coordenadas do pinch point também.
Os valores de ( RD )min encontram-se na tabela abaixo
40
O número mínimo de estágios Nmin é calculado para condição de refluxo
total, como ilustra a figura a seguir. Para utilizar a correlação de Fenske,
aplicaremos a expressão: (essa relação apenas se aplica para benzeno e
tolueno à P = 1,10 atm).
Topo da coluna: x = 0, 974 → α = 2, 60
Base da coluna: x = 0, 0235 → α = 2,35
Média geométrica: αAB = 2,35 × 2, 60 = 2, 47
Procedimento gráfico:
Nmin = 8 estágios ideais + reboiler
(arredondando para cima)
⎡ x (1 − xB ) ⎤ ⎡ 0, 974 (1 − 0, 0235 ) ⎤
Correlação ln ⎢ D ⎥ ln ⎢ ⎥
de Fenske N x ( 1 − x ) 0, 0235 ( 1 − 0, 974 )
= ⎣ − 1 Nmin = ⎣ ⎦ − 1 = 7,1 + 1 = 8,10
B D ⎦
min
ln ( αAB ) ln (2, 47 )
41
Produtos de elevadas purezas (Nearly pure products)
Quando se deseja produtos de topo e fundo com elevada pureza, torna-se
praticamente impossível a construção gráfica (imprecisão) dos estágios nas
extremidades do diagrama y versus x. Alternativamente, pode-se empregar
expressões analíticas nas regiões onde o procedimento gráfico é bastante
impreciso, como ilustra a figura a seguir:
Alternativa para calcular N, nas
extremidades do digrama y versus x:
Admitir ajuste linear dos dados de
equilíbrio (ELV) nessas regiões e
empregar as expressões analíticas
(bastante razoável). Na destilação, por
exemplo, à posição relativa da LO e
curva de ELV é similar ao caso de
stripping, entretanto a força motriz
para transferência de massa, localiza-
se na fase gasosa como na operação de
Absorção como ilustra a figura
esquemática a seguir.
Figura -Utilização de expressões analíticas para cálculo de N nas extremidades
do diagrama y versus x.
42
Força motriz na absorção gasosa:
yn +1 − ye
Força motriz na destilação:
ye − yn +1
(
ln ⎡⎢ yb − yb*
N= ⎣
)( ) (
ya − ya* ⎤⎥ ln ⎡⎢ yb* − yb
⎦= ⎣ ) ( ya* − ya )⎤⎥⎦ para A > 1,0 e D < 1,0 (p/ D = 1/A)
( )
ln ⎡⎢( yb − ya ) yb* − ya* ⎤⎥ ln ⎡⎢( ya − yb )
⎣ ⎦ ⎣ ( ya* − yb* )⎤⎥⎦
Absorção Destilação
N= ⎣
(
⎢ y* − y ⎥
⎢ a )
a ⎥⎦
(Kremser para destilação)
⎡ ⎤
ln ⎢ ( ya − yb ) ⎥
(
⎢ y* − y* ⎥
⎣⎢ a )
b ⎦⎥ 43
LO e ELV convergentes, D = V mt < 1 , com o incremento de x, No topo da coluna:
t
L
⎡ *
ln ⎢
( ya − ya ⎤
) ⎥
N =
⎢
⎣⎢ ( y b* − yb ⎥)⎦⎥ (Kremser para destilação)
ln ⎢
(
⎡ y* − y*
a b ) ⎤
⎥
⎢
⎢⎣
(ya − yb )⎥
⎥⎦
Posição relativa da LO e curva de ELV para a destilação
Exemplo 4: Uma mistura líquida com 2,0% molar de etanol e 98% molar de água é
submetida a uma operação de stripping com vapor de água puro (fluido de arraste)
numa coluna de estágios com fluxos contracorrentes. O produto de fundo da coluna
deve conter 0,01% molar de etanol. A alimentação da mistura líquida encontra-se
na temperatura do ponto de bolha (liquido saturado) e a corrente de vapor à saída
da coluna é 0,2 moles por cada mol de alimentação. Para soluções diluídas de
etanol-água pode empregar a seguinte relação de equilíbrio: ye = 9, 0xe . Quantos
estágios ideais são necessários para a separação? 44
Solução:
Linha de Equilíbrio → Linha Linear
Linha Operação (solução diluída)→ Linha linear
1ª constatação: Pode-se empregar as Relações de Kremser
Analisando esse problema como sendo similar a uma coluna de “absorção” (força
motriz na fase gasosa), entretanto com a seguinte diferença: y > y
n n +1
Dados:
m = 9, 0
yb = 0
xa = 0, 02 xb = 0, 0001
então:
ya* = mxa = 9, 0 × 0, 02 = 0,18
yb* = 9 × 0, 0001 = 0, 0009
Suposição: F =1,0 mol (líquido saturado)
F = L = 1, 0 e V = 0,2
mV 9 × 0,2
Parâmetro A (fator de “Absorção”): A= = = 1,8 > 1,0 (divergentes)
L 1
Balanço material na coluna para calcular ya ?
