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GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS
RURAIS
UNIDADE I
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS
Elaboração
Márcio Felisberto
Revisão
Tatiana Reinehr
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................4
UNIDADE I
DO REGISTRO DOS IMÓVEIS .............................................................................................................................................................9
CAPÍTULO 1
REGISTRO DA PROPRIEDADE IMÓVEL NO BRASIL ........................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÕES REFERENTES AO REGISTRO PÚBLICO .................................................................................................... 20
CAPÍTULO 3
A GRILAGEM DE TERRA E A QUESTÃO CARTORIAL ....................................................................................................... 30
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................43
INTRODUÇÃO
Sobre o assunto, Tibães (2015) ressalta o relevante papel dos registros notariais
por meio do trabalho dos notários, “agentes públicos responsáveis por escrever,
transcrever e conservar documentos privados que se originavam das transações
comerciais que precisavam ser adaptados em um documento público para
comprovar sua autenticidade e valor probante” (2015, p. 14).
Foi a partir do advento da Lei Federal n. 6.015/1973, conhecida como a Lei dos
Registros Públicos, que se fixou o sistema matricial para o registro de imóveis.
Isto é, definiu-se que cada imóvel deve possuir uma única matrícula, “na qual se
concentra[m] a especialização do bem, a cadeia contínua de atos que envolvam
o imóvel e a qualificação de todos os sujeitos que fazem parte de sua cadeia
dominial” (OLIVEIRA, 2019, p. 211).
» as escrituras dos imóveis rurais devem fazer menção obrigatória dos seguintes
dados do CCIR: código do imóvel, nome e nacionalidade do detentor,
denominação e localização do imóvel 2;
Antes das alterações promovidas pela referida lei federal, para o registro de
um imóvel ou de uma unidade territorial (lote, gleba ou parcela) nos registros
públicos, exigia-se levantamento técnico, em que o contorno da unidade territorial
era descrito por azimutes e distâncias entre dois pontos, não havendo rigor no
encaixe da medição na geometria das propriedades vizinhas, o que acabava por
gerar inconsistência das medições com possibilidades de múltiplas definições
2 Com essa interligação, tem-se pela primeira vez a segurança da identidade do imóvel entre os dois registros (o cadastro e o registro
de imóveis).
3 Garante-se a isenção de custos nanceiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área corresponda, no máximo, a quatro
módulos scais (BRASIL, 2001).
de cada ponto limite entre duas propriedades. Isso correspondia à total afronta
ao princípio da especialidade, o qual estabelece que tanto o objeto do negócio
(o imóvel) como os contratantes devem estar perfeitamente determinados,
identificados e particularizados, para que o registro reflita com exatidão o fato
jurídico que o originou.
A exigência da especialidade passa a ser atendida de uma forma que lhe confere
qualidade. Isso, porque as informações de rumos/azimutes e distâncias não
podem mais ser utilizadas para a descrição imobiliária, mas sim as coordenadas
georreferenciadas.
De acordo com Philips (2002), essa simples mudança traz uma série de vantagens:
Objetivos
» Compreender o reordenamento da estrutura fundiária nacional.
CAPÍTULO 1
REGISTRO DA PROPRIEDADE IMÓVEL NO BRASIL
O serviço notarial e registral tem por objetivo dotar os atos jurídicos de publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia. Há basicamente quatro tipos de sistemas
registrais no mundo:
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Destaca-se que, por meio da publicidade, pressupõe-se que os atos são de domínio
público, portanto, a princípio, não é possível alegar o seu desconhecimento
na tentativa de fazer prevalecer algum outro ato jurídico posterior perante
aquele que fora levado a registro anteriormente. Isso se dá também em virtude
da autenticidade, que gera a presunção de regularidade do ato registrado; da
segurança, que produz a estabilidade dos direitos; e ainda da eficácia, que faz
irradiar os seus efeitos perante terceiros (OLIVEIRA, 2019).
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obrigação o pagamento dos tributos incidentes sobre o bem e foro, sob pena
de comisso (perda do direito à sesmaria). Pode-se vislumbrar o antecedente
remoto dos registros de imóveis no Brasil no ato de documentação, lavrada
pelos funcionários portugueses, que vinculavam terras brasileiras a posseiros
e à Coroa.
