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GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS
RURAIS
UNIDADE II
O ESTATUTO DA TERRA LEI N. 4.504/1964
Elaboração
Márcio Felisberto
Revisão
Tatiana Reinehr
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE II
O ESTATUTO DA TERRA LEI N. 4.504/1964 ...................................................................................................................................5
CAPÍTULO 1
O ESTATUTO DA TERRA LEI N. 4.504/1964 ........................................................................................................................ 5
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................22
O ESTATUTO DA TERRA LEI
N. 4.504/1964
UNIDADE II
CAPÍTULO 1
O ESTATUTO DA TERRA LEI N. 4.504/1964
» o desenvolvimento da agricultura.
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I – Disposições Preliminares;
II – Da Reforma Agrária;
O Título III (Da Política de Desenvolvimento Rural) é formado por quatro grandes
capítulos: I Tributação da terra; II Colonização; III Assistência e Proteção à
Economia Rural; e IV Do Uso ou da Posse Temporária da Terra, todos ampliados
e regulamentados por normas posteriores.
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Por outro lado, o estatuto determina como sendo dever do poder público a criação
de condições de acesso ao trabalhador rural em terras economicamente úteis,
preferencialmente na região onde habita, bem como combater as formas de
ocupação e exploração da terra que vai ao sentido contrário à sua função social 10.
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Quanto à reforma agrária, a lei aponta que esta deverá ser realizada com prioridade
em terras particulares onde ocorrem tensão social.
Importante observar que esse estatuto foi criado por meio da Lei n. 4.505, de
30 de novembro de 1964, 8 meses, portanto, após o golpe militar de 31 de
março de 1964. A estratégia, do ponto de vista militar, consistiu em autorizar
o Estado na desapropriação de áreas de conflitos para o assentamento de
famílias de camponeses.
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Por seu turno, as parcerias rurais, além de terem por objetivo a realização de
qualquer das atividades supramencionadas (agrícola, pecuária etc.), podem se
destinar também à entrega de “animais para cria, recria, invernagem, engorda
ou extração de matérias primas de origem animal, mediante partilha de riscos
[...] do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos”, sendo
observadas as proporções estabelecidas no Estatuto da Terra, que podem variar
de 20 a 75% dos frutos da parceria, conforme disposto no art. 96 desse estatuto
(BRASIL, 1966, art. 4 o).
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» ainda a respeito da parceria, uma das principais mudanças trazidas pela lei é a
alteração nas cotas de participação dos proprietários nos frutos das parcerias,
aumentando-se os limites de 10% para 20%, quando concorrer apenas com
a terra nua, para até 25% quando concorrer com a terra preparada; de 20%
para 30%, quando concorrer com terra preparada e moradia; e de 30%
para 40%, caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias. Os demais
percentuais continuam os mesmos, podendo chegar ao máximo de 75%.
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Não se deve confundir a reforma agrária com política agrária, entendida esta
como conjunto de providências de amparo à propriedade da terra que se destinem
a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja
no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o
processo de industrialização do país (Estatuto da Terra, art. 1 o, § 2 o, e 47; e o
Decreto n. 55.891/1965).
Cabe ressaltar que o Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/1964) prevê três tipos de
propriedade:
» propriedade familiar;
» minifúndio;
» latifúndio.
No que tange ao problema agrário, ressalta-se que a reforma agrária deve ser
objetivamente planejada, a fim de compatibilizar tal rota com a política agrícola e
fundiária. Além disso, a destinação de terras públicas e particulares deve visar à
promoção de uma melhor distribuição e aproveitamento da terra. Nesse contexto,
surge outro importante conceito de regime de propriedade: o do módulo rural.
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A expressão “módulo rural”, por sua vez, é usada no direito agrário brasileiro
desde o Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/1964). É considerado como sendo a
quantidade mínima de terras prevista no imóvel rural para que não se transforme
em minifúndio; é, portanto, a unidade fundamental da terra. Com efeito, a
área inferior ao módulo chama-se minifúndio; já a área superior é chamada de
latifúndio.
No fundo, como afirma Pinto Ferreira (1998 p. 213), “o módulo rural confunde-
se com a própria área da propriedade familiar”.
