0% acharam este documento útil (0 voto)
14 visualizações

Linguagem Formais

O documento apresenta conceitos matemáticos fundamentais para a disciplina de Linguagens Formais e Autômatos, incluindo sequências, conjuntos, funções e métodos de demonstração. Ele define sequências, tuplas e conjuntos, e discute propriedades como pertinência, cardinalidade e subconjuntos.

Enviado por

Thierry Anthony
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
14 visualizações

Linguagem Formais

O documento apresenta conceitos matemáticos fundamentais para a disciplina de Linguagens Formais e Autômatos, incluindo sequências, conjuntos, funções e métodos de demonstração. Ele define sequências, tuplas e conjuntos, e discute propriedades como pertinência, cardinalidade e subconjuntos.

Enviado por

Thierry Anthony
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 62

Disciplinas MCTA015-13 / CCM-104

Linguagens Formais e Autômata / Teoria da


Computação
Revisão de conceitos importantes

Profa. Carla Negri Lintzmayer


carla.negri@ufabc.edu.br
www.professor.ufabc.edu.br/∼carla.negri
Centro de Matemática, Computação e Cognição – Universidade Federal do ABC

1
Conteúdo

Estes slides contêm um resumo de conceitos matemáticos que são


utilizados no decorrer da disciplina.

2
Revisão de conceitos matemáticos

3
Conceitos matemáticos

• Seção 2: Sequências
• Seção 3: Conjuntos
• Seção 4: Funções
• Seção 5: Métodos de demonstração

Materiais extras:

• livro da disciplina de Bases Matemáticas


• vídeos de prova por indução

4
Sequências

5
Sequência

Sequência
Uma sequência de objetos é uma lista desses objetos uma
determinada ordem.

Exemplo
(7, 21, 57)

A ordem dos elementos importa:

(7, 21, 57) ̸= (57, 21, 7)

Repetições também importam:

(7, 21, 57) ̸= (7, 7, 21, 57)

6
Tupla

Tupla
Uma sequência de k elementos é chamada de k-upla (ou
simplesmente tupla).

Exemplos
• (🚃, 🐐, 🤔, 🎸) 4-upla
• (A, B, C) 3-upla
• (1, ) 2-upla ou par

7
Conjuntos

8
Conjuntos

Conjunto
Um conjunto é um grupo de objetos representados como uma
unidade.

Um conjunto podem conter qualquer tipo de objeto, incluindo


números, símbolos, outros conjuntos, etc…
Elemento ou Membro
Os objetos em um conjunto são chamados de elementos ou
membros.

9
Definindo conjuntos: listagem

Podemos definir um conjunto através da listagem de seus


elementos, separados por vírgula, entre chaves.
Exemplos

{1, 2, 3, 4}
{banana, uva, 😆}
{🍇, 🍉, 🍍, 🍒, 🍌}
{😃, 😁, 😆, 😅}

Em um conjunto, a ordem em que listamos os elementos e


elementos repetidos são irrelevantes.

{1, 2, 3, 4} = {2, 1, 4, 3} = {1, 2, 2, 4, 3, 3}

10
Pertinência em conjuntos

Se x é um membro do conjunto A, escrevemos x ∈ A, que pode ser


lido como:

• x é um elemento de A,
• x é um membro de A,
• x pertence a A, ou
• x está em A.

Se x ∈ A, também dizemos que o conjunto A contém x

11
Não pertinência em conjuntos

Se x não é um membro do conjunto A, escrevemos x ∈


/ A, que
pode ser lido como:

• x não é um elemento de A
• x não é um membro de A
• x não pertence a A
• x não está em A

Se x ∈
/ A, também dizemos que A não contém o elemento x

12
Nomeando conjuntos

Para não replicarmos a definição do conjunto toda vez que


quisermos referenciá-lo, é comum nomeá-lo. Fazemos isso
indicando que um conjunto é igual a um rótulo (variável).
Exemplo

A = {1, 2, 3, 4}
B = {banana, maçã, pera}
C = {😃, 😁, 😆, 😅}

Exemplo de uso
Seja A = {1, 2, 3, 4} …. Como 2 ∈ A …

Por convenção, rotulamos os conjuntos com letras maiúsculas.