Esse sistema foi substituído pelo regime das posses (caos dominial), até
que a Constituição do Império do Brasil de 1824 veio a abolir o confisco e,
simultaneamente, consagrou o direito de propriedade. À luz de seus princípios,
foi editada a denominada Lei de Terras, Lei n. 601, de 1850, que revalidou as
sesmarias, bem como outras concessões do Governo-Geral ou Provincial. Mas
considera-se como verdadeiro antecedente dos registros de imóveis que se
conhece atualmente o denominado “Registro geral de hypothecas”, instituído
pela Lei n. 317, de 1843.
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Fonte: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/cap_hereditarias.html#imagem3-03-amp.html.
1. Do direito à propriedade
A própria Constituição brasileira, em seu artigo 5o, garante o direito à propriedade,
garantia essa que se concretizou em sintonia com a evolução e o aprimoramento
dos sistemas registrais brasileiro.
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4 BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Art. 1.228. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 10 dez. 2018.
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» oponibilidade erga omnes (contra todos): por meio desse princípio, tem-se
que o direito de propriedade pode ser oposto (contestado ou reivindicado)
contra qualquer pessoa que o viole; isso denota também o seu caráter
absoluto;
» a propriedade plena;
» a propriedade restrita;
» a propriedade perpétua;
» a propriedade resolúvel.
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2. Do direito à posse
A posse corresponde à exteriorização da propriedade, mas com ela não se
confunde. Isso, porque, de acordo com a Teoria Objetiva de Ihering, adotada
pelo Direito Civil Brasileiro, a posse se configura com a presença de um único
elemento: o corpus- elemento objetivo, que consiste na detenção física da coisa.
Já o possuidor é aquele que exerce, de fato ou não, qualquer um dos poderes
inerentes à propriedade 6. Isso é, a posse se exterioriza a partir do exercício do
uso, do gozo, da disposição ou do poder de reaver a coisa 7.
6 Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade
(BRASIL, 2002).
7 Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente
a possua ou detenha (BRASIL, 2002).
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Em 1916, com a criação do Código Civil da época, o nome registro geral passou a
denominar registro de imóveis, e também foram preenchidas algumas lacunas,
com destaque para:
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5. Conclusão
Em conclusão, a importância dos registros públicos no Brasil em dotar os atos
jurídicos de publicidade, autenticidade, segurança e eficácia é evidenciada
pela sua previsão na própria Constituição Federal (art. 236). No contexto do
registro de imóveis, destaca-se a o seu papel na garantia dos direitos inerentes
à propriedade e à posse, bem como as limitações quanto ao seu exercício, tanto
em relação a imóveis particulares quanto públicos. O próximo passo é analisar a
legislação pertinente ao registro público no contexto brasileiro, que é o objetivo
do próximo capítulo.
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CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÕES REFERENTES AO REGISTRO PÚBLICO
Essa lei foi regulamentada pelo Decreto n. 4.449 de 2002, o qual passou a exigir:
» desmembramento;
» parcelamento;
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» remembramento;
Essa exigência está prevista na própria Lei de Registro de Imóveis, no art. 176,
§ 4 o, como se segue:
8 Art. 10. A identicação da área do imóvel rural, prevista nos §§ 3o e 4o do art. 176 da Lei n. 6.015, de 1973, será exigida nos casos de
desmembramento, parcelamento, remembramento e em qualquer situação de transferência de imóvel rural, na forma do art. 9o [...]
(BRASIL, 2005).
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» noventa dias para os imóveis com área superior a cinco mil hectares;
» um ano para os imóveis com área de mil até menos que cinco mil hectares;
» cinco anos para os imóveis com área de quinhentos até menos que mil
hectares;
» dez anos para os imóveis com área de duzentos e cinquenta até menos que
quinhentos hectares;
» quinze anos para os imóveis com área de cem a menos de duzentos e cinquenta
hectares;
Observa-se que agregar esforços para que o novo sistema se concretize o mais
brevemente possível é lutar pela evolução da segurança jurídica na questão
9 Redação dada pelo Decreto n. 9.311, de 2018.
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2. Sobre o ITR
O ITR é um imposto federal, de competência exclusiva da União, nos termos
do inciso VI do artigo 153 da Constituição Federal. Possui como fato gerador
a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel rural, isto é, aquele imóvel
cuja área contínua é constituída de uma ou mais parcelas de terras localizada
fora da zona urbana do município.