Misturas diluídas: V ( ya − yb ) = L ( xa − xb ) ou 0,2 ( ya − 0 ) = 1 ( 0, 02 − 0, 0001 )
∴ ya = 0, 0995 45
Cálculo do número de estágios necessários (N), empregando a expressão de
Kremser para absorção, devidamente adaptada para essa coluna:
ln ⎢
(
⎡ y − y*
a a ) ⎤
⎥ ⎡ ( 0, 0995 − 0,18 ) ⎤
N= ⎣
⎢
⎢ (
yb − yb* ⎥
ln ⎢
⎦⎥ = ⎣⎢
(0) − 0, 0009)
⎥
⎦⎥ = ln ( 89, 44 ) = 7, 64
ln ⎢
(
⎡ y* − y*
b a ) ⎥
⎤
ln
⎡ (0, 0009 − 0,18) ⎤
⎢ (0 − 0, 0995) ⎥
ln (1,8 )
⎢
⎢⎣
( yb − ya ) ⎥
⎥⎦
⎣ ⎦
Analisando esse problema como sendo similar a uma coluna de stripping (força
motriz na fase líquida):
Parâmetro S (fator de stripping): S = mV = 9 × 0,2 = 1,8 > 1,0 (divergentes)
L 1
m = 9, 0
Como yb = 0 → xb* = 0
yb = 0
xa = 0, 02 xb = 0, 0001 y 0, 0995
ya = 0, 0995 → xa* = a = = 0, 011055
m 9
ln ⎢
(
⎡ x − x*
a a ) ⎤
⎥ ⎡( 0, 02 − 0, 011055 ) ⎤
N= ⎣
⎢
⎢ (
xb − xb* ) ⎥
⎦⎥
ln ⎢
= ⎣
⎢ ( 0, 0001 − 0 ) ⎥
⎦⎥ = ln ( 89, 45 ) = 7, 64
ln S ln (1,8 ) ln (1,8 )
46
Projeto de colunas de pratos perfurados para destilação (sieves-plates)
Objetivo principal do prato ou bandejas promover o contato íntimo do vapor ascendente
com o líquido descendente e aumentar o tempo de residência do líquido e do vapor na
coluna visando a maximização dos processos de transferência.
Nessa etapa temos que definir/calcular os seguintes dados operacionais:
· Queda de pressão (vapor)
· Diâmetro
· Altura
· Eficiência de estágios/coluna
Faixa de dados mais usuais:
Diâmetro: 1 ft (0,3 m) à 40 ft (12 m)
Altura: 10 ft (3 m) a 200 ft (60 m)
Número de pratos: < 100 (com furos de 5 a 12 mm ou de 3/16 a ½ in e arranjo triangular)
Espaçamento dos pratos: 6 in a 3 ft (36 in)
Pressão de operação: 50 mm Hg a 3000 lb/in2
Temperatura: -180 a 370 ºC
Operação normal do prato perfurado:
Cada downcomer (segmentar reto) ocupa de 10 a 15% da área da secção transversal da
coluna. O que vale dizer que 70 a 80% da área da coluna fica destinada ao borbulhamento
de vapor (contato vapor-líquido).