13
Usando elipses na definição de conjuntos

Quando temos muitos elementos para listar na definição do


conjunto, usamos elipses (“…”) para denotar que a listagem de
elementos continua de acordo com o padrão exibido.
Exemplos

{1, 2, 3, . . . , 100}
{0, 2, 4, . . . , 100}
{x1 , x2 , . . . , x89 }
{y1 , y2 , . . . , yk }, onde k é um inteiro

14
Usando elipses na definição de conjuntos (cont.)

Na ausência de um padrão claro, assumimos que o incremento


ocorre de um em um.
Exemplos

{1, . . . , 100}
{a1 , . . . , a89 }

15
Denotando conjuntos infinitos

Um conjunto X é finito se ele contém um número finito de


membros.
Caso contrário, dizemos que X é um conjunto infinito.
Para denotar um conjunto infinito podemos usar elipses.
Exemplos

{1, 2, 3, . . .}
{1, 3, 5, . . .}
{. . . , −2, −1}
{. . . , −2, −1, 0, 1, 2, . . .}

16
Cardinalidade

A cardinalidade ou tamanho de um conjunto X, denotado por


|X|, é o número de elementos de X.
Exemplo
Se A = {0, 2, 4, 6}, B = {1, 2, . . . , 100}, C = {1, 2, . . .}, D = {},
então

|A| = 4 |B| = 100 |C| = ℵ0 |D| = 0

17
Conjunto vazio

O conjunto {}, i.e., o conjunto que contém zero elementos, é


chamado de conjunto vazio.
Ele é mais comumente denotado por ∅.

18
Conjuntos importantes

• ∅ = {} Conjunto vazio
• N = {1, 2, . . .} Conjunto dos números naturais
• Z = {. . . , −2, −1, 0, 1, 2, . . .} Conjunto dos números inteiros
• Q Conjunto dos números racionais
• R Conjunto dos números reais

19
Definindo conjuntos textualmente

Podemos definir conjuntos textualmente.


Exemplos
• “Seja X o conjunto de todos os números naturais menores ou
iguais a 100”
• X = {números naturais menores ou iguais a 100}

• Não é muito preciso, o que pode levar a ambiguidade na


definição do conjunto.

20
Definindo conjuntos com predicados

Dado um predicado P(x), podemos definir um conjunto com a


notação
{x : P(x)} ou {x | P(x)}

• Os símbolos “ : ” e “|” são lidos como “tal que”.


• Lê-se: “o conjunto formado pelos elementos x tais que P(x) é
verdadeiro”.
• Todos os valores de x para os quais o predicado vale (é
verdadeiro) pertencem ao conjunto que está sendo definido.
• Todos os valores de x para os quais o predicado não vale não
pertencem ao conjunto.
O domínio do predicado pode aparecer no lado esquerdo:
{x ∈ X : f(x)} ou {x ∈ X | f(x)}

21
Definindo conjuntos com predicados (cont.)

Exemplos
• {x : x é par}
• {x ∈ N : x é par} = {0, 2, 4, 6, . . .}
• {x : x ∈ N e x é par} = {0, 2, 4, 6, . . .}
• {x : x = 0 (mod 2)}
• {x : x = 2k, para algum k ∈ Z}
• {x ∈ Z} = Z
• {x ∈ Z : 1 ≤ x ≤ 100} = {1, . . . , 100}
• {(x, y) : 1 ≤ x ≤ 100 e 1 ≤ y ≤ 10} = {(1, 1), (1, 2), . . . , (1, 10),
(2, 1), (2, 2), . . . , (2, 10), . . . , (100, 1), (100, 2), . . . , (100, 10)}
• {x ∈ Z : 1 ≤ x ≤ 100 e x é múltiplo de 3} = {3, 6, 9, . . . , 99}
• {x : x é um modelo de carro}
• {x : x atuou com Chuck Norris e nasceu antes de 1980}

22
Desenhando conjuntos: diagrama de Venn

Diagrama de Venn é uma forma de representação gráfica para


conjuntos.
• Conjuntos são regiões delimitadas por linhas circulares ou
elípticas.
• (Alguns) membros podem ser representados por pontos.