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Todo imóvel rural deve também estar cadastrado junto aos registros do Incra.
O Cadastro de Contribuinte de Imóvel Rural (CCIR) possui grande valia e
deve viabilizar o regime jurídico próprio e diferenciado ao proprietário rural,
independentemente de ser grande ou pequeno proprietário. Esse regime jurídico
diferenciado justifica-se inicialmente pela forma de proteção a partir do registro
do título aquisitivo, que comprova a aquisição. Esse título aquisitivo pode ser
representado por:
» escritura pública;
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Inicialmente, era utilizado para registrar tanto imóveis urbanos quanto rurais.
Porém, atualmente, destina-se exclusivamente para o registro de imóveis rurais.
Ressalta-se que, para requerer o registro de um imóvel rural no sistema Torrens,
junto ao requerimento, devem-se acostar preliminarmente:
» memorial descritivo;
A grande vantagem é que esse sistema de registro é o único que traz como
benefício a presunção absoluta quanto à qualidade de proprietário, de modo
que, a partir dessa presunção, não se admite prova em contrário.
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Art. 279. O imóvel sujeito a hipoteca ou ônus real não será admitido
a registro sem consentimento expresso do credor hipotecário ou da
pessoa em favor de quem se tenha instituído o ônus. (Renumerado
do art. 280, pela Lei n. 6.216, de 1975)
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de insucesso quanto à obtenção do registro, bem como pelo seu elevado custo
para juntada de documentos para atender às suas exigências.
Quando a aquisição de imóvel rural se der por pessoa jurídica, devem-se observar
as seguintes limitações:
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CAPÍTULO 3
A GRILAGEM DE TERRA E A QUESTÃO CARTORIAL
Nesse sentido, Devisate (2010) destaca que, por volta de 1891, os problemas
com as conhecidas terras devolutas se iniciaram. Assim, a Constituição Federal
da época, em seu art. 64, transferiu para os Estados federados o seu domínio
sobre as terras devolutas da União, alvitrando desfazer a ‘supercentralização do
Império’ de modo a fortalecer o universo eleitoreiro dos afinados politicamente
com o poder dominante, sem um planejamento pré-realizado ou perspectivas
de futuro, utilizando o clássico “jeitinho brasileiro”.
Esse artifício foi aprimorado por técnicas mais sofisticadas, que podem vir a
contar com a conivência de serventuários de Cartórios de Registro Imobiliário,
que, por vezes, registram áreas sobrepostas umas às outras – ou seja, que só
existem no papel.
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Posses comuns de terras concedidas pela União ou pelos estados, com área
constitucionalmente limitada a 2.500 hectares, e pequenas glebas obtidas por
usucapião repentinamente transformam-se em grandes latifúndios titulados
por meio de fraude.
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1. Casos concretos
Agora, estudaremos alguns casos concretos, seguidos de medidas tomadas
pelo Incra e pela Justiça Federal referentes à grilagem de terras ocorridas nos
municípios de Novo Aripuanã, Borba, Boca do Acre e Lábrea, no Amazonas.
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Com os imóveis Andirá, Novo Axioma, Papiri, Novo Natal ou Natal e outros,
que tinham áreas não definidas, ocorreu o mesmo. Ou seja, sentença em ação
de usucapião serviu de título para registrar o aumento das áreas, totalizando
155.906 hectares. O extinto Tribunal Federal de Recursos mandou suspender
os efeitos da referida sentença. No entanto, não foi possível o cancelamento dos
registros por não terem sido encontrados os autos da avocatória nem na Comarca
de Boca do Mato nem nos arquivos da Justiça Federal.
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sua área aumentada para pouco mais de seis mil hectares. Já foram averbados
a anulação da sentença de usucapião e o cancelamento do respectivo processo,
restando o cancelamento de registro para que os imóveis sejam reincorporados
ao patrimônio da União.
