Unidade 4
Unidade 4
Objetivos da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
1 /3
ʪ Material Teórico
Lipídeos
Lipídeos, lipídios ou lípidos são biomoléculas que podem ter estruturas químicas bastante
diferentes, pois o que os fazem ser classificados como tal é serem insolúveis em água, mas
solúveis em outros lipídeos e em solventes orgânicos, como o éter, a benzina, o clorofórmio e a
acetona ou propanona.
Frequentemente são usados na culinária porque tornam os alimentos mais saborosos e macios,
ou permitem que se faça frituras, mas acrescentam muitas calorias aos alimentos, e em excesso
podem predispor doenças como obesidade, aterosclerose (Figura 1), xantomas e esteatoses.
Figura 1 – Placas de ateroma
Fonte: Getty Images
Saiba Mais
Na culinária, os lipídeos são frequentemente usados porque:
Saiba Mais
Nas gorduras animais predominam os ácidos graxos saturados, como
o palmítico e o esteárico.
Os ácidos graxos insaturados têm uma ou mais duplas ligações e são geralmente líquidos à
temperatura ambiente (Figura 3).
Saiba Mais
Nos óleos de origem vegetal (Ex. óleo de soja, azeite de oliva),
predominam os ácidos insaturados como o oleico e o linoleico.
Saiba Mais
Quando o ácido graxo não apresenta insaturações (ligações duplas
entre carbonos) é chamado saturado, quando apresenta uma
insaturação é chamado monoinsaturado e quando apresenta duas ou
mais ligações duplas é chamado de poli-insaturado.
A “transificação” das gorduras pode ser obtida a partir do aquecimento das gorduras
insaturadas “cis”.
Algumas indústrias alimentícias adicionam gorduras trans a seus alimentos porque estas
conferem mais consistência a cremes, dão aspecto mais “sequinho” e “crocância” ao alimento
e aumentam a “validade” de biscoitos, batatas fritas, bolos confeitados e salgadinhos, mas essa
prática vem caindo em desuso, por legislação específica ou por preferência/exigência dos
consumidores.
Saiba Mais
Na nomenclatura oficial IUPAC, a notação cis é substituída por Z
(zusammen) e a trans é descrita por E (entgegen).
Leitura
Ácidos Graxos Trans: Documento de Base para Discussão Regulatória
Para conhecer mais sobre os ácidos graxos trans e seus riscos à saúde,
acesse o documento de base para discussão regulatória da Gerência
Geral de Alimentos da ANVISA (Agência Nacional De Vigilância
Sanitária).
ACESSE
Ácidos Graxos “Ômega”
Uma forma de representar insaturações em uma gordura insaturada é por meio da letra grega
ômega, seguido do número do carbono onde a última insaturação ocorre, contado a partir de seu
último carbono, ou seja, da extremidade oposta ao grupo carboxílico.
O ácido eicosapentaenoico (EPA), por exemplo, é do tipo Ômega 3 porque apresenta a primeira
insaturação no terceiro carbono quando contados a partir do último carbono (carbono ômega),
ao invés da contagem a partir do carbono alfa que é o que apresenta a função orgânica ácido
carboxílico (Figura 4).
Figura 4 – Nomenclatura dos ácidos graxos
Fonte: Adaptada de Wikipédia
Importante!
Algumas espécies de peixes e vegetais fornecem grandes quantidades
desses ácidos graxos insaturados protetores do sistema
cardiovascular, e que deveriam fazer parte da dieta regular de todo ser
humano para ter uma vida mais saudável.
Saiba Mais
Além das fontes naturais, ácidos graxos Ômega 3 são frequentemente
adicionados a produtos industrializados como margarinas, leite e
derivados, massas, pães, biscoitos, ovos, ração animal, entre outros,
por conta do apelo mercadológico que as propriedades biológicas
benéficas apresentam.
Esteroides
Além dos derivados de ácidos graxos, alguns lipídeos são derivados de esteroides, como o
colesterol.
O principal lipídeo esteroide é o colesterol que, por apresentar em sua estrutura a função álcool,
pertence à subclasse dos esteróis.
Figura 5 – Representação do
ciclopentanoperidrofenantreno, molécula precursora dos
esteroides
Fonte: Adaptada de Wikipédia
Além do colesterol endógeno, produzido no organismo, o ser humano também obtém colesterol
de alimentos de origem animal, como carnes, ovos e laticínios.
Saiba Mais
Os vegetais nunca produzem colesterol! Essa é uma molécula exclusiva
dos animais.
Importante!
O excesso de colesterol no sangue é um dos principais fatores de risco
para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, por causa da
formação de depósitos nas artérias que podem obstruir vasos
causando isquemia e infarto.