C casa
cebola
coelho

23
Desenhando conjuntos: diagrama de Venn (cont.)

• C = {palavras que começam com a letra “c”}


• O = {palavras que terminam com a letra “o”}

casa
C O osso

cachorro

24
Desenhando conjuntos: diagrama de Venn (cont.)

• C = {palavras que começam com a letra “c”}


• O = {palavras que terminam com a letra “o”}
• G = {palavras que começam com a letra “g”}

casa
C O G

cachorro gato geladeira

25
Subconjunto

Subconjunto
Um conjunto A é um subconjunto de um conjunto B se para todo
x ∈ A, temos que x ∈ B.
Notação: A ⊆ B

Se A ⊆ B, então B é um superconjunto de A.
Notação: B ⊇ A
B
A

Atenção!
∅ ⊆ X para qualquer conjunto X.
26
Subconjunto Próprio

Subconjunto próprio
Um subconjunto A de um conjunto B é próprio se A ̸= B.
Notação: A ⊊ B ou A ⊂ B.

Se A ⊂ B, então B é superconjunto próprio de A.


Notação: B ⊋ A ou B ⊃ A.

27
União

União
Dados dois conjuntos A e B quaisquer, sua união é o conjunto
A ∪ B tal que

A ∪ B = {x : x ∈ A ou x ∈ B}

A B

28
Interseção

Interseção
Dados dois conjuntos A e B quaisquer, sua interseção é o conjunto
A ∪ B tal que
A ∩ B = {x : x ∈ A e x ∈ B}

A B

29
Diferença

Diferença
Dados dois conjuntos A e B quaisquer, sua diferença é o conjunto
A \ B tal que
A \ B = {x : x ∈ A e x ∈
/ B}

A B

30
Conjunto potência

Conjunto potência
O conjunto potência de um conjunto A é o conjunto de todos os
subconjuntos de A.
Notação: P(A).

Exemplo
Se A = {1, 2, 3}, então
n o
P(A) = ∅, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}

31
Produto cartesiano de dois conjuntos

Produto cartesiano
O produto cartesiano de dois conjuntos A e B é o conjunto A × B
tal que
A × B = {(a, b) : a ∈ A e b ∈ B}

Exemplo
Sejam A = {1, 2} e B = {a, b, c}.

A × B = (1, a), (1, b), (1, c), (2, a), (2, b), (2, c)

32
Produto cartesiano de k conjuntos

Produto cartesiano
O produto cartesiano dos conjuntos A1 , A2 , . . . , Ak é o conjunto
A1 × A2 × · · · × Ak tal que

A1 × A2 × · · · × Ak = (a1 , a2 , a3 , . . . , ak ) : ai ∈ Ai e 1 ≤ i ≤ k

Produto cartesiano
O produto cartesiano do conjunto A com ele mesmo k vezes é
denotado por Ak :

Ak = |A × A ×{z· · · × A}
k termos

33
Funções

34
Funções

Função
Uma função é uma relação entre dois conjuntos que associa cada
elemento do primeiro a exatamente um elemento do segundo.

X Y
Z

Na função f da figura acima:


• X é o domínio da função f
• Y é o contradomínio da função f
• Z é a imagem da função f
35
Funções: Notação

Notação
Se f é uma função com domínio X e contradomínio Y, então
escrevemos:
f: X → Y

Assim,
f(x) = y ⇒ x∈Xey∈Y

X Y
Z

36
Funções: representações

Seja f : {1, 2, 3} → {2, 4, 6}.


Podemos representar f por uma expressão: f(x) = 2x para
x ∈ {1, 2, 3}.
Ou de forma tabular:

x f(x)
1 2
2 4
3 6

37
Funções especiais

Sejam a, b e ai , para 0 ≤ i ≤ k, constantes:

• Constantes: f(n) = a

• Lineares: f(n) = an + b

• Polinomiais: f(n) = ak nk + ak−1 nk−1 + · · · + a1 n + a0

• Racionais: f(n) = p(n)/q(n)

• Exponenciais: f(n) = an

• Logaritmicas: f(n) = loga n

38
Funções k-árias

Função k-ária
Uma função é k-ária quando seu domínio é A1 × A2 × · · · × Ak , para
conjuntos A1 , . . . , Ak :

f : A1 × A2 × · · · × Ak → Y

• A entrada para f é uma k-upla (a1 , a2 , . . . , ak ) e cada ai é um


argumento.