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O Seringal Santana, com área de 966,09 hectares, teve título definitivo expedido
pelo Governo do estado em nome de Antônio Pereira de Santana ─ título este
não registrado em cartório. A situação do imóvel encontra-se sub judice, pois
a Procuradoria-Geral do Incra no Amazonas propôs ação de discriminação
judicial. O exame das certidões constatou desmembramentos e ampliação da
área para 80 mil hectares. A área original do Seringal Praia do Inferno era de
750 hectares. Após fracionamento e diversas transmissões, foi registrada como
tendo uma área de 61.785 hectares.
A posse de terras Aracoiaba foi registrada com área de 500 hectares, em 1941.
Quando de sua venda, registrou-se, na mesma matrícula, uma área de 29.657,48
hectares. Matriculado com área de 300 “estradas de seringa”, o Seringal Rampado
teve sua área expandida para 264.269 hectares. Cento e sete mil hectares era a
área original do Seringal São Miguel. Hoje, constata-se que sua área foi elevada
para 210.821 hectares.
Os imóveis Anory (sem área original definida), São Miguel e Santo Elias (com
áreas somando 15.100 hectares) passaram a ter, por força de sentença em
ação de usucapião, 20 mil hectares e 80 mil hectares, respectivamente. O TFR
anulou sentença do juiz da comarca e 100 mil hectares foram reincorporados
ao patrimônio público.
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Em ação relativa aos imóveis Camarú I, Camarú II, Camarú III, Humaitá, Canto
da Fortuna, Alto da Firmeza, Monte Vidéu, Enseada do Futuro e Sagrado Coração
(posse), parte do Seringal Ermida (contendo as colocações, sem áreas definidas,
Samuará, Bela Rosa, São Lourenço e Clarin ou Cuarin), que tiveram a soma de
suas áreas elevada a 15.098 hectares, o TFR anulou a sentença do juiz da comarca
e determinou a remessa dos autos da ação demarcatória para a Justiça Federal.
Mesmo averbada essa decisão, a firma Madeireira Moss S.A. continua na posse
ilegal das referidas propriedades, por ter assinado contrato de compra e venda
com a firma Manasa ─ Madeireira Nacional S.A.
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Porto de Cima passaram a se denominar Gleba Castanhal Grande, com uma área
total de 356.436,51 hectares.
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A posse de terras João Bento tem área registrada de 170.000 hectares. Depois
de várias transmissões, consta na última averbação uma área remanescente de
aproximadamente 908.9286 hectares. De acordo com a certidão de registro
expedida pelo Cartório de Lábrea, encontra-se a área sobreposta ao imóvel rural
denominado República. A área está sub judice.
Borba
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DO REGISTRO DOS IMÓVEIS | UNIDADE I
Novo Aripuanã
Em 1985, o Incra solicitou à Corregedoria-Geral de Justiça do estado do Amazonas
a declaração de inexistência e de cancelamento da matrícula do imóvel rural
Gleba Lisboa, localizado no município de Novo Aripuanã, registrado em nome
de Eurípedes Rodrigues da Cunha e outros, com área de 687.280 hectares.
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Além disso, foi levantada a necessidade de editar-se uma lei que venha a evitar a
ocorrência da concentração fundiária, fixando novos limites para as concessões
e as alienações de terras, restringindo o acesso de quem seja detentor de outros
imóveis rurais, bem como estabelecendo critérios objetivos de exploração,
mantida a sustentabilidade dos recursos naturais, estende-se também à União.
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» alteram a data limite para que a ocupação das terras seja legalizada,
passando de 2011 para 2014; além disso, permitem que grandes áreas,
com até 2500 hectares, sejam consideradas posse legítima de quem as
ocupa, sem a necessidade de qualquer vistoria prévia, independentemente
de se tratar de área fundiária de domínio público. Isso corresponderia a
uma verdadeira anistia ao crime de invasão de terra pública e ao incentivo
à ocupação das terras e ao desmatamento (POLITIZE-SE, 2021).
3. Conclusão
Conclui-se que a grilagem de terras é um problema que remonta à edição da
Lei de Terras de 1850, momento em que se deu tratamento às terras devolutas,
aquelas que não eram ocupadas por ninguém; isto é, que não estavam habitadas,
apossadas, aproveitadas, consideradas, portanto, incultas.
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Mesmo assim, há que se apontar grandes avanços advindos trazidos pela Lei
n. 10.267, de 2001, que modificou a Lei de Registros Públicos, e veio conferir
maior segurança a partir da:
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REFERÊNCIAS
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