O módulo rural é, dessarte, uma unidade agrária familiar para cada região do
país e para cada forma de exploração. Como bem definiram Mezaroba e Detoni
(2017, p. 29) “É uma unidade de medida, variável em função da região em que
se situe o imóvel e o tipo de exploração predominante”.
» implica um mínimo de renda, que deve ser identificada pelo menos com
um salário mínimo;
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Sua origem, enquanto aspiração social, relaciona-se aos primeiros clamores por
reforma agrária, e os anseios em prol da racionalização do alcance e do uso da
terra por pessoas desprovidas desse recurso valioso. E, assim, corresponde à
resposta para inserir o homem e sua família no campo, em um terreno fértil e de
tamanho suficiente para lhe garantir a subsistência, o desenvolvimento social e
econômico de sua família.
Da definição legal, extrai-se ainda outro requisito para a sua configuração: que
sua área seja do tamanho do módulo, podendo, no entanto, variar de acordo com
determinados fatores, tais como a situação geográfica, o clima, as condições de
aproveitamento da terra etc.
Para efeito tributário (ITR), o módulo de propriedade foi substituído pelo módulo
fiscal (Lei n. 6.746/1979; Dec. n. 84.685/1980). O módulo fiscal está regulado
pelo art. 50 do Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/1964), que serve para cálculo do
Imposto Territorial Rural.
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» exploração hortigranjeira;
» lavoura permanente;
» lavoura temporária;
» exploração florestal.
Importa ressaltar que em 2006 foi editada a Lei n. 11.326 com o objetivo de fixar
diretrizes específicas para a formulação da política nacional da agricultura familiar
e de empreendimentos familiares rurais, introduzindo os termos agricultor
familiar e empreendedor familiar rural.
Com efeito, conclui-se que, a partir da Lei n. 11.326/2006, não há um limite mínimo
para o módulo fiscal, e, consequentemente, para a área de terra classificada como
minifúndio, mas passa a ser condicionada pelo trabalho nas condições previstas
na referida lei. Acrescenta-se que as condições para a obtenção do crédito ou o
benefício das políticas específicas são as mesmas agora relacionadas na lei de
diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar.
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Assim, o imóvel rural não poderá ser penhorado para o pagamento desse
débito. Isso mesmo que a família possua outra propriedade rural e que o
imóvel rural tenha sido indicado como garantia hipotecária para pagamento
de dívidas. De acordo com o Ministro Edson Fachin, relator do acórdão, “[...]
mesmo que o grupo familiar seja proprietário de mais de um imóvel, para
fins de impenhorabilidade, é suficiente que a soma das áreas não ultrapasse
o limite de extensão de quatro módulos fiscais” (STF, 2020). E mais, quanto
à indicação do bem em garantia hipotecária (exceção prevista no artigo
4 o, parágrafo 2 o, da Lei n. 8.009/1990), o posicionamento do STF foi pela
garantia da impenhorabilidade da pequena propriedade rural tendo em
vista a prevalência do texto constitucional em face de lei federal.
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» Área ideal para cada tipo de exploração: que responda ao mínimo necessário
para garantir sustento e desenvolvimento familiar, fixada, em cada região,
considerando fatores relevantes, como a qualidade da terra, o clima, a
cultura e o tamanho da família.
» os povos indígenas;
Importa ainda mencionar dois dispositivos dessa lei, como se segue (BRASIL,
2006):
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I - descentralização;
II - infraestrutura e serviços;
IV - pesquisa;
V - comercialização;
VI - seguro;
VII - habitação;
IX - cooperativismo e associativismo;
XII - agroindustrialização.
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Com isso, conclui-se que, fora as exceções acima expressas, o latifúndio corresponde
à expressão da opressão ou de concentração de terras e da consequente dominação
no setor rural expressa por meio da monocultura e da economia de exportação.
Consequentemente, “lutar contra ele é lutar contra a fome, a favor da igualdade,
da liberdade e da democracia; é a luta pela busca da solidariedade” (MANIGLA,
2009 apud BARBOSA, 2013).
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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Imagens
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https://sncr.serpro.gov.br/ccir/emissao;jsessionid=jvmumVOmcIlRW3ZTQtyZqHqg.ccir4?windowId=406.
https://adenilsongiovanini.com.br/blog/georreferenciamento-de-imoveis-rurais-2/.
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