Exemplo
Sejam A = {1, 2, 3}, B = {p, i} e X = {true, false}. Seja f : A × B → X
em que 


true se x é par e ℓ = p
f(x, ℓ) = true se x é ímpar e ℓ = i


false caso contrário
39
Métodos de demonstração

40
Método dedutivo

• Como ter certeza que nossa resposta é correta?


• Como transmitir aos outros essa certeza?
• Começamos por axiomas: fatos simples que todos concordam
que são verdade.
• Desenvolvemos um raciocínio a partir deles usando regras de
inferência.

41
Método dedutivo

Se você encontrou um contraexemplo para sua questão, pode ter


certeza de que ela está incorreta.

Suponha que x > 3. Então x2 − 2y > 5.


Essa afirmação é falsa.
Tome, por exemplo, x = 4 e y = 9.
Nesse caso, x2 − 2y = 16 − 18 = −2 ≯ 5. C.Q.D.

42
Método dedutivo

Porém, a única forma de ter certeza que sua questão está correta é
demonstrando-a para qualquer valor.

Suponha que x > 3 e y < 2. Então x2 − 2y > 5.


Como x > 3, temos que x2 > 9.
Como y < 2, temos que −y > −2 e −2y > −4.
Assim, x2 − 2y > 9 − 4 = 5. C.Q.D.

43
Demonstração

Demonstração
Uma demonstração é uma argumentação precisa que procura
convencer o leitor de que uma certa proposição, previamente
enunciada, está correta.
É uma sequência de afirmações organizada de tal forma que:
• cada afirmação é consequência simples das afirmações
anteriores e das hipóteses da proposição em discussão;
• a última afirmação é a proposição que se deseja demonstrar;
• um símbolo determina seu término (□ ou C.Q.D).

Infelizmente, uma demonstração apenas descreve os passos


necessários para chegar à conclusão, sem explicar o raciocínio
utilizado (que nem sempre é óbvio).
44
Demonstração

• Infelizmente não existe um “algoritmo” para escrever


demonstrações.
• Em geral também não se consegue escrever uma
demonstração de imediato.
• Por outro lado, existem algumas técnicas gerais.
• Qual técnica usar?
• A que funcione 🤷
• Talvez tenhamos que recomeçar várias vezes, mas com o
tempo ganhamos alguma intuição.
• Algumas dicas gerais também são úteis:
• Entenda bem o que deve ser provado.
• Tenha paciência.
• Seja conciso.
• Se você não sabe por onde começar, escreva todas as
definições dos termos que estão nas hipóteses.
45
Demonstração direta

Argumente a veracidade da proposição diretamente.


Teorema
Sejam m e n números inteiros. Se m e n são pares, então m + n é
par.

Demonstração.
Sejam m e n inteiros pares. Como m é par, existe inteiro r tal que
m = 2r. Similarmente, existe inteiro s tal que n = 2s. Portanto,
m + n = 2r + 2s = 2(r + s). Como r + s é inteiro, temos que
m + n é par. C.Q.D.

46
Demonstração por contradição

Assuma que o que você quer provar é falso e construa argumentos


até chegar a um absurdo.
Teorema
Sejam m e n números inteiros. Se m e n são pares, então m + n é
par.

Demonstração.
Sejam m e n inteiros pares. Como m é par, existe inteiro r tal que
m = 2r. Similarmente, existe inteiro s tal que n = 2s. Assuma,
para fins de contradição, que m + n é ímpar. Então existe inteiro t
tal que m + n = 2t + 1. Assim, 2r + 2s = 2t + 1, ou seja,
2(r + s − t) = 1, o que é uma contradição, pois r + s − t é um
inteiro e 1 é ímpar Então m + n deve ser par. C.Q.D.

47
Demonstração por indução

• Se n ∈ N, então n2 + n + 41 é primo?
• Vale para n = 1, 2, . . . , 39 mas 402 + 40 + 41 = 412 , que não é
primo.

• Se n é inteiro positivo, então 991n2 + 1 não é quadrado


perfeito?
• Não vale para x = 12055735790331359447442538767 mas vale
para todos os números n < x.

• A soma dos n primeiros números ímpares é n2 ?


• Note que 1 = 12 , 1 + 3 = 22 , 1 + 3 + 5 = 32 ,
1 + 3 + 5 + 7 = 42 e 1 + 3 + 5 + 7 + 9 = 52 , mas é possível
que seja apenas uma coincidência.