Saponificação
Quando são adicionados a bases fortes como a soda cáustica (NaOH) e aquecidos, os
triglicerídeos, os cerídeos, os fosfolipídios e os glicolipídios produzem sabões que podem ser
utilizados em detergentes, xampus, sabonetes, sabão em pó, sabão em barra e cremes e o
glicerol (glicerina) que também pode ser utilizado na indústria de cosméticos e de alimentos.
Hidrogenação
Na hidrogenação, temos a introdução de moléculas de hidrogênio nas ligações duplas de ácidos
graxos insaturados, na presença de catalisadores, diminuindo, deste modo, seu grau de
insaturação (Figura 6).
Rancificação
Rancificação é uma reação que ocorre pela oxidação dos lipídeos e está diretamente ligada à
deterioração dos alimentos ricos em lipídios, porque resulta em alterações indesejáveis de cor,
sabor, aroma e consistência do alimento.
A oxidação lipídica envolve uma série extremamente complexa de reações químicas entre o
oxigênio atmosférico e ácidos graxos insaturados, que formam unidades menores de álcoois,
aldeído, cetonas e outras moléculas que conferem gosto ruim e cheiro desagradáveis aos
alimentos que contêm esses lipídeos rancificados.
Saiba Mais
Um exemplo de oxidação lipídica é o que ocorre com a manteiga
quando se torna rançosa.
Antioxidantes
São substâncias capazes de inibir ou retardar a oxidação de um substrato, ou seja, são utilizados
para preservar os alimentos através do retardamento dos processos de deterioração,
descoloração e rancidez causados pela oxidação dos alimentos.
A indústria de alimentos conta com antioxidantes naturais e sintéticos que podem ser aplicados
de acordo com o tipo de alimento que se quer melhorar.
Saiba Mais
Atualmente há um forte apelo para a utilização de antioxidantes para
prevenir envelhecimento precoce, o que movimenta um grande
mercado de produtos naturais e sintéticos, cosméticos e dietéticos.
Vitaminas
Vitaminas são substâncias orgânicas utilizadas no metabolismo celular atuando como
coenzimas em nosso metabolismo.
O corpo humano não sintetiza vitaminas, com exceção da vitamina D, então, é necessária sua
obtenção por meio dos alimentos consumidos.
Figura 7 – Vitaminas
Fonte: Adaptada de Getty Images
As vitaminas são compostos altamente sensíveis, que podem sofrer degradação pelo calor,
oxigênio, luz, pH e umidade, por isso, existe uma crescente busca por métodos de
processamento dos alimentos, para que se reduza a perda desses e de outros nutrientes durante
o seu preparo e armazenamento.
Importante!
Vale salientar, que as vitaminas hidrossolúveis são excretadas pela
urina, não representando, deste modo, risco de se acumularem no
organismo, mas as vitaminas lipossolúveis podem produzir efeitos
deletérios quando são ingeridas em doses elevadas, por causa da
possibilidade de se acumularem no organismo, sobretudo no tecido
adiposo, trazendo risco de produzirem hipervitaminoses.
É importante compreender que a classificação das vitaminas está diretamente ligada à sua
solubilidade e não às suas funções desempenhadas, que estão listadas no Quadro 1.
Boas Fontes
Vitamina Benefícios
Alimentares
Boas Fontes
Vitamina Benefícios
Alimentares
Ajuda a converter
Costeletas de porco,
alimentos em energia. É
arroz integral,
Tiamina necessária para a saúde
presunto, leite de
(vitamina B1) da pele, cabelo, músculos
soja, melancias,
e cérebro e é fundamental
abóbora bolota.
para a função nervosa.
Boas Fontes
Vitamina Benefícios
Alimentares
Ajuda a converter
Carne, aves, peixe,
alimentos em energia.
cereais fortificados
Niacina
e integrais,
(vitamina B3, É essencial para uma pele
cogumelos, batatas,
ácido saudável, células
manteiga de
nicotínico) sanguíneas, cérebro e
amendoim.
sistema nervoso.
Ajuda a converter o
triptofano em niacina e Carne, peixe, aves,
Piridoxina serotonina, um legumes, tofu e
(vitamina B6, neurotransmissor que outros produtos de
piridoxal, desempenha papéis soja, batatas, frutas
piridoxina, fundamentais no sono, não cítricas, como
piridoxamina) apetite e humor. bananas e
melancias.
Ajuda a produzir glóbulos
vermelhos.
Influencia as habilidades
cognitivas e a função
imunológica.
Boas Fontes
Vitamina Benefícios
Alimentares
Auxilia na produção de
novas células e na quebra Carne, aves, peixe,
Cobalamina leite, queijo, ovos,
de alguns ácidos graxos e
(vitamina cereais fortificados,
B12) aminoácidos. leite de soja
fortificado.