Modo de contato (vapor-líquido) sobre o prato: fluxos cruzados
A velocidade do vapor nos furos do prato deve ser alta o suficiente por algumas razões:
a) para promover uma mistura vigorosa do vapor e líquido sobre o prato (muitas vezes com geração
de espumas) e, somando-se a isso, uma área superficial elevada para transferência de massa.
b) Inviabilizar a passagem de líquido pelos furos (o líquido deve escoar pelo downcomer) 47
Os pratos ou bandejas são placas dispostas horizontalmente ao longo da coluna com o
objetivo de “empoçar” o líquido descendente. Eles são construídos de tal maneira que o
vapor ascendente borbulhe nos líquidos empoçados nos pratos. Existem muitas
maneiras de se fazer isso, apenas para fins de explanação do funcionamento da coluna
de pratos foi selecionado o prato perfurado. Este prato é perfurado como se fosse um
chuveiro o líquido é retido nos pratos pela pressão do vapor borbulhante. O líquido
escoa de prato em prato vertendo através dos downcomers.
A figura ao lado ilustra os movimentos do líquido e do vapor nos pratos. Embora não
apareça nessa figura, o vapor borbulha no líquido empoçado no prato quase ao ponto
de formar uma espuma.
48
Queda de pressão do vapor (vapor pressure drop)
A queda de pressão do vapor no prato (em mm ou inches de líquido) é dividida em
duas partes, a queda de pressão (atrito) nos furos do prato e a queda de pressão
do vapor para escoar através da camada de líquido sobre o prato (hold-up), ver
esquema na figura.
ht = hd + hl (54)
onde:
ht = queda de pressão total no prato, mm de líquido
hd = queda de pressão no prato “seco”, mm de líquido
hl = altura equivalente de líquido sobre o prato, mm de líquido
50
hl = Carga de líquido equivalente sobre o prato
Gênese do parâmetro β : corrigir efeito
da fração de vapor sobre o prato e também
da densidade da espuma (over weir).
Para alturas de vertedouros típicas
25 a 50 mm ou 1 a 2 polegadas: 0, 4 ≤ β ≤ 0,7
⎛ ρL , ρV , σ, ⎞
uc = uc ⎜
⎜ espaçamento pratos, L e V ⎟⎟
⎝ ⎠
Solução:
Dados: propriedades físicas do metanol: Peso molecular 32, temperatura de
ebulição (P=1,0 atm) é de 65 ºC. Conceito de volume molar, um mol de qualquer gás
ideal nas condições standard (padrão T = 273 K e P = 1,0 atm) ocupa 22,4 litros.
Assim equação de gás ideal: pV = nRT ou 1, 00 atm × 22, 4 litros = 1, 00 mol × R × 273 K
1, 00 atm × 22, 4 litros 1, 00 atm × 22, 4 m3
A constante dos gases ideais é: R = =
1, 00 mol × 273 K 1, 00 kgmol × 273 K
kg
Densidade mássica do metanol: 32 × 1 atm
PM × P kgmol kg
ρV = = = 1,15
R×T 1, 00 atm × 22, 4 m3 m3
1, 00 kgmol × 273 K
× 338 K 54
Do Perry (Chemical Engineer´s Handbook, 6th edition, página 3-188). A densidade
3 3
do metanol é: ρL = 810 kg / m a 0 ºC e ρL = 792 kg / m a 25 ºC. Estimativa de ρL à
65 ºC (extrapolação linear MUITO CUIDADO ???), ρL = 750 kg / m3 . Lange´s
Handbook of Chemistry, 9th edition, p. 1650, fornece a tensão superficial do
metanol à 20 e a 100 ºC e , por interpolação linear 65 ºC, σ = 19 dina / cm.
a) cálculo da velocidade do vapor e do diâmetro da coluna: uc e Dc .
L
RD = = 3, 5 ou L = 3, 5 × D . Balanço Material no topo da coluna: V = L + D = 4, 5 × D
D 1/2 1/2
Abscissa da Figura 27: L ⎛ ρV ⎞ 3, 5 × D ⎛ 1,15 ⎞ −2
⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ = 3, 0410
V ⎝ ρL ⎠ 4, 5 × D ⎝ 750 ⎠
Com o valor da abscissa, na Figura 27, tem-
se a ordenada Kv = 0,29 .