48
Indução

Considere a seguinte afirmação:

Para todo n ∈ N, a soma 20 + 21 + · · · + 2n é igual a 2n+1 − 1.

• Se n = 0, a soma é 20 = 1 e 20+1 − 1 = 2 − 1 = 1 e a frase


vale.
• Se n = 1, a soma é 20 + 21 = 1 + 2 = 3 e
21+1 − 1 = 4 − 1 = 3 e a frase vale.
• Se n = 2, a soma é 20 + 21 + 22 = 1 + 2 + 4 = 7 e
22+1 − 1 = 8 − 1 = 7 e a frase vale.
• Se n = 3, a soma é 20 + 21 + 22 + 23 = 1 + 2 + 4 + 8 = 15 e
23+1 − 1 = 16 − 1 = 15 e a frase vale.
Provar a afirmação dessa forma não só é cansativo como é
impossível e ainda pode ser inútil se ela for falsa!
49
Indução

Acontece que o objeto maior


20 + 21 + 22 + 23 + 24 + 25 + 26 + 27
contém objetos menores, como
(20 + 21 + 22 + 23 + 24 ) + 25 + 26 + 27
(20 + 21 + 22 + 23 + 24 + 25 + 26 ) + 27

E se soubermos provar a validade de um desses objetos menores?


20 + 21 + 22 + 23 + 24 + 25 + 26 = 27 − 1

Então podemos usar isso para provar o maior:


(20 + 21 + 22 + 23 + 24 + 25 + 26 ) + 27 =
(27 − 1) + 27 = 2 × 27 − 1 = 28 − 1 .
50
Indução

Mas isso vale para qualquer valor de n (que não seja o 0):
20 + 21 + · · · + 2n−1 + 2n = (20 + 21 + · · · + 2n−1 ) + 2n

E se a propriedade valer para 20 + 21 + · · · + 2n−1 , isto é, se


20 + 21 + · · · + 2n−1 = 2n − 1, então substituindo acima:
20 + 21 + · · · + 2n−1 + 2n = (20 + 21 + · · · + 2n−1 ) + 2n
= (2n − 1) + 2n
= 2 × 2n − 1
= 2n+1 − 1

Usamos um processo de redução: no objeto maior (n), enxergamos


o objeto menor (n − 1), supomos que o resultado valia para o
menor e provamos que ele vale para o maior.
51
Indução

Podemos usar um processo de aumentação: supondo que o


resultado no objeto menor vale, partimos dele e construímos o
resultado para o objeto maior:
20 + 21 + · · · + 2n−1 = 2n − 1
20 + 21 + · · · + 2n−1 + 2n = 2n − 1 + 2n
20 + 21 + · · · + 2n−1 + 2n = 2 × 2n − 1
20 + 21 + · · · + 2n−1 + 2n = 2n+1 − 1

Questão de gosto
Veja que usei os termos n − 1 e n, mas poderíamos usar n e n + 1.
Isso é apenas uma questão de nomenclatura e gosto pessoal.

52
Indução

Nos dois processos, estamos criando uma relação entre os objetos


de interesse:

E há uma cadeia de relações, até que se chegue em um ou mais


objetos de tamanho bem pequeno (nenhum objeto de tamanho
menor do que esse pode ser resolvido):

No exemplo, a abordagem utilizada só funciona para n > 0, por


isso quando n = 0 precisamos resolver diretamente.
53
Indução

Consiste em mostrar diretamente a proposição para alguns objetos


(casos base) e mostrar uma relação entre um objeto qualquer e
algum(ns) objeto(s) menor(es) (seja pelo processo de redução ou
aumentação), justamente porque isso implicitamente constrói
toda a cadeia.

Indução
Para provar que P(n) é verdadeira ∀n ∈ N, com n ≥ n0 para
algum n0 ∈ N:
• Mostre que P(n0 ) é verdade (e talvez
P(n0 + 1), . . . , P(n0 + k) também, para algum k ≥ 0).
• Considere um n > nk qualquer.
• Assuma que P(k) vale, para todo k tal que n0 ≤ k < n.
• Prove P(n). 54
Indução: exemplo

Teorema
A soma dos n primeiros números naturais ímpares é n2 .