Protege as células
nervosas e estimula seu
crescimento normal.
Ajuda a converter
alimentos em energia e
sintetizar a glicose.
Muitos alimentos,
incluindo grãos
Biotina Ajuda a fazer e quebrar integrais, vísceras,
gema de ovo, soja e
alguns ácidos graxos.
peixe.
Ajuda a produzir
colágeno, um tecido
conjuntivo que une as
feridas e sustenta as
Boas Fontes
Vitamina Benefícios
Alimentares
Ajuda a produzir os
neurotransmissores
serotonina e
norepinefrina.
Fortalece o sistema
imunológico.
Suplementos podem
reduzir o número de
fraturas.
Análise Sensorial
A escolha de um alimento passa pela avaliação sensorial, onde são avaliados sabores, aromas,
texturas e cores dos alimentos que são oferecidos ao consumidor.
A ciência que cuida desses critérios é a Análise Sensorial, que atua na análise das reações frente
à percepção dos órgãos dos sentidos de visão, audição, olfato, tato e paladar.
O doce está associado aos compostos orgânicos, como açúcares, amidos, ésteres e álcoois.
O azedo está associado aos íons hidrogênios livres como aqueles do ácido acético, ácido lático,
ácido butírico, ácido oxálico e ácido cítrico.
Site
Como Sentir o Umami?
Para descobrir se você tem a capacidade para sentir o gosto umami e
como é seu sabor, entre no link e siga as instruções.
ACESSE
Figura 8 – Fontes de sabor umami
Fonte: Getty Images
Aroma é o odor de um alimento, por isso, na linguagem comum, são utilizados como sinônimos.
Saiba Mais
A fragmentação e o aquecimento dos alimentos liberam mais
moléculas aromáticas, tornando o aroma mais pronunciado.
Flavor é um conceito de análise sensorial que engloba tanto o gosto quanto o aroma de um
alimento.
Saiba Mais
Compostos voláteis são substâncias de várias classes químicas
presentes em quantidades bastante reduzidas nos alimentos, mas que
são responsáveis pelo aroma, contribuindo assim para a definição do
sabor. Eles também estão presentes nas fragrâncias e essências,
ingredientes básicos para a indústria cosmética e de alimentos.
Corantes Naturais, Artificiais e Sintéticos
Por definição química, pigmentos e corantes são substâncias que conferem cor a um material ao
serem aplicadas nele.
A aceitação de um produto alimentício pelo consumidor tem ligação direta com sua cor, por isso,
as indústrias de alimentos têm grande preocupação com a cor dos alimentos. De fato, a
aparência do alimento pode exercer efeito estimulante ou inibidor de apetite.
Segundo o Item 1.2 da Portaria SVS/MS nº 540/97, corantes são aditivos alimentares definidos
como toda a substância que confere, intensifica ou restaura a cor de um alimento, e de acordo
com a Resolução nº 44/77 da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNPA),
do Ministério da Saúde, os corantes permitidos para uso em alimentos e bebidas são
classificados em:
Uma vantagem dos corantes artificiais sobre os naturais é que fornecem ampla gama de cores,
proporcionando praticamente todas as tonalidades do espectro visível de cor.
O fabricante de alimentos dispõe de infinitas variações de misturas de corantes de diferentes
composições de acordo com o meio que pretende colorir.
Além disso, a maioria dos corantes artificiais apresenta alta estabilidade (luz, oxigênio, calor e
pH), uniformidade na cor conferida, alto poder tintorial, isenção de contaminação
microbiológica e custo de produção relativamente baixo.
Amarelo crepúsculo;
Bordeaux S ou amaranto;
Eritrosina;
Indigotina;
Ponceau 4R;
Tartrazina;
Vermelho 40.
ʪ Material Complementar
Sites
Portal do Umami
Comitê Umami do Brasil.
ACESSE
Vídeos
Vídeo Lipídios 1
ACESSE
Vídeo Lipídios 2
ACESSE
Leitura
ACESSE
ACESSE
ACESSE
Os Corantes Alimentícios
ADITIVOS & INGREDIENTES. Editora Insumos, n 62. 2009.
ʪ Referências
BOBBIO, F. O.; BOBBIO, P. A. Introdução à química de alimentos. 3. ed. rev. atual. São Paulo:
Varela, 2003.
CAMPBELL-PLATT, G. (ed.). Ciência e tecnologia de alimentos. Barueri, SP: Manole, 2015. (e-
book).
SILVA, P. S. Bioquímica dos alimentos. Porto Alegre: Bookman, 2018. (Série Universitária). (e-
book).