0,2
ρV ⎛ 20 ⎞
Kv = uc ⎜ ⎟ = 0,29 ou
ρL − ρV ⎝ σ ⎠
0,2
750 − 1,15 ⎛ 19 ⎞
uc = 0,29 ⎜ ⎟ = 7,32 ft / s = 2,23m / s
1,15 ⎝ 20 ⎠
kg
4, 5 × 5800 3
Vazão volumétrica de vapor: V = L + D = 4, 5 × D Q = h = 6,30 m
s kg s
3600 × 1,15 3
h m
Área disponível para o borbulhamento (bubbling area) do vapor (Ab): Q = uc × Ab 55
m3 Suposição: Área de borbulhamento é 0,70 (ou 70%) da
6,30
Ab = s = 2, 83 m2 área da secção transversal da coluna (A), ou seja:
m A
2,23 2,83
s AT = b = = 4, 04 m2
0, 7 0, 7
2
Diâmetro da coluna (Dc ) π × (Dc ) 1/2 1/2
AT = ou D = ⎛ 4 × AT
⎞ ⎛ 4 × 4, 04 ⎞
4 c ⎜ ⎟ =⎜ ⎟ = 2,27 m
b) cálculo da queda de pressão ⎝ π ⎠ ⎝ π ⎠
Área unitária do prato com 3 furos:
H 1 3
tg ( 60º ) = 3 = ou H = × 3 in
3 1 2 4
×
4 2
A = área do triângulo eqüilátero lado = ¾ in
⎛1 3⎞ 1 3⎛3 3⎞ 1 9
A = 2×H×⎜ × ⎟× = ⎜ × ⎟× = 3 in2
⎝ 2 4 ⎠ 2 4 ⎜⎝ 4 2 ⎟⎠ 2 64
Área ocupada por parte (1/ 6 + 1/ 6 + 1/ 6 = 1/2) dos três furos no triângulo:
2 2
1
×π
( df )1
= ×π
( 1/ 4 )
=
π
in2
2 4 2 4 128
Porcentagem da área unitária do prato disponível para o escoamento do vapor:
π
in2
Área furos
(% ) = 9128 × 100 = 10, 08 (abscissa da Figura 26)
Área coluna 3 in2
64 56
Velocidade do vapor nos furos: uo = 2,23 = 22,1 m / s
0,1008
tray tickness 1 / 8
Linhas da Figura 26: = = 0, 5
hole diameter 1 / 4
Leitura da ordenada da Figura 26: Co = 0, 73
⎛ u02 ⎞ ⎛ ρV ⎞ 51, 0 × (22,1 )2 × 1,15
hd = 51, 0 ⎜ 2 ⎟ ⎜ = =
⎜ C ⎟ ρL ⎟ 2
⎝ 0 ⎠⎝ ⎠ ( 0, 73) × 750
= 71, 7 mm me tan ol
Carga ou altura de líquido sobre o prato (igual
a altura de vertedouro):
mm
hw = 2 in × 25, 4 = 50,8 mm me tan ol
in
Cálculo da altura do líquido sobre o prato (how ):
5800 kg / h × 3, 5 3
qL = 3, 5 × D = 3
= 0, 45 m / min .
750 kg / m × 60 min/ h
Comprimento do vertedouro: Rc < LW < 2 × Rc (Dc = 2 × Rc )
Usualmente o downcomer ocupa de 10 a 15% da área da secção transversal da
coluna. Nessa questão adotamos um percentual de 15%. No Perry, 6th edition,
página 1-26, o comprimento da corda para vertedouro segmentar reto (ver tipos
de vertedouros na Figura a seguir) é 1,62 vezes a raio da coluna, assim:
2/3 2/3
⎛ qL ⎞ ⎛ 0, 45 ⎞
Lw = 1, 62 × 2,27 / 2 = 1, 84 m how = 43, 4 ⎜ ⎟ = 43,3 ⎜ = 17, 0 mm me tan ol
L 1, 84 ⎟ 57
⎝ w⎠ ⎝ ⎠
Adotando β = 0, 60 (fator de aeração; valor muito usual)
hl = β (hw + how ) = 0, 6 × ( 50,8 + 17, 0 ) = 40, 7 mm
Queda pressão total no prato: ht = hd + hl = 71, 7 + 40, 7 = 112, 4 mm me tan ol
A altura total de líquido “limpo” no downcomer para hf,L = 10 mm me tan ol
Zc = 2 β (hw + how ) + hd + hf,L = 2 × 40, 7 + 71, 7 + 10 = 163,1 mm me tan ol
Zc 163,1
Assumindo: φd = 0, 5 Z= = ≅ 326 mm (12,8 in )
φd 0,5
Colunas pequenas
yn' − yn' +1
η' = ou
y'en − yn' +1
ya − yn' +1 ya − yn +1 yb − yn +1
η' = = (saída prato) η' = (entrada prato)
y'en (xn ) − yn' +1 yn* − yn +1 yn* (xn −1 ) − yn +1
prato n
Pouco usual
62
Condições operacionais limites para pratos ou bandejas perfurados
Anomalias numa coluna de pratos de separação líquido-vapor
65
Destilação Batelada (Batch Distillation)
Em algumas plantas menores, produtos voláteis são recuperados de uma mistura líquida
em unidades de destilação batelada. Carrega-se a retorta ou refeverdor com a mistura a
ser separada, e a energia necessária para vaporização parcial do líquido é fornecida por
um trocador de calor. O vapor que deixa o refervedor encontra-se sempre em equilíbrio,
a qualquer instante, com o líquido residual presente no reboiler, mas em função de uma
volatilidade relativa “elevada”, o vapor produzido é mais rico no componente mais volátil.
As composições do líquido e vapor não permanecem constantes. A destilação batelada
requer uma infraestrutura mais simples, entretanto o processo é dependente do tempo,
conforme ilustra a Figura 31 a seguir.
Características:
o Ausência da corrente F
o Sem reciclo
o Apenas um estágio
o Sem a retirada de produto
de fundo
Definições preliminares:
n= número de moles da mistura líquida residual no tanque no instante t;
x= fração molar do componente A (+ volátil) na mistura líquida residual no instante t;
y= fração molar do componente A no vapor produzido no instante t;
nA= número de moles do componente A no líquido no instante t. 66
O número de moles do componente A no instante t qualquer:
nA = xn (67)
Diferenciando a Eq. (67), teremos:
dnA dx dn
dnA = d ( xn ) = n dx + x dn ou =n +x (68)
Ndt N dt N dt
<0 <0 <0
Se uma pequena quantidade de líquido dn é vaporizada então; a variação de número
de moles do componente A, na mistura líquida é:
dnA = ydn (69)
Reescrevendo a Eq. (68), considerando a Eq. (69), teremos:
n dx + x dn = y dn (70)
Rearranjando a equação anterior:
dn dx
= (71)
n y−x
A Eq. (71) pode ser integrada no intervalo entre x0 e x1 (frações molares do
componente A no início e final) e n0 e n1 (nº de moles da mistura líquida no início e
final): n1 x1 x1
dn dx n dx
∫ = ∫ ou ln 1 = ∫ (72)
n y−x n0 y−x
n0 x0 x0
A Eq. (72) é denominada de equação de Rayleigh. A resolução da equação de
Rayleigh fornece número de moles da mistura liquida no tanque em função da fração
molar do componente mais volátil no mesmo líquido residual. A função dx ( y − x ) pode
67
ser integrada analiticamente, graficamente ou mesmo numericamente.
Pré-requisito: para efetuar essa integração, necessitamos de dados ou de uma
relação de equilíbrio do sistema (y vs. x).
1- Exemplos de soluções analíticas da integral da Eq. (72).
(a) Relação de equilíbrio do tipo: y= mx + c, para m e c constantes:
x1
n1 dx n 1 ⎡ ( m − 1 ) x1 + c ⎤
ln = ∫ ou ln 1 = ln ⎢ ⎥ (73)
n0 ⎡x(m − 1) + c ⎤⎦ n0 m − 1 ⎣ ( m − 1 ) x0 + c ⎦
x0 ⎣
n1 1 ⎛ x1 ⎞
(73a)
Obs: m > 1 e c = 0 (soluções diluídas) ln = ln ⎜ ⎟
n0 m − 1 ⎝ x0 ⎠
(b) Para uma mistura binária com volatilidade relativa média constante αAB :
αAB x
y= (9)
1 + ( αAB − 1 ) x
Substituindo a Eq. (9) na Eq. (72) e integrando teremos (MAPLE, por exemplo):
⎛ n1 ⎞ 1 ⎡ x1 (1 − x0 ) ⎤ ⎡ (1 − x0 ) ⎤
ln ⎜ ⎟ = ⎢ln ⎥ + ln ⎢ ⎥
Coulson & Richardson n
⎝ 0⎠ ( α − 1 ) x ( 1 − x ) ( 1 − x ) (74)
AB ⎣ 0 1 ⎦ ⎣ 1 ⎦
⎛ n0 ⎞ 1 ⎡ ⎛ x0 ⎞ ⎛ 1 − x1 ⎞ ⎤
Henley & Seader ln ⎜ ⎟ = ⎢ln ⎜ ⎟ + αAB ln ⎜ ⎟⎥ (74a)
n
⎝ 1⎠ ( α AB − 1 ) ⎣ ⎝ 1⎠x ⎝ 1 − x0 ⎠⎦
Verificação (tarefa para casa):
⎧n0 = 100 moles
⎪ ⎧x1 = 0,20
início(t = 0) ⎨αAB = 2, 5 tempo (t) ⎨
⎪x = 0, 5 ⎩n1 = ???
⎩ 0 68
2- Exemplo de solução gráfica da integral da Eq. (72), a partir dos dados da curva
de ELV. Com dados de equilíbrio na forma y vs. x, pode-se fazer a seguinte
aproximação: x1
n1 ∆x (75)
ln ≅∑
n0 x ( y − x )
0
A Figura a seguir ilustra o procedimento para a integração gráfica:
x1
∆x
Área ≅ ∑
y−x
(
n1 = n0 exp −Área )
x0
Como alternativa à equação de Rayleigh, uma equação para mistura ideal,
considerando a volatilidade relativa, pode ser obtida. Sabe-se que a temperatura do
líquido residual aumenta com o tempo de destilação batelada; entretanto assumindo
que a razão entre as pressões de vapor não sofre uma variação apreciável, pode-se
considerar um valor médio da volatilidade, então: 69
yA x
= αAB A (76)
yB xB
Se uma mistura com nA moles de A e nB moles de B, a razão entre nA nB , é igual a
xA xB; então quando dn moles é vaporizado, a mudança em A é yAdn = dnA e a
70
Solução: Base 1,0 mol da mistura no início (t=0)
Para a solução desse exercício precisamos de algumas propriedades físicas dos
componentes e também fazer algumas suposições ou aproximações.
74
Exemplo 2: Destilação diferencial simples. Uma mistura de 100 moles, com 50%
molar de de n-pentano e 50% molar de n-heptano, é submetida a destilação batelada
à 102,3 kPa até obter 40 moles de destilado. Calcular: a composição média do
destilado e a composição do líquido residual? Os dados de equilíbrio são mostrados
na tabela a seguir:
Solução:
Dados:
n0 = 100 moles n1 = 60 moles e x1 ≡ x0 = 0,5 ( Nomenclatura McCabe )
x1 x1 x1
n
Eq. de Rayleigh: ln 1 = dx ∆ x 60 ∆x
n0 ∫ ≅∑
y − x x (y − x)
ln ≅ ∑
100 x = 0,5 ( y − x )
≅ −0, 511
x0 0 0
Procedimento gráfico para obtenção da composição do líquido residual
??
1.0
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
y
Polynomial Coefficients
Degree 0: 0.0101283
0.4 Degree 1: 4.74911
Degree 2: -10.1412
Degree 3: 10.1847
0.3 Degree 4: -3.8058
Coefficient of Determination (R-squared)
0.2 Degree 0: 0
Degree 1: 0.764553
Degree 2: 0.962319
0.1
Degree 3: 0.994487
Degree 4: 0.999248
75
0.0
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00
x
Composição do líquido residual x = 0,277
Composição média do destilado:
100(0, 5) − 60(0,277)
( xD )avg = = 0, 835
100 − 60
D = 5 kmoles /h RD = 1, 0
e (mistura binária e αAB constante) N = 3,0 (incluindo o reboiler); LO:
RD xD xD
yn +1 = xn + = 0,5xn + xD = ? n1 = ? x1 = ?
RD + 1 RD + 1 2
Procedimento de resolução: Iterativo ou tentativa e erro (* estimativa)
1ª estimativa: x1 = 0,148 → Destilação batelada c/ estágios e refluxo constante:
x1 x1
n1 dx ∆x
( )
n1 = n0 × exp −0, 0868 = 91,686 ln
n0
= ∫ ≅∑
y ≡ xD − x x ( xD − x )
x0 0
78
2ª estimativa: x1 = 0,078 n1 = n0 × exp ⎡⎣ − ( 0, 0868 + 0,1309 ) ⎤⎦ = 80, 436
79