Demonstração.
Por indução em n.
Quando n = 1, o primeiro natural ímpar é 1, que é igual a 12 .
Seja n > 1 um número natural qualquer. Suponha que a soma dos
k primeiros naturais ímpares é k2 , para qualquer 1 ≤ k < n.
Vamos verificar se a soma dos n primeiros naturais ímpares
(1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 3) + (2n − 1)) é n2 .
Note que 1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 3) = (n − 1)2 , por hipótese de
indução. Então
1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 3) + (2n − 1) = (n − 1)2 + (2n − 1)
= n2 − 2n + 1 + 2n − 1 = n2 .

C.Q.D. 55
Indução: outro exemplo

Teorema
Seja n um inteiro positivo. Todo tabuleiro de damas de tamanho
2n × 2n com um quadrado removido pode ser ladrilhado por
triminós em forma de “L”.

56
Indução: cuidados

Teorema
Seja n um inteiro positivo. Todo tabuleiro de damas de tamanho
2n × 2n com um quadrado removido pode ser ladrilhado por
triminós em forma de “L”.

Observe como existem vários objetos para um mesmo valor n:

A demonstração deve valer para qualquer um desses objetos! 57


Indução: cuidados

• Quando existem vários objetos para um mesmo dado n, a


abordagem por aumentação mencionada anteriormente
precisa de mais cuidados do que a prova por redução.
• Aumentação: consideramos que temos algum objeto menor
para o qual já vale a proposição e construímos algum objeto
maior, de tamanho n, a partir dele.
• É preciso ter certeza de que esse processo é geral o suficiente
para criar todos os objetos de tamanho n.
• Redução: consideramos que temos algum objeto qualquer de
tamanho n para o qual queremos provar a proposição e
“removemos” algo dele para gerar um objeto de tamanho
menor.
• Quase sempre a remoção já cria um objeto menor válido, para
o qual a hipótese vale diretamente.

58
Indução: cuidados

• Em qualquer abordagem: é preciso garantir que os objetos


criados satisfazem todas as propriedades desejadas antes de
assumir que o resultado vale.
• No primeiro exemplo: o objeto é uma soma, mas ela precisa
ter a propriedade de ser sobre as primeiras potências de 2.
• No segundo exemplo: o objeto também é uma soma, mas ela
precisa ter a propriedade de ser sobre os primeiros números
naturais ímpares.
• No terceiro exemplo: o objeto é um tabuleiro, mas ele precisa
ser quadrado, com lados de tamanho iguais a potências de 2 e
é necessário que um quadrado esteja removido.

59
Indução: voltando ao exemplo

Teorema
Seja n um inteiro positivo. Todo tabuleiro de damas de tamanho
2n × 2n com um quadrado removido pode ser ladrilhado por
triminós em forma de “L”.

Demonstração.
• Vamos provar por indução em n.
• Quando n = 1, um tabuleiro 2 × 2 certamente pode ser
coberto por um triminó, independente de onde está o
quadrado removido.
• Seja n > 1 um inteiro qualquer.
• Suponha que todo tabuleiro de tamanho 2k × 2k com um
quadrado removido pode ser ladrilhado por triminós, para
1 ≤ k < n.
60
Indução: exemplo (cont.)

• Considere agora um tabuleiro 2n × 2n com algum quadrado


removido.
• Podemos dividi-lo em 4 subtabuleiros menores de tamanho
2n−1 × 2n−1 cada (como n > 1, vale que 2n−1 < 2n ).
• Suponha, s.p.g., que o quadrado removido está no subtabuleiro
superior direito.
• Por hipótese, este pode ser ladrilhado.
• Escolhemos quadrados específicos para remover nos outros três
subtabuleiros (as casas centrais do tabuleiro original).
• Agora podemos usar a hipótese e ladrilhá-los.
• Os quadrados removidos podem ser cobertos por um triminó
extra.
• Então o tabuleiro original pode ser totalmente ladrilhado.

C.Q.D.
61
Indução: ideia dos ladrilhos

62

Você também pode gostar

pFad - Phonifier reborn

Pfad - The Proxy pFad of © 2024 Garber Painting. All rights reserved.

Note: This service is not intended for secure transactions such as banking, social media, email, or purchasing. Use at your own risk. We assume no liability whatsoever for broken pages.


Alternative Proxies:

Alternative Proxy

pFad Proxy

pFad v3 Proxy

pFad v4 